Penélope Sanchez
Não aguento mais ver a Salsicha atrás de Álex o tempo todo. Ela tem me enviado olhares e sorrisos vitoriosos, porém o que ela não sabe, é que sei muito bem que foi ela quem agrediu Andie e que, mais tarde, isso pesará. O assassino parece estar tremendamente envolvido com os assuntos chatos que ela compartilha. Ontem à noite, ouvi os dois burburinhando até altas horas da madrugada e, detalhe: ela estava na cela dele. Anny deve ter se suicidado milhões de vezes de tantos ciúmes. Tenho pena dessa mulher tão jovem passando por tudo isso, mas tudo na vida é questão de escolha, nada acontece por acaso. Talvez esse seja o inferno pessoal de Anny.
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Aproveito que Jenniffer saiu da companhia de Álex para jogar todo o meu charme. Ele caminha em direção à mesa, apresso-me em me levantar e, de propósito, esbarro nele. O aroma de almíscar exala me deixando estonteantemente excitada e ele vidra o olhar a mim.
“Tudo está bem quando acaba bem “ Emily Rodda Jenniffer McDonald Anny mal entra na minha cela e já inicia a aporrinhação. Não para de reclamar que eu só fico atrás de Álex. Parece que ela não entende que tudo isso faz parte do plano. — Anny, pelo amor de Deus, para com essas crises de ciúme — digo e me afundo na cama. — Eu sou ciumenta, você terá que se acostumar a isso se quiser ficar ao meu lado — ela anda de um lado para o outro da cela, seu rosto demonstra o quanto está alvoraçada. — Quantas vezes eu terei que repetir que esse lance com o Álex é somente para implicar a loira sem sal? — Mas ele te olha parecendo que quer enfiar o pau em você — não posso mentir que é isso que eu quero, mas se eu disser é possível que a Anny me mate aqui mesmo. Tento não esboçar uma reação insana. — Não vou fazer isso, Anny, eu amo você! — Diz que
Andie CoolerAngelic está em minha cela, assim como eu, ela não consegue dormir. Estou preocupada demais com Brad para conseguir pregar os olhos e ela está feliz demais com a voz que aos poucos está voltando.— Queria tanto tentar, Andie — ela diz.— Não fique só no “queria”, tente, vamos! — encorajo-a e ela sorri.— Tudo bem, vou tentar cantar a música “Fallin” de Alicia Keys que amo.— Ok, amiga, estou aqui para te apoiar, então, não se preocupe se vacilar — afago suas mãos. Estamos sentadas no chão frente a frente em posição de lótus.Ela respira fundo, fecha os olhos e inicia a canção:I keep on fallin'In and out of loveWith youSometimes I love ya
“O homem é o animal mais triste do mundo. O ato que lhe dá o maior prazer é também aquele que o aproxima mais da morte”. Morris West Megan Shelby Após muita insistência e uma pequena discussão, tanto da minha parte quanto de Samantha, Leona acabou cedendo em relação à entrega de livros na cela de segurança máxima, ou como ela mesma diz Céu Negro. A felicidade de Andie fez meu peito se aquecer, ela adora ler e, com certeza, ler é a única coisa sensata a se fazer aqui dentro. Embora eu me esforce para transferir alegria no presídio, tem sido uma tarefa extremamente difícil, não paro de pensar em Yan e em sua repentina mudança. Mais uma vez, ele me negou sexo e isso tem me deixado triste. Além de não me fazer nem sequer um carinho, ele mal tem me dirigido a palavra. Fico me perguntando: onde está aquele homem carinhoso pelo qual me apaixonei? Na cozinha, deixo a emoção me
Willy Foster Pennie volta e eu sou o próximo. Rick me conduz. Ficar cara a cara com uma mulher tão gata me deixou sem jeito. Além de ser extremamente bonita, a investigadora é fina e chique, coisa que nunca fui mesmo tendo grana pra caralho. Esses negócios de etiqueta nunca fizeram parte do meu vocabulário. Sento-me e olho-a dentro dos olhos que são verdes como duas esmeraldas. — Willy Foster, me conte tudo que aconteceu naquele dia. — Após o café, fomos levados para os fundos do presídio. A Leona inventou a construção de mais duas salas e nós é que pagamos o pato — ergo as sobrancelhas. — Entendi, mas continue por gentileza. Continuo contando tudo o que aconteceu, falando até mesmo o que nós conversamos no dia, das mulheres que queríamos azarar, das feições carrascas dos guardas. Samantha ouve com atenção e paciência. — E por que você estava próximo da sala de monitoramento quando Rick te encontrou? —
“O que mais nossas vidas deveriam ser senão uma série contínua de começos, de dolorosas configurações para o desconhecido, saindo das bordas da consciência para o mistério do que ainda não nos tornamos” David Malouf Rick Travor Adentro à sala de monitoramento e dou de cara com Samantha pensativa com os cotovelos apoiados na mesa e sustentando a cabeça sobre as mãos entrelaçadas. Vejo que está assistindo às câmeras do dia da morte de Johann novamente. O caderno ao lado está repleto de anotações. Ela pega o telefone sem notar a minha presença e disca um número. Observá-la é incrível. — Olá, é a Sra. Still? Aqui é a investigadora do caso do seu marido, Agente Brooks. Preciso vê-la! — ela conversa com a esposa do Johann. O que será que ela quer? Raspo a garganta para anunciar que ela não está sozinha, dando de ombros, ela sorri após pausar as imagens e desligar a ligação: — Olá, Ric
“É engraçado, mas você nunca pensa muito sobre respirar. Até que seja tudo o que você sempre pensa.” Tim Winton Angelic Ross Parker Acordo sorrindo, estou muito feliz com todo o meu avanço e ontem consegui me exercitar bastante. Como Willy disse “um passo de cada vez que é para não tropeçar”. Ele está completamente certo. Não adianta querer realizar os sonhos da noite para o dia, tudo tem seu tempo, suas fases, e são nessas fases que a felicidade mora. Sinto-me como uma criança que aprende a engatinhar, ou, a falar “mamãe” pela primeira vez. Não vejo a hora de contar tudo isso aos meus pais. Abro a porta da cela e todos já estão na sala central. Parece que dormi mais do que a cama. Jenniffer como sempre me olha com nojo, tenho uma preguiça dessa guria. Com a minha escova de dentes em mão, caminho em direção ao banheiro. De propósito, ela se levanta e se esbarra em mim. Reviro os olhos.
Eva Gibson Corro da polícia com a mesma intensidade que o diabo foge da cruz, mas sou obrigada a parar e a admirar o enorme campo que girassóis que encontro. O amarelo vivo, o verde magnífico, o sol e o azul do céu são infinitos como a minha vontade de ser livre para todo sempre. Sonho com o dia em que as correntes dos meus punhos sejam quebradas. Abraçarei meus pais, sentirei o perfume da casa, sândalo. Quantas saudades tenho da vovó, principalmente de quando ela chegava em casa usando o xale de lã cor creme e me chamava de “Evinha”. A pele enrugada sempre me encheu de orgulho. Pena que o crime chegou até mim de uma forma avassaladora, em poucos dias que conheci uma turma de assaltantes, logo eu estava lá, fazendo o mesmo que eles, impondo a arma calibre 38 enquanto as vítimas imploravam pela vida. Jamais matei ninguém, mas roubei tudo que tinha direito, mesmo que a parcela que restava para mim sempre fora mínima. Eu estava errada, sim, eu sei, mas era
“Os mortais não precisavam de deuses para ordenar que matassem uns aos outros. Eles foram perfeitamente capazes de encontrar razões para fazê-lo eles próprios” Trudi Canavan Willy Foster Os dias passam como tartarugas que estão desovando na areia da praia, infinitamente demorados. Parece estranho o que vou dizer, mas vagarosamente o rosto de Kyla está sumindo da minha mente. Não sei se isso é bom ou ruim. O que sei é que Andie tem me feito esquecê-la. O jeito meigo, o sorriso doce e o olhar triste promovem um grande reboliço dentro do meu peito. E eu que pensava que jamais esqueceria Kyla e estava determinado a jamais me envolver com alguém. Estou numa sinuca de bico. Posso estar errado, mas acho que estou começando a me apaixonar por ela. — Oi, Will, o que tanto pensa? — a voz serena de Andie adentra meus ouvidos como música. — Andie, estava aqui pensando na liberdade — minto na cara d