Livy Clarke Me sentei a mesa do meu chefe, folheando os documentos da reunião. O senhor Hardin sempre foi conhecido por sua aparência impressionante e seu jeito rude e decisivo, e agora eu entendo. Nem mesmo o olhar arrogante dele foi direcionado a mim. Eu não merecia nem mesmo o desprezo? Sentada logo a frente dele, podia ver os olhos fixados nos papéis sobre a mesa. Enquanto isso, eu passava a observar o corpo desenhado por baixo de um terno feito sob medida. Ele era tão lindo como um anjo do pecado. Os olhos azuis dele invadiam a tela do laptop, enquanto os dedos deslizavam vigorosos sobre o teclado. Os meus olhos acompanhavam cada movimento das mãos, ávidos e com inveja. Eu sei, a gravidez está começando a me enlouquecer. Sem sequer me olhar, o senhor Hardin abriu a boca. – Sr. Clarke, se prepare. Temos um almoço de negócios hoje. Será em uma hora. Arregalei os meus olhos. Meu coração estava tão acelerado. Eu sabia que ele não olhava para mim a algum tempo, mas eu não consegui
Ele parecia confuso. Ainda tentava processar a frase que eu havia acabado de dizer. Talvez soasse como um grande absurdo que o senhor Hardin estivesse nervoso sobre algo, mas não havia como retirar o que eu disse. – O que?Os meus olhos estavam arregalados, e a minha mão tremula. – Desculpe. Um soco na mesa, e o meu corpo pulou para trás. O barulho atraiu as pessoas ao redor. – Pare de pedir desculpas, Srta. Clarke! Apenas pare! – Desculpa! – Minha mão cobriu a minha boca, mas eu já havia dito. A cabeça dele virou lentamente, até que os olhos enviesados de raiva me alcançaram. Mas havia algo em meio a imensidão azul. Algo que eu não conseguia identificar. Algo como uma palavra não dita... Meu rosto havia se transformado no mais puro pavor, e eu podia jurar que ele me achava mais feia agora. Meus olhos arregalados já estava começando a se tornar algo comum no meu rosto. Eu definitivamente não tinha dias entediantes desde que entrei para a RageTech. Eu podia ver a veia que pulsava
Olhou nos meus olhos humilhados uma última vez antes de sorrir para mim, com seus dentes brancos cheios de deboche. Meu coração estava gelado e dolorido naquele instante e eu sabia que poderia chorar. Os meus hormônios... Há, eles definitivamente não me ajudavam. Mas o Senhor Hardin se virou para o rapaz que exibia um largo sorriso no rosto. Parecia que uma vitória zombar da feia grávida. Eu provavelmente era motivo de piadas por frequentar um lugar como aquele. – Você é engraçado! – O senhor Hardin revelou, deixando dois tapas agressivos no ombro daquele homem. Os olhos do rapaz foram direto para as mãos do meu chefe, e ele já não estava mais rindo. Seu semblante havia sido substituído pela mais pura confusão no olhar. – É... – Ainda havia uma certa diversão nos olhares. – Peça desculpas! – O senhor Hardin disse. O homem liberou uma gargalhada sonora mais uma vez. – Você também é bem engraçado! O senhor Hardin sorriu para ele. Sorriu de um jeito sedutor que fez as mulheres ao
Hardin Holloway O almoço havia saído melhor que o esperado. A senhorita Clarke podia ser considerada um gênio por me fazer lucrar muito mais que o esperado, mas nem mesmo a minha admiração faria com que eu esquecesse do pesadelo grotesco. Imaginar que a beijaria parecia o pensamento mais ridículo que já passou pela minha cabeça. Eu estava inquieto desde que aquilo havia acontecido e ainda me perguntava o motivo para ter sonhado com tamanho absurdo. Talvez a falta de sono tenha algum tipo de influência sobre esses pesadelos terríveis, ou talvez o que Eliot havia dito... Me lembrei do número guardado na minha carteira, da última vez em que saí para beber com o meu melhor amigo... – Srta. Clarke, venha a minha sala por gentileza. Não demorou mais que dez segundos para ela estar de pé na minha frente. Pés... Foi o que eu consegui encarar quando ela entrou na minha sala, e eu sabia que aquilo a incomodava pela maneira como ela tentou esconder os sapatos feios. – É por que eu estou gr
A sala de jantar estava elegantemente decorada, com velas acesas e uma suave música ao fundo. Quase não havia casais em uma hora como aquela, e era bastante evidente o motivo. Desviei a minha atenção da mesa reservada e me direcionei ao bar. Olhei para o relógio e era exatamente oito e meia. Eu deveria esperar meia hora por uma mulher que eu nem mesmo desejava. Ela era como todas as outras: um passa tempo. Pedi o primeiro drink as oito e cinquenta. As nove, eu estava completamente entendido com a minha segunda dose. Olhei novamente para o relógio e passava das nove e meia. Eu estava pronto para ir, e para entornar o último gole do Whisky de malte único, quando uma mulher de rosa entrou pela porta do restaurante. Loira, alta, e magra. Eu sabia que pernas como aquelas não pertenceriam a uma mulher que não fosse propositalmente a procura de um milionário. Falando com o Meître, os olhos azuis dela se viraram ao meu encontro, e eu estendi o copo na direção dela. O vestido rosa gritava
– Bem, você mesma disse que é eficiente. Você claramente é uma predadora. Nada contra, mas eu gosto de mulheres menos... Oferecidas. Ela se levantou, recolhendo o casaco. – Eu nunca fui tão insultada na vida. Ainda mais por um bêbado. Você é muito desagradável, e eu desejo uma péssima noite. – Eu desejo criatividade a você. – Ela se virou para sair, e eu podia ver a fumaça que saia de suas orelhas adornadas de brincos que algum imbecil presenteou. – Me avise se quiser clientes. Conheço empresários que adorariam você! Ela olhou para trás, o que a fez se bater com um jarro de flores. Eu estava realmente mal humorado, mas agora estava rindo dela. Entornei a última dose e resolvi ir para casa. Nem todo álcool me faria esquecer. Estava de pé quando as minhas pernas falharam. Eu sabia que provavelmente havia bebido demais e me arrependeria amanhã. – Senhor? – Um garçom me ajudou. – Esta bem? – Sim, traga a chave do meu carro. – O seu motorista está lá fora? – Eu o dispensei hoje. –
Aquela não era uma posição confortável para uma mulher com a barriga tão grande dirigir, mas eu ainda tentei ajustar o máximo que consegui. Carros luxuosos... Isso não era novidade. O meu falecido sogro sempre deixava que eu dirigisse os carros em sua garagem. Qualquer um... Eles eram estranhamente familiares. Este carro era estranhamente familiar, como se eu reconhecesse o cheiro, as cores, e até mesmo o acento que estava sentada agora. Meus pés alçaram o pedal de aceleração, e o outro estava na embreagem. Eu já poderia seguir. Minhas mãos pequenas estavam no volante, e eu sabia que os meus dedos estavam dolorosamente inchados naquele momento. Eu não deveria estar aqui. Deveria estar jantando na casa do meu amigo. Deveria estar me deliciando da maravilhosa refeição que o Juan havia preparado tão gentilmente. Deveríamos estar assistindo um filme, enquanto ele acariciava a minha barriga, como sempre costumava fazer nas ultimas vezes em que nos vimos.Eu sabia que o meu bebê não teria
Eu sabia! Sabia que me perderia naquela casa imensa assim que coloquei os meus pés na sala. Ainda estava a procura da cozinha, e sabia que quase vinte minutos já havia se passado, e eu continuava a andar. Por que ele não poderia ter uma casa normal como todo mundo? O meu apartamento minúsculo não era algo difícil. Fácil limpar, fácil cuidar, e impossível se perder. Quando finalmente encontrei a cozinha, tive certeza de que eu seria perfeitamente capaz de ter o meu filho no chão tão obsessivamente limpo, usando um dos talheres, se precisasse. Qualquer ser humano no mundo aceitaria uma cirurgia no lugar. Andei, com medo de que os meus sapatos acabassem sujando a perfeição daquele chão brilhante. As minhas mãos tocaram na cafeteira, e rapidamente eu tinha café em uma caneca. Ótimo, agora eu só precisava levar para o meu chefe e ouvir o quanto eu sou inútil por me perder em uma casa grande. Meus olhos estavam tão cansados. Eu estava exausta, e após ter dirigido por tanto tempo, precisa