Kall..Antes que eu pudesse ter tempo pra pensar no que eu faria com Ana pra mantê-la sob controle, o meu celular tocou, era um de meus homens.— O que foi que ela fez agora?— Ela tá gritando feito uma maluca senhor, e quando entramos no quarto pra ver o que tinha acontecido, ela apontou um fuzil pra gente, acho que o senhor deveria considerar chamar um psiquiatra.— Não façam nada, eu já estou indo.Eu já sabia que era só uma questão de tempo pros meus homens acharem a Ana uma louca, o que eu também achava, mas a loucura dela não era problema que um psiquiatra poderia resolver, e sim algo pra eu mesmo resolver.A verdade era que a Ana não estava facilitando a retomada da rotina que eu tinha antes do pai dela morrer, muitas coisas estavam fora do lugar, e o tempo estava correndo contra mim, mas mesmo sabendo de todos os problemas que vieram junto com ela, eu não conseguia ser indiferente ou ignorar a existência dela, ela era como um ímã, eu não conseguia ficar longe dela, nem mesmo
Ana..Eu queria não ter me importado, mas aquelas palavras ficaram martelando na minha cabeça, e a minha maior preocupação era ele voltar atrás na palavra dele e tentar impedir de eu viver a minha vida. Depois de muito lutar contra mim mesma decidi procurá-lo pra que ele pudesse explicar o que ele quis dizer com aquilo, não dava para esperar muita coisa de um mafioso, eu não conhecia nenhum terço daquilo que ele realmente era, não dava para compreender as intenções dele me baseando em poucos dias de convivência, a minha vida toda ele foi apenas um fantasma e depois que ele se materializou diante de mim a minha cabeça virou uma completa bagunça.Eu tinha que admitir que no lugar dele já teria me matado, mas se ele não tinha matado ainda era porque havia outras intenções por trás daquilo tudo, não intenções amorosas, eu ainda não sabia o que ele planejava mas eu estava disposta a descobrir.Eu sabia que eu tinha que aprender a separar as coisas, o fato do meu pai ter morrido e ter me
Kall..Depois que a Ana saiu do meu escritório eu pedi que todas as minhas refeições fossem servidas no meu quarto, eu não queria mais nenhum confronto com ela naquele dia pois o dia seguinte seria muito difícil pra ela, e provavelmente ela tivesse uma das piores crises de fúria da vida dela.Imaginar uma Ana indefesa era difícil pra mim, pois desde o primeiro momento ela demonstrou saber cuidar de si mesma, o que me preocupava era se os meus homens teriam como contê-la sem machucá-la.No final do dia eu recebi algumas ligações de parceiros cobrando o prazo de entrega da mercadoria, e pela primeira vez aquilo se tornou uma preocupação pra mim, eu realmente precisava de um substituto pra ficar no lugar do Lion, no primeiro momento eu consegui driblar os questionamentos que me fizeram, mas eu sabia que precisava agir rápido.Toda pessoa tem alguém de confiança, no meu caso era o Lion, mas eu sabia que o Valente era o homem de confiança do Lion, mas depois que percebi o quanto ele se p
Ana..Meu pai sempre evitou que eu ficasse ou me colocasse em situações de perigo, mas também sempre me preparou muito bem caso isso acontecesse, antes eu achava tudo aquilo uma grande besteira e falava que era um verdadeiro absurdo aquele excesso de cuidado, mal eu sabia que um dia eu iria agradecer mentalmente por toda aquela preparação que ela me deu ao longo da vida.A verdade era que o meu pai amava mais a mim do que a própria vida dele, e ele acertou em quase tudo, menos na escolha da pessoa que ficaria responsável por mim, mas eu sabia que aquela era a forma dele de demonstrar cuidado, eu não poderia culpa-lo por ter confiado na pessoa errada.Depois que eu saí do escritório do Kall, eu não vi mais ele, nem mesmo nos horários de refeição, como eu estava com raiva dele, eu não cheguei nem a perguntar onde ele estava.A Sam tentou falar comigo algumas vezes durante o dia, mas eu estava fingindo dela, eu estava cansada de mentir e ainda não havia pensado em uma forma de falar pr
Kall..A Ana deu três passos em minha direção sem desviar os olhos dos meus, era notório a sede de vingança que ela tinha no olhar.— Não se aproxime dele.Gritou um dos meus homens, mas ela ignorou e deu mais um passo, ficando cara a cara comigo.— Nós podemos acabar com isso amigavelmente Ana, desde que você se comprometa a me obedecer, e a sua amiga se comprometa a ficar de bico fechado.— Eu prometo, por favor, eu não vou falar nada pra ninguém.A amiga dela falou enquanto soluçava.— Está vendo? A sua amiga parece ser mais esperta que você.Em menos de dois segundos ela se abaixou, deu um soco no meu estômago, eu levantei o braço pra devolver o golpe mas ela passou por debaixo dele, tirou a arma da minha cintura, ficou atrás de mim, me usou de escudo humano e atirou em três dos meus homens, depois apontou a arma pra minha cabeça enquanto segurava a gola da minha camisa.— Quem vai ser o próximo? Você?Meus homens estavam no chão gemendo de dor, enquanto os outros estavam incré
Ana..Ignorar todas aquelas armas apontadas pra mim não me causou medo, na verdade a única coisa que me importava naquele momento era salvar a Sam, nem que pra isso fosse preciso matar alguém.Cada passo que eu dei foi calculado na minha cabeça, e eu sabia exatamente em quem atirar e como me proteger.Eu sabia que o Kall tentaria usar a Sam pra me obrigar a ceder as chantagens dele, e apesar de saber que a Sam era realmente inteligente, ele não deveria ter duvidado da minha inteligência.Aquilo não tinha mais nenhuma possibilidade de ser resolvido amigavelmente, a escolha dele foi me desencorajar, e a minha foi lutar.Em poucos segundos três homens estavam no chão, e o Kall estava sob o meu domínio, em outras circunstâncias eu poderia ser morta, mas tudo ali parecia mais um teste sobre até que ponto eu era capaz de ir, mas a partir dali o Kall soube que eu poderia ir muito longe.Quando ele viu os homens dele feridos com risco de morte e que exatamente tudo havia saído do controle
Kall..Eu enchi o copo de uísque e sentei na poltrona, admitir o quanto a minha vida era solitária era difícil pra mim, não ter esposa e filhos sempre foi uma certeza, mas ouvir alguém falar aquilo em voz alta fez um enorme buraco no meu peito.Os motivos que me levaram a assumir aquela posição sempre foi a vingança, e eu tinha certeza que eu não conseguiria ser feliz e me sentir em paz se eu não conseguisse encontrar o meu tio e fazê-lo pagar por tudo o que ele fez, estava na hora de voltar ao trabalho e parar de colocar tanta importância na Ana, afinal ela era apenas uma responsabilidade temporária, e por mais desejável que ela fosse, eu precisava colocar todo o meu foco nos meus negócios, eles sim se manteriam comigo até o findar dos meus dias, mas todas as vezes que eu tomava a decisão de deixar a Ana de lado, algo acontecia pra que todas as minhas atenções fossem voltadas pra ela, parecia um ciclo sem fim.Quando eu estava no segundo copo de uísque, o Valente bateu na porta e m
Ana..A sensação de passar a vida toda vivendo uma mentira era horrível, mas também as peças que faltavam pro grande quebra cabeça que eu lutava para montar, estava começando a aparecer.Eu achei que a minha mãe seria um eterno fantasma, alguém que só havia me colocado no mundo e partido, e que depois da morte do meu pai eu jamais iria saber como ela era, do que gostava, da história de vida dela e dos motivos que fizeram ela amar o meu pai, então quando eu ouvi a minha melhor amiga falar que era a enteada da minha mãe e que ela estava viva eu senti que me faltou o chão.Eu acordei na cama, com o Kall perto de mim todo preocupado e um médico se aproximando pra tirar a minha pressão, eu levei alguns segundos pra me lembrar o que realmente havia acontecido até olhar pra Sam, tudo o que eu queria era ficar sozinha com ela e enche-la de perguntas, e por mais que eu tentasse disfarçar e colocar a culpa daquele desmaio no Kall, eu tinha certeza que ele sabia que o motivo era outro, as perg