– Livy... Pare de se torturar... Por favor, vamos... –Eu escutava aquela voz amigável de longe, mas tudo que conseguia sentir era a minha angústia devastadora. Olhei para o lado e vi a minha filha dormindo na minha cama. Ela tinha o rosto mais angelical do mundo, e aquela poderia ser a última vez que eu a veria por algum tempo. Meus lábios estavam quase brancos, ressecados. Eu parecia quase a mesma Livy Clarke de antes. Havia um cabelo bagunçado, as roupas do meu marido presas ao meu corpo e dentes sem escovar. Talvez eu tenha perdido algum peso, já que não conseguia comer a algum tempo. Segurei o controle da televisão e aumentei o volume. – Por favor, Juan. Me deixa. Você não tem um encontro para ir, ou algo assim? Ele me encarou, colocou as mãos na cintura. – Por que você está agindo assim? Você não é esse tipo de pessoa. Você não é cruel. Você não fala essas cretinices. Eu senti meus olhos ardendo como fogo. Levei minhas mãos ao rosto e as cobri. Ok, eu podia não ser cruel, m
Mais uma garfada. Eu estava começando a ficar enjoado. Sem apetite, eu observava aquela refeição na minha frente, enquanto olhava para a porta de entrada mais uma vez. Arranquei o guardanapo e limpei minha boca, depois olhei para o relógio grafite no meu pulso e fiquei irritado. Uma hora e meia havia se passado, e eu ainda esperava por ele, como um Imbecil. Um talão de cheques no bolso, e muita conversa. Era assim que eu pretendia salvar a minha mulher, como ela me salvou um dia. Poder, era o que nós tínhamos. Nós comprávamos pessoas, e eu tinha todo o dinheiro do mundo. Eu tinha a minha empresa se ele desejasse. Tudo... Tudo menos Livy na prisão. Eu odiava a ideia disso, e pensar que alguém a jogaria numa cela escura, bem longe de mim, era o pensamento mais recorrente, e que não me deixava fechar os olhos a noite. Encarei a porta mais uma vez. Ainda nada... Eu estava resmungando sozinho. Irritado... maldito Imbecil, por que não veio? Para que todo esse show, se pode ter o que quise
Hardin... Livy Clarke correu na minha direção. Eu podia sentir o cheiro gostoso do seu corpo de qualquer lugar. Sorri para ela, mas o meu humor estava péssimo! Não importava o que havia acontecido naquele jantar, Daren podia não estar mentindo sobre isso. Eu a segurei no meu colo, tocando nas nádegas quando a levantei no ar. Aquela mulher era tão doce, e quando me beijou, senti que uma parte do meu dia ruim desapareceu. O gosto levemente amargo de sua boca, parecia misturado a algum tipo de álcool que não parava de exalar. Eu desci o meu beijo até o seu pescoço, e a pressionei, enquanto ela ainda estava sentada na bancada da nossa cozinha.Um jogo de panelas caiu no chão, e eu comecei a praguejar palavras inaudíveis. – Vai acordar todo mundo...Livy Clarke riu muito alto. – Nãaao! Não vai!Eu me afastei um pouco. – Você está bêbada? – Não? – Livy mordeu a ponta do dedo, e sorriu. – Talvez um pouquinho? – Os dedos gesticulavam a quantidade em que havia bebido, mas ninguém acabava n
– O que você fez com ela? – Juan levou as mãos até a boca e depois as cobriu. Eu só tinha olhos para a minha Livy, não precisava de um idiota me questionando sobre o que aconteceu. – Livy? Acorda! Livy? – Eu tentava não fazer movimentos muito bruscos, mas quando ela se mexeu, eu me desesperei. – Amor? Amor? – Uma angústia começava a substituir todos os sentimentos ruins que eu sentia. – Livy? – Fique bem longe dela! – Juan se lançou nas escadas. E aquelas roupas? Ah, elas não importavam. – Chamem a ambulância! – Eu gritei. Uma das funcionárias se virou e saiu correndo, em direção a algum telefone fixado na parede da minha sala. – Vou já, senhor! Juan arrancou as minhas mãos dela. Eu estava tentando me manter o mais paciente que podia. Tinha prometido a Livy que nunca mais tocaria nele. Mas nesse momento não conseguia pensar em nada além de socar a cara dele na escada. Me levantei e a peguei no colo. – Solta ela, seu idiota. Não sabe que não pode move-la! Eu o encarei. – Você n
Meus olhos jamais seriam capazes de expressar o quanto eu estava em desespero dentro de mim. Meu corpo parecia uma prisão. Um inferno. Eu sentia vontade de arrancar a minha pele e correr. Correr para bem longe. O mais distante que eu pudesse. Olhei para aquela médica sem acreditar no que ela falava. As palavras pareciam confusas e loucas. – O que disse? A minha mulher está gravida. Sem jeito, ela ajeitou seu oculos que escorregava pelo nariz. Me encarou com pesar, e eu soube que as notícias não eram boas. – Oh, vejo que o senhor não sabia ainda. Talvez ela estivesse esperando por um momento especial... – A mulher sibilou. – Bom, a gravidez não foi planejada. Vamos torcer para que ela nem mesmo soubesse. – O que aconteceu? O bebê se foi? – Os meus olhos se encheram de lagrimas quando disse aquelas palavras dolorosas. Eu não podia acreditar que estava passando por aquele pesadelo. Talvez eu merecesse um castigo assim. Mas Livy? Livy Clarke foi um anjo que caiu na minha vida por acide
Juan jogou seu corpo para trás. So mais dois passos para bem longe de mim, e estava fora de perigo. Eu estava por um fio de quebrar a minha promessa. Os olhos dele se encheram mais de lagrimas. O branco foi preenchido pela vermelhidão, e ele me olhou com todo o ódio que eu sabia que existia a muito tempo. – Você quer me culpar pelas coisas que fez. Mas deixa eu te dizer uma coisa! Ela esta a infeliz. Ela queria te deixar. Aquilo me atingiu como um soco, e não importou o quão fraco Juan fosse. – Me deixar? – Sussurrei. – Ela te disse isso? Um leve sorriso vindo dele. Eu não precisava de respostas. – O que acha? Minh cabeça tombou para baixo. Eu podia acreditar nele? A minha Livy não estava feliz ao meu lado? Provavelmente, ter dito sobre como eu havia mentido para ela não fosse de alguma ajuda. Eu estava em uma angústia sem fim. O encarei – Quando ela te disse? – Eu não tenho que dar explicações. Agora eu sei... Ela estava sentindo isso. – Você está jogando a culpa para mim novam
Hardin... Eu não podia mais disfarçar meu semblante de angústia. O que estava acontecendo com a minha mulher? E por que ela ainda me olhava como se eu fosse tudo que ela tinha no mundo, mesmo depois do que eu a ouvi falar com seu melhor amigo? Eu sabia que não havia mais admiração. E eu a magoei, e abandonei nos piores momentos, e por mais que ela se sentisse culpada por me julgar também, sabia que eu havia sido um crápula desde o princípio. Olhei para a médica que segurava sua prancheta na mão. Ele também parecia surpreso com o que estava acontecendo ali. Livy falava como se ainda pertencesse ao passado. A cabeça... Livy bateu a cabeça. E se ela ficar assim para sempre? Não, eu não suportaria isso. Seria o meu castigo mais cruel. – O que está acontecendo com ela? Por que está falando desse jeito. Ela me encarou. – Cirurgias neurológicas podem deixar os pacientes muito confusos. Preciso fazer mais alguns exames. Será que poderiam... – Ela indicou a saída. Eu andei primeiro. Não s
Livy Clarke. Me levantei da cama de hospital, praticamente saltando sobre ela. Eu estava atrasada para o trabalho. O senhor Hardin provavelmente acabaria ficando com raiva de mim. Eu não estava pretendendo ser demitida. Eu precisava desse dinheiro, e agora, sem um bebê, não tinha mais nada no mundo. Nada pelo que lutar, ou pelo que sentir vontade de acordar no dia seguinte. Mas eu sabia que havia errado com ele, e não podia acontecer mais uma vez. Juan estava deitado em uma cadeira, logo a minha frente, então, fiquei a ponta dos pés e caminhei devagar. As roupas do hospital não serviam para cobrir o meu corpo completamente. Eu sentia o meu coração acelerado, ao fugir do hospital. Talvez fosse um misto de confusão, talvez eu soubesse que estava fazendo besteira. Mas, por dois minutos, e ele me colocaria para fora outra vez. Quando cheguei na rua, as pessoas me olharam. Eu nunca tinha chamado atenção assim antes, mas aposto que a roupa de hospital fazia com que eu parecesse uma lo