OVERDOGS

O planeta Terra chegou ao seu limite.

Doenças, mortes, poluição, guerras. Um coquetel de desgraças que levou o planeta para próximo de seu fim.

Nossas novas tecnologias permitiram que os humanos pudessem viajar pelo espaço e encontrar algum planeta que pudesse fornecer as mesmas condições do atual. Enquanto isso, a população restante da Terra vivia numa imensa nave: a Kulis Air One. Uma verdadeira Arca de Noé flutuando em meio a imensidão vazia do espaço.

O problema era que a população da nave estava crescendo e os recursos estavam ficando cada vez mais escassos. A Ordem Militar resolveu enviar robôs para o planeta mais próximo que, pelos estudos, havia as mesmas condições da Terra.

Semanas se passaram e não obtiveram nenhum retorno dos robôs de reconhecimento. O Major Alfred R. Goldsworth solicitou que a melhor equipe fosse até o local e fizesse o reconhecimento. Foi assim que minha história começou...

Meu nome é Solomon C. Johnson. Eu era o capitão da nave Chronos Seven. Sabe porque esse nome? Eu tinha uma equipe com sete tripulantes. Cada um deles tinha sua habilidade especial. Lawrence R. Champs, explosivos. Bradford C. Elander, atirador a distância. Charlie M. Goodwill, cartografo interestelar. Edward T. Morris, armamento pesado. Raymon U. Lofton, tecnologia. Marvella W. Krausman, a única mulher da equipe e nossa médica.

Sempre trabalhamos com o serviço pesado. Me surpreendi quando o Major Goldsworth nos convocou a fazer um serviço de reconhecimento. Como estávamos entediados viajando a esmo pelo espaço, por que não aceitar? Poderíamos salvar nossa espécie da extinção.

— Estamos nos aproximando do planeta Serath, senhor. — disse o soldado Goodwill — Estou localizando o melhor local para pouso.

— Ótimo. — eu respondi — Prepare nossos equipamentos, soldado Morris.

— Sim, senhor! — respondeu o homem.

— Antes de pousarmos, vamos nos manter na atmosfera do planeta e enviar o TT12.

TT12 era um veículo não tripulado, equipado com câmera e uma metralhadora, em caso de ameaças. Pode ser usado também para carregar até uma tonelada de material. Era como se fosse um pequeno tanque de guerra, porém, ligado e controlado pela nave central.

Uma capsula foi lançada da Chronos Seven e caiu num deserto. O terreno era acidentado e a areia avermelhada, mas isso não impediu nosso robozinho de seguir adiante.

— Já tenho imagens, senhor. — disse Goodwill. — Estão até melhores do que imaginávamos.

— Continue seguindo em frente, soldado. — eu respondo — Envie essas imagens para o monitor principal.

O vidro da frente da nave virou um enorme visor e toda a tripulação pode ver as imagens do robô de reconhecimento. A visão noturna havia sido ativada, pois estava a noite no planeta. A única luz que havia era a lanterna na cabeça do robô que iluminava o trajeto que o mesmo seguia.

Após atravessar o deserto, o robô nos deu imagens de montanhas volumosas por todos os lados. Nelas, havia vários buracos, como se fosse uma toca de tatu. Nem pensamos em analisar a fundo, mas controlamos o robô para ver o que havia no pé das montanhas.

Depois de descer o monte, o pequeno reconhecedor nos mostrou uma densa floresta. Nossa euforia foi grande, pois se havia vegetação, havia oxigênio e poderíamos viver nesse planeta tranquilamente.

Assim que fui comunicar com o Major, uma sombra passou na imagem e perdemos contato com o robô de reconhecimento.

— O que foi aquilo? — perguntou Champs que tomou um susto ao ver a sombra.

— Eu não sei explicar. — respondeu Lofton — Se eu conseguir analisar bem a imagem, posso ver o que era.

O Soldado Lofton até tentou melhorar a imagem, mas infelizmente, o que conseguimos enxergar foi apenas um borrão preto.

— Teremos que descer até lá e verificar o que é. — eu disse — Precisamos descobrir o que aconteceu com o TT12

Descemos a nave até o deserto, o mesmo local onde soltamos o robô inicialmente. Carregamos nossas mochilas com comida, armas, munições e bombas. Acionamos a visão noturna de nossos capacetes e testamos a comunicação entre nós. Tudo perfeito. Hora de trabalhar.

— Vamos nos separar para facilitar o reconhecimento. — instrui os soldados — Usem o comunicador em seus capacetes para nos informar se virem algo “diferente”.

Separamos os grupos: Goodwill e Champs foram seguindo em direção a floresta. Morris, Elander e Lofton seguiram para a esquerda, em direção as montanhas. Krausman e eu seguimos reto, em direção ao vasto deserto.

— Tomem cuidado. — disse Krausman — Se precisarem de mim, só chamar.

— Espero não precisar! — disse Elander dando risadas.

Posicionamos com nossas armas em mãos. Todos mantinham suas metralhadoras em mãos, menos Elander, que preferia dar cobertura a seus companheiros com seu rifle.

O local estava bem frio. Sorte que nosso exoesqueleto nos mantinham aquecidos. Era placas de titânios finas, porem bem resistentes. Protegiam nosso corpo e aumentava nossa força e velocidade. Sua bateria alimentava nossos capacetes para manter a comunicação e visão noturna.

 Goodwill e Champs foram os primeiros a deixar o deserto. Caminharam até alcançarem alguns pequenos montes.

— Está ouvindo isso, Champs? — pergunta Goodwill colocando suas mãos em forma de concha na direção do ouvido esquerdo — Parece o som de água caindo.

— Acho que seu capacete não está funcionando direito. — respondeu Champs rindo. — Não vejo nada além de montes de areia até o fim do horizonte.

— Não estou imaginando coisas. — respondeu o soldado já nervoso. — Se calasse a boca, poderia ouvir também.

Champs deu de ombros e continuou a caminhar. Mais à frente, os dois encontraram água. Ela descia das montanhas e formava um pequeno riacho no deserto.

— Eu não disse, imbecil. — disse Goodwill dando um soco de leve no ombro do companheiro. — Eu não estava imaginando nada.

— Realmente. — respondeu Champs boquiaberto dentro do capacete — Temos que informar isso ao capitão.

Enquanto isso, Morris e Lofton seguiam o deserto a esquerda. Elander se mantinha nos pequenos montes para dar cobertura aos seus companheiros. Usava a visão da mira do Rifle caso se deparem com alguma ameaça.

— O que acha que era aquilo no visor, Lofton. — perguntou Morris puxando assunto e quebrando o silêncio. O local era deserto e só era possível ouvir o sopro do vento frio e o som que os passos dos soldados emitia quando pisavam na terra.

— Não consegui enxergar muito bem. — respondeu Lofton olhando para todos os lados. — Pela estatura, parecia um lobo ou um urso. Se aqui tem floresta, provavelmente, deve haver algum tipo de animal desse porte.

— Ei! — gritou Elander no comunicador para os dois companheiros abaixo — Perceberam que está começando a nevar?

Uma manta branca começou a tomar o chão e a neve começou a piorar. De simples flocos de neve a uma nevasca em questões de minutos.

— Vamos precisar nos abrigar! — gritou Morris fazendo sinal com o braço para Elander, que estava no alto — Que tal aquela caverna a frente?

— Nos encontre na caverna! — gritou Lofton apontando para Elander e indicando a abertura a frente.

Os dois soldados do deserto correram e conseguiram alcançar a caverna. Mantiveram suas armas em mãos e começaram a vasculhar o local. Sons de gotas caindo do teto e tocando o chão era possível ser ouvida com nitidez. A tempestade de neve ficara cada vez mais distante enquanto eles se adentravam caverna a fora.

— Está muito escuro aqui, Morris. — disse Lofton — E frio também.

— Vamos acender uma fogueira e aguardar a nevasca passar. — respondeu Morris retirando um isqueiro cromado do bolso. Um isqueiro antigo, porem bem conservado. Dado por seu pai de presente antes de ser um tripulante da Chronos Seven.

— Onde vamos encontrar gravetos para isso? — perguntou o amigo.

— Quem não tem cão, caça com gato. — respondeu o soldado grandalhão retirando um sinalizador de outro bolso do uniforme. Ele cravou o bastão na terra e acendeu com o isqueiro. Uma luz vermelha iluminou todo o centro da caverna. Eles observaram que o local tinha muitos buracos.

— Acho que isso aqui não é uma caverna qualquer. — disse Lofton olhando ao redor.

— Como não? — respondeu Morris sentando em frente ao sinalizador.

— Olha ao seu redor. — disse Lofton iluminando cada buraco com a lanterna de sua arma. — Isso aqui é uma espécie de ninho.

— Não acho que seja...

Antes de Morris terminar sua frase, uma gosma roxa caiu em sua arma.

— Que nojo! — disse o soldado — O que é isso?

Lofton viu aquela gosma e mirou sua arma para cima. Em um dos buracos, ele observou que, na escuridão de um dos buracos, um par de olhos verdes se formaram.

— Ai, meu Deus! — disse Lofton se afastando do centro e mirando sua arma.

Logo, a criatura misteriosa começou a dar as caras. Mostrando um rosto deformado, com mandíbulas e dentes enormes. Seu corpo era muito. Até mesmo parecia um humano corcunda, só que de estatura menor.

Assim que a fera saltou da abertura em direção a Morris, um tiro acertou a criatura, explodindo sua cabeça. Lofton e Morris ficaram sem reação enquanto a criatura dava seus últimos movimentos no chão.

— E é claro, que o dia foi salvo pelo grande Elander! — disse o soldado pelo comunicador. Ele estava no meio do monte, em frente a caverna. — Você nem foram capazes de me esperarem.

— Estou mais preocupado com isso. — disse Morris apontando com a sua arma para a criatura morta no chão. — Pior que agora nem dá para saber muito bem o que ela era, pois você explodiu a cabeça.

— Obrigado, Elander, por salvar a minha vida. — disse o atirador debochando do amigo. — Isso não conta também?

O som do tiro ecoou por toda a caverna e, assim, vários olhos verdes puderam ser vistos em cada buraco da caverna.

— Eu acho que você matou algum membro da família deles, Elander. — disse Lofton olhando para a multidão de olhos verdes.

As criaturas pularam em direção aos três soldados, que começaram a atirar, freneticamente em direção a ameaça.

— Comam balas, suas bestas do inferno. — gritava Morris atirando e acertando cada criatura do qual ele mirava.

— Eles são muitos! — gritava Elander.

Os gritos de meus tripulantes foram ouvidos em meu comunicador. Logo, puxei Krausman pelo braço e corri em direção a eles. A nevasca estava forte e teríamos que ser fortes para alcançar eles. O visor do capacete mostrava a localização do chip de cada um dos soldados e mostravam que eles ainda estavam bem distantes de mim.

— Precisamos correr. — falei com minha companheira.

— Goodwill! Champs! — dizia Krausman pelo comunicador — Acionem o localizador no visor de vocês e nos encontre nas coordenadas.

Os dois soldados já haviam atravessado o riacho e adentrado a floresta do qual o robô de reconhecimento havia sido visto pela última vez.

— Melhor voltarmos, Champs. — disse Goodwill acionando seu visor. Eles estão distantes, mas acho que vai dar para alcança-los.

— Está nevando muito. — respondeu seu companheiro tocando os restos do robô de reconhecimento com a ponta de sua arma. — O que acha que destruiu nosso robô?

— Acho melhor você ver com seus próprios olhos.

Os olhos verdes das criaturas se formaram no meio da floresta. Eram muitos para apenas dois soldados, mas ambos, empunharam suas armas e se prepararam para o ataque. Logo, as criaturas saltaram das arvores e uma rajada de tiros começou. Eles tiveram a ideia de se separarem e cada um foi para um canto da floresta. Goodwill correu em direção a extensão do riacho, enquanto Champs, ficou no centro da floresta.

— Vou acabar com vocês. — gritou Champs retirando uma granada do bolso e lançou em direção a horda. Uma grande explosão pode se ouvir e pedaços de criaturas voaram por todo lado. O soldado ficou todo sujo de gosma roxa.

— Que merda é essa? — Champs disse limpando o uniforme — Espero que não seja tóxico ou ácido.

Enquanto isso, Goodwill atirava em direção a multidão que se aproximava até que a munição acabou. O soldado se viu encurralado e indefeso diante das feras. Ele segurou o terço que ele mantinha pendurado em seu pescoço e iniciou uma oração. Antes mesmo dele terminar, as criaturas o devoraram.

Champs usava suas granadas para diminuir a quantidade de criaturas e sua metralhadora para eliminar as ameaças mais perto. Ainda havia uma certa quantidade e a nevasca impedia que o soldado tivesse uma visão melhor da localização das feras. Em um momento mais desesperador, Champs lembrou que o robô de reconhecimento tinha uma bateria.

— Ei, suas bestas! — Champs gritava para chamar a atenção das criaturas, que não perderam tempo e foram logo para cima dele. — Vem me pegar!

O soldado saiu disparado em direção aos restolhos do TT12. As criaturas já quase o alcançava, quando ele deu um salto, girou seu corpo no ar e atirou no local onde a bateria se encontrava. Uma grande explosão se deu, levando várias criaturas a óbito.

— Agora preciso me juntar aos outros. — Champs limpa seu rosto sujo de gosma roxa com a manga do seu uniforme e recarrega sua arma.

Parece que quanto mais criaturas Morris, Elander e Lofton matavam, mais deles apareciam.

— Precisamos arrumar uma forma de sairmos daqui! — gritou Morris.

Lofton olhou para seus companheiros e sentiu que o menos importante da equipe era ele. Diante de um atirador de elite e um especialista em armas pesadas, ele era o que pouco poderia ajudar a combater as feras.

— Eu tenho um plano. — gritou Lofton para os outros e, pegando o sinalizador cravado do chão, correu em direção a um dos buracos. Várias criaturas correram em direção ao soldado.

— O que ele pensa que está fazendo? — perguntou Elander.

— Eu não sei. — respondeu Morris.

Lofton correu por um corredor infindável até chegar em uma outra área da caverna bem grande. Nela, as paredes se enchiam de casulos roxos.

— Eu tinha razão, aqui é o ninho. — disse o soldado boquiaberto

Não demorou muito para as criaturas o alcançarem. Ele atirou nelas até esgotar sua munição. Ele conseguiu recarregar e findar três pentes de sua metralhadora, porém, não foram o suficiente para derrotar todas elas. As criaturas saltaram sobre o corpo do soldado, que foi dilacerado rapidamente.

— A munição está acabando. — gritou Elander atirando com sua pistola — Não sei até onde vamos aguentar.

Morris sacou sua faca de guerra e começou a lutar corpo a corpo com algumas criaturas. Ele avançava cortando membros das feras e até que, uma delas, rasgou o flanco direito do seu abdômen. Quando acreditou ser o seu fim, uma rachada de tiros acertou as feras que se aproximaram com a intenção de devora-lo.

— Acho que cheguei a tempo. — eu disse, atirando em outras criaturas a nosso redor. — Krausman, ajude Morris enquanto eu lhes dou cobertura.

Elander pegou a metralhadora de Morris, que estava no chão e se juntou a mim, para que pudéssemos protege-los.

— Cadê o Lofton? — perguntei a Elander.

— Eu não sei, senhor. — ele respondeu explodindo a cabeça de uma criatura tão perto deles, que voou gosma roxa em todos. — Ele correu em direção aquele túnel e sumiu.

— Consegue andar, Morris? — perguntei — Não vamos continuar a manter essa mesma tática por muito tempo.

— Sim, senhor. — respondeu o soldado segurando seu abdômen e pronto para andar.

Assim que ele se levantou, mais criaturas saíram de suas covas em direção aos soldados. De repente, uma granada cai no chão e uma forte luz assusta as criaturas, que retornam para os esconderijos. Ficamos todos sem enxergar por alguns segundos, porém, conseguimos ver Champs caminhando em nossa direção.

— Isso realmente foi um estouro. — disse Champs adentrando a caverna.

— Muito bem, soldado. — respondi ajudando Morris a caminhar. — Precisamos arrumar um jeito de acabar com essas criaturas. Vamos fazer aquilo que sabemos fazer com perfeição.

— Vai ser uma missão de varredura, literalmente. — disse Elander dando gargalhadas.

— Onde está Goodwill? — perguntei a Champs antes de cumprimenta-lo.

— Está morto, senhor. — respondeu o soldado com pesar — Ele se sacrificou para me salvar.

— Como vamos sair daqui? — perguntou Krausman fechando sua pequena mala de primeiros socorros. — Não creio que a nevasca deixará a gente sair por agora. Ela piorou mais ainda desde o momento em que entramos aqui.

— Vamos seguir pelo mesmo corredor que Lofton seguiu. — respondi apontando para a caverna a nossa frente — Talvez ele tenha encontrado alguma saída.

— Mas não temos sinal com o comunicar dele. — disse Morris — provavelmente está morto, senhor.

— Só vamos ter certeza quando verificarmos. — eu respondi caminhando a frente dos outros, empunhando minha arma com a lanterna iluminando a entrada da abertura.

— Isso está parecendo uma missão suicida. — disse Champs

Pegamos nossas armas e caminhamos túnel adentro. Logo atrás, Krausman me acompanhava, seguindo de Morris, sendo ajudado por Elander a andar, devido ao ferimento. Champs ficou atrás, cobrindo a retaguarda.

Chegando ao final do túnel, acendemos um sinalizador e vimos que a caverna era enorme. Esse local parecia com a entrada, porém, as paredes eram cobertas de casulos luminosos.

— Aqui é o ninho. — disse Champs olhando para os lados — Ao invés de sairmos, nós entramos mais fundo para o perigo.

— Meu Deus! — gritou Krausman apontando para os restos mortais de Lofton — Isso aqui é...

— Sim! — respondi abaixando em frente ao corpo e fechando os olhos do soldado — Descanse em paz, meu amigo.

As criaturas se afastavam da luz. Mantiveram-se no teto, onde a luz não as alcançava. Os casulos se mexiam, como se fossem corações batendo.

— Se tem uma ninhada aqui, provavelmente essas criaturas devem ter uma mãe ou uma rainha. — disse Morris sentando no chão para descansar um pouco. — Precisamos localizar ela e destruir logo a fonte.

— E como faremos isso, poço de inteligência? — perguntou Elander balançando os braços de dor, pois Morris era um soldado de 1,95 cm de altura e 132 kg. — Com uma quantidade infinita dessas criaturas, não podemos nos separar.

— Acho melhor vocês virem isso. — disse Krausman tocando as paredes da caverna e sentindo que ela não é dura como a rocha e sim mole e gosmenta. — Creio que a caverna seja a mãe delas.

— Quer dizer que estamos dentro da criatura? — pergunta Champs. — Entramos pela va...

— Temos uma dama entre nós, soldado. — eu respondi o interrompendo. — Não podemos utilizar esse linguajar. Se esta for realmente a fonte, temos que pensar em como vamos destruir isso tudo aqui.

— O que sugere, senhor? — pergunta Morris verificando sua ferida.

— Cada um de vocês possuem bombas de energia? — perguntei olhando para cada um.

— Sim, senhor! — a resposta veio de todos.

— Cada um de vocês vai desmonta-las e retirar seu núcleo. — respondi já abrindo a minha bomba e retirando o pequeno globo de energia. — Tive um plano.

A luz do sinalizador apagou, fazendo com que as criaturas saíssem de suas covas para nos atacar. Enquanto minha equipe tentava afasta-los usando a lanterna da arma e atirando caso elas atacassem. Eu recolhi os núcleos de energia de cada um deles e as coloquei, com todo o cuidado, no bolso da armadura. Pedi para que Champs guardasse uma das bombas.

Logo, voltamos ao estado de guerra, atirando nas criaturas que avançavam rapidamente. Eu, peguei cada pequeno globo de energia e coloquei-os na entrada das cavidades extremas da grande caverna, atirando em algumas criaturas para alcançar os locais determinados.

— Vamos explodir esse lugar por inteiro! — gritei com minha equipe — Preciso que alcancem a saída imediatamente.

Eu os avisei, mas não seria tão fácil assim concluir o objetivo. Morris estava com sua mobilidade prejudicada e teve sua cabeça arrancada por uma das criaturas. Champs, usava algumas de suas granadas de luz, para amedrontar as criaturas e atirar com mais facilidade. Krausman e Elander ficaram um de costas para o outro, atirando em qualquer monstro que ousasse aproximar.

— Champs! — gritei do outro lado da caverna. — Coloque sua última bomba de energia no centro da caverna e detone.

— Sim, senhor!

Fazendo muitas acrobacias, Champs saltava por cima de criaturas, atirava em outras até alcançar o meio da caverna. A bomba havia sido instalada e antes que ele pudesse detonar, ele foi atingido por uma das criaturas que o derrubou no chão e fez o controle da bomba voar longe.

— Corram até a saída! — gritei para os dois soldados a frente, enquanto atirava em algumas feras e tentava alcançar o controle da bomba. — Vocês precisam sair rápido!

Krausman e Elander correram em direção a saída, com várias feras em seu encalço. Eu sabia que eu não iria alcançar o controle da bomba central, então resolvi improvisar.

Elander percebeu que as criaturas estavam alcançando os dois dentro do túnel que dava acesso a saída.

— Krausman! — ele disse fazendo o gesto de bater com sua mão aberta na testa, como uma continência — Foi uma honra trabalhar ao seu lado.

— Não! — ela gritou

Elander se entregou as feras, que pararam de perseguir a médica e esquartejaram o soldado.

A soldada conseguiu alcançar a saída. A nevasca já avisa diminuído bastante. Ela corria em direção a Chronos Seven sem olhar para trás.

Dentro da caverna, tentei alcançar o controle, mas infelizmente, ela escorregou para debaixo de uma horda de feras. Sem muito pensar, eu alcancei a bomba central e esperei mais criaturas se aproximarem de mim.

— Vamos todos para o inferno! — gritei pegando as duas últimas células de energia e batendo forte uma com a outra. A explosão atingiu a bomba central e as outras células instaladas nas extremidades.

Toda a montanha virou uma imensa rajada de luz que atingiu o céu do planeta. Dava para ver uma grande bola de energia do espaço. O Major Goldsworth estava a posto com a nave da Ordem Militar mudando a rota para o planeta. Krausman corria sem parar. Várias fendas começaram a se abrir na terra e tudo começou a tremer. Em pouco tempo, as fendas engoliam arvores, rochas, montes e tudo que estava ao seu redor. A médica alcançou a nave e tentava decolar. O desespero tomou conta da soldada, que mal conseguia decifrar as luzes do painel central.

— Deixe isso comigo! — Eu respondi entrando na nave, com a roupa toda rasgada e suja de gosma roxa.

— Como o senhor sobreviveu? — disse a médica atônita.

— Era uma bomba de energia. Apenas desintegrou as feras noturnas e... — olhei para o meu “quase” uniforme — E minhas roupas também.

— O senhor está bem?

— Precisamos nos preocupar com nossa saída daqui.

Conseguimos decolar a Chronos Seven antes da enorme fenda tentar nos devorar. Talvez aquela região do planeta deixará de existir mais. Krausman me abraçou e chorou.

— Ainda bem que conseguimos, senhor!

— Verdade! — eu respondi — Ainda bem!

Meus olhos ficaram verdes e... o resto vocês já sabem o que aconteceu!

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