Pedro de cara fechada viu Lucas passar de mãos em mãos. Matheus, Rodrigo e Rafael foram até sua casa para conversarem sobre o acontecido na favela e agora babavam no seu filho. Pedro fez os três lavarem as mãos com água, sabão e álcool. Recomendações: Sem beijos nas bochechas ou nas mãos. Zoe olhou para ele furiosa. Não tava nem ai. O filho era dele. "Meu filho, minhas regras". Pedro se tornou um pai protetor e extremamente ciumento. Por ser domingo, o pequeno terrorista também estava lá. Henrique se aproximou de Lucas que estava no colo de Rafael.
- Eu posso pegar ele?
Antes que Pedro pudesse dizer JAMAIS, Zoe sorriu.- É claro meu bem. Vem cá.Rodrigo olhou para Pedro e depois para Zoe.- Eu acho melhor não.- Está tudo bem. Não tem problema.Henrique sentou no sofá ao lado de Zoe. Exasperado, Pedro disse:- Passa álcool nas mãos dele. Só Deus sabe onde ele já enfiou essa mão hoje.Henrique deu um sorriso culpado.Pedro olhava para o pino de cocaína em sua mão. Ele abaixou a tampa do vaso sanitário e sentou. Continuou a olhar para o pino. Estava trancado no banheiro há vários minutos. O dia estava lindo. Sol quente e no céu azul não havia uma nuvem. Os rapazes faziam a maior algazarra na piscina, Zoe decidiu fazer um almoço de domingo, Álvaro estava com o neto e o Pequeno Terrorista assistia desenho deitado no sofá, depois de ter confessado ter feito xixi na piscina. Uma casa cheia com esposa, filho, sogro e amigos leais. Uma vida feliz. Uma vida gratificante. Algo que Pedro nunca sonhou. Algo que ele nunca mereceu. Desde pequeno seu pai dizia: "O mundo e as pessoas são cruéis. Ninguém se importa, ninguém quer saber se você está bem ou não. A verdade Pedro é que as pessoas sentem prazer no sofrimento alheio. Elas podem te dar um sorriso de encorajamento, um tapinha nas costas e dizer que vai ficar tudo bem. Mas por dentro, estão soltando fogos de artifício. Não ame, não confie, não seja froux
As férias acabaram. Pedro estava de volta a ativa. Em pé no cais, Pedro viu o grande navio de carga se aproximar para ancorar no porto. Na lateral do grande e imponente navio preto estava escrito Fantasma da Névoa com letras brancas. O navio vindo da Colômbia trazia alimentos, bebidas, roupas, couro, e máquinas que a indústria Colombiana exporta. Pedro olhou os contêiners. Segundo sua fonte, no 4B estavam 1,5 toneladas de maconha e cocaína. O processo é muito simples. Pedro recebe informações de um navio com carga suspeita entrando no país. A partir daí ele obtém um mandado de busca e apreensão. A operação conjunta é feita entre as Polícias Federal, Civil e Militar. Drogas e traficantes são apreendidos. A partir daí é tudo uma questão de manobra. A contagem é adulterada, relatórios são falsificados, inquéritos desaparecem, policiais são pagos, câmeras são travadas e parte da droga segue seu caminho. A outra parte vai para o Instituto de Criminalística ( IC ). Pedro respirou fundo. T
Peter assumiu o comando do tráfico de drogas na favela Sol Nascente. Conhecido na área, cobra criada, não foi difícil se tornar o dono do morro. Arranjou seis parceiros de confiança e a coisa começou a fluir. Começou abastecendo a favela, depois a periferia, classe média e classe média alta onde está o dinheiro. Pedro fornece, ele vende mais do que água. Sob a proteção da Polícia, em pouco tempo Peter foi do lixo ao luxo. Comprou uma casa com piscina em frente a praia e colocou uma Hyundai Creta branca na garagem. Tudo de papel passado. Mas obviamente manteve sua casa na favela. É lá que guarda parte da droga, armas, munição, dinheiro e faz alguns pequenos acertos de contas. Peter é um traficante linha dura, porém justo. Ele é temido e respeitado porque não tem medo de puxar o gatilho quando alguém comete um erro. Mas também trouxe melhorias para a favela. Água, luz, gás, um pequeno mercado com frutas e verduras, hoje tem
O Senhor é o meu pastor, nada me faltará. Deitar-me faz em verdes pastos, guia-me mansamente a águas tranquilas. Refrigera a minha alma; guia-me pelas veredas da justiça, por amor do seu nome. Ainda que eu andasse pelo vale da sombra da morte, não temeria mal algum, porque Tu estás comigo; a tua vara e o teu cajado me consolam. Preparas uma mesa perante a mim na presença dos meus inimigos, unges a minha cabeça com óleo, o meu cálice transborda. Certamente que a bondade e a misericórdia divina me seguirão todos os dias da minha vida; e habitarei na casa do Senhor por longos dias.• • •Zoe e Lara passaram por Peter e ele fechou a porta. Antes de olhar ao redor, Zoe olhou para trás. Peter era bonito. A barba dourada e as tatuagens eram familiares. Os olhos eram castanhos escuros, mas o olhar predador era o mesmo de Pedro. Por que ela estava comparando um desconhe
Quando Pedro ligou dizendo que era para eles se reunirem, Rodrigo soube que tinha alguma coisa errada. Muito errada. Pedro vem apresentando um quadro depressivo há várias semanas. Ele está sempre triste, calado, distante e recentemente começou a perder peso. Rodrigo tentou por várias vezes falar com Pedro, e como não obteve sucesso, procurou Zoe. Zoe não deu importância. Ela estava decidida a seguir em frente com o pedido de divórcio. E quem poderia culpa-la? Rodrigo viu as marcas. Os hematomas roxos estavam nos braços, pernas e até mesmo no pescoço de Zoe. Ela tentava esconde-los por baixo de blusas de gola alta, manga comprida e calças sociais. Em um almoço de domingo, Zoe mancava ligeiramente. Rodrigo e Rafael chegaram a bater boca com Pedro e trocaram alguns empurrões com ele durante a discussão. Zoe estava sendo espancada e violentada. Rodrigo não sabe se foi amigo de Pedro, ou foi um filho da puta covarde. Ele e Rafael viram a BMW do Secretário. Rodrigo subiu a escada correndo
Zoe se despedia dos convidados da festa quando viu a S10 de Rodrigo parar em frente a casa. O coração de Zoe acelerou. Tinha acontecido alguma coisa. Rodrigo e Rafael desceram e foram até ela. Rodrigo, envergonhado por saber das agressões e não ter feito nada, foi direto.- Pedro está no hospital.Para eles terem ido até ela e pelas suas caras, Zoe soube que era grave. Ela fez a pergunta, mas teve medo da resposta.- O que aconteceu?- Pedro tentou suicídio. - Rodrigo respondeu. Não foi homem o suficiente para encarar Zoe.Zoe deixou Lucas com o pai, Lara e Dan. Antes de ir ver Pedro conversou com o médico responsável pela junta médica. Ele tirou o óculos, coçou os olhos e colocou os óculos novamente. Parecia estar escolhendo as palavras. Por fim, começou a falar.- Eu ainda não posso afirmar que Pedro está fora de perigo. As próximas 24H que vão dizer. Os amigos dele e nós do hospital fizemos tudo que estava ao nosso alcance.- Ele tem chances?- Mínimas.
Doutor Frederico foi guerreiro, mas após três dias e com a certeza absoluta de que Pedro não corria mais risco de morte, teve que convidá-lo a se retirar do hospital. Pedro tocou o terror no Centro De Tratamento Intensivo enquanto era monitorado, medicado e passava por uma bateria de exames. A gota d'água foi Pedro arrancar a prancheta das mãos de um enfermeiro e arremesa-la contra a parede. No caminho a prancheta atingiu a testa de um técnico de enfermagem e o sangue escorreu. Pedro saiu do hospital com uma ameaça de processo nas costas.Antes de assinar a alta de Pedro, Doutor Frederico chamou Zoe em sua sala. Após três dias e três noites seguidos no hospital, Zoe era a imagem da derrota.- Nós fizemos uma Ressonância Magnética no cérebro de Pedro para sabermos se a overdose não causou danos cerebrais no sistema nervoso. Eu pedi para um neurologista olhar e dar o laudo. Doutor Frede
Pedro desejou ardentemente que aquilo fosse apenas uma alucinação da esquizofrenia. Esperou mais alguns segundos antes de abrir os olhos. Não era uma alucinação. Toby lambia sua orelha e o Pequeno Terrorista em cima dele brincava com a sua barba.- Bom dia tio Pedro. Meu pai e Rafael estão fazendo o almoço. Meu pai me mandou dar uma olhada em você.Há dois meses morando sozinho e desempregado, Pedro foi adotado por Rodrigo, Rafael e Matheus. Até o Secretário aparece de vez em quando. Pedro encarou Henrique. Não sabe dizer ao certo quando os dois começaram uma improvável amizade.Pedro começou o tratamento psiquiátrico e a medicação o deixa sonolento. Sem álcool e drogas, o Pequeno Terrorista aproveitou para invadir seu coração. Pedro começou a bocejar, mas ao ver o brilho nos olhos azuis de Henrique, tampou a boca com a mão antes de ter um dedinho enfiado na sua garganta. Desapontado, Henrique saiu de cima de Pedro, sentou na cama e puxou o filhote de labrador cho