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VI - Teias no Escuro

Só que você sabe qual é o problema dos ratos, não sabe?

~♣~

Violet xingou mais uma vez quando uma teia de aranha se prendeu em seu rosto e ela precisou morder com força o lábio inferior para não gritar ao ver o aracnídeo pendurado no teto do túnel, remexendo as patas longas bem à frente de seu rosto.

Ela engatinhou para trás, esperando alguns segundos até aquela coisa subir por sua teia e sair andando pelas paredes de terra batida do túnel.

A menina suspirou aliviada e, novamente, praguejou contra os deuses e todas as forças sobrenaturais que poderiam ter culpa de seu estado no momento.

Ela não aguentava mais andar e andar por aquele lugarzinho claustrofóbico e sujo e nunca chegar a lugar algum. Seus joelhos estavam mais arranhados do que nunca e seus braços doíam já que o lugar não tinha espaço o suficiente nem para que ela pudesse ficar em pé.

Suas unhas estavam sujas de terra e pedaços de folhas e galhos secos que pareciam esquecidos ali desde o século passado se prendiam em seus cabelos que, um dia, puderam ser comparados aos de uma boneca.

Ela rapidamente repreendeu esse pensamento com uma careta e voltou a andar, não queria saber de absolutamente mais nada que envolvesse a palavra "boneca".

No momento, até mesmo a ideia de ser rainha um dia parecia menos assustadora do que se encontrar com aqueles seres bizarros novamente.

Um grunhido de raiva fez Violet travar em seu lugar novamente, assustada, até perceber que não vinha de dentro do túnel, e sim de cima dele.

Você é uma incompetente mesmo, Rosalia – Dollie xingou irritada com a voz abafada pelo chão abaixo de si, completamente diferente da pessoa doce e gentil que Violet havia conhecido logo que chegara ali há apenas algumas horas. – Vocês estavam no mesmo quarto! Como não a viu sair?

Perdão majestade, eu estava em um sono pesado e...

Ah, isso não importa mais! Acorde os outros e se virem para encontrá-la, não podemos deixá-la sair depois de tudo o que viu Dollie ordenou e o túnel estremeceu quando os passos de Rosalia correram rápido pelo chão do cômodo acima, seguidos do som de uma porta se batendo.

A princesa ainda estava estática como uma estátua, tentando ouvir mais alguma coisa, porém nenhum outro som chegou aos seus ouvidos.

Ela olhou para trás, semicerrando os olhos violeta para tentar enxergar em meio a todo aquele escuro. Não sabia mais se deveria continuar ou voltar, agora que Dollie havia descoberto sobre sua "fuga" provavelmente todas as suas bonecas estavam atrás dela, e o pior de todos com certeza era Puppet, com seu sorriso costurado bizarro e a confiança estranha que a rainha parecia ter na marionete.

Ela respirou fundo e mordeu sua língua com força, tensa, nervosa e – por mais que odiasse admitir – com medo. Tudo o que lhe restava no momento era confiar no estranho arco-íris pastel em forma de boneco e continuar seguindo até chegar no salão de entrada como prometido.

Violet estalou os dedos doloridos de sua mão e tornou a engatinhar, a todo segundo amaldiçoando fortemente sua curiosidade, seu tédio e principalmente seu amor por gatos.

Tomara que Ginger seja engolido por um rato gigante e eu esteja lá para ver isso e ainda rir de sua cara, muito provavelmente como ele deve estar rindo da minha agora, pensou irritada, sentindo vontade de descontar toda a sua raiva naquelas paredes que pareciam não ter fim.

Ela queria socá-las, chutar tudo o que visse e explodir aquele castelo. Pensar em como Dollie e aquele reino idiota eram doentios fazia seu medo dar lugar à raiva e apenas isso.

Com certeza ela agrediria aquela bonequinha de porcelana metida a besta quando a visse. Deixaria sua cara mais rachada que as paredes do quarto de Aaron.

Violet respirou fundo e meneou a cabeça, acelerando suas "engatinhadas". Não podia perder tempo com aqueles pensamentos agora, precisava sair dali, encontrar alguém do castelo e levá-lo até Jack, não podia dizer quanto tempo restava até que Dollie resolvesse que era a hora perfeita para transformá-lo em mais uma de suas obras esquisitas e amedrontadoras.

Jack... Seu coração se apertou. E se aquilo fosse culpa sua? Ela sempre desejara coisas ruins ao garoto quando este a irritava, e se o que estava acontecendo fosse o resultado de tudo isso?

Não, não podia ser, eram apenas superstições idiotas e Jack ficaria bem, ela o tiraria dali e logo mais estariam rindo e discutindo novamente.

Ela se moveu por mais alguns metros e pôde avistar um pouco mais à frente um fino feixe de luz entrando pelo o que parecia ser uma portinha de madeira na parte de cima do túnel.

Violet a empurrou para cima ao chegar no local ligeiramente iluminado, mas a porta ao menos se moveu, trancada. Droga, Aaron.

Ela se sentou ali, encolhida, e abraçou o próprio corpo que começava a esfriar conforme ela passava mais tempo naquele pequeno limbo subterrâneo. Então Violet chorou, chorou até que uma luz forte alcançou o túnel, quase a cegando pelo longo tempo que passara enfurnada na escuridão.

A porta estava se abrindo? Ela estreitou os olhos e se afastou, em pânico, quando uma sombra apareceu na porta.

– Alteza? A senhorita está aí? – Um garoto chamou com a voz baixa e urgente, porém Violet não respondeu, ainda desconfiada e surpresa, Deus não seria tão bom assim, seria? – Violet?

– Jack... – foi tudo o que ela conseguiu sussurrar ao encontrar os olhos verdes de Jack a encarando, mais assustados que os seus próprios.

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