Agindo impulsivamente, como era de sua natureza, Anne saiu do quarto e seguiu rapidamente na direção do quarto de Amir. Ela tinha (quase) certeza que o encontraria dormindo tranquilamente em sua cama. Ele era um Upyr orgulhoso e provavelmente estava esperando por ela a noite toda, até que caiu no sono... Claro! Exatamente isso que deve ter acontecido, não tinha motivo algum para desconfiar dele. Apenas as palavras de Ezequiel, que, na verdade, era apenas um sonho...Sentiu a cabeça latejar pela variedade de situações que sua mente insegura inventava, e a cada passo sentia-se mais angustiada. Parou na frente da porta do quarto de Amir e levantou a mão com intenção de bater, mas logo em seguida abaixou o braço. E se ele estivesse dormindo? Anne temia parecer uma adolescente insegura diante de Amir e achou melhor entrar sem bater. Caso ele estivesse dormindo, o que era o provável, ela simplesmente deitaria ao seu lado e tudo se ajeitaria pela manhã.Respirando fundo, a abriu a porta, e o
Ele me manteve de costas para ele, pressionando suas mãos, impedindo meu movimento quando percebeu que eu estava a ponto de virar meu corpo na direção dele. Tocou minha orelha com os lábios sussurrou:— Interessante a maneira que você me imagina, mas devo confessar que... pessoalmente sou ainda melhor.O.k., eu estava extremamente confusa, como assim pessoalmente? Ele não estava atrás de mim com as mãos nos meus ombros? Mãos essas que começaram uma deliciosa massagem...— O que você está fazendo aqui?— Já te falei que você pensou em mim. Eu posso sentir quando deseja minha presença.— Como assim? E como você sabe que eu estava pensando em você?Eu estava mesmo pensando nele, mas como ele poderia saber? E o que isso tem a ver com o fato dele estar aqui no banheiro fazendo massagem em meus ombros, sem camisa...— Por que a gente não deixa para fazer perguntas depois?As mãos de Ezequiel deslizaram pelos meus braços e fechei os olhos ao sentir os lábios macios e frios dele tocarem minha
Anne se perguntava o que ele queria que ela pensasse depois do que ela tinha visto, mas permaneceu em silêncio, tinha medo que suas palavras a traíssem se ela as dissesse em voz alta.— O.k., Anne, só me escuta então. — Disse Amir após alguns minutos de silêncio. — Eu estava chateado com você... Eu não sei o que estava pensando, eu não pensei que aquelas palavras vindas de você me magoariam tanto... Ezequiel sempre debochou de minha posição entre os Upyrs... Eu não sou nobre como vocês, Anne! Eu nunca me importei com o que ele pensa ou diz, mas quando você disse aquilo... Eu... Droga, Anne, me deixa entrar, vai!Anne sentiu um aperto no coração ao ouvi-lo. O tom de voz de Amir foi mudando enquanto ele falava, ficando mais baixo e suave, como uma súplica. Mais lágrimas rolaram pelo rosto de Anne. O que aquelas palavras significavam, então? Ele estava realmente confessando ter feito sexo com Bianca?Do lado de fora, Amir ouviu quando Anne voltou a chorar e passou a mão nervosamente pelo
(Narrativa de Anne)Durante toda a noite, não consegui dormir direito. Tentei pensar em lugares e situações alegres e que me tranquilizassem, tentei lembrar de bons momentos da minha infância, tentei até contar carneirinhos, mas nada adiantou.Toda vez que fechava meus olhos, a imagem de Bianca nua na cama de Amir aparecia como se meu próprio cérebro estivesse propositalmente me torturando.Para piorar, na única vez que consegui pegar no sono, tive um pesadelo terrível e acordei chorando. Depois de acordar com o coração batendo acelerado e dificuldade para respirar, ficou praticamente impossível voltar a dormir.Amir não voltou a tentar falar comigo e não tenho certeza se me sinto aliviada ou decepcionada com isso. Honestamente, eu gostaria de vê-lo se esforçando para que continuássemos juntos. Eu sempre desejei que um dia alguém gostasse tanto de mim que jamais desistiria, que lutaria por mim, que achasse que eu valho a pena...Passar a noite em claro me obrigou a pensar em minha sit
— Como assim, noiva? — Perguntei com a voz alterada e os olhos provavelmente arregalados.Lorde Estevão riu como se tivesse ouvido a melhor piada dos últimos tempos e olhou para Lorde Barrington, que permanecia calado, sentado em sua cadeira como se estivesse acima de tudo e de todos.— Lorde Barrington, não me diga que não comunicou a minha futura nora o resultado da votação do concílio de Élderes?Lorde Barrington me olhou e pela primeira vez notei alguma emoção nos traços de seu rosto. Infelizmente não pude identificar que emoção seria essa, além do evidente cansaço.— Lorde Estevão, eu achei que seria melhor se informássemos Anne do próximo passo para o futuro dela juntos e pessoalmente. Estive muito ocupado essa semana e deixei-a sob a guarda de Amir Borislav.Lorde Barrington levantou e trouxe a cadeira em que estava sentado, posicionando-a na minha frente. Sentou e forçou um sorriso, creio que na tentativa de me acalmar, mas sua fisionomia de lobo fez-me sentir ainda pior.— An
Uma menina de seis anos brincava animadamente no parque central da cidade. Em sua inocente brincadeira, ela utilizava pazinhas e outros instrumentos de brinquedo na tentativa de construir um castelo. Sua mãe estava distraída lendo um romance cuja história havia sido recentemente adaptada para o cinema. Ocasionalmente, ela suspirava e desviava os olhos das páginas do livro para a filha, no intuito de se certificar da segurança da menina.A menina, distraída, coçou o nariz com a mão suja de areia que acabou atingindo os olhos. A aflição repentina que sentiu a fez levantar e correr em direção à mãe, pois como toda criança, acreditava que sua mãe traria alívio imediato ao problema. Correu com os olhos fechados e esbarrou em alguém que vinha em sua direção, o que a fez cair para trás. Ela levou mais uma vez as mãozinhas sujas de
Narrativa de AnneSabe aquele momento em que nada a sua volta faz sentido? Quando você se sente tão perdida, que as coisas e pessoas parecem se mover em câmera lenta e os sons parecem vir debaixo d'água?Lorde Barrington me olhava nos olhos como se quisesse ler minha mente, esperando uma reação minha em relação as suas palavras. Lorde Estevão olhava para Lorde Barrington com as sobrancelhas franzidas, como quem sabe de algo que eu não fazia ideia. O.k., talvez eu estivesse vendo coisas demais no rosto dos vampirões, mas o olhar e a expressão corporal de Augustus não tinha como ser invenção da minha cabeça. Ele estava surpreso com as palavras de Lorde Barrington e, ao desviar o olhar em minha direção, pude reconhecer o que expressava:Pena.E sabe o que é mais estranho? De todos os olhares, o de Augustus foi o que mais me incomodou. Porque através dele a realidade bateu forte e cruel.Eu, digna de pena...E sabe qual foi minha atitude madura e sensata?Eu corri.Eu sei, nem madura, ne
(Narrativa de Anne)Nanda e eu sempre fomos amigas e sempre pude contar com ela, para as coisas mais loucas ou mais sérias. Confesso que mais para as mais loucas! Ela sempre me disse que estaria ao meu lado, mesmo que fosse para me ajudar a enterrar um corpo.Eu acho que ela estava brincando, é claro...Falei com ela de maneira curta e direta, apesar das inúmeras perguntas que ouvi. Não tinha tempo para explicações e, para piorar, estava com medo do vampirão ouvir a ligação e impedir meu plano de fuga. Serei eternamente grata ao Jorge por me entregar o celular! Sem ele, eu não teria como me comunicar com ninguém fora da mansão e sabe lá o que esses fanáticos por profecias iriam me obrigar a fazer...Saí do quarto tentando não fazer barulho, embora acreditasse que vampiros, ou Upyrs como Amir gostava de se chamar, tivessem uma audiçã