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6 - O noivo de Ângela

- Fui avisado de que estavam me escondendo alguma coisa, então não pude controlar minha curiosidade e vim o mais rápido possível.- Um homem de uma beleza que eu nunca havia visto estava parado na porta.

Tinha um ar elegante, os cabelos negros como a noite vinham até um pouco abaixo de suas orelhas, tinha a pele alva e limpa, sem nenhum defeito ou cicatriz aparente. Seus olhos tinham um azul intenso e brilhante, mesmo com nossa distância era quase impossível não nota-los. Tinha também um queixo bem definido e um porte físico mediano, sua aparência era surreal, mesmo nos traços mais simples. Ao meu ver ele parecia perfeito.

- Mestre, eu...- Lesley tentou se explicar, mas antes de dizer qualquer coisa, caiu no chão se contorcendo.

Eu me abaixei ao seu lado, sem saber o que fazer. Minhas mãos estavam tremendo e tudo que eu sentia era um medo puro e uma dor de cabeça insuportável. Coisas demais haviam acontecido, eu me sentia cada vez mais sufocada por todas as situações complicadas que eu era obrigada a viver.

Os gritos de dor e agonia de Lesley deveriam ser audíveis mesmo para quem estivesse longe. Eu queria poder fazer algo por ele, eu poderia fazer algo por ele, mas eu não tinha coragem o suficiente para isso. Então apenas pensei em esperar que tudo se resolvesse, mas o desespero dele me angustiava. Eu estava paralisada.

- Pare o que está fazendo, por favor. - Eu não conhecia aquele homem, tampouco conhecia Lesley o suficiente para implorar por sua vida, mas eu era grata por sua gentileza. E isso, por si só, já era o suficiente para eu tentar salva-lo, mesmo que não dá forma certa.

A situação, mesmo desesperadora, tinha um ar cômico. Eu não quis implorar por minha vida nem mesmo quando o Duque estava prestes a me matar, mas lá estava eu, implorando pela vida de um desconhecido. Apenas para tentar bancar a boa garota.

- Não está em condição para implorar por outra vida que não seja a sua. - Ele me olhou nos olhos e por algum momento parecia disposto a fazer o mesmo comigo.

- Eu sinto muito, não queria ter causado problemas a Lesley e muito menos a você, sinto muito por tudo isso. - Eu disse um pouco nervosa, sem saber o que eu deveria realmente falar. - Não é culpa dele que minha família tenha enganado você.

Embora eu tenha agido de uma maneira arrogante com o Duque, eu não conseguia trata-lo da mesma forma. No fundo, eu sabia que ele havia sido prejudicado pelos planos de Ângela e minha mãe. Então acabei me sentindo responsável por tudo que a minha família havia feito e resolvi assumir as responsabilidades e, consequentemente, as consequências.

Ele não pareceu abalado pela minha resposta, apenas veio caminhando elegantemente até o sofá e se sentou enquanto olhava para Lesley se debatendo no chão.

- Explique-se. - Dito isso, Lesley instantaneamente parou de se debater e se pôs de joelhos aos pés dele.

Dava para notar que o que fazia Lesley agir daquela forma tao submissa ia muito além de medo ou pavor daquele homem. Os seus olhos brilhavam em puro respeito, como se sua única e verdadeira preocupação fosse o receio de decepciona-lo. E o homem parecia decepcionado. Eu não o conhecia, mas era evidente em seus olhos que, nesse momento, ele gostaria de estar com sua verdadeira noiva em seus braços. Queria Ângela aqui e agora, embora talvez nao soubesse tanto sobre ela quanto imaginava. No seu rosto se mantinha uma expressão de tédio, angustia e uma forte ansiedade para encontra-la.

Mas, era exatamente isso que eu não conseguia compreender de forma alguma. Por que tinha que ser exatamente Ângela? Por que outra garota não servia? Me passou pela cabeça que talvez ele fosse fiel as leis do Reino, ao contrário do Duque, mas ele apenas parecia ser o tipo de homem que agia como bem queria. Sem ligar para o resultado.

- Meu senhor, eles devem ter mandado a garota errada no momento em que voltei para avisar que ela estava a caminho, como me foi ordenado. - Disse abaixando a cabeça.

- Entendo. - Ele disse escostando o cotovelo na poltrona e apoiando o rosto na mão com um ar pensativo e continuou. - Não imaginei que seria fácil, de qualquer maneira. Só não entendo porque quiseram esconder isso de mim.

- Não queríamos lhe preocupar com algo tão banal, mestre. Tudo será resolvido. - Lesley, não parecia chateado com o que havia acontecido, mas parecia satisfeito.

- Eu mesmo cuidarei disso. - O homem disse e depois pousou seus olhos em mim. - Você deve ser irmã da minha noiva, certo?

- É o que dizem. - Respondi mais a mim mesma do que a ele. - Mas, você é mesmo o noivo dela? A situação é um tanto confusa.

- Parece que não sabia, é realmente uma pena conhecer a família da minha noiva de uma forma tão desagradável, mas não se preocupe, logo ela estará aqui. - Ele disse com um sorriso sarcástico no rosto.

- O senhor pretende ir a Dandelion? - Lesley perguntou.

- Partiremos amanhã cedo, prepare os cavalos e tudo que for necessário para a viagem, já que temos uma acompanhante não poderemos ir da maneira tradicional. - Ele disse risonho.

- Providenciarei tudo o mais rápido possível, senhor.

Assim que Lesley disse isso eu praticamente engasguei. Eu teria que voltar para Dandelion? Quer dizer, minha mãe deveria esperar que eu agisse como Ângela e enganasse todas essas pessoas. Imagino o que ela fará comigo assim que descobrir que na primeira oportunidade eu acabei com todo seu plano. Mais do que isso, se Ângela encontrasse seu verdadeiro noivo isso significaria que todo meu esforço para fugir do meu compromisso seria em vão. Pois eu teria que conhecer o meu verdadeiro noivo uma hora ou outra. Incrível, tentei me salvar ajudando Kiara e apenas piorei a situação para mim mesma.

- Voltar para Dandelion? - Perguntei realmente assustada.

- Obviamente, preciso trazer minha verdadeira noiva e lhe entregar ao seu respectivo noivo. - Eu rapidamente me arrependi de ter defendido Lesley de quem quer que fosse.

- Vocês não podem ir sem mim? Eu lutei tanto para continuar viva e poder seguir meu próprio caminho. - Choraminguei. - Se eu voltar todo o meu esforço terá sido em vão.

- Isso não diz respeito a mim. - Me olhou com desprezo. - Estou até mesmo arrependido de gastar minha energia para salvar alguém que não é minha noiva.

- Bom, eu não lembro de ter pedido para ser salva. - Resmunguei baixo.

- Disse alguma coisa? - Perguntou ríspido e eu apenas balancei a cabeça para os lados. Totalmente desesperada.

Deve ser por isso que eu odeio homens, maldita hora em que tentei defender um deles, que raça miserável.

- Não se preocupe, amanhã você voltará para sua casa e eu trarei minha verdadeira noiva. - Ele disse se levantando e caminhando até as escadas.

Eu estava a beira de ter um ataque, implorei mentalmente aos deuses para que não houvesse um amanhã. Só isso me salvaria de enfrentar a ira da minha mãe e os surtos de Ângela quando descobrissem tudo que eu havia feito.

- Obrigada por tentar me ajudar, ninguém jamais fez isso por mim. - Lesley disse sorrindo e seus olhos praticamente desapareceram. Era um sorriso amável. Logo todo o meu arrependimento por tê-lo defendido já havia sumido e só me restava o orgulho de mim mesma por não ter feito com alguém o que todos eram acostumados a fazer comigo.

- Estou feliz que você está bem. - Eu disse sorrindo, realmente feliz por ter decidido ser uma boa pessoa.

Afinal, eu consegui que meu plano para salvar Kiara desse certo. Tanto ela como eu saímos vivas das garras de Frederick. Embora eu tenha saído muito mais machucada do que ela jamais foi.

- Está preocupada em ter que voltar para Dandelion? - Mais uma vez ele conseguiu decifrar o que eu queria esconder.

- Eu devo ser muito óbvia mesmo. - Brinquei.

Por algum motivo, eu me sentia bastante confortavel perto daquelas pessoas. Mesmo que fossem todos assustadores, eu me sentia acolhida e respeitada, algo que eu nunca havia sentido em Dandelion.

- Ou talvez eu que seja bom em te ler. - Disse rindo. - Oh, que adorável, você está vermelha!

Eu não sabia o que dizer, meu rosto inteiro estava queimando e eu só queria sair correndo para longe dele. Para onde foi todo o meu ódio por homens?

- Ora, que belo casal! - Nesta entrou na sala carregando uma bandeja de pães e doces que eu nunca havia visto, mas todos pareciam apetitosos.

- Não somos um casal. - Lesley disse ficando extremamente vermelho.

- Claro que não, Alyssa merece algo melhor. - Selene apareceu de repente, vindo do corredor escuro. - Certo, querida?

Concordei com a cabeça tentando não sorrir de toda a situação, mas logo me peguei triste ao imaginar que teria que deixar um lugar tão agradável como esse para trás. Pior que isso, Ângela seria a nova herdeira desta casa e eu teria que voltar ao meu sofrimento de sempre em Dandelion. Enquanto ela estaria aqui, desfrutando de todo o amor e de toda a hospitalidade que eles haviam para oferecer.

- É hilário como vocês só aparecem depois de Raymond descontar toda sua raiva em mim. - Lesley disse se jogando no sofá, acredito que seja um costume.

- Ninguém disse para você ficar aqui. - Selene disse como se fosse óbvio. - Deveria ter esperado que ele falasse com Aspen.

- E Alyssa? - Lesley perguntou como se fosse óbvio.

- Você sabe que o mestre Asciam seria incapaz de fazer qualquer mal a uma pessoa inocente. - Selene disse convicta. - Ele não tomaria nenhuma atitude até que soubesse toda a verdade.

- De qualquer forma, pegue isto e suba para algum quarto que esteja vazio. - Nesta me entregou a bandeja com doces. - Sinto muito, mas não poderá continuar usando o quarto que estava. O uso dele é reservado para Ângela.

Como eu imaginei, logo Ângela estaria com a posse de todo aquele lugar e mesmo que eles não a conhecessem, já a respeitavam. Me senti um pouco mal em saber que daqui a pouco eles virariam capachos dos caprichos é desejos absurdos dela.

- Não tem problema, qualquer lugar está bom para mim. - Sorri. - Já é uma enorme gentileza a forma que vocês estão me tratando.

- Não precisa agradecer, querida. É melhor descansar-mos. Amanhã será um longo dia. - Selene me empurrou delicadamente em direção às escadas.

- Lesley, suba e mostre outro quarto a ela. - Nesta disse e antes que ele pudesse dizer algo ela já havia saído junto com Selene, enquanto discutiam alguma coisa.

- Elas não tem o mínimo respeito por mim. - Ele disse com um leve bico nos lábios, subindo as escadas a contragosto.

Eu apenas segui ele escada acima, sem dizer nenhuma palavra. De certa forma, ele parecia um pouco perturbado com toda a situação, mas era difícil saber o que ele estava sentindo sobre tudo aquilo.

- Você pode ficar com aquele quarto à direita no fim do corredor. - Disse apontando para a terceira porta depois do quarto dele. - Se não se importa, eu vou me descansar um pouco. Foi um longo dia.

Eu apenas concordei e fui na direção que ele havia apontado. Escutei a porta de seu quarto bater atrás de mim e me senti um pouco desconfortável em andar sozinha por um corredor tão longo.

Assim que cheguei na porta do quarto e abri, me surpreendi com o mesmo homem que havia feito Lesley gritar de dor a poucos minutos atrás, sentado numa das poltronas que tinha no quarto. Tenho a impressão de ter escutado Lesley o chamar de Raymond.

- Eu sinto muito, devo ter errado de quarto. - Disse prestes a fechar a porta.

- É o quarto certo, só estou aqui porque gostaria de lhe perguntar algumas coisas sobre a minha verdadeira noiva. - Ele disse me encarando.

Verdadeira noiva.

De alguma forma essas palavras doíam em mim. Faziam parecer que eu era apenas uma fraude, mas eu também havia sido enganada. Não vim parar aqui por opção. Entretanto, alguma coisa em seus olhos me deixava muito confortável e um pouco assustada também. A cor azul de seus olhos me lembrava um dia ensolarado, mas não havia nada de reconfortante neles. Era um azul bonito, porém vazio. Naquele momento ele não estava demonstrando nenhum tipo de sentimento e isso me deixava assustada. 

Eu entrei um pouco contrariada e me sentei na cama, de frente para ele.

- Então, o que gostaria de saber sobre ela? - Questionei um pouco desconfortável em ter que me lembrar sobre qualquer coisas que dissesse respeito a minha família e Ângela.

- Como é sua irmã? - Perguntou.

- De que forma? - Perguntei confusa.

- Apenas fale sobre ela.- Ele disse um pouco sarcástico e eu me senti idiota.

- Ângela é... bem... - Eu não conseguia formular nenhuma frase que definisse Ângela. Eu não a considerava uma boa pessoa e ela sempre foi o maior pesadelo de toda a minha vida. O que eu poderia falar de bom sobre ela? - Como eu posso dizer? Hm... Ela é, você sabe...

- Fale qualquer coisa. - Disse impaciente. - Sobre a personalidade dela.

- Quer que eu fale sobre os pontos positivos ou negativos? - Perguntei sinceramente.

- Ela tem pontos negativos? - Perguntou parecendo verdadeiramente surpreso.

- Todos nós temos, ela mais do que a maioria. - Esclareci.

- E os pontos positivos? - Parecia realmente curioso, quase como uma criança perguntando sobre alguma lenda antiga, como se quisesse acreditar que realmente existe.

- Sendo sincera, eu não sei se ela tem e se tem, nunca se deu ao trabalho de me mostrar. - Respondi séria.

- Não pode me contar nada sobre ela? - Ele realmente parecia esperançoso.

- Ela é bonita, ao contrário de mim. Deve ter herdado toda a beleza da família. - Respondi rindo. - Tem os cabelos loiros igual o da nossa mãe, olhos na cor de âmbar e um corpo bonito.

- Algo mais?

- Não é que ela seja alguém ruim, nossos pais é que transformaram ela na peste que é hoje, quando éramos mais novas eu costumava levar ela para colher flores. - Relembrei sorrindo.

- Ela gosta de flores? - Ele perguntou com um leve sorriso. Falar de Ângela parecia deixá-lo de bom humor.

- Não mais, ela queimou nosso jardim para construir um quarto só para ela. - Falei pensativa.

- Ângela é amargurada, não gosta de animais, detesta ter que fazer tarefas doméstica e passa a maior parte do tempo dela comprando vestidos e joias. - Comecei a falar. - Ela tentou dar aulas de costura para as crianças da aldeia, mas as crianças sempre voltavam para casa chorando. Então as aulas foram suspensas.

- Não há nada de bom que ela já tenha feito? - Perguntou parecendo decepcionado.

- Não que eu me lembre. - Falei pensativa. - Mas, sabe? Algumas pessoas não demonstram a bondade que tem. Preferem parecer ruins para não parecerem fracas. Talvez Ângela seja assim.

- Talvez. - Respondeu, dessa vez sem nenhum sentimento aparente no rosto. Parecia apenas entediado.

- Sinto muito não ter lhe contado algo agradável sobre ela, mas se você pretende sair de Amaranthine apenas para encontrá-la e não aceita outra, quer dizer que o que ela é não importa, certo?

Ele não me respondeu, apenas levantou e saiu do quarto.

O que eu poderia ter falado de Ângela além do que eu conheço? Eu nunca conseguiria inventar nada bom para falar sobre ela porque eu simplesmente não consigo imagina-la fazendo nada que não seja prejudicar os outros. Entretanto, não posso negar que nesta situação eu estou com uma imensa inveja dela.

Inveja de Ângela foi algo que eu sempre tive. Inveja por ela receber mais amor da nossa mãe, inveja por ela sempre conseguir tudo que queria e, agora, eu estava com inveja do futuro dela. Porque, afinal, o que esperava por ela era muito melhor do que qualqier coisa que eu já tenha imaginado.

Todas as vezes em que eu me imaginava saindo de Dandelion eu nunca me imaginei casando ou vivendo  com alguém. Na minha mente eu sempre estaria sozinha, não importasse o que. Embora pareça triste, para mim não era. Viver sozinha seria libertador, ninguem me julgaria ou me chamaria de bruxa. Eu iria para um lugar onde ninguém me conheceria e teria amigos. As pessoas não fugiriam de mim e nem me atirariam quando me encontrassem na rua. Seria uma vida perfeita. Mas, só bastou eu passar alguns instantes ao lado dessas pessoas que eu logo comecei a imaginar minha vida de uma maneira totalmente diferente. Me peguei pensando que não me importaria de morar aqui ou de ter um noivo como Raymond e apenas olha-lo já me trás todo o conforto que eu procurei a minha vida inteira.

Quando eu olho para ele, para seus olhos, eu vejo eternidade. Vejo uma vida pacífica e feliz. Talvez seja porque ele me protegeu e me salvou das garras do Duque, ou talvez seja por ele ser o homem mais bonito que eu já vi em toda minha vida.

Apenas a forma como ele fala em Ângela faz eu perceber que queria ser amada desta mesma forma. Parece ser um amor tão puro e tão real que chega a esmagar o meu coração por dentro. E eu sei que não deveria sentir isso, não deveria querer algo que não é meu.

Eu queria que ele falasse de mim da mesma forma que falava sobre Ângela.

Foram esses os pensamentos que surgiram na minha cabeça, de repente.

Eu só poderia estar ficando louca, querendo um homem que eu havia acabado de conhecer. Me senti estranha por ter pensado nele com tanta intensidade. Era como se o sentimento já existisse, mas era completamente impossível. Eu jamais amaria alguém como Raymond.

O que aconteceu comigo? Por que esses pensamentos estranhos tomaram de conta da minha mente? Talvez eu esteja tão cansada e traumatizada com tudo que aconteceu que agora eu esteja ficando louca.

Agradeci internamente por ele ter ido embora. No meu estado mental e físico eu não estava disposta a ter mais nenhuma conversa sobre Ângela ou até mesmo olhar para ele. E, de qualquer forma, meu estômago estava vazio e minha boca estava amargando de tanta fome.

Depois que terminei de comer, Selene apareceu na porta do meu quarto segurando um vestido para dormir e quase me implorou para que eu o vestisse. No fim, eu acabei aceitando. Me deitei na cama e logo adormeci. Meu cansaço e o tecido fino e confortavel do vestido não permitiram que eu pensasse em mais nada.

Mas eu continuava desejando que eu não precisasse voltar para Dandelion, pelo menos não tão cedo.

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