Uma menina de seis anos brincava animadamente no parque central da cidade. Em sua inocente brincadeira, ela utilizava pazinhas e outros instrumentos de brinquedo na tentativa de construir um castelo. Sua mãe estava distraída lendo um romance cuja história havia sido recentemente adaptada para o cinema. Ocasionalmente, ela suspirava e desviava os olhos das páginas do livro para a filha, no intuito de se certificar da segurança da menina.A menina, distraída, coçou o nariz com a mão suja de areia que acabou atingindo os olhos. A aflição repentina que sentiu a fez levantar e correr em direção à mãe, pois como toda criança, acreditava que sua mãe traria alívio imediato ao problema. Correu com os olhos fechados e esbarrou em alguém que vinha em sua direção, o que a fez cair para trás. Ela levou mais uma vez as mãozinhas sujas de
Narrativa de AnneSabe aquele momento em que nada a sua volta faz sentido? Quando você se sente tão perdida, que as coisas e pessoas parecem se mover em câmera lenta e os sons parecem vir debaixo d'água?Lorde Barrington me olhava nos olhos como se quisesse ler minha mente, esperando uma reação minha em relação as suas palavras. Lorde Estevão olhava para Lorde Barrington com as sobrancelhas franzidas, como quem sabe de algo que eu não fazia ideia. O.k., talvez eu estivesse vendo coisas demais no rosto dos vampirões, mas o olhar e a expressão corporal de Augustus não tinha como ser invenção da minha cabeça. Ele estava surpreso com as palavras de Lorde Barrington e, ao desviar o olhar em minha direção, pude reconhecer o que expressava:Pena.E sabe o que é mais estranho? De todos os olhares, o de Augustus foi o que mais me incomodou. Porque através dele a realidade bateu forte e cruel.Eu, digna de pena...E sabe qual foi minha atitude madura e sensata?Eu corri.Eu sei, nem madura, ne
(Narrativa de Anne)Nanda e eu sempre fomos amigas e sempre pude contar com ela, para as coisas mais loucas ou mais sérias. Confesso que mais para as mais loucas! Ela sempre me disse que estaria ao meu lado, mesmo que fosse para me ajudar a enterrar um corpo.Eu acho que ela estava brincando, é claro...Falei com ela de maneira curta e direta, apesar das inúmeras perguntas que ouvi. Não tinha tempo para explicações e, para piorar, estava com medo do vampirão ouvir a ligação e impedir meu plano de fuga. Serei eternamente grata ao Jorge por me entregar o celular! Sem ele, eu não teria como me comunicar com ninguém fora da mansão e sabe lá o que esses fanáticos por profecias iriam me obrigar a fazer...Saí do quarto tentando não fazer barulho, embora acreditasse que vampiros, ou Upyrs como Amir gostava de se chamar, tivessem uma audiçã
— O.k., Anne! Só quero que você se lembre que sempre poderá contar comigo, e se Amir foi idiota o suficiente para te trocar pela ruiva, é sinal que ele não te merece!— Como você sabe disso?— Disso o quê?— Que ele me trocou "pela ruiva"?— Você me disse isso quando entrou no carro, ué...— Hum...Eu não me lembrava de ter dito nada quando entrei no carro, mas não tinha como confiar em minha mente. Eu estava confusa, magoada, deprimida e assustada.— Nanda, presta atenção onde você está indo! Você passou direto pelo viaduto!Nanda continuou olhando para frente e não fez o retorno.— Nanda, o que você está fazendo? Aonde você está indo?— DROGA, CALA A BOCA, ME DEIXA PENSAR!Olhei para Nanda e tenho certeza que meus o
HERANÇA SANGRENTA II- NÊMESIS Sangue O cheiro metálico de sangue podia ser sentido a quilômetros de distância. O vermelho vivo, pungente e ameaçador, maculava a neve antes alva e pura. Dor Dor pela morte de inocentes, dor pela vida desperdiçada. Dor pelo desespero dos filhos, mães, esposas, irmãos... Amores perdidos, histórias não contadas, corpos sem rostos espalhados pelo chão ao lado de rostos conhecidos, desfigurados pelo inimigo durante a batalha... Lorde Lucien Zaffir passou a mão pelo rosto. . Estava cansado. Noites mal dormidas dentro de barracas, cercado pelo frio e pela neve, mente atenta a qualquer movimento por parte dos inimigos. Ele não queria lutar, não queria entrar em guerra, mas os inimigos não lhe deram escolha. Ele era um Lorde responsável e determinado a defender seu clã, seu povo, sua família... sua esposa... Ester... A distância o fez perceber o q
O jovem herdeiro da Terra Menor passou a manhã sentado em seu escritório, analisando mapas e relatórios, aborrecido pela terceira batalha consecutiva que perdera para Lorde Zaffir. Seus conselheiros haviam garantido que ele teria total apoio dos Élderes, caso declarasse guerra contra o clã inimigo, no entanto, parte dos Élderes se declarou neutra e alguns se atreveram a tomar partido de Lorde Lucien Zaffir. Um ultraje diante do forte argumento que o jovem apresentou para justificar sua ação bélica. A morte de um Élder, dentro do território de Zaffir, deveria ter bastado para que ele recebesse apoio do Conselho. Pelo menos essa foi a ideia que os conselheiros dele, tão habilmente, colocaram em sua cabeça. Jovem, vaidoso e ambicioso, o então atual Lorde da Terra Menor aceitou a palavra de seus conselheiros de bom grado. No entanto, agora em seu escritório, se perguntava se a decisão de começar uma guerra teria sido sábia. Havia ainda a possibilidade de ter sido apenas
— Então, não tem intenção de me apoiar?— Eleakim sentou-se em sua cadeira, tentando se mostrar relaxado, mas Ezequiel podia sentir o cheiro do rancor e do medo que exalava dos poros do anfitrião. — Pensei que odiasse os Élderes, não seria essa sua chance de vingança? Ou Bianca está certa ao afirmar que você late mais do que morde? Ezequiel olhou para Eleakim, e se o jovem herdeiro prestasse mais atenção, teria notado que os olhos do Lorde visitante estavam totalmente negros, com apenas um finíssimo círculo vermelho. Ezequiel rangeu os dentes, mas seu exterior mostrava a Eleakim apenas a tranquilidade e segurança intencionadas.&mdas
Abri os olhos mais uma vez, mas permanecia cercada da mais profunda e assustadora escuridão. Quando, finalmente, meus olhos se acostumaram com a penumbra, percebi que estava deitada em uma enorme e confortável cama, que não era a minha. Senti uma pequena dose de alívio ao notar que, tão pouco era a cama do quarto que ocupava na mansão de Lorde Barrington. Mas esse alívio durou pouco, pois não fazia ideia de onde me encontrava. Minhas mãos tremiam, minha cabeça estava pesada e latejando, sentia como se uma manada de elefantes estivesse dançando sobre meu cérebro. Minha boca estava seca e senti como se minha língua estivesse áspera e inchada. Meu estômago estava roncando ruidosamente e doía... A dor no estômago era aguda e aterrorizante. Nunca havia me sentido assim. Estava faminta… A porta se abriu e a luz irritou meus olhos. Ouvi um grito de desespero e dor, e me assustei ao perceber que era eu mesma quem gritava. Não consegui ver