※※※※28 de novembro. ※※※※
Eu não dormi. Fiquei a noite toda acordada, com medo de sonhar com algo ruim. Em certos momentos, o sono quase me vencia, mas aí eu levantava, andava de um lado para o outro no quarto, pegava um livro, lia um pouco, olhava fotos antigas nos meus antigos diários, ou fazia qualquer outra coisa que me mantivesse acordada.
Quando o sol nasceu, eu estava apoiada na janela, ouvindo os passarinhos cantarem, os Guardiões trocando de turno no gramado do lado de fora e um dos instrutores saindo para correr na floresta sozinho.
Era segunda-feira de manhã. Eu não queria acordar Kelsy mais cedo pois sabia que ela teria treino na parte da tarde e queria que ela dormisse mais um pouco, mas ela acabou batendo no meu quarto, já vestida para ir tomar café da manhã, antes do horário normal que ela costumava acordar.
Como ainda era cedo, passamos no quarto de Andrea para falar com ela. Estranhamente, ela não estava no quarto. Mas
Eu estava deitada na cama de Mason enquanto Stella conversava com Amélia na sala, contando o que acontecera aquela tarde. Mason estava apoiado no batente da porta me olhando, eu sentia seus olhos nas minhas costas, mas não me importava. Eu não queria falar com ele. Sobre nada no momento. Eu estava com muito sono, mas não queria dormir ali. Queria ir para o meu quarto e ficar sozinha. Ouvi passos se aproximando e o som da porta se fechando. Alguém se sentou do meu lado na cama e ficou em silêncio por alguns segundos, pensando no melhor jeito de puxar assunto. - Sei que é difícil Megan – disse Amélia, com as costas apoiadas contra as minhas. – Stella e eu estamos preocupadas com você. Achamos que seria melhor se você ficasse na enfermaria. Mariyah conseguiria te dar remédio para a dor. - Não estou sentindo dor. - Ainda. Você vai piorar e, por mais que eu queira que você fique aqui, eu não posso fazer muito por você daqui. - Então eu vou
Ir para a enfermaria foi a escolha certa a se fazer. Mariyah já estava lá arrumando meu quarto quando eu cheguei. Ela colocara uma televisão na parede para eu assistir caso não tivesse sono ou ficasse entediada. Havia uma lata de lixo ao lado da cama para eu vomitar e um jarro de água perto da cabeceira da cama. Mariyah já havia separado os sedativos para mim. Ela disse que assim que eu começasse a sentir dor, era para pedir a medicação. Ela havia colocado uma segunda cama em meu quarto para Stella ficar comigo. Para não perturbar minha tia durante a noite eu tentei dormir. Pelo menos um pouco. ※※※※ Eu acordei no meio da noite por causa dos sons que vinham do lado de fora do quarto. Havia alguém gritando. Na verdade, parecia ser mais de uma pessoa. Eram gritos apavorados, de medo. Gritos que pediam por ajuda. Levantei-me da cama com calma, sem fazer barulho e fui até a porta do quarto, abrin
Amélia dormiu tão profundamente naquela noite que parecia até que havia tomado remédios para trazer o sono. Mas não era isso. Ela havia usado tanto do seu poder nos últimos dias que se passasse mais de cinco segundos com os olhos fechados já pegava no sono, para sua mente se recuperar. No meio da madrugada Amélia recebeu uma ligação de Mariyah. Acontecera algo com Megan, mas ela estava bem. Mesmo com a notícia, Amélia conseguiu dormir como uma pedra até que amanhecesse. Se preocupando de manhã, quando acordou e se arrumou para ver a menina. Assim que saiu do quarto, deu de cara com Connor entrando na sala. Por mais que estivesse com presa, seu coração bateu forte e ela sorriu. - O que está fazendo aqui? – perguntou ela, parando perto do sofá. - Vim tomar café da manhã com a minha namorada ainda não oficial – disse ele, sorrindo. O sorriso de Amélia murchou. - Infelizmente eu já estava de saída – falou ela, mordendo o lábio. Tud
※※※※29 de novembro. ※※※※ Eu estava com muito frio e calor ao mesmo tempo. Sentia o suor escorrer pela minha pele ao mesmo tempo que meus ossos tremiam. Essa era a única dor que eu sentia. E era horrível. Depois de algumas horas, eu consegui adormecer, mas sonhos ruins ficavam me atormentando. Pela manhã, acordei por causa de um som alto no quarto. Assim que eu abri os olhos vi Stella parada ao lado da minha cama encarando a porta como se ela tivesse feito algo errado. Stella olhou para mim. - Bom dia querida, está com fome? – perguntou ela, com olhos brilhantes. Não consegui falar, apenas balancei a cabeça negando o café da manhã. Eu estava enjoada e não queria começar o dia vomitando. Minha tia entendeu que eu não estava me sentindo bem e deixou a bandeja de café da manhã de lado. Ela veio até o meu lado e colocou a mão em minha testa. - Você ainda está com febre alta – disse ela, com o rosto coberto de preocu
Senti mãos me segurando por debaixo dos braços e me puxando com força. Quando abri os olhos, tudo o que vi foi Mariyah saindo de debaixo de mim dentro da banheira para voltar a respirar. De algum modo, eu a estava afogando enquanto ela tentava me dar banho. Alguém me tirou da banheira e me envolveu com um roupão grande. Stella correu até Mariyah e a ajudou a sair da banheira, meio tonta e cuspindo água. - Tudo bem. Eu estou bem – ela disse, negando a ajuda de minha tia e se curvando no chão para tossir. Havia marcas escuras em seu pescoço de quando eu tentara afoga-la. Ela ficou um bom tempo sentada no chão de olhos fechados enquanto respirava. Enquanto eu tremia do frio dentro do roupão. - Desculpa. Eu... – não consegui terminar a frase. Nada do que eu pudesse dizer mudaria alguma coisa. Mãos grandes e fortes arrumaram o roupão em volta de mim, colocando meus braços nos buracos certos e amarando a fita envolta da minha cintura. Eu não consegu
Amélia esperou que Jason trouxesse respostas sobre o estado de Megan. Mas as notícias não eram boas. Ela havia piorado.Amélia dispensou seu filho de sua sala e ficou andando de um lado para outro, com uma ideia estranha na cabeça, mas que para ela, talvez pudesse funcionar. Ela pegou o telefone em sua mesa e buscou em sua memória o número da pessoa que ela mais odiava naquela Academia.Kiyamet atendeu no terceiro toque.- Amélia Collins ligando para mim? A que devo essa honra? – falou ela do outro lado da linha, soando mais irritante do que o normal.- Onde você está? – perguntou Amélia, de repente com raiva.- Em meu quarto, por que? – ao fundo dava para ouvir o som de uma televisão ligada em algum canal de culinária.- Quero que venha até a minha sala, agora. – Amélia desligou o telefone sem esperar uma resposta,
※※※※30 de novembro. ※※※※ A febre não cedeu durante toda a noite. Nem mesmo as dores ou as alucinações. As dores se espalhavam por todo o corpo, mas não começavam em nenhum ponto específico. As alucinações eram estranhas, mas pelo menos não me fizeram atacar ninguém. Eu via Sarah falando comigo, sobre a escola, namorados ou sobre qualquer coisa. Mesmo com dor e febre, adorei vê-la, conversamos por quase uma hora, até que o rosto dela se dissipou e eu percebi que ela não estava ali de verdade. Eu não fiquei sozinha em nenhum momento. Stella estava sempre comigo, conversando ou apenas me ouvindo falar sozinha. Mason e Andrea passaram a tarde toda comigo. Eu estava com saudade da companhia de Kelsy, mas esqueci de perguntar sobre ela. Andrea não soltou a mão de Mason nem por um segundo enquanto eles estavam lá. Mason se surpreendeu quando eu mencionei a visita do seu irmão no dia anterior. Ele tentou segurar a minha mão, m
Megan estava com muita dor e por isso Amélia a deixou dormir. Não tinha o porquê chamar a atenção da menina por ter matado um vampiro. Amélia prometeu a si mesma que iria esquecer disso e não tocar mais no assunto com ela ou com as amigas dela. Amélia leu e releu a carta de despedida de Megan. Se era isso o que ela queria, Amélia leria com todo o prazer, mas na verdade ela estava meio desconfortável com aquelas palavras e com os pedidos de Megan. Ela ainda acreditava que Kiyamet conseguiria achar uma saída para Megan, um modo de fazê-la continuar viva, como devia ser. Um encontro estava marcado para aquela noite na sala de Amélia. E ela queria muito ver Kiyamet entrando com alguma coisa em mãos. Um livro de feitiço, uma poção, um objeto mágico... qualquer coisa. Amélia estava disposta a pagar o preço por usar a magia, mesmo sabendo que ela era proibida. Os minutos passavam devagar, fazendo Amélia ficar mais nervosa a cada batida constante do relógio na parede