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−Eu vou subir para o meu quarto.− Fátima anunciou, saindo o mais rápido possível. Virou as costas antes que alguém visse o véu de lágrimas que se formava nos seus olhos.

Logo que fechou a porta do quarto atrás de si, deixou-se cair na cama. Ia se lamentar sozinha; pensar no que fez de errado para não merecer compaixão dele. Ela tinha feito tudo por ele, menos nada. Deu tudo. Sua lealdade, o seu corpo, a sua paz.

Fátima olhava sem ler para o livro que tinha em sua mão. Coletânea de poemas de Rumi, tão profundos e emocionates, uma pêssima ideia ler enquanto com coração partido. Largou o livro no colo e passou os dedos pelo rosto, tentando conter a tempestade interior.

Uma batida suave a fey erguer os olhos.

−Oi...− Selsabil cumprimentou espionando através pela fresta da porta, um sorriso irreverent nos lábios. −Uau, estás com uma aura maravilhosa, a ler um livro.− Tentou soar optimista ao fechar a porta.

−Oi, Selsa.− Fátima força um sorriso, mesmo tão cansada de fingir.

−E então?− perguntou afastando os pés de Fatima com leveya, da cama para se sentar ao lado dela. −Desculpa não poder vir nos últimos dias... o hospital estava um caos, e tenho de estudar para alguns exames.−

−Não te de que. Precisava de um tempo para mim. Para pensar.− Fátima mostrou-se compreensiva.

−Esta mais calma.−Selsabil a observou por um instante, antes de apresentar sua tese final. −Yahya ainda não deu as caras?− Selsa questionou, Fátima abanou a cabeça.

−Será que alguma coisa aconteceu? Já fazem quase duas semanas.− Fátima parecia mesmo preocupada.

−Para de sentir pena dele.− Selsabil repreendeu. −Ele desapareceu porque sabe que a polícia o procura. Vai para à prisão.

−Mas ele não pode ter desaparecido assim, ninguem sabe onde ele esta.−

−Está a fugir, pois sabe que vai para a cadeia. Bem feito. −

−Não sabemos se foi ele…− Fátima tentou defender, mas até a sua voz soou pouco convicta.

−Ok, deixa estar. A justiça vai ser feita, se não foi ele.− Selsabil não estava ali para a convencer do obvio, logo mudou de assunto. −Para já, temos de nos diverter, vamos dar uma volta. Ala vem ai e podemos ir todas juntas, como nos velhos tempos. Três malucas a passear pela cidade.−

−Há quanto tempo não falo com a Ala.− Suspirou. −Ela é minha melhor amiga.− Disse esperando uma reação de Selsabil.

−Ai que me doi. Só porque ela sabe mentir melhor do que eu.− Reclamou.

−As vezes nem sei se és minha amiga, tu so ofendes quando abre a boca. E afugentava todos rapazes.− Gozou dela

−Eu sou a única de mente sã entre vocês. Alguém tinha de vos manter no caminho certo− disse orgulhosa.

Salam− A moça de um sorriso simpatico entrou no quarto e correu para abracar Fatima. Vestia um hijab rosa a combiner com um casaco de malha e jeans; Selsabil era a única que não vestia hijab entre as três amigas. −Fátima. Tudo bem contigo?− Abraçou a sua amiga, antes de a olhar com piedade.

−Tô bem.−

−Me perdoa, eu fui de viagem. Foi algo bem rápido. Eu queria estar aqui contigo.−

−Não faz mal. Eu só... só quero voltar para minha casa, não aguento mais ficar aqui. Minha mãe so fica me enchendo a cabeça com o discurso do “a juventude não sabe amar” e “no meu tempo é que era…”.− Fátima revirou os olhos.

−Você não vai voltar para ele, Fátima.− O que era para ser uma sugestão saiu como uma ordem dos lábios de Ala.

−Até Ala concorda comigo.− Selsa diz vitoriosa. −E eu não disse nada.

−Eu só quero ir para minha casa. Não disse que quero voltar para... o tal gigolô, que saiu sem nem levar nada.− Fátima deu um sorriso cínico.

−Ok, mas nós vamos contigo.−

−Eu não vou fazer nenhuma estupidez. Não precisa me controlar.− Fátima disse na defensiva.

−Não é questão de controlar, Fátima. Só para te fazer companhia. Eu vou pra casa falar com a minh mãe e arrumar algumas coisas.− Ala disse a abraçando. −Vamos nos divertir muito juntas.− Selsa juntou-se a elas no abraço.

— Vamos transformar este caos numa festa. — disse Selsabil, juntando-se ao abraço.

Logo que ela fechou a porta, Fátima sentiu-se em paz. O silencio não foi duradoiro. Ouviu o trinco ser manuzeado, voltou seu rosto em direção a mesma enquanto seu coração palpitava alto. Ela sabia que Ala e Selsa chegariam a qualquer momento, mas somente uma pessoa tinha a chave daquele apartamento.

Uma vez a porta aberta veio a vista uma figura alta masculina, de pele tão escura quanto a dela. O porte elegante. Um rosto lindo que lembrava Idris Elba, e um físico que deixava qualquer uma apaixonada. O homem abriu um sorriso cínico e sedutor, enquanto Fátima se segurava para não perder os sentidos ali mesmo.

Yahya.

O coração a queria correr até ele. A mente gritava para fugir. Ficou paralisada.

Ele voltou. Ela sabia que ele ia voltar. Seu coração dizia que ele ia deixar.

−Yahya...− Ela sussurrou sentido as palpitações de seu coração por todo seu corpo.

Ele se aproximou com um ar arrependido, com os olhos brilhantes de lágrimas falsas, estendeu sua mão.

−Meu amor, me perdoa. Me perdoa, por tudo...− implorou.

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