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PARTE I ::: CAPÍTULO 1

PARTE I

Antes das 40 semanas

CAPÍTULO 1

Helena e Justine coordenavam juntamente com a organizadora da mansão que havia sido alugada para o evento mais aguardado pelas duas famílias com punhos de aço, afinal tinham gastado uma pequena fortuna para a celebração do casamento de seus filhos.

Cerca de duzentos convidados chegariam em algumas horas e tudo tinha que estar impecável. Principalmente para a perfeccionista mãe de um dos noivos que tinha viajado no mês anterior só para ajudar com os últimos detalhes.

A mansão ficava em um bairro nobre da cidade do Rio de Janeiro e próxima tanto da praia quanto de uma das reservas florestais mais importantes. Seria dividida em três áreas: o cerimonial, a recepção e o open-bar.

No cerimonial foram dispostos belíssimos bancos rústicos de madeira longos com confortáveis almofadas tanto no encosto quanto no assento tudo muito colorido com motivos indianos. O corredor central enfeitado com um tapete vermelho e arranjos de flores copos-de-leite. E ao fundo um pergolado de madeira pintada de branco tinha vários potes de vidros de formatos variados com fios-de-fada dentro.

Onde seria realizada a recepção tinha uma grande pista de dança com um pequeno palco onde um quarteto de cordas iniciaria a noite para posterior apresentação de um DJ renomado, amigo do casal, que esquentaria o resto da noite que não tinha hora para acabar.

As mesas redondas para os convidados eram de metal e vidro, cobertas com uma toalha finíssima de renda. Todos os assentos marcados. As mesas com doces, lembranças também finamente decoradas com as cores oficiais escolhidas pelos noivos: branco, preto e dourado.

Por fim, o open-bar tinha uma mesa de bilhar, dardos e uma jukebox estilo antigo. E ficava na área da piscina da mansão.

No segundo andar da casa principal ficavam os quartos onde os noivos passagem seu dia especial, um sem o outro. Estavam expressamente proibidos de se verem pelas duas mãe-zillas, como um deles tinha apelidado.

Maximus Fuller, um dos noivos, estava uma pilha de nervos na suíte reservada para ele. De nada adiantou massagista, limpeza de pele, hidratações e mimos. Estava sentado em uma poltrona virada para o jardim, de onde ele conseguia ver a área do cerimonial. Vestia apenas sua cueca boxer deixando seus 1,80 metros de altura com seus músculos à mostra para quem quisesse ver.

O maquiador chegou para aprontá-lo. Pegou a taça com cerveja champanhada, presente de seu pai: William e de seu sogro: Gustavo, e deu um gole.

- Boa tarde, Sr. Fuller. – cumprimentou o jovem maquiador, super tatuado.

- Por favor, pode me chamar de Mack. Vamos deixar a formalidade só para a hora da cerimônia. – Apesar de ser norte-americano, articulava um português impecável. Morava no país desde seus 15 anos de idade. Abriu um largo sorriso e sentou-se na cadeira especialmente colocada na frente do gigantesco espelho bisotado.

O fotógrafo e o cinegrafista registraram todo o processo da maquiagem até terminar de vestir-se. Tanto seus cabelos, como sua pele e sua sexy barba por fazer já tinham sido devidamente registradas mais cedo no mesmo dia.

Seu traje era tipicamente indiano, muito embora a cerimônia não fosse ser realizada no estilo. Seu sherwani, a parte de cima do traje, era de cor creme, com bordados dourados delicados. A calça, chamada de churidaar, era totalmente lisa e sem bordados. O dupatta, uma espécie de estola, era de um tecido translúcido creme bem leve com franjas de corda-de-seda misturando preto e dourado. E o calçado, o juti, acompanhava a cor da calça, porém tinha detalhes dourados.

Ficou admirando-se em frente ao espelho por alguns minutos. Estava belíssimo. O traje tinha sido encomendado diretamente de uma tradicional loja na Índia e os ajustes foram feitos pela mãe de seu melhor amigo, que era uma exímia costureira indiana.

Na outra ala da mansão, Henrique Gabriel Lopes, futuro Lopes Fuller, tinha o mesmo ritual. A diferença estava em seu traje, apesar de ser indiano também, optou por outras cores: o sherwani era azul real com bordados delicados dourados e botões dourados, o churidaar era azul Tiffany, bem como seu juti, ambos lisos e sem detalhes, exceto pela gota de madrepérola pendurada no bico do calçado e seu dupatta era de seda branco com as franjas de corda-de-seda branca.

Mesmo sendo um poço infinito de calma e serenidade, como seus amigos e familiares o classificavam, estava uma pilha de nervos. Por dentro estava provavelmente muito mais nervoso. Estava já vestido e acompanhado por seu melhor amigo: Kaito, um japonesinho que veio morar com os avós no Brasil desde muito pequeno. Eram amigos de infância.

- É mais fácil chegar o final do ano que a hora de descer! – reclamou Henrique. – Pior que não quero me sentar para não amarrotar a roupa.

- H. Tenta relaxar, faltam só alguns minutos. Para quem esperou quinze anos para se casar, pode esperar mais um pouquinho. – Kaito riu. O jovem japonês tinha olhos azuis naturais. – Vou descer para tomar o meu lugar.

- NÃO! Pelo amor de Deus, não me deixa aqui sozinho ou posso ter um colapso nervoso.

- Rapaz, eu nunca te vi assim.

- Nem eu, K-San. Olha isso! – mostrou as mãos trêmulas. – Era exatamente por esse motivo que eu queria uma cerimônia mais íntima, só nós dois, nossos pais, os irmãos de Maxie e nossos amigos mais próximos, e não esse circo todo.

- Ei! Hen, vem cá meu amigo... – Kaito começou a desabotoar o sherwani de Henrique que deu um passo para trás. – Calma, rapaz! Confia em mim, por mais que você seja atraente, e você é... e por mais que você seja irremediavelmente apaixonado por mim, você é meu melhor amigo e eu não quero estragar isso.

- Cala a boca, K-san. – Henrique sorriu sem jeito.

Kaito tirou a vestimenta superior do amigo e se abraçaram.

- Achei que estivesse precisando disso. – sussurrou no ouvido do futuro Sr. Lopes-Fuller.

- Obrigado por aguentar minhas neuroses.

- Suas neuroses?! Henrique Gabriel, você é a pessoa mais centrada, equilibrada, calma e zen que eu conheço. E olha que eu sou oriental. O que você está tendo é o nervosismo típico do casamento.

- Esse é seu diagnóstico oficial, Dr. Kaneko?

- Definitivamente, meu amigo. E estou falando tanto como amigo, quanto como psicólogo. – segurou com carinho as duas mãos de Henry. – Hen, tudo isso pode parecer opressivo, e no caso de vocês dois com as suas mãe-zillas é; mas veja por esse lado... qual é a melhor maneira de celebrarem esses quinze anos de união que já existe entre vocês dois. Não é nada mais que merecido e justo, não acha?

- Como é bom ter um melhor amigo psicólogo.

- Só assim para o meu currículo servir de alguma coisa. Mas sério, quer que eu veja com seu pai alguma coisa para te ajudar a acalmar?

- Não posso ficar sob efeito de entorpecentes antes da cerimônia, né? Só mantém minha mente fora desse estresse enquanto meus pais não chegam. E me ajuda a colocar de volta o sherwani.

- Antes de mudar de assunto, você ficou lindo nessa roupa indiana.

- Obrigado, K-San.

- E muuuudando de assunto: Saiba que já terminei de arrumar as coisas na casa nova de vocês, quando voltarem da lua-de-mel, até eu já estarei lá.

- Decidiu ir?

- Meus avós vão voltar para o Japão, morar com minha mãe. Não tenho nada que me prenda aqui. Além do mais, você não sobrevive uma semana sem mim. E além do mais já vi o lugar perfeito para montar meu consultório: junto do seu!

- Tá mais para você não sobreviver uma semana sem mim. – o amigo fez uma careta e sorriu em seguida.

- Concordo com um empate técnico, ok?

- Tudo bem. – foram interrompidos por Gustavo e Helena que entraram já alinhados e prontos para levar o filho para a cerimônia. Iriam entrar os três pelo corredor, sua mãe de um lado e seu pai do outro.

Gustavo, um cirurgião plástico de renome, trajava um Kurta, uma versão mais formal do sherwani, azul petróleo, sem grandes muitos detalhes, porém com um colar, mala como é conhecido na Índia, de contas de madrepérola e lápis lazuli para combinar com o traje do filho. Um traje sóbrio. Sua mãe usava um sari verde esmeralda e dourado.

- Meu filho! Você está absolutamente incrível. – Henry, como era chamado pela maioria dos seus amigos, parecia um príncipe tirado de contos de fadas. Cabelo castanho escuro atipicamente arrumado, usando uma maquiagem sóbria marcando bem seus olhos.

- Obrigado, mamãe. – seus olhos começaram a se encher d’água, bem como os dela. Seu pai caminhou até ele e com um lenço enxugou com delicadeza suas lágrimas que ainda não tinham rolado.

- Não vai querer acabar com sua maquiagem, não é? – sorriu.

- É à prova d’água. O maquiador me garantiu que eu poderia derramar um oceano que permaneceria perfeito. Ele seguiu à risca as instruções de Justie.

- Eu pensei que era perfeccionista, mas ela elevou o nível do jogo. – todos riram. Kaito se aproximou e colocou as mãos sobre os ombros do amigo.

- Vou descer. Te vejo lá embaixo e se acalma, vai dar tudo certo. – abraçou suavemente Henry para não amarrotar o traje.

- O que foi isso, Henry? – perguntou o pai.

- Só nervosismo natural de casamento, segundo nosso psicólogo oriental.

Tiraram um punhado de fotos e desceram calmamente as escadas para o foyer da mansão e se dirigiram para a área da cerimônia.

A música escolhida por Henrique para sua passagem começou a tocar e os convidados viraram-se imediatamente para olhar. A celebrante estava ao centro aguardando, e em sua frente havia uma mesa onde havia duas ânforas pequenas de vidro com areia colorida com um jarro maior de vidro ao centro.

Henrique e os pais pareciam deslizar pelo corredor, lentamente ao som instrumental e mais lenta que o usual de Stand by me. À frente deles o filho de Kaito, vestia um terno idêntico ao dos seguranças do evento e carregava uma réplica de maleta militar prateada, onde estava uma das alianças. O pequeno Sora caminhava com ar sério, seu Ray Ban Aviator infantil e um headset falso na orelha. Roubava a cena ao som de vários “Que coisinha mais fofa!” e risinhos.

A Golden hour[1] se aproximava no “quase” verão carioca, talvez por conta disso o clima ainda não estava tão quente, pois a brisa marinha soprava um vendo um pouco mais fresco.

Tomaram suas posições ao lado direito do altar. E a música mudou suavemente para a versão instrumental de uma música que marcava o casal: A Thousand Years. A escolha das canções foi mantida em total segredo um do outro para que os pegassem de surpresa.

Nos primeiros acordes Henrique já identificou e teve que se segurar para não se emocionar. William, o pai, usava um sherwani preto tão sóbrio quanto do pai de Henrique, enquanto Justine usava um sari branco e lavanda com bordados prateados.

Apesar dos pais e dos noivos utilizarem roupas típicas indianas, não era a temática do casamento. O traje havia sido escolhido por Henrique que achava mais bonito e interessante que o tradicional.

Maximus apareceu com os pais no corredor e os olhos dos noivos se encontraram. Sua sobrinha mais nova, Marie – que tinha a mesma idade de Sora – usava um sari idêntico ao de sua avó e carregava a outra aliança encaixada em um dos braços da estatueta de Ganesha. Obviamente que também arrancou os mesmos elogios de todos os presentes.

O outro noivo parecia um Deus nórdico com roupas indianas. Já tinham chegado mais de cem convidados e a única pessoa que ele enxergava era o seu Gabe, como ele costumava se referir à Henrique. E só ele podia chamá-lo assim, e como ele, teve que se segurar para não se emocionar com a música que trazia não apenas uma letra belíssima originalmente, mas tinha um significado muito especial.

Cada passo que ele dava na direção do altar, mais rápido seu coração batia. E com uma sincronia absurda, os dois deram as mãos e se viraram para o celebrante no momento em que se iniciava a Golden hour, o que fez o verdadeiro exército de fotógrafos e cinegrafistas pirarem com a beleza que isso proporcionava.

- Boa noite! Estamos todos juntos aqui hoje, nesse local e hora mágicos, para celebrar tudo de melhor que a vida pode nos oferecer: a confiança, a esperança, o companheirismo e o amor que nos cerca, e em especial que cerca esse lindo casal. – A celebrante era uma mulher que facilmente podia ser confundida com uma modelo de capa de revista. Longos cabelos pretos presos em um rabo de cavalo com uma mecha cor-de-rosa solta, vestido tomara que caia preto longo e uma maquiagem que ressaltava seus olhos azuis. – Todos vocês foram convidados para não apenas testemunhar, mas também para compartilhar este momento com Maximus e Henrique por serem as pessoas mais importantes para eles. O respeito, a compreensão e o carinho que mantém esse relacionamento de 16 anos tem suas raízes no amor que cada um de vocês deram a este jovem casal. Por isso, é uma honra imensa para os noivos contar com a sua presença não apenas aqui, hoje; mas em toda essa caminhada. Vocês são parte insubstituível do seu ontem, do seu hoje e de todos os seus amanhãs.

Mack acariciava as mãos do seu noivo de forma carinhosa, porém um pouco tensa. Bastou apenas um suave aperto da mão de Henry para que se acalmasse levemente.

- Eles escolheram um ao outro como sua família lá atrás e hoje comemoram essa jornada que perdurará pelos anos que se seguem e que continuará crescendo e florescendo cada vez mais. Pois o casamento e a união é uma caminhada rumo a um futuro que envolve renunciar a quem somos individualmente em prol de tudo que seremos juntos, como um só. – A celebrante deu uma breve pausa, e começou a ser acompanhada por um violino suave ao fundo. – Quem poderia imaginar que depois desse tempo todo, depois de todas as dificuldades impostas por seus trabalhos, estudos, e pela sociedade também, que hoje seria possível que estivessem aqui hoje oficializando uma história linda que sempre existiu? Quem poderia imaginar que aquele passeio de férias no sul, que aquela aventura secreta, que um certo beijo roubado escondido resultaria nisso tudo aqui?

Outra breve pausa. Desta vez os padrinhos e madrinhas se aproximaram com alguns itens e colocaram sobre a mesa ao centro entre a celebrante e o casal: duas velas, um incenso, um prato rústico de madeira com sal grosso, um punhal cerimonial e um galho fino, um cálice com água, um réchaud com óleo de rosa e uma pequena drusa de cristal de quartzo, uma longa corda feita com macramê preta, branca e dourada, uma pequena travessa com pão rústico e um cálice de vinho.

Os pais e padrinhos do casal deram as mãos e formaram um círculo em volta. A celebrante, colocou as duas alianças por cima do sal grosso e ergueu o prato solenemente.

- Encostem suas mãos direitas no sobre as alianças. – ambos seguiram com o ritual. – Abençoados sejam pelo antigo e místico elemento terra. Que a Deusa do Amor em toda sua glória abençoe-os com amor, ternura, felicidade e compaixão pelo tempo que viverem ambos e além.

Retornou o prato à mesa. O casal virou-se de costas para o pôr do sol e a celebrante envolveu ambos com a fumaça do incenso continuando o ritual. Um dos padrinhos tocou um sino que tinha um som belíssimo três vezes.

- Abençoados sejam pela fumaça e pelo sino. Símbolos do antigo e místico elemento ar.

O casal então voltou-se para o sul e a celebrante entregou uma vela para cada um e pegou o galho segurando-a acima da cabeça dos dois.

- Abençoados sejam pela varinha e pela chama, símbolos do antigo e místico elemento fogo. Que a Deusa do amor em toda sua glória abençoe-os com harmonia, vitalidade, criatividade e paixão pelo tempo que viverem ambos e além.

Retornaram com as velas e o galho para a mesa e voltaram-se para o pôr do sol. A celebrante pegou o copo de água, saudou ao sol e salpicou a cabeça deles com a água consagrada enquanto falava:

- Abençoados sejam pelo antigo e místico elemento água. Que a Deusa do Amor em toda sua glória abençoe-os com a amizade, a intuição, o carinho e a compreensão pelo tempo que viverem ambos e além.

Serviu Maximus um gole da água e em seguida Henrique. E retornou com o cálice à mesa. Molhou os dedos médio e indicador no óleo de rosa no réchaud e untou as testas do casal. Segurou o cristal acima da cabeça deles e continuou.

- Que a Deusa do Amor em toda sua glória abençoe-os com a união, a honestidade e crescimento espiritual pelo tempo que viverem ambos e além. E que a magia do seu amor continue a crescer pelo tempo que permanecerem juntos no amor, pois o seu casamento é uma união sagrada de todos os aspectos da divindade.

Retornou o cristal à mesa e salpicou as alianças que estavam por cima do sal grosso com a água do cálice.

- Pelo sal e pela água eu purifico e limpo estes belos símbolos do amor. Que todas as vibrações negativas, impurezas e obstáculos sejam afastados daqui e que penetre tudo o que é positivo, terno e bom. Abençoadas sejam essas alianças no nome divido da Deusa. Assim seja. – A celebrante virou-se para Henrique e acenou com a cabeça, segurando o punhal cerimonial com a mão esquerda e com a outra mão espalmada em sua direção.

- Quando nos encontramos pela primeira vez, o que eu deveria ter dito era: Você é muito mais do que eu poderia imaginar. Poderia ficar aqui, nesse lugar, completamente imóvel, apenas olhando para você e me sentir extraordinariamente feliz para sempre. Era isso que eu queria e deveria ter dito. – Respirou fundo e continuou, já com a voz falhando. – Nunca acreditei nisso de duas metades da mesma laranja, ou cara metade... você me faz sentir mais... muito, muito mais! Somos almas gêmeas.

Teve que enxugar as lágrimas que já desciam e atrapalhavam a leitura dos votos. Mack sorriu igualmente emocionado e ajudou.

- Quer saber o que ainda me faz ser completamente apaixonado por você e ter a certeza de que passaremos o resto da eternidade juntos nessa e nas próximas vidas? Você tem um sorriso que só eu tive o privilégio de ver, é gostoso, é doce, é lindo... não um sorriso qualquer, é um que me enche de felicidade; Ser abraçado por você me faz perder completa noção do tempo, não dá vontade nem de me mexer, só sentir e deixar tudo passar; Não importa que eu te diga que está tudo bem, você sabe só de me olhar quando as coisas estão realmente bem... – teve que parar por mais uns instantes para recuperar o fôlego e a voz. – Porque você já me viu nos meus momentos mais fortes e nos mais vulneráveis, e sempre esteve ali – implacável ao meu lado e do meu lado; Meu coração escolheu você para cuidar ele, é onde ele se sente protegido, é onde eu simplesmente posso ser, sem me preocupar com julgamentos, opiniões, críticas... Posso existir sem medo. Olho para você e enxergo nada além da pessoa que faz esse mesmo coração bater totalmente fora de ritmo ainda hoje, e não – eu não estou nem nunca ficarei cansado de te olhar ou te tocar. Por isso tudo tenho que te pedir como já é de costume: Posso te amar ainda mais?

- Pode, meu Gabe. – sussurrou Mack para ele enxugando novamente os olhos de Henry e os seus em seguida.

- Então, eu prometo mais uma vez, meu Maxie, que enquanto houver um sopro de vida em minha existência que eu vou te amar, vou cuidar de você, vou estar sempre ao seu lado e do seu lado – sempre que você precisar ou não. Vou continuar tentando te fazer a segunda pessoa mais feliz do mundo, porque você já faz com que eu seja o número um. Vou continuar sendo seu amigo, seu companheiro, seu acompanhante, seu protetor, seu homem. Seu... e só seu. E, principalmente, prometo que vou te amar sempre e cada vez mais. Te amei por mil anos, e te amarei por mais mil, e outros mil e mais e mais. – largou os papéis e as crianças foram correndo pegar instintivamente, o que arrancou risos dos convidados. Pegou as mãos de Maximus, beijou cada uma delas várias vezes antes de continuar, colocando a aliança no dedo dele. – Te amo de montão e sou seu por toda a eternidade.

Aplausos fervorosos, assobios e muitas lágrimas rolavam. Mack, o mais emocionado de todos, beijou a testa de Henrique.

- Uau!... Será que consigo fazer jus ao que você disse? Provavelmente não vou falar tanto quanto você, meu tagarela predileto... –brincou nervoso. As mãos estavam trêmulas ao receber os papéis com seus votos das mãos de seu amigo e padrinho. – Mas vou tentar ... Amar você, Gabe, é muito mais que um fato. É uma honra. Mas vamos com calma... Eu sempre quis a felicidade, eu sempre soube o que era, mas nesse mesmo dia que nos encontramos pela primeira vez, percebi que na verdade eu estava redondamente enganado.

Foi a vez de Henrique enxugar as lágrimas de Mack.

- Quando nos cruzamos pela primeira vez e nos apaixonamos instantaneamente eu pude então perceber a felicidade por outra perspectiva: pela alegria, pelo amor... ser feliz se tornou algo diferente, tomou um rumo diferente. Você, e só você, se tornou meu centro gravitacional. Meu porto seguro. Minha própria existência está condicionada em estar ao seu lado, em fazer você se sentir a pessoa mais feliz, e pelo que você falou estou cumprindo com minha missão. – improvisou essa parte lembrando-se do que Henry tinha falado instantes atrás nos seus votos. – Mas tenho que te corrigir em uma coisa: acho impossível você ser o número um no quesito felicidade, porque o que você me proporciona é muito mais que qualquer pessoa seria capaz de imaginar. Como chegamos a um impasse, podemos declarar como empate?

Henrique apenas balançou a cabeça afirmativamente as lágrimas rolavam sem qualquer filtro.

- Ótimo. – sorriu. – Fato é que, depois que tivemos coragem de assumir para nós mesmos que estávamos apaixonados um pelo outro eu só sei sorrir. Sorrir com verdade, sorrir com o coração. Sim, você é responsável por esse universo que se expandiu dentro de mim. Por toda essa felicidade, por todos esses sorrisos sem fim, por toda essa alegria que tomou conta da minha vida, por toda a coragem que me fez decidir não voltar para casa... porque na verdade eu já estava em casa. Você é meu lar. E ter decidido enfim celebrar a nossa união oficialmente, mesmo que eu estivesse reticente no início, saiba que por você eu faria isso mil vezes ou mais.

Pegou a aliança, a beijou e começou a colocá-la no dedo de Henrique.

- Eu prometo, e você sabe que minha palavra é meu bem mais precioso depois do nosso amor, que estarei sempre ao seu lado, em todos os momentos, em todas as quedas e todas as conquistas. Te amo com toda a minha alma. Sou seu por toda a eternidade.

Se abraçaram com força.

- Te amo. – sussurrou Mack no ouvido do Henrique.

- Te amo mais. – retribuiu o sussurro.

A celebrante pegou a corda da união, colocou por cima do sal grosso no prato, salpicou com a água consagrada. Os dois voltaram para as posições originais, porém agora de mãos dadas. Deu uma extremidade para Henry e a outra para Mack.

Os dois fizeram o primeiro nó na corda juntos, ficando bem no meio do comprimento da corda.

- Pelos nós nesta corda seja o seu amor unido. – proferiu a celebrante. – Peço aos presentes que a cada nó, nós falamos a palavra amor. Unam suas mãos.

Seguraram um a mão do outro, a mão esquerda, onde estavam as alianças. A celebrante se colocou entre eles e a mesa desta vez. Pegou a corda e envolveu a mesma nas mãos e nos antebraços dos dois, terminando com três nós onde a cada um todos proferiram a palavra solicitada.

- AMOR! AMOR! AMOR! – todos falaram em coro.

Permaneceram em silêncio por um minuto e retirou a corda das mãos do casal. Retornando todos às posições originais. Os dois ainda de mãos dadas e se olhando sem desviar para nenhum outro lugar.

O olhar deles transmitia todo o amor que sentiam um pelo outro. As mães, e até mesmo seus pais, estavam emocionados.

A celebrante pegou um pequeno pedaço do pão, molhou no vinho e deu a cada um dos noivos.

- Pelo poder da Deusa e de seu Consorte, perante seus pais e seus padrinhos, eu vos declaro marido e marido pelo tempo que viverem ambos e além. Que vivam juntos no amor. Assim seja. Podem se beijar agora.

Maximus não se segurou mais, passou suas mãos pela lateral do pescoço de Henrique e o puxou para si, dando um beijo apaixonado. Ele era um pouco mais alto que Henry, que teve que ficar um pouco na ponta dos pés.

Depois de assinarem os papéis, tiraram algumas fotos para aproveitar o final da Golden e da Blue hour. E se dirigiram para o local onde fariam a abertura da recepção. Os convidados estavam todos espalhados e chegando ainda alguns.

Foram aplaudidos quando passaram pela entrada principal do salão.

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