Vincent BlakeO som da explosão ainda reverberava nos meus ouvidos, um zumbido ensurdecedor que quase abafava os gritos, os tiros e o barulho dos destroços caindo ao nosso redor. Cada fibra do meu corpo estava em alerta, movendo-se rápido demais para permitir que a dor ou o cansaço se instalassem em mim.Minha prioridade era Mavie. Sempre seria Mavie.— Abaixe-se.Gritei, puxando-a para o chão enquanto o calor da explosão ainda ardia na pele.O jantar, a calmaria, o som de sua risada enquanto eu tentava tranquiliza-la de algo que talvez ela estivesse pressentindo.Tudo parecia uma memória distante.Eu me levantei, meus olhos vasculhando o ambiente em busca dos invasores, pronto para matar quem atravessasse a porta. Eles não eram amadores, estavam bem armados, bem coordenados, e conheciam a mansão.Meu dedo apertou o gatilho da arma com a precisão de um cirurgião, cada disparo derrubando um deles conforme surgiam, mas ainda assim eles continuavam vindo, como uma maré infinita. Cada mov
Vincent BlakeA dor me arrastou de volta à consciência como um peso esmagador. Cada respiração parecia rasgar meu peito, e o gosto metálico de sangue ainda estava em minha boca. Minha visão piscava entre borrões e flashes de luzes tremulantes no teto. Eu ouvia vozes distantes, como ecos em um túnel e isso me incomodava como o inferno.— Ele perdeu muito sangue, precisamos estancar isso agora. Era uma voz grave, firme, mas carregada de urgência.Tentei me mover, mas algo pesado me mantinha preso. Abri os olhos lentamente, piscando contra a luz. Quando minha visão finalmente clareou, vi o rosto de Mavie acima de mim, pálida, com os olhos vermelhos de lágrimas que ela não conseguiu esconder e atentos a tudo que estava acomtecendo. Ela nunca esconderia aquela expressão de mim. Eu iria reconhecer independente da situação.— Ghost...Ela disse meu nome como um sussurro, seus dedos tocando meu rosto com tanta suavidade que quase não acreditei que era real.— Estou aqui...Murmurei, minha vo
Vincent BlakeA noite era densa e silenciosa quando todos nos reunimos no pátio da mansão. As marcas da explosão ainda eram evidentes. As paredes carbonizadas, vidros quebrados, destroços espalhados deixavam tudo mais obvio.Quem veio, já tinha a intenção de explodir a porra toda.Mas o foco agora era outro. As informações reunidas por Lian e Sebastian apontavam para um armazém abandonado no limite da cidade, o provável esconderijo do responsável por todo o caos que nossas vidas têm tomado.Aqui, sentado em um banco improvisado, pressionei a mão contra o ferimento que Alexander havia costurado com precisão horas antes. Suspirando, eu olhei para todos que estavam ali presentes, que assim como eu, estavam ouvindo o que meu irmão dizia.— O armazém está protegido por câmeras, armadilhas e muitos guardas. Eles estão esperando um ataque.Disse Lian, ajustando o colete à prova de balas. — Mas eles não estão esperando a gente.Observei em silencio conforme todos eles se preparavam para o co
Vincent BlakeO armazém era tão sombrio quanto esperávamos. Uma estrutura imponente cercada por um silêncio quase sufocante. O som do vento cortava o ar, misturado com o farfalhar das árvores próximas, deixando o local ainda mais isolado e sombrio.Estacionamos longe e avançamos a pé, movendo-nos como sombras por entre a escuridão. Sebastian e Luisy cuidaram das câmeras com eficiência, cortando os fios antes que o sistema de segurança pudesse alertar a chegada de alguém. Lian liderava o caminho com Crusher ao lado, ambos movendo-se com uma precisão silenciosa e sincronizada.Ao entrarmos no prédio, o cheiro de metal e óleo queimado tomou conta do ar. O silêncio foi interrompido apenas pelo som distante de vozes, ecoando nos corredores.— Estamos perto.Sussurrou Lian, apontando para uma porta ao fundo do salão principal.Antes que pudéssemos avançar, porém, o som de botas pesadas contra o concreto nos alertou. Os inimigos apareceram como uma onda, surgindo de todos os lados.— Embo
Vincent BlakeMinha mente estava tomada por um único pensamento. Acabar com ele aqui e agora.O sorriso dele, a forma calculada com que falava, cada movimento medido para me provocar. Ele sabia que estava no controle, ou pelo menos acreditava nisso.Eu dei mais um passo à frente, sentindo o peso do olhar de Mavie em mim. Eu sabia que ela estava preocupada, sabia que minha condição não era das melhores, mas não importava. Nada importava além de proteger o que era meu.Aquele homem queria mexer em algo é restrito a todos.— Você fala demais, caralho.Rosnei, apertando o gatilho sem hesitar.O disparo ecoou pelo armazém, mas ele já havia se movido. Rápido demais para um homem de sua idade. Ele se jogou para o lado, usando uma das mesas como cobertura, enquanto seus homens abriam fogo contra nós.— Cobertura.Gritou Lian, puxando Mavie para trás de um pilar enquanto Crusher avançava como um raio, derrubando um dos guardas antes que ele pudesse atirar.Sebastian estava ao meu lado, manten
Vincent BlakeO silêncio após a batalha era quase tão ensurdecedor quanto o caos que havia se desenrolado momentos antes. Mavie ainda estava ajoelhada diante de mim enquanto me apertava forte contra seu corpo, sua preocupação era evidente em cada linha de seu rosto, no entanto, a unica coisa que eu pensava era no perigo que estavamos correndo por ter permanecido naquele local.Crusher permanecia ao meu lado, seu peito subindo e descendo enquanto recuperava o fôlego, e seus olhos atentos ao menor movimento.Eu estava exausto.Cada músculo do meu corpo parecia queimar, o ferimento latejava, e minha mente girava com a frustração de ter deixado aquele desgraçado escapar. Mas quando Lian estendeu o tablet na minha direção, senti uma fagulha de esperança reacender.— O que encontramos?Perguntei com a minha voz rouca e fraca.— Planos, coordenadas e comunicações.Respondeu ele, ativando a tela.— Ele estava mais organizado do que imaginávamos, mas agora sabemos onde ele está operando de ver
Vincent BlakeEnquanto Alexander cuidava de mim, Luisy, Lian, e Sebastian continuavam a examinar o tablet, discutindo os próximos passos. Mavie e Crusher não se afastavam de mim, como se soubessem que eu precisava deles ali.— Esse lugar... Começou Luisy, apontando para um mapa na tela.— É uma fortaleza. Ele tem geradores independentes, rotas de fuga múltiplas e, pelo que vejo aqui, até sistemas automatizados de defesa.Soltando o ar com força, senti meu abdômen doer enquanto Alexander enfaixava minha ferida após refazer os pontos da primeira ferida e fechar a nova.— Perfeito.Respondi e o sarcasmo escorreu na minha voz.— Ele está se preparando para uma guerra.Lian deu um meio sorriso, aquele sorriso confiante que ele sempre tinha quando estava diante de um desafio.— Então é isso que daremos a ele.Assentindo, permaneci em silencio enquanto me ajeitava na poltrona.— Temos que agir rápido.Disse Mavie com sua voz firme.— Se ele perceber que pegamos essas informações, ele pode m
Vincent BlakeA noite se tornou longa, silenciosa e carregada de tensão.Cada canto da mansão do meu irmão estava repleto de armas, munições e mapas espalhados por inúmeras mesas. O som de cliques e ajustes de equipamentos ecoava suavemente, mas ninguém falava entre si. Não havia espaço para conversas paralelas agora era apenas foco.Eu observava tudo de longe, encostado contra a parede, com Crusher sentado ao meu lado. O cachorro estava calmo, mas eu sabia que ele sentia a mesma inquietação que todos nós sentimos. Ele olhava ao redor, atento, como se entendesse que algo grande estava prestes a acontecer.Mavie estava ao lado de Lian, estudando o mapa com um olhar concentrado. Ela fazia perguntas incisivas, apontando possíveis rotas de entrada e saída. Era impressionante ver como ela havia crescido nesse nosso mundo, assumindo um papel que poucos conseguiriam suportar em tão pouco tempo.— Você está pronto para isso?A voz de Saymon me tirou dos meus pensamentos. Ele estava parado ao