Ouvi-la dizer aquilo foi como alimentar um fogo na alma de Gerónimo, um calor que subia até cada canto do seu ser. Uma espécie de plenitude ardia na profundidade dos seus olhos. Sentia que entre as suas mãos tinha tudo o que alguma vez tinha imaginado: uma mulher que encaixava em cada recanto dos seus sonhos, alguém que era sua em corpo, mente e coração.
Gerónimo olhou-a como um homem que contempla uma joia única, sabendo que nunca ninguém poderia roubá-la nem compreendê-la. Parou os seus beijos por um momento, percorrendo cada ângulo do seu rosto, memorizando como a luz dançava sobre a sua pele. Respirou profundamente, como se tentasse gravar na memória aquele instante onde tudo no seu universo parecia alinhar-se antes de dizer: —Despe-te para mim, meu céu. —Tenho vergonha —disse ela, cobrindo-se com as mãos. &nbsEla, ao ouvi-lo, termina de tirar os calções e depois avança com um meneio até estar bem perto. Vira-se no último momento, contrai as pernas ao mesmo tempo que se inclina até ao chão, deixando-o ver a bela visão do seu bem-formado traseiro. —Porra, meu céu! —exclama sem conseguir conter-se—. Quem te ensinou a fazer isso, meu céu? Estás a deixar-me louco. Cristal ri, satisfeita com o que conseguiu com o marido. Gerónimo tenta ir até onde ela está, mas de repente ela arqueia a cintura e levanta-se, afastando-se. Depois coloca-se de gatas e avança como uma felina em direção a ele, sem deixar de fitá-lo e passando a língua pelos lábios. Chega, tira-lhe o membro fora dos boxers perante a sua completa surpresa. Supunha-se que ele a iria ensinar, mas ela demonstrou que não era tão ing&
Coral acorda tomada por um terror que lhe rouba o ar. Tudo está escuro, como se a própria noite tivesse tomado conta do quarto e o envolvesse com suas garras sombrias. Ela está desorientada, com o coração disparado, perdido entre as trevas que obscurecem sua mente. Sentando-se na cama com movimentos desajeitados, ela abraça a si mesma numa tentativa de encontrar consolo, uma proteção que não consegue. Enquanto sua respiração se torna ofegante e descontrolada, seus olhos buscam alguém nas sombras, alguém que deveria estar ali, mas que não está. —Vicêncio...! Vicêncio...! Onde você está...? Vicêncio...! —O grito dilacerante rompe o silêncio e enche o quarto com seu eco, como se estivesse chamando por um fantasma. Coral o invoca repetidamente, em um espiral que parece sufocá-la do canto de sua cama. Sua voz carrega uma dor crua, um desespero que ela mesma não compreende. De repente, a porta se abre com rapidez. Uma figura se move na penumbra e se apressa em direção a ela, os passos a
Vicêncio desvia o olhar para o chão, mas seu tom não perde firmeza ao responder: —O senhor Carlos sabe disso, senhora. —A resposta é pesada, carregada de acusação, e rapidamente ele levanta os olhos para encarar Carlos novamente—. Eu me cansei de chamá-lo para dizer isso, mas ele não acreditou em mim e não tirou a menina daquele inferno. Lúcia se vira com uma rapidez feroz em direção ao marido, com o rosto contorcido por uma raiva crescente e o terror pelo desconhecido. —Do que ele está falando, Carlos? O que ele te disse? O que fizeram com minha filha naquele lugar, Carlos?! —pergunta cheia de fúria, enquanto o encara completamente. Suas mãos tremem, não de medo, mas de uma raiva contida durante anos. Carlos tenta recuar, mas o peso de suas decisões o persegue implacavelmente, como lobos n
E, no entanto, isso apenas alimenta sua convicção. Se Coral o defende com tanto fervor, deve haver muito mais nessa história do que ele está disposto a admitir. —Saia do meio, Coral! —grita, levantando novamente sua arma como se, ao fazer isso, pudesse impor sua autoridade ferida. —Não ouse machucar Vicêncio! Ele é meu, papai, ninguém pode tocá-lo! —A voz de Coral, carregada de uma intensidade feroz, eleva-se sobre o eco da ordem de seu pai e rasga o ar como um rugido que silencia todos os presentes. Por um momento, a força com que Coral o enfrenta o deixa desconcertado. A intensidade de sua filha o detém, até o admira, mas essa centelha de orgulho se afoga rapidamente sob uma onda de fúria que ameaça sair de controle. —O que você quer dizer com isso, Coral?! —ruge Carlos, quase tremendo pela carga
Não há mais palavras. Não há gritos. Lúcia simplesmente se afasta. A casa parece mais fria à medida que sua figura se perde em direção ao quarto de Coral, deixando Carlos sozinho com sua própria arma e o vazio que se remexe em sua mente. Ao chegar, encontra Coral discutindo com Vicêncio. Ele, firme, mas respeitoso, se recusa a deitar na cama dela. —Senhorita, eu posso ficar aqui, na cadeira ao seu lado —insiste Vicêncio, sua voz baixa, mas carregada de teimosia. —Vicêncio, você é como meu segundo pai, sempre cuidou de mim —diz Coral, tentando convencê-lo, seu tom mais caloroso, com até um leve tremor de vulnerabilidade que apenas ele parece notar—. Vou mandar colocar uma cama aqui amanhã, mas, por favor, durma comigo hoje. Eu me sinto muito mal, por favor. Lúcia para no batente da porta.
Quando amanhece, Maximiliano abre os olhos e sente como se estivesse sonhando. Ao seu lado, abraçada ao seu corpo e com uma delicada roupa de dormir, Coral repousa profundamente, alheia ao mundo. A visão o desconcerta; como é que está aqui? Como conseguiu entrar sem que ele percebesse? Então, com um lampejo de memória, lembra-se da mensagem que ela lhe enviou dias atrás, sua senha de acesso que pode ser a resposta para aquele mistério. Com cuidado, para não acordá-la, levanta-se devagar. Suas mãos se movem com uma reverente delicadeza enquanto se afasta dela, como se o menor ruído pudesse quebrar aquela paz. Olha para ela mais uma vez antes de sair do quarto, admirando a tranquilidade de seu rosto adormecido. A danada realmente é linda, pensa com um sorriso fugaz, quase culpado. Se não estivesse apaixonado por Fiorella, com certeza se perderia naqueles olhos que parecem guardar mil segredos quando estão acordados. Coloca os tênis, ajusta o relógio e sai para correr como todas as m
Ao descer, Coral viu Vicencio encostado no carro, vigilante e alerta como sempre. Ele mal virou o rosto ao vê-la, reconhecendo-a com um leve gesto de respeito. Sem dizer uma palavra, ela ocupou o banco do motorista, e ele rapidamente se posicionou no carro que costumava segui-la como uma sombra. Essa rotina, embora tranquilizadora, também a sufocava. Quando chegou em casa, estacionou na garagem e esperou pacientemente. Sabia que Vicencio não demoraria a aparecer atrás dela. Poucos minutos depois, ele finalmente desceu do carro e se aproximou com seu andar solene. Antes que pudesse dizer algo, Coral soltou um suspiro profundo, deixando escapar as emoções reprimidas. —Não quero que você volte a se ajoelhar diante do meu pai nunca mais, Vicencio. Você é como um segundo pai para mim, entendeu? —disse com sinceridade, olhando diretamente nos olhos dele. Sua voz estava carregada de sentimentos contraditórios, oscilando entre firmeza e vulnerabilidade. Antes que o homem pudesse respon
Lúcia olhou para ela desconcertada, semicerrando os olhos como se a informação não encaixasse totalmente na sua mente.—O que queres dizer com isso, filha? —interrompeu. —Não disseste que dormias com ele? —Sim, mamã, e é verdade —respondeu Coral com naturalidade, surpreendentemente tranquila, como se o assunto não tivesse grande relevância—. Mas ele nunca me viu de forma diferente de como se vê uma filha. Ele criou-me como se eu fosse sua filha. —Oh, graças a Deus! —exclamou Lúcia soltando um suspiro de alívio que parecia arrancar um grande peso do seu peito.Não esperou nem um segundo mais; virou-se para Vicencio, abraçou-o como se estivesse há anos à espera deste momento e depois encheu-o de beijos no rosto. A sua emoção não tinha limites. —Obrigada, Vicencio, muito obrigada —repetia sem soltá-lo. —Vou estar eternamente grata por cuidares da minha menina. Pede-me o que precisares, a partir de hoje podes contar comigo para tudo. Muito obrigada, muito obrigada. —De nada, senho