Capítulo 6
- Claro, com certeza. - Após uma semana juntos, Raquel sentia um profundo afeto por Nicolas. - Deixei meu número de telefone para você. Se sentir saudades, me ligue. Quando estiver livre, vou te visitar novamente.

- Se você disse, tem que cumprir. Quem mentir, é cachorrinho.

Raquel se abaixou com esforço.

Ao lado, o “homem-invisível Michel” franziu o cenho.

Mantendo a mesma altura de Nicolas, Raquel gentilmente afagou a cabeça dele, dizendo:

- Certo. Quem mentir, vai acabar virando um cachorrinho.

Nicolas deu um sorriso adorável e, de forma muito espontânea, beijou a bochecha de Raquel.

Ao lado, o “homem-invisível Michel” pareceu franzir o cenho ainda mais.

- Vou indo então. - Raquel estava com um semblante sereno.

- Mamãe, vá devagar, não tropece. - Nicolas a chamou docemente.

Foi isso mesmo, não importava o quanto ela tentasse mudar o jeito dele a chamar, ele sempre continuava.

Quando Raquel mencionou que não era a mamãe do Nicolas, ele automaticamente pensou que ela não o queria mais. Seus olhos ficaram vermelhos instantaneamente, parecendo um coelhinho magoado, num misto de tristeza e injustiça.

Raquel também deixou de insistir.

Quando Nicolas crescesse um pouco mais, naturalmente entenderia.

Raquel saiu do quarto de hospital apoiada em sua muleta.

Michel continuou seguindo-a o tempo todo.

Houve várias vezes em que Raquel quis recusar, mas permaneceu em silêncio.

Quando chegaram à porta do hospital, ela abriu a boca:

- Sr. Michel...

Michel passou direto ao lado dela e, de forma cavalheiresca, abriu a porta de um carro preto Maybach estacionado à frente deles.

Raquel franziu o cenho.

- Vou levar a Srta. Raquel de volta.

- Eu posso ir sozinha, não quero incomodar o Sr. Michel.

- Eu tenho carro. - Michel falou de forma concisa, com uma entonação firme.

Raquel ficou sem palavras.

“Você está se exibindo?”, ela reclamou secretamente em seu coração.

- Não é incômodo. - Michel acrescentou.

Raquel olhou para Michel. Ela sentia que era difícil conversar com ele.

E finalmente ela cedeu.

Michel parecia ter um encanto irresistível, algo que a impedia de recusar.

Recusar também parecia uma perda de tempo, completamente inútil.

Sentados no carro luxuoso, Michel perguntou:

- Srta. Raquel, onde você mora?

- Palácio do Norte.

Desde que voltou ao país, Raquel nunca mais tinha voltado à casa da família Gomes.

E ninguém da família Gomes tinha se importado com ela.

- Ok. - Michel concordou com um aceno de cabeça e lançou um olhar ao motorista.

O motorista assentiu rapidamente, e o carro começou a se mover devagar.

De repente, Michel se aproximou de Raquel. Ela ficou surpresa, claramente em guarda.

Michel sempre manteve certa distância dela...

No instante seguinte, Michel estava se inclinando para ela, ajudando-a a colocar o cinto de segurança.

Raquel apertou os lábios.

Depois de ajustar o cinto, Michel disse com indiferença:

- Srta. Raquel, você não precisa segurar seus punhos tão firmemente.

Raquel baixou a cabeça abruptamente, percebendo seu gesto involuntário.

O constrangimento se espalhou...

- Não se preocupe, Srta. Raquel. Eu sempre fui uma pessoa reservada e cuidadosa com a minha conduta.

Raquel ficou sem palavras... Por que ela sentia que Michel era um pouco narcisista? Não conseguiu evitar soltar:

- Uma pessoa reservada acabaria tendo um filho assim?

Assim que as palavras saíram, Raquel se arrependeu.

Ela não estava tão próxima de Michel para fazer piadas desse tipo.

Michel virou o olhar para ela e continuou olhando por um longo tempo.

Raquel estava prestes a mudar de assunto quando Michel disse:

- Fui forçado a isso.

Raquel ficou sem palavras novamente.

Como um homem alto e imponente como Michel poderia ser forçado a fazer algo assim?

- Então ela era bastante feroz. - Raquel tentou lidar com a situação.

- Naquele dia, ela estava realmente feroz. - Michel concordou com a cabeça, seus olhos profundos pareciam ter estudado ela por um tempo a mais.

Raquel sentiu que a conversa estava tomando um rumo um pouco... Estranho.

- Como vocês dois se separaram? - Raquel mudou de assunto levemente. Ela estava curiosa sobre o motivo da mãe de Nico ter saído da vida deles.

- Ela não gostava de mim.

Raquel ficou surpresa. Como alguém tão impressionante como Michel poderia ser rejeitado?

- Se ela não gostava, por que ela teve um filho com você? - Ela não conseguia entender.

- Ela nunca planejou ter um filho. - Michel respondeu com indiferença. - Na verdade, depois de dar à luz o Nico, ela planejava abandoná-lo.

Raquel sentiu uma dor no peito repentinamente.

Quando pensava no momento em que o pequeno e vulnerável Nico nasceu, quase sendo abandonado impiedosamente, seu coração se apertou como uma lâmina afiada.

Ela nem se atreveu a imaginar essa cena.

- Você fez certo em se separar dessa pessoa. - Raquel disse sinceramente.

Michel apertou os lábios, olhando fixamente para ela como se algo estivesse em seu rosto.

Raquel tocou sua própria bochecha, indagando:

- Sr. Michel?

Michel desviou o olhar e manteve a parte de trás da cabeça voltada para ela.

Raquel franziu a testa.

Michel era uma pessoa de altos e baixos emocionais.

Mas pensando bem, talvez fosse porque ela havia tocado em um período desagradável de seu passado amoroso, e era normal que ele se sentisse mal.

O carro seguiu em silêncio até parar no condomínio de Raquel.

- Obrigada. - Agradeceu Raquel. Ela ainda mantinha uma distância reservada de Michel.

Michel assentiu levemente:

- Srta. Raquel, vá com calma.

Raquel respondeu com um aceno, sentindo um pouco de alívio internamente.

Ela tinha que admitir que estava um pouco preocupada que Michel insistisse em levá-la até em casa.

Chegar ao condomínio já era o limite de sua tolerância com estranhos.

A habilidade de Michel de agir com sutileza e discernimento a fez baixar um pouco a guarda em relação a esse homem que ela originalmente teria evitado.

- Senhor. - O motorista não pôde evitar chamar sua atenção.

A Srta. Raquel já havia desaparecido da vista, mas o senhor ainda estava olhando na direção em que ela foi.

Enquanto isso, o celular do senhor continuava tocando.

Michel olhou para trás e atendeu o telefone com calma:

- Vovô.

- O Nico não deveria ter saído do hospital hoje? Por que ele ainda não voltou? - Perguntou Henrique Mendes, o avô de Michel.

- Ele vai voltar em breve. - Respondeu Michel. - Mas me deixe esclarecer, vovô, eu não vou morar na mansão da família Mendes.

- Por quê? - Henrique estava claramente descontente.

- Nico não se encaixa em lugares que precisa conviver com muitas pessoas, ele é mais introvertido. Vou trazer o Nico para que você possa conhecê-lo, mas depois vamos embora. - Michel falou com convicção.

- Vocês podem partir depois do jantar. - Foi o teimoso final do Sr. Henrique.

Michel ficou em silêncio por um instante antes de concordar:

- Está bem.

Desde a morte de seus pais, ele raramente voltava para a Cidade B.

Se não fosse pelo avô o ameaçando com sua vida, ele não teria voltado desta vez.

Mas se não tivesse voltado...

Talvez ele nunca teria a encontrado.

...

Segunda-feira, o tempo estava ensolarado.

Raquel vestiu um conjunto de roupa profissional, aplicou uma maquiagem leve e deixou seus cabelos ondulados e suaves caírem despreocupadamente sobre os ombros. Mesmo apoiada em uma bengala, sua determinação, elegância e ousadia continuavam a destacar sua beleza.

O Advogado Luiz a acompanhou até o Grupo Via Láctea.

Um homem se apressou para recebê-la:

- Senhorita.

- Sr. Ian. - Raquel acenou levemente com a cabeça.

Ian Valente era o vice-presidente do Grupo Via Láctea e um dos poucos em quem sua mãe confiava completamente. Depois que Cláudio assumiu o controle da empresa, houve muitas mudanças, mas até agora, Ian era o único que não tinha sido substituído. Isso só mostrava a importância e competência de Ian na empresa.

- Vamos. - Raquel não perdeu tempo.

- Senhorita, hoje... - Ian começou a falar, mas hesitou.

- O que está acontecendo? - Raquel franziu a testa.

- Também só soube disso quando cheguei para trabalhar hoje. O presidente, ou seja, seu pai, deseja nomear a Rafaela como diretora-geral do Grupo Via Láctea. A partir de agora, ela terá total autoridade sobre todos os assuntos relacionados à empresa. Atualmente, está acontecendo a cerimônia de nomeação.

Cláudio e Rafaela eram realmente sem vergonha!

Raquel respondeu friamente:

- Não importa.
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