Por Hannah LuizaArgh! Que idiotas! Eu disse para ficarem de olho nesse tal de Cadin, que ele não era boa coisa, e, pelo visto, estava certa. Meu sexto sentido nunca falha.— O que foi, amiga? — Macla pergunta, ao me ver inquieta.— Toma conta da Carlinha pra mim, amiga. Vou resolver uma coisinha e já volto.Chamo um dos vapores e peço que me leve até o alto. Assim que chego, pulo da moto, e Matheus se surpreende ao me ver. Peço a Pé de Pano que me arranje um alicate de corte e me aproximo de Cadin.— Quer dizer que você é um X-9? Sabe como lidamos com esse tipo aqui? — pergunto, encarando-o. Ele esboça um sorriso desafiador.— E o que tu pode fazer? — ele me encara, desafiador.— Isso. — Pego o alicate e aperto um de seus dedos, só parando quando vejo o sangue escorrendo. — Agora você tem duas escolhas: me contar o que disse para o Ferd ou perder mais alguns dedos.— Não vou dizer nada pra tu. Me mata logo, porra — ele grita, contorcendo-se de dor.Matheus e Carlinhos se aproximam, m
Finalmente chegamos à pizzaria. Não sei por que ele quis vir tão longe. Acomodei Carlinha na cadeira e depois me sentei. Olhamos o cardápio, chamei o garçom e fizemos nossos pedidos. Sinto-me observada, mas, como a pizzaria está cheia, resolvi deixar isso de lado; talvez seja coisa da minha cabeça. Nossos pedidos chegam e corto os pedaços de pizza para Carlinha.— Hannah Luiza, não acredito que é você! – Alguém grita, se aproximando da mesa.— Pietra, minha amiga! – Levanto e vou abraçá-la.— Estou aqui com uns amigos. E você, veio com a família? – Ela pergunta, olhando descaradamente para Matheus, o que me deixa um pouco irritada.— Sim. Esse é meu marido e nossa filha – apresento Matheus e Carlinha.— Sua filha é linda, parece com o pai – ela diz, novamente lançando olhares para Matheus.Matheus cumprimenta minha colega de classe de maneira educada, sem gírias ou palavrões, o que me deixa ainda mais enciumada. Tento disfarçar o máximo que posso, pois não quero que ele saiba o quanto
Por Hannah LuizaA semana passou tranquilamente e nem acredito que hoje já é sexta-feira, acordo cedo vou para o trabalho e quando retorno, encontro com Macla que está reclamando do seu trabalho.— Por que está resmungando? – Pergunto a ela que soltou o ar com força.— Seu Bento, enche a porra do saco, Halu, hoje tem sonho fresquinho daqueles que você gosta. – Ela me diz e eu lambo os lábios.— Então me dá três para a viagem e um para agora. – Digo a ela. — Se continuar reclamando vai acabar ficando sem emprego. – Macla dá de ombros.— Tô me fudendo pra isso amiga, é muito filha da putagem o que esses unha de fome fazem, tô de saco cheio real.Quando ela está estressada é melhor nem encher o saco dela, mas eu também estou achando que a TPM dela está chegando e se for isso explica muita coisa.— Vai brotar no baile hoje? – Ela pergunta comendo um pacote de biscoito.— Não sei, hoje eu tenho aula.— Qual é amiga, vamos dar uma brotada no baile hoje, sei que tu adora rebolar a raba, nã
Bruna SilvaAquela vagabunda! Como ela ousa ficar com o que é meu? Eu ia ter um bom status na favela, MT já tava me fazendo de fiel. Eu já tava mandando em tudo quando Halu resolveu voltar pra ele. Agora os dois ficam bancando o casalzinho meloso da favela; aquilo me deixa com ódio. Mas ela não sabe com quem mexeu — eu vou me vingar dela. O pior foi quando MT me barrou de subir no camarote, aquilo me deixou possessa. Eu vou me vingar daquela filha da puta e daquela cria infeliz também. MT vai ser meu, nem que eu tenha que dar a minha alma pro diabo. Eu vou conseguir tudo que eu quero.Hoje à tarde subi pro escritório e tentei fazer ele me fuder gostoso como sempre fez, mas não rolou. MT me expulsou de lá, dizendo que não queria ver a minha cara de puta. Pedi pra ele me transformar na sua fiel, e como resposta levei um tapão no meio da cara. Desci de lá muito irritada.— Por que cê tá com essa cara de cu? – Márcia perguntou.— Vai tomar no cu, vagaba. Tô com uns pensamento fudido, mas
Por Matheus (MT)Hoje é sexta-feira, dia de baile no morro e também de resolver os caos das biqueras. Já tô puto com esses filhos da puta que tão dando derrame. Tão achando que eu sou o quê? Moleque? Chamei o Pé de Pano pra ir comigo até a biquera do meio, que tá me tirando do sério. Esses filhos da puta tão usando as paradas que era pra vender e tão fodendo meu esquema todo.— Tá indo pra onde assim, todo puto? — Luizinho perguntou, descendo da moto.— Vou na biquera do meio com o Pé de Pano. Deixei avisado que o prazo pra pagar era hoje, mas até agora nada. Vou lá, e se não tiverem com o dinheiro, vou quebrar geral. Aproveita que tu tá aqui e vai na biquera da rua de trás, dá o papo lá.— Esses caras tão vacilando faz tempo. Vai lá e dá neles do teu jeito. — Ele me deu um toquinho e segui com o Pé de Pano, que subiu na garupa rapidinho.Quando chegamos lá, os desgraçados tavam de marola, mas mudaram de atitude assim que me viram.— Calma aí, patrão, a gente pode explicar! — um deles
— O que foi tudo aquilo? — Halu me pergunta enquanto volto a dirigir.— Aquilo o quê? — Respondo, mesmo já sabendo do que ela está falando.— Odeio quando você se faz de desentendido. Vamos pra minha casa; quero me trocar antes de irmos ao baile.— Humm! Manera na roupa.— Já falei sobre isso. Não gosto que mande em mim, muito menos nas roupas que uso — ela me olha séria.— Eu sei que você não gosta, mas é sério. Fico irritado quando os caras olham pro que é meu — ela sorri pra mim.— E desde quando eu sou sua? — Ela pergunta, com aquele sorriso que amo.— Desde sempre. Só nos afastamos um pouco, mas você sempre foi minha — Ela tira o cinto e me beija.— Preciso te pedir uma coisa — digo, e ela me olha curiosa.— Fala logo. Não me deixa curiosa — ela continua me encarando.— Quero saber se você não quer morar comigo e com a Carlinha.— Acho que ainda é cedo pra isso — responde, e eu já esperava.— Eu não acho — tiro os olhos da estrada por um segundo, e ela me lança um olhar de reprov
Hannah Luiza (Halú)Não acredito que aqueles desgraçados estão tentando invadir de novo! Como eu queria ir lá e acabar com pelo menos uns cinco deles. A raiva que eu sinto é tão grande que nem sei explicar.— Amiga, o que foi? — Macla perguntou enquanto caminhávamos para a casa do Matheus.— Tô puta, amiga. Queria ir lá e acabar com aqueles desgraçados, mas tenho que ficar em casa feito uma “dondoca”. Eles sabem que eu sei atirar bem, mas ainda assim me deixam de fora. — Apertei a arma na mão, frustrada.Estávamos quase chegando quando aparece um cara do morro do Farinha. Nem pensei: antes que ele tivesse a chance de puxar o gatilho, fui mais rápida e descarreguei a minha arma nele.— Credo, amiga! Você é terrível. — Macla disse, rindo.— Você não viu nada. Ela matou um cara com seis anos. Eu tava lá e vi tudo acontecer. — João comentou com aquela cara de sempre. Ele tá na tropa desde os tempos do meu pai e do meu tio.— Deixa isso pra lá. Bora logo pra casa do Matheus. Tô preocupada
Acordei no dia seguinte morrendo de dores nas costas, porque Matheus praticamente dormiu em cima de mim. Fiz as minhas higienes e preparei o café para todos, liguei a televisão e fiquei assistindo até que a cambada de preguiçosos se levantasse.— Oi, amor, por que você acordou cedo? — Matheus perguntou olhando para mim.— Você praticamente dormiu em cima de mim. Acordei com falta de ar por sua causa.— Foi mal aí, por isso tava tão gostoso. — Ele se levantou e foi até o banheiro. Eu continuei assistindo TV até que ele retornou. — Agora tô cheiroso. — Ele me colocou no colo e ficamos nos beijando.— Ah, não! A gente acorda de manhã e vocês já tão se agarrando? Vão caçar um quarto pra trepar! — Minha amiga falou, e Matheus fez uma cara feia.— Mais respeito, porque tu tá na minha casa. — Ela fez língua para ele, que retribuiu. Os dois estavam parecendo duas crianças do jardim.— Parem de palhaçada, porra! — Meu irmão gritou, já com seu péssimo humor matinal.— Crianças, vão tomar banho,