Capítulo 4: "Território Romano"
(Leonardo Narrando)
Ao entrar na mansão Romano, a primeira coisa que notei foi o silêncio. Aquele lugar era muito diferente da casa onde cresci, onde cada canto era dominado por vozes, risadas, e o som de negócios acontecendo em cada sala.
A casa dos Romano, por outro lado, parecia ser governada pelo mesmo gelo que parecia fluir nas veias da minha futura esposa.
Dois seguranças me acompanharam até a sala principal. Eu sabia que estavam me observando com atenção. Para eles, eu não passava de um intruso em território hostil, um representante de uma família rival.
Mas isso só me fazia sorrir internamente. Eu sempre gostei do desafio, e sabia que conquistar o respeito dos Romano era o primeiro passo para afirmar minha posição nesse jogo.
Quando a porta se abriu, lá estava ela, Sofia. Sentada em um dos sofás de couro, como se fosse a dona daquele império, observando-me com um olhar que misturava desprezo e interesse.
Ela quer saber até onde eu sou capaz de ir.
Caminhei até o sofá e sentei-me de frente para ela, mantendo o contato visual. Sofia estava usando um vestido preto, simples, mas poderoso.
Seus olhos escuros me analisavam com a mesma intensidade que a noite anterior, e senti que aquela batalha seria muito mais pessoal do que qualquer outro conflito que já tive.
Ela não esperou que eu dissesse nada, cruzando as pernas com uma calma que era quase provocadora.
— Leonardo. — ela disse, sem emoção, como se eu fosse uma peça de mobiliário indesejada, algo que ela teria de tolerar contra sua vontade.
— Sofia. — respondi, replicando o tom dela. Mantive o olhar firme e notei que isso a irritava, mesmo que tentasse disfarçar. Ela claramente não estava acostumada a ser confrontada, nem mesmo em seu próprio lar.
Houve um breve silêncio, onde apenas os sons distantes da mansão podiam ser ouvidos. Era um jogo, e eu estava mais do que disposto a jogá-lo.
Finalmente, decidi quebrar o silêncio.
— Acredito que este casamento não será fácil para nenhum de nós. Mas, como tudo que envolve nossas famílias, é um acordo necessário.
Sofia apenas arqueou uma sobrancelha, um gesto sutil que parecia carregado de significados.
— Para você, talvez. Mas para mim, Leonardo, isso é uma prisão disfarçada de aliança. — respondeu ela, sua voz afiada, deixando claro o desprezo que sentia.
Eu esperava essa resposta, então apenas sorri de leve, fazendo questão de manter minha voz calma.
— Uma prisão, Sofia? Não é essa a realidade de todos nós? A diferença é que, enquanto alguns aceitam as regras, outros fazem delas oportunidades. Eu vejo isso como uma oportunidade para ambos. — inclinei-me ligeiramente para frente. — Desde que saiba jogar bem as suas cartas.
Ela riu, uma risada seca e amarga, mas seus olhos brilharam com algo que eu só podia descrever como desafio.
— Não estou interessada em suas lições sobre "jogo", Leonardo. Aprendi desde cedo que confiar em alguém é um luxo que eu não posso me permitir. Então, se espera que eu lhe dê qualquer coisa além de obediência formal, está enganado.
Ela estava sendo clara, e isso só aumentava minha vontade de ver até onde poderia levá-la. Sofia Romano queria me desafiar, e isso fazia meu sangue pulsar com mais força. Ela achava que poderia me intimidar, mas não sabia com quem estava lidando.
— Eu não espero sua confiança, Sofia. Muito pelo contrário. Na verdade, prefiro que me veja exatamente como eu sou, alguém disposto a fazer o necessário para manter o poder. Não quero seu amor, sua lealdade ou qualquer ilusão romântica. Apenas respeito e, quem sabe, uma boa dose de cuidado para que não se torne minha inimiga.
A última palavra soou com mais intensidade, e vi como ela reagiu. Sofia era uma mulher orgulhosa e sabia que não me via como uma pessoa com quem poderia brincar. Mas isso era bom. Eu queria que ela me respeitasse tanto quanto a temesse.
Ela respirou fundo, como se estivesse avaliando minhas palavras. Notei que o brilho em seus olhos suavizou-se ligeiramente, mas apenas o suficiente para revelar uma ponta de curiosidade. Talvez estivesse se perguntando o quão longe eu iria para manter essa aliança.
— Então estamos claros, Leonardo. Não esperarei nada de você, e espero que não espere nada de mim além do necessário. E quando o acordo estiver completo, talvez possamos retornar às nossas vidas. Separados.
Essa última palavra me atingiu de forma estranha.
Não era uma surpresa, afinal, nosso casamento nunca seria baseado em carinho ou qualquer outra ilusão de parceria. Mas a forma como ela disse aquilo, com tamanha frieza, me fez perceber que Sofia realmente não se importava. Talvez fosse isso que me fascinava nela.
Havia uma frieza, uma escuridão que eu entendia profundamente. Porque, no fundo, eu também era assim.
— Combinado. — murmurei, levantando-me lentamente. — Mas, até lá, vamos deixar claro que esse casamento não será um jogo que se j**a sozinho. — Olhei para ela, deixando que entendesse o peso da minha última frase. — Você pode odiar, Sofia, mas terá que j**ar ao meu lado. E uma coisa eu garanto, não me importo com as regras se for preciso.
Ela apertou os lábios, e percebi que minhas palavras a afetaram. Talvez estivesse tentando prever minhas intenções, ou talvez entendesse, pela primeira vez, que eu não era alguém que ela poderia manipular ou ignorar.
Sem dizer mais nada, virei-me e comecei a caminhar em direção à porta. Podia sentir o olhar dela em minhas costas, aquele olhar intenso que eu sabia que viria a conhecer bem. No fundo, era quase excitante saber que, dali em diante, estaríamos em uma constante disputa. Ela seria uma adversária à altura, e isso me instigava.
A perspectiva de que nossas vidas estariam entrelaçadas, mesmo que de forma conturbada, apenas aumentava minha determinação de provar que, no final, eu sempre vencia.
Já na porta, olhei para trás uma última vez e vi Sofia ainda sentada no sofá, o rosto firme, sem uma palavra a mais. O silêncio dela era um desafio silencioso, uma promessa de que essa batalha seria tão intensa quanto qualquer guerra que nossas famílias já enfrentaram.
Quando deixei a mansão, o vento frio da manhã me lembrou de que aquele casamento não seria nada menos do que um campo de batalha. Sofia não me veria como um parceiro, me veria como um oponente.
E, para mim, isso era o que tornava tudo ainda mais interessante.
Capítulo 5: "Entre Linhas e Mentiras"(Sofia Narrando)Quando Leonardo saiu da mansão, eu continuei ali, imóvel, tentando ignorar o turbilhão que ele deixara para trás. Ele tinha a habilidade de transformar o ar ao redor em uma mistura de tensão e ameaça, cada palavra, cada olhar. Eu tentava me convencer de que o odiava, de que aquilo era nada mais que um sacrifício necessário.Mas… ele estava ali, na minha mente, sem pedir licença. “O que eu realmente ganhei com tudo isso?”, me perguntei. Desde o funeral do meu pai, o controle de meu destino parecia estar escapando por entre meus dedos, a cada decisão que não era minha. Mas eu não podia me dar ao luxo de demonstrar hesitação. Se eu permitisse que eles vissem fraqueza, seria o fim. Leonardo, principalmente, me veria como algo a ser moldado, como um peão. Mas eu não seria isso. Não para ele, nem para ninguém.❤️🔥❤️🔥O som dos saltos ecoava pelos corredores da mansão enquanto eu me dirigia ao meu escritório. Era ali que eu toma
Capítulo 6: "Fronteiras Cruzadas"(Leonardo Narrando)A mansão Romano estava silenciosa quando cheguei pela segunda vez naquela semana. Eu sabia que minha visita era Inesperada, Sofia não me chamara, não havia nenhum “encontro diplomático” agendado entre nossas famílias. Mas para lidar com alguém como ela, eu sabia que precisava ignorar os planos e surpreender. Sofia Romano era como um animal que pressentia qualquer ameaça e se preparava para o confronto. E essa era a exata reação que eu queria dela.Passei pelos seguranças na entrada, e eles hesitaram por um momento, não sabendo se deviam me barrar ou me deixar passar. Quando um deles tentou me parar, dei-lhe um olhar frio, calculado, que o fez recuar. Eu não ia deixar ninguém interferir na maneira como escolhi lidar com minha esposa.Assim que entrei, observei os detalhes daquele lugar, cada objeto, cada quadro, como se tudo tivesse sido posicionado para expressar o orgulho e o domínio dos Romano sobre aquele território. Era a c
Capítulo 7: "Segredos em Chamas"(Sofia Narrando)A luz da lua invadia a sala pela janela, refletindo nos móveis de madeira escura que sempre foram símbolo da riqueza e poder da minha família. Mas, naquele momento, nada parecia tão seguro quanto antes. Cada sombra que se formava ao redor da sala parecia carregar segredos, segredos que até então eu me recusei a ver.O silêncio de minha casa estava pesado, as horas avançavam lentamente enquanto eu aguardava Leonardo. Aquele homem misterioso, mas com uma aura de perigo que me fazia questionar tudo sobre ele. Ele não dizia palavras doces, e algo em seus olhos me dizia que ele não estava ali para se apaixonar por mim. Ele estava em busca de algo, algo que eu ainda não conseguia compreender totalmente. E, a cada dia, a verdade parecia escapar mais das minhas mãos, como se fosse uma peça de quebra-cabeça que eu ainda não soubera montar.O som da porta se abrindo me tirou dos meus pensamentos. Eu o vi entrar, sua postura ereta e seu olhar c
Capítulo 8: "Cercada de Sombras"(Sofia Narrando)A noite parecia mais fria do que o normal. As sombras das árvores se alongavam pelo chão do pátio da casa, e eu caminhava em direção ao jardim, em busca de um momento para pensar. Depois do confronto no escritório, algo dentro de mim não me deixava em paz. As palavras de Leonardo ecoavam na minha mente, e eu tentava entender o que estava acontecendo.Estava começando a me perguntar o que era real e o que era manipulação. Mesmo sem eu querer, Leonardo tinha esse poder sobre mim, uma habilidade de fazer com que eu questionasse tudo ao meu redor, inclusive a mim mesma. Ele me desafiava de uma maneira que ninguém nunca tinha ousado, e, por mais que eu quisesse resistir, algo dentro de mim começava a ceder.Enquanto caminhava pelo jardim, perdida nesses pensamentos, ouvi passos. Virei-me, e lá estava ele. Leonardo. Parado, me observando com aquela intensidade que só ele tinha, como se pudesse ler meus pensamentos e soubesse exatamente o
Capítulo 9: "Entre Votos e Veneno"(Sofia Narrando)A igreja estava lotada, mas o silêncio era quase mortal. Cada um dos convidados parecia mais interessado em observar do que celebrar. As alianças de famílias poderosas sempre atraíam as atenções, e os interesses, de aliados e inimigos. Eu podia sentir o peso dos olhares, mas o mais intenso era, sem dúvida, o de Leonardo. Ele estava ao meu lado, vestindo um terno preto impecável, mas o olhar dele… era como uma promessa velada, algo que eu não podia decifrar totalmente.Vestida de branco, me aproximei do altar com passos lentos, meu coração batendo forte. Ao contrário do que sempre imaginei para o meu casamento, não havia flores deslumbrantes nem rostos sorridentes. Ao invés disso, via-se guarda-costas de terno escuro e convidados com expressões calculistas. Esse era o cenário que agora fazia parte do meu mundo, e cada detalhe me lembrava disso.Enquanto eu caminhava, vi minha mãe na primeira fila, com a expressão dura e o olhar sé
Capítulo 10: "Testando Limites"(Sofia Narrando)O ar dentro do carro era pesado enquanto voltávamos para casa. Os acontecimentos da festa ainda estavam vívidos na minha mente, mas não eram uma surpresa. Cresci em uma família que sabia o que significava poder, e o que era necessário para mantê-lo. Confrontos, ameaças veladas, aliados que se tornavam inimigos num piscar de olhos. A diferença agora era que eu não estava apenas observando de longe, estava no meio de uma nova e complexa teia de intrigas, onde eu mesma era uma peça.Leonardo dirigia em silêncio, mas a tensão no corpo dele falava mais do que qualquer palavra. O controle frio que ele exercia nas situações não mascarava o fato de que ele estava sempre alerta, como se cada instante fosse um novo jogo de xadrez. E, agora, eu era parte desse tabuleiro.Eu quebrei o silêncio, olhando para ele. — Quem eram aqueles homens? Rivais antigos? Ou novos?Ele soltou uma risada curta, sem humor. — Um pouco dos dois, na verdade. Eles sã
Capítulo 11: "Aliados e Inimigos"(Leonardo Narrando)Eu sempre fui conhecido pelo controle absoluto. Cada ação, cada decisão era medida, calculada com precisão. Mas agora, com Sofia ao meu lado, eu tinha uma variável inesperada. Ela não era como as outras mulheres. Sofia tinha um entendimento do poder que ia além das aparências, e essa era uma qualidade rara, algo que despertava em mim um respeito que não costumava conceder a ninguém.Mas tinha que ir com cautela. Acordei cedo no dia seguinte, decidido a tomar medidas contra aqueles que nos desrespeitaram na festa. Sentia que Sofia, de certa forma, compreendia essa necessidade de retaliação, de marcar território. No entanto, ela ainda era uma incógnita para mim, alguém que eu precisava conhecer a fundo para poder confiar plenamente.Não era fácil para mim confiar em alguém. Eu estava no escritório quando Paolo, o meu braço direito e amigo entrou, trazendo notícias sobre os homens que surgiram na recepção do casamento. Ele tinha
Capítulo 12: "Fogo e Gelo"(Sofia Narrando)O resto do caminho de volta foi silencioso. Um silêncio denso, carregado, onde nenhuma palavra era necessária. A noite fora uma jogada de poder, um recado claro a Dante Russo e a todos que assistiram, e agora era o momento de lidar com o que aquela união realmente significava. Eu e Leonardo já estávamos casados, mas, até agora, nossos corpos não haviam se encontrado como tudo o mais que ligava nossas vidas e nossas famílias. Apenas aquele beijo intenso, mas nada mais rolou. Quando chegamos em casa, Leonardo abriu a porta e me seguiu pelo corredor até nosso quarto. Nossas respirações preenchiam o espaço com uma intensidade abafada. Ele não disse nada, mas o olhar intenso que lançava sobre mim falava mais do que qualquer palavra. Sabíamos que essa noite era inevitável, estava selada desde o dia em que concordei em casar com ele. Na penumbra do quarto, seu olhar era tão afiado quanto sempre, mas com uma nova intensidade. Quando ele se ap