Ariel
Estava nervosa, meu coração acelerado enquanto eu me olhava no espelho. Por que eu estava me metendo no meio dessas pessoas ricas? Não fazia sentido para mim.
O pior de tudo era a possibilidade de me deparar com Thomaz. Só de pensar, meu corpo se arrepiava. Se algum dia ele me encontrasse, toda a liberdade que eu tinha conquistado, toda a paz que eu lutava para manter, desapareceria.
— Ei, deixa esses pensamentos negativos de lado — ouvi a voz familiar de Jess ao meu lado. Ela apareceu no espelho, me olhando com um sorriso firme.
— Você é linda e merece viver sua vida. Não deixa ninguém tirar isso de você, nem o Thomaz e
Ariel.Estava terminando de limpar a sala de reuniões, ajustando os últimos detalhes, quando a porta se abriu e Alex entrou, trazendo consigo aquela presença imponente de sempre. Olhei para ele, surpresa, enquanto ele se aproximava e colocava sua pasta sobre a mesa.— Bom dia, Ariel. — Ele disse com um sorriso amigável.— Bom dia. — Respondi, tirando as luvas de limpeza e as colocando de lado, tentando entender o motivo de ele estar ali.Alex olhou ao redor, como se estivesse verificando se estávamos sozinhos, e então voltou a me encarar.— Vai participar da reuni&atil
(Ariel)Depois de nos arrumarmos, seguimos no carro da Jess. Estava um pouco distraída, observando as luzes da cidade pela janela, mas percebi que ela estava quieta, mais do que o normal. Algo estava errado. Ela geralmente falava sem parar quando estávamos a caminho de algum lugar.— O que foi? — perguntei, tentando quebrar o silêncio. — Você parece um pouco tensa.Jess suspirou, apertando o volante. Quando o semáforo ficou vermelho, ela se virou para me olhar rapidamente, como se estivesse ponderando se deveria ou não dizer o que estava pensando.— Tenho quase certeza que a prima da Alicia vai estar lá — disse, com uma expressão apreensiva.— E tem algum problema? — perguntei, sem entender o motivo da preocupação.Ela deu um sorriso meio sem jeito antes de responder:— Apenas que... ela não gosta muito de mim.Franzi a testa, surpresa. Jess sempre foi querida por todos, não conseguia imaginar alguém não gostando dela. — Qual o motivo? — perguntei, curiosa.O sinal abriu e Jess avanç
Sem perceber, todos nós esvaziamos a primeira garrafa de vinho, e Alex foi até a cozinha para buscar outra. Eu já estava sentindo o efeito do álcool, um calor suave que me relaxava um pouco, embora o filme continuasse me deixando tensa a cada cena. Olhei para Alex enquanto ele se acomodava no sofá ao meu lado, e percebi que Alícia e Jess tinham capotado no sofá oposto, provavelmente efeito do whisky que insistiram em misturar.— Elas vão se arrepender… dessa mistura amanhã — sussurrei, tentando conter uma risada.— Com certeza — ele respondeu, com um sorriso divertido.Voltei minha atenção para a tela, mas fechei os olhos quando uma cena horrível apareceu. Senti Alex me observando e, um instante depois, ele perguntou:— Quer parar o filme?— Não, tô curiosa pra saber como vão matar essa coisa — respondi, e ele riu. Sua risada acabou me contagiando, e foi nesse momento que percebi que já estava um pouco mais alegre do que o habitual. Talvez um pouco demais.Depois de recuperar o riso,
(Ariel) Acordei com uma onda terrível de enjoo. Saltei da cama e corri até o banheiro, despejando tudo no vaso. Após o que pareceu uma eternidade de ânsia, lavei o rosto, escovei os dentes e tomei um banho rápido. Quando voltei para o quarto, vi que já eram sete da manhã. Arrumei a cama e chequei que tudo estava no lugar antes de sair. Ao abrir a porta do quarto, quase esbarrei em Alex no corredor, que segurava uma xícara e sorria.— Achei que você não tinha acordado muito bem — disse ele, estendendo a xícara na minha direção.— Deu para ouvir? — perguntei, envergonhada.Ele assentiu com um sorriso meio culpado, mas me entregou a xícara. — Chá de gengibre. Vai ajudar.Seguimos para a cozinha, onde me sentei no banco da bancada e comecei a beber o chá, tentando ignorar a vergonha enquanto ele, tranquilamente, comia ovos mexidos e panquecas.— Como você está tão bem? — perguntei, curiosa, ao ver que ele parecia perfeitamente normal. — Não sente nada no dia seguinte?Ele deu de ombros.
ArielDepois que Emily saiu correndo, fiquei preocupada e me lembrei de perguntar mais tarde se estava tudo bem com ela. Deixei o material de limpeza no armário e fui até o vestiário, exausta e um pouco irritada. Logo hoje que estava sozinha, a torneira do banheiro feminino teve que quebrar e encharcar o banheiro todo — e a mim junto.Assim que entrei no vestiário, tirei o avental e a camisa do uniforme, sobrando só a regata por baixo, também molhada. Abri o armário e vi o vestido que tinha trazido. Suspirei, sabendo que não podia vesti-lo ainda, já que faltavam duas horas para o fim do expediente.Enquanto pensava no que fazer, escutei uma voz baixa do lado de fora. — Eu disse que ele é um idiota! Você acreditou porque quis — disse uma voz feminina.Escondi-me atrás da porta, reconhecendo a voz da secretária de Christian. — Não! Você tá louca? — A voz dela soou nervosa, e então ficou mais baixa ainda, com ela se aproximando da porta. Parei de me mexer, torcendo para que ela não
ArielEstou de pé no centro do tatame, tentando me concentrar, mas é difícil ignorar a mudança em Alex. Ele estava mais ereto, focado, com uma expressão de serenidade, quase como se estivesse assumindo uma outra versão de si.Ele se aproxima devagar e começa a demonstrar uma técnica de bloqueio, explicando cada movimento com clareza, me olhando para ter certeza de que estou absorvendo tudo.Não posso negar, ele é uma perdição com essa expressão séria e essa roupa que destaca cada linha dos músculos dele. Mas foco, Ariel, foco.Tento reproduzir os movimentos que ele mostrou. Ao me ver praticar, Alex se aproxima e corrige minha postura, colocando suas m&atil
Julho, 16Um mês. Hoje completo um mês na empresa, mas a sensação é de que já se passaram anos.Christian continua com a minha calcinha, e, para o meu alívio, nunca mais tocou no assunto. Só espero que ele não faça nada de “maligno” com ela – minha vida já é complicada o suficiente.As aulas com Alex, no entanto, têm sido incríveis. Em duas semanas, já me sinto outra pessoa, e ele ainda me deu um desconto para eu poder malhar na academia dele. Descobri, meio por acaso, que Christian malha lá também, mas de manhã.Que sorte a minha, porque acho que ficaria ainda mais ansiosa se tivesse que cruzar com ele por lá.
(Ariel)A dor, a angústia e até o medo evaporaram naquele momento. O som da chuva batendo na lataria do carro e o vento cortando ao redor sumiram. Respirei fundo, sentindo minha mente se transformar em uma gelatina, completamente indefinida.Algo que o vento trouxe bateu contra o carro, e pisquei, me afastando devagar enquanto Christian se endireitava no banco do motorista. O silêncio era quase doloroso, e uma estranha tensão pairava no ar.— Acho melhor procurar um lugar seguro para estacionar — ele disse, e eu apenas assenti, sentindo o coração disparar.Christian parou o carro sob um estacionamento e virou para mim. A luz do luar refletia em sua pele molhada, e eu tentava aplicar o curativo, mas minha