Mavie Neumann BlakeO salão ficou em silêncio novamente, e então, como se nada tivesse acontecido, Ghost caminhou até mim com toda a sua postura carregada de arrogância, como se nunca tivesse rolado no chão por causa de uma luta tão suja igual a essa.O cachorro estava com seu corpo encostado ao meu, e se ergueu quando Ghost parou ao nosso lado e com um gesto sutil com a cabeça, disse em meio a um sorriso de lado.— Bom garoto.Depois, seus olhos se voltaram para mim, e dessa vez havia algo diferente neles. Não era só intensidade ou mistério, mas um brilho visceral, quase feroz, como se ele estivesse me enxergando de uma forma que ninguém mais conseguia. Ghost abaixou-se devagar, até ficar de frente para mim, e suas mãos ásperas e quentes tomaram meu rosto com uma delicadeza que parecia contradizer todo o caos ao nosso redor.— Está tudo bem, minha vida?Sua voz saiu rouca, carregada de preocupação genuína, mas havia algo que eu não conseguia nomear.Seus polegares deslizaram suavemen
Mavie Neumann BlakeDepois de um dia longo e cheio de surpresas, finalmente chegamos em casa.Depois de um banho, consegui me recompor e finalmente sentir meu corpo implorar por alimento.A sala de jantar era o único lugar na mansão que parecia ter um resquício de paz. As luzes quentes iluminavam o ambiente com suavidade, refletindo sua luz na superfície polida da mesa.Ghost estava sentado na ponta da mesa, uma taça de vinho equilibrada entre os seus longos dedos enquanto ele me lançava um olhar carregado de um charme casual. O seu charme que tanta me encantava.— Você não parece relaxada, Amor.Ele inclinou-se levemente para frente, os cotovelos apoiados na mesa, o deixavam direcionado a mim.— Precisa aprender a aproveitar as raras noites tranquilas que temos.Nesse momento eu me encolhi na cadeira enquanto pegava a taça de vinho entre meus dedos e disse com humor.— Difícil relaxar quando você está sempre me dizendo que a próxima ameaça está à espreita.Respondi, tentando soar lev
Mavie Neumann BlakeA palavra saiu em um sussurro. Minha garganta se fechou, me impedindo de falar algo mais, e minha mente entrou em colapso segundos depois.Os olhos dele encontraram os meus, carregados de um misto de urgência e emoção contida. Ele parecia exatamente como eu me lembrava, mas ao mesmo tempo tão diferente do homem que pensei que conhecia.Mais endurecido, como se o tempo tivesse esculpido cada traço de seu rosto com histórias de dor e sobrevivência nos últimos meses.— Minha vida...Ele disse, a voz grave e autoritária que eu reconheceria em qualquer lugar. O mesmo apelido que ele sempre usava antes de tudo aquilo ter acontecido.— Precisamos sair daqui agora.Ele fez menção de me tocar, mas me afastando bruscamente, eu respondi em meio a meu desespero.— O que... como...Minha mente girava, tentando compreender a aparição repentina dele. Justamente hoje.Justamente agora.Ele está por trás desses ataques?— Não há tempo para explicações.Ele me agarrou pelo braço, pux
Vincent BlakeO som da explosão ainda reverberava nos meus ouvidos, um zumbido ensurdecedor que quase abafava os gritos, os tiros e o barulho dos destroços caindo ao nosso redor. Cada fibra do meu corpo estava em alerta, movendo-se rápido demais para permitir que a dor ou o cansaço se instalassem em mim.Minha prioridade era Mavie. Sempre seria Mavie.— Abaixe-se.Gritei, puxando-a para o chão enquanto o calor da explosão ainda ardia na pele.O jantar, a calmaria, o som de sua risada enquanto eu tentava tranquiliza-la de algo que talvez ela estivesse pressentindo.Tudo parecia uma memória distante.Eu me levantei, meus olhos vasculhando o ambiente em busca dos invasores, pronto para matar quem atravessasse a porta. Eles não eram amadores, estavam bem armados, bem coordenados, e conheciam a mansão.Meu dedo apertou o gatilho da arma com a precisão de um cirurgião, cada disparo derrubando um deles conforme surgiam, mas ainda assim eles continuavam vindo, como uma maré infinita. Cada mov
Vincent BlakeA dor me arrastou de volta à consciência como um peso esmagador. Cada respiração parecia rasgar meu peito, e o gosto metálico de sangue ainda estava em minha boca. Minha visão piscava entre borrões e flashes de luzes tremulantes no teto. Eu ouvia vozes distantes, como ecos em um túnel e isso me incomodava como o inferno.— Ele perdeu muito sangue, precisamos estancar isso agora. Era uma voz grave, firme, mas carregada de urgência.Tentei me mover, mas algo pesado me mantinha preso. Abri os olhos lentamente, piscando contra a luz. Quando minha visão finalmente clareou, vi o rosto de Mavie acima de mim, pálida, com os olhos vermelhos de lágrimas que ela não conseguiu esconder e atentos a tudo que estava acomtecendo. Ela nunca esconderia aquela expressão de mim. Eu iria reconhecer independente da situação.— Ghost...Ela disse meu nome como um sussurro, seus dedos tocando meu rosto com tanta suavidade que quase não acreditei que era real.— Estou aqui...Murmurei, minha vo
Vincent BlakeA noite era densa e silenciosa quando todos nos reunimos no pátio da mansão. As marcas da explosão ainda eram evidentes. As paredes carbonizadas, vidros quebrados, destroços espalhados deixavam tudo mais obvio.Quem veio, já tinha a intenção de explodir a porra toda.Mas o foco agora era outro. As informações reunidas por Lian e Sebastian apontavam para um armazém abandonado no limite da cidade, o provável esconderijo do responsável por todo o caos que nossas vidas têm tomado.Aqui, sentado em um banco improvisado, pressionei a mão contra o ferimento que Alexander havia costurado com precisão horas antes. Suspirando, eu olhei para todos que estavam ali presentes, que assim como eu, estavam ouvindo o que meu irmão dizia.— O armazém está protegido por câmeras, armadilhas e muitos guardas. Eles estão esperando um ataque.Disse Lian, ajustando o colete à prova de balas. — Mas eles não estão esperando a gente.Observei em silencio conforme todos eles se preparavam para o co
Vincent BlakeO armazém era tão sombrio quanto esperávamos. Uma estrutura imponente cercada por um silêncio quase sufocante. O som do vento cortava o ar, misturado com o farfalhar das árvores próximas, deixando o local ainda mais isolado e sombrio.Estacionamos longe e avançamos a pé, movendo-nos como sombras por entre a escuridão. Sebastian e Luisy cuidaram das câmeras com eficiência, cortando os fios antes que o sistema de segurança pudesse alertar a chegada de alguém. Lian liderava o caminho com Crusher ao lado, ambos movendo-se com uma precisão silenciosa e sincronizada.Ao entrarmos no prédio, o cheiro de metal e óleo queimado tomou conta do ar. O silêncio foi interrompido apenas pelo som distante de vozes, ecoando nos corredores.— Estamos perto.Sussurrou Lian, apontando para uma porta ao fundo do salão principal.Antes que pudéssemos avançar, porém, o som de botas pesadas contra o concreto nos alertou. Os inimigos apareceram como uma onda, surgindo de todos os lados.— Embo
Vincent BlakeMinha mente estava tomada por um único pensamento. Acabar com ele aqui e agora.O sorriso dele, a forma calculada com que falava, cada movimento medido para me provocar. Ele sabia que estava no controle, ou pelo menos acreditava nisso.Eu dei mais um passo à frente, sentindo o peso do olhar de Mavie em mim. Eu sabia que ela estava preocupada, sabia que minha condição não era das melhores, mas não importava. Nada importava além de proteger o que era meu.Aquele homem queria mexer em algo é restrito a todos.— Você fala demais, caralho.Rosnei, apertando o gatilho sem hesitar.O disparo ecoou pelo armazém, mas ele já havia se movido. Rápido demais para um homem de sua idade. Ele se jogou para o lado, usando uma das mesas como cobertura, enquanto seus homens abriam fogo contra nós.— Cobertura.Gritou Lian, puxando Mavie para trás de um pilar enquanto Crusher avançava como um raio, derrubando um dos guardas antes que ele pudesse atirar.Sebastian estava ao meu lado, manten