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Capítulo 2

Rafael prendeu a respiração quando Pedro levou a xícara de café a boca. Ele bebeu um gole e sorriu satisfeito.

- Finalmente um café decente, Rafael.

Rafael respirou aliviado. Dessa vez não precisaria recolher a xícara quebrada do chão e limpar o café que se espalha pelo piso branco.

- Que bom que gostou, chefe.

Pedro bebeu mais um gole, pegou o box de Carlton, o isqueiro branco e acendeu um cigarro. Ele deu uma longa tragada, soltou a fumaça devagar e se recostou na cadeira.

- Eu estou preocupado com Rodrigo. Você está sabendo de alguma coisa? 

Rafael pensou rápido. Entre trair a confiança de Rodrigo, e mentir para Pedro, ele prefere continuar vivo.

- Rodrigo pediu transferência. Ele não suporta mais ficar aqui.

- Eu nunca vou assinar a baixa dele. Para se livrar de mim, Rodrigo precisa da minha permissão e ele nunca vai ter. 

Irritado, Pedro bebeu mais um gole de café e fumou o cigarro. Rafael limpou a garganta.

- Talvez seja melhor ele ir. Quando essa rebelião começar, nós não sabemos de que lado Rodrigo vai estar. E isso não é reconfortante.

Pedro considerou Rafael. Ele tinha razão. No entanto, perder Rodrigo de vista não era uma opção. Ele sabia demais.

Rafael ficou aliviado em falar o que pensa. É um fato que Pedro e Rodrigo não podem mais trabalhar juntos. 

Uma batida na porta.

- Entra.

Rodrigo abriu a porta e não gostou de ver Rafael e Pedro conversando. Porque com certeza ele era o assunto. Rafael desviou o olhar. Em um ataque de fúria, Rodrigo foi para cima de Rafael que teve tempo apenas de proteger o bonito rosto negro.

- Você me traiu! Você contou para ele!

Enfurecido, Rodrigo desferiu vários socos no estômago de Rafael. Ele não revidou. Apenas tentou se proteger. 

Rodrigo só parou quando foi violentamente puxado para trás, atirado sobre a mesa e Pedro tirou a arma da cintura e colocou na sua cabeça.

A primeira reação de Zoe foi de incredulidade. Três homens grandes e fortes brigavam entre si. Pareciam animais selvagens. Um policial negro estava abaixado com as mãos nos joelhos tentando recuperar o fôlego depois de uma sessão de socos violentos no estômago, o policial que o agrediu foi jogado contra a mesa com tamanha brutalidade que certamente teve algum osso quebrado, e agora tinha uma arma apontada para a sua cabeça.

O maior deles, o delegado que estava com o distintivo, tinha sangue nos olhos. Ele era assustador. Devia ter no mínimo um metro e oitenta, com certeza mais de cem quilos de músculos, a camiseta preta e justa realçava os ombros largos, braços longos, fortes e cobertos por tatuagens sombrias. Ele era loiro e barbudo. 

A calça jeans preta mostrava pernas grossas e musculosas. Um perfeito selvagem, pensou Zoe. Sua mão enorme não tremia ao segurar a arma.

Zoe achou melhor acabar logo com aquilo. Ela deu um passo a frente e entrou na sala.

- Eu não quero atrapalhar mas...

Zoe não terminou a frase. Os três olharam para ela.

Pedro olhou em direção a porta e não acreditou no que viu. Uma bela negra, cerca de um metro e setenta, aproximadamente sessenta e cinco quilos, cabelos castanhos escuros cacheados e compridos, expressivos olhos negros, nariz fino e delicado, lábios rosados e carnudos, dentes brancos e perfeitos. 

O rosto angelical terminava em um delicado queixo oval que lhe dava um ar de arrogância e teimosia. A pele negra, lisa e uniforme, sem nenhuma imperfeição, fez Pedro sentir uma leve pressão dentro da calça. Nada de alarmante ainda.

Pedro desceu os olhos azuis para os seios fartos e firmes, barriga lisa, bumbum avantajado, coxas grossas e afastadas, e ele se perguntou se a mulher estava usando alguma coisa por baixo daquele vestido preto, justo e curto.

Em um único movimento, Pedro saiu de cima de Rodrigo, guardou a arma na cintura e foi até a mulher. Zoe não se mexeu. O delegado passeava os olhos azuis turquesa por todo o seu corpo. Sem nenhuma cerimônia, ele fixou os olhos nos lábios de Zoe. 

Pedro sentiu o perfume feminino, a fragrância floral dos cabelos sedosos, o hálito fresco de menta, o calor que emanava daquele corpo escultural e não resistiu.

Ele ergueu a mão e tocou o rosto negro e angelical. Sua pele era macia, suave e absurdamente quente. Zoe, em estado de choque, não teve reação. Apenas sentiu o toque da mão fria e áspera queimar o seu rosto. 

O delegado é dono de uma beleza selvagem, quase primitiva. Seu cabelo e barba na verdade não são loiros. Os fios possuem um tom incomum de dourado, e os olhos azuis turquesa não se comparam com nenhum tom de azul que Zoe já tenha visto na vida. 

Rafael ergueu o corpo enquanto Rodrigo deslizava para fora da mesa e ficava em pé ao seu lado. Os dois policiais trocaram um olhar de preocupação. 

Rodrigo passou a língua pelos lábios. Depois de ter tido uma arma apontada para sua cabeça, a boca estava mais seca que o deserto onde Jesus passou quarenta dias.

- Pedro, essa é Zoe. Ela é advogada do Lucas e filha do Álvaro.

Pedro não escondeu a surpresa. Ele colocou a mão no queixo de Zoe e virou seu rosto como se estivesse avaliando o valor de uma jóia.

- Você não se parece com uma advogada. A propósito, está usando alguma coisa por baixo desse vestido? 

A bofetada firme e forte no rosto de Pedro, fez ele cambalear.

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