Ela olhou para a porta.
Amir! Graças a Deus, ele havia chegado.
Olhou novamente na direção de Ezequiel, mas ele tinha desaparecido.
Correu até a porta e suspirou aliviada, era mesmo Amir. Ao vê-lo, Anne se descontrolou e pôs-se a chorar. Ele a abraçou, consolador, e ficaram assim por alguns minutos em silêncio, até que Anne se recompôs. Amir lhe ofereceu um lenço para enxugar as lágrimas
— Você está bem? O que houve?
— Eu não sei, Amir... Acho que estou louca, estou vendo coisas, não entendo...
— Se acalme, por favor. Você está pálida, está tremendo. Não quer me contar o que te deixou assim?
— Não, eu não saberia por onde começar. Só fique aqui comigo, por favor.
Amir a olhou, não disse mais nada, dando a Anne tempo para voltar a si. Ele sentiu o cheiro do sangue dela que ainda escorria pelo braço.
— Seu braço está sangrando, precisamos fazer um curativo. Sente-se no sofá, que eu já volto.
Amir foi até o banheiro
"O que está havendo comigo"Perguntou-se internamente, porém Anne se levantou em seguida, encarando-o.— Fiz alguma coisa errada?— Não, Anne, você não fez nada de errado.Ela se aproximou dele devagar. Pousou a mão em seu rosto.— Obrigada por ter vindo. Como posso te agradecer?— Eu te disse que poderia ligar para mim a qualquer hora. Eu que te agradeço por confiar em mim.Anne era uma bela jovem, de fisionomia meiga e doce, diferente de todas as sedutoras mulheres que atraíram Amir ao longo de sua vida, e não foram poucas. Tantas batalhas e guerras em que participou, conheceu muitas mulheres, mesmo não sendo o tipo de homem mulherengo. Muito pelo contrário, Amir sempre detestou frivolidades, dava valor apalavra, a honra e todos os valores morais de sua época de juventude, que parecem não terem mais importância nos
Abriram os olhos ao mesmo tempo, Amir passou a língua pelos lábios, desejando continuar como estavam, porém, ciente de suas obrigações, soltou o corpo de Anne suavemente, deixando-a de pé em frente a ele.Pelo toque, ele sabia que se tratava de Lorde Barrington ao telefone e ele precisava atender. Tirou o celular do bolso da calça e, se afastando alguns metros, atendeu a ligação.Anne sentiu-se constrangida, não sabia o que fazer ou o que dizer. Sentia uma forte atração por Amir, mas não tinha imaginado que algo assim aconteceria. Quando ligou para ele, estava perturbada e carente, precisando de um ombro amigo, mas agora não se sentia mais triste nem desamparada, queria apenas estar com aquele homem, cujos lábios acabara de provar com tamanha intensidade que sentiu como se seus pés saíssem do chão.Lorde Barrington estava irritado e preocupado com o comportamento de Amir e deixou isso bem claro ao telefone. Não tolerava atrasos, muito menos ausências, porém, sabia o quanto Amir era re
Amir conseguia apenas vislumbrar os acontecimentos do sonho de outras pessoas, nunca tinha conseguido interagir com o sonhador, até aquela noite. Ezequiel tentou seduzir Anne e por muito pouco não conseguiu. Anne resistiu a sedução de um poderoso Upyr, mostrando que era uma mulher mais forte do que ele imaginou. Havia outra presença no sonho dela que Amir não conseguiu identificar. Fosse quem fosse, não intencionava seduzir Anne, mas matá-la. Amir sentiu a violência e o desejo de morte que emanava daquela presença desconhecida e desesperou-se ao ver a criatura atacá-la sem que ele pudesse fazer nada.Antes, estava furioso, dominado pelo ciúme que sentia e por sua incapacidade de fazer qualquer coisa para afastar Ezequiel de Anne. Depois, veio o medo de não conseguir protegê-la, de não impedir o ataque daquela criatura. Tentou aparecer para ela, mas não conseguiu, se c
Depois do banho, Anne sentou-se à mesa, rosto mais corado e sorridente.— Não tinha muita coisa na geladeira, — Disse Amir ao vê-la se sentar. — Eu espero que você goste de panquecas.Amir levou até ela uma caixa de suco de laranja comprado pronto e uma travessa de panquecas cobertas com calda de chocolate e bananas picadas.— Hum... Meu lanche favorito!.Anne comeu com vontade, ficou encantada com o jeito atencioso de Amir e se impressionou com o fato de ele saber cozinhar, já que ela mesma não sabia sequer fritar um ovo.— Amir, você acredita em destino?— Perguntou Anne de repente.— Que pergunta estranha... — Disse Amir, surpreso por ela estar pensando em destino, quando ele próprio estivera pensando sobre isso. Com o rosto estampando um meio sorriso e sobrancelhas franzidas, respondeu com outra pergunta:— Por quê
Amir passou a mão pelos cabelos e massageou levemente a nuca, buscando na mente a melhor maneira de se abrir com ela. Ainda que estivesse desobedecendo ordens diretas dos Élderes, ele estava certo do que deveria fazer. Balançou a cabeça, como se concordasse com a própria decisão, pegou sobre a mesa uma faca e com ela fez um corte no braço, rasgando a carne. Gotas de sangue caíram no chão de piso branco. Anne arregalou os olhos e levou a mão à boca para conter o grito. De repente, bem diante de seus olhos, o ferimento começou a cicatrizar rapidamente, cessando o sangramento até que o braço ficasse novamente inteiro, sem nenhuma marca.— Eu sou um Upyr, Anne. Todos os Upyr tem regeneração celular acelerada. — Disse Amir, incomodado com a expressão de horror no rosto dela.— Minha missão é te proteger.Anne se lembrou do ant
Amir atendeu deixando um: "Volto já" no ouvido dela, acompanhada de uma pequena mordida na orelha.Voltou depois de cinco minutos com a cara emburrada.— Aconteceu alguma coisa? Sua cara não está nada boa...— Lorde Barrington insiste que eu a leve para a mansão dele.— E isso é um problema?— Não necessariamente um problema, mas tem tanta coisa que você ainda não sabe sobre tudo o que está acontecendo. Eu queria poder te contar tudo antes de te levar até os Élderes, mas infelizmente, essa situação está além da minha vontade.— Por que você não me conta agora alguma coisa enquanto nos trocamos?Amir não sabia por onde começar. Era tanta história sobre o clã original dela, os Élderes, a guerra, clãs, a profecia... E sobre a intenção dos Élderes de fazê-la casar-se com o herdeiro de um dos clãs... Em voz alta disse:— Todos esperam a chegada da mulher da profecia, cujo destino está escrito, e pode mudar o atual estado das coisas.
Os olhos de Amir se encontraram com os olhos de Ezequiel em uma espécie de desafio. Os dois se encaravam. A tensão entre os dois era evidente. Ezequiel se virou para o dono da casa, que estava calado todo o tempo, observando o que acontecia sob seu teto atentamente.— Não contou a ela, velho?— Não considerei a hipótese apropriada. Mas já que tomou a liberdade de comparecer sem ter sido convidado, por gentileza, sente-se. — Disse Lorde Barrington sorrindo ao sentar-se mais uma vez em sua cadeira.Amir olhou para o Lorde confuso. Ele esperava que o dono da mansão expulsasse Ezequiel, e seu rosto não escondeu a surpresa que sentiu ao ouvir o Lorde convidando Ezequiel a participar daquela reunião.— Milorde, com todo o respeito, não creio que a presen-— Amir, meu jovem, — Lorde Barrington interrompeu Amir bruscamente. — compreendo sua preoc
— Você deveria ter acatado a decisão do conselho e abdicado da coroa! Tudo ficaria em paz se simplesmente obedecesse ordens! — Vociferou Lorde Barrington, se esforçando para se controlar e manter a compostura.— Ordens de vocês? Não me faça rir velho idiota! Vocês do conselho não são nada, nunca serão nada! A decisão de um bando de velhos nunca terá mais importância do que meu direito de primogênito e herdeiro direto de meus pais. Meu irmão acreditou em vocês, mas a mim vocês não enganam!— Você já não é bem-vindo aqui, Ezequiel! — Lorde Barrington se levantou, sua voz era baixa, porém firme e repleta de autoridade. Aconselho que saia antes que os outros entrem, já estão parados em frente a porta da frente. Creio que pode sentir a presença deles.Ezequiel encarou o Lorde, seus olhos ainda mais negros do que de costume. Em seguida visou-se para Anne:— Você é sangue do meu sangue, não desistirei de você! Não confie em nenhum eles, e principalmente, não permita que te transformem em um