Prefácio
Dizem que quando uma criança dá o seu primeiro sorriso de alegria, um anjo cai do céu.
Ele cai do céu para ficar ao lado da criança escolhida até ela atingir a maioridade e ser responsável pelos seus atos.
Mariana nasceu naquela noite chuvosa de Janeiro e deu seu primeiro sorriso no mesmo dia, um ato considerado especial pelos anjos, pois é raro quando isso acontece.
Para um ato tão especial, foi escolhido um dos considerados melhores anjos entre eles, destinado a estar com ela e protege-la até o dia que poderá escolher partir.
Ele caiu do céu e se manteve em pé vendo-a sorrir nos braços da mãe. Ele sabia que iria amar e proteger essa criança como todos os anjos da terra fazem com seus protegidos, e como todas as outras crianças que cuidou um dia.
Iria estar com ela em todos os momentos de sua vida. Ali, naquele hospital ele fez uma jura. De que faria de tudo para tê-la a salvo de todo o mal que existe, pois ele sabe que o destino não vai ser tão bondoso com a pobre criança.
Gabriel só não contava que essa menina tão especial, com seus olhos grandes e castanhos, o conquistaria como nenhuma outra o fez, deixando dúvidas e desejos percorrerem seu corpo todos esses anos.
Mas só agora, a fraqueza e vontade tomaram seu corpo, não aguentando mais apenas protege-la ou olha-la de longe. Depois de anos, esse é o momento certo.
Agora ele precisava tê-la de verdade, e nem uma outra força seria capaz de detê-lo.
"Ainda que eu falasse a lIngua dos homens, e falasse a lIngua dos anjos, sem amor, eu nada seria."♤Mais uma vez acordei assustada sentindo aquela presença. Olhei ao redor eufórica e procurando-o, mesmo não enxergando nada devido ao breu do quarto, eu sentia sua presença. Sentia meu braço formigar com algo, e olhos curiosos me vigiando.- Olá? - Perguntei ao escuro do quarto procurando alguma resposta, mas não obtive. Suspirei aliviada por ter sido apenas um sonho e limpei meu suor que escorria da testa.Minha respiração voltou ao normal. O dia de hoje vai ser bem cansativo e não quero chegar em meu novo emprego com olheiras fundas e negras abaixo dos olhos.Olhei o relógio ao lado da cama e me assustei. Faltam dez minutos para seis horas. Me contorci de preguiça entre os lençóis quase chorando por ter que levantar daqui a dez minutos. Rastej
"Não quero que o acaso venha nos proteger mas que o destino cumpra o seu dever"(...)A lua cheia refletida no mar, junto com as estrelas, deixaram o momento mais especial. Algumas pessoas que não consegui identificar devido a escuridão estavam me cercando em um circulo. Elas se aproximavam de mim, me deixando sem ar e apavorada por não conseguir ver seus rostos. O desespero tomou conta de mim, mas uma voz tomou todo o meu corpo. Uma vibração maravilhosa
"Nossas vidas são definidas por momentos. Principalmente aqueles que nos pegam de surpresa."♤Euflutuava em meio as nuvens. Olhei de um lado para o outro e me vi sozinha, apenas me perguntando como fui parar aqui outra vez, como se fosse a continuação do outro sonho. Senti uma presença atrás de mim e quis me virar, mas não consegui me mexer.- Não tente. - Alguém falou. Essa voz, eu conheço de algum lugar.- O que está acontecendo? Isso é um sonhonão é?- Sim, é um sonho.- E porque não me deixa te ver? -Perguntei em outra tentativa falha de me virar.- Porque não posso deixar. - Ele falou e senti sua respiração em minha nuca - É perigoso.- É você que me salva todas as vezes?-
"Se um dia uma brisa leve e suave tocar seu rosto, não tenha medo, é apenas minha saudade que te beija em silêncio."♤Chegamos em casa um tempo depois do cinema. Nós ainda paramos em algumas barracas do lado de fora para comer alguma coisa porque eu estava morrendo de fome.A sensação de vazio ainda continua em mim. Não sei, mas... É como se eu tivesse esquecido de algo muito importante, e seja lá como eu fui parar fora do cinema, tem algo a ver com isso.- Boa noite. - Bruno falou e nos deixou na porta de casa - Vocês são boas companhias. Tomara que possamos sair outras vezes! - Falou exclusivamente olhando em meus olhos e rindo. Fiquei sem graça fitando o chão enquanto era encarada.- Concordo. - Olivia disse sem deixar escondido seu sorriso, que podemos dizer, um sorriso safado.- Fiquem bem, e olhem pro céu de vez em quando.
"A desconfiança é a mãe da segurança."♤MarianaDores em meu corpo inteiro.Tentei me mover com muita dificuldade e a dor que senti na cabeça me fez murmurar. Tentei abrir os olhos e so vejo borrões. Exigi o máximo da minha visão e tudo começou a tomar formas.Estou em um quarto. As paredes são rosadas igualmente ao teto eestou em uma cama enorme de casal cheia de colchas finas e brancas. Alguns móveis bem delicados de cor clara tomam o resto do quarto. Mas aonde é que eu estou?Me levantei e tentei abrir a porta desesperadamente, mas estava trancada e não sou tão forte assim para arrombar. Olhei ao redor e não vi nenhum sinal de vida ou de como posso sair daqui, havia apenas uma folha em cima da escrivaninha. Caminhei até ela hesitante e a peguei na mão.
Amar é consequência de uma atração espiritual acima de qualquer mera paixão humana.♤MarianaAcordei ainda em seus braços. Não me lembro de ter apagado. Olhei ao redor e estava em pé, perto da janela em meu quarto. Ele me segurava para não cair. Minhas pernas estão fracas. Ainda sem acreditar que estou vendo o homem dos meus sonhos aqui em minha frente, me sentei na cama com sua ajuda. Ele se afastou e se aproximou da janela.- Voce vai embora?- Se você quiser, eu vou - Falou parando de andar. O Encarei confusa.Aqueles olhos azuis e marcantes, que pareciam me dizer para negar. Seu cabelo loiro e cacheado se mexeram devido ao vento forte que entrou no quarto. Ele não parece real. Tanto que me perdei nos traços do seu rosto por alguns segundos. Seu maxilar é extremamente marcado, e seus lábios são.
Uma vez a mentira, para sempre a desconfiança♤- Eu já disse. Saí com um cara ontem a noite - Repeti pela milésima vez enquanto terminava de mastigar minha torrada. - Porque você ainda insiste nisso?- Porque você não sai com caras que conhece em uma noite, Mari - Olivia falou lavando a louça e virou o rosto com os olhos fincados. - Me conta logo onde estava.- Me erra Livia! - Revirei os olhos. Ela vai tirar o dia pra me atormentar. - Eu saí com uma pessoa sim, que mau conhecia. Não confia em mim? Pois bem. Vou te apresentar ele.Ela me olhou de canto com um sorriso, como se tivesse conseguido o que queria. Mas porque foi que eu falei isso? Não vai acontecer.- Quando? - Perguntou curiosa, tirando o avental e o jogando em cima da mesa.- Não sei - Respondi. Realmente eu não sei nem o porque de ter dito aquilo.- No sábado.
O maior erro que você pode cometer, é o de ficar o tempo todo com medo de cometer algum.♤- E o que faremos em Boston? - Perguntei me aconchegando mais no banco do trem.- Vamos visitar um amigo que nos dará algumas respostas. - Respondeu, colocando óculos escuros e um chapéu - De trem é mais fácil de despistar os arcanjos.- Acho que está na hora de me explicar algumas coisinhas... - Olhei-o de canto e ele sorriu.- Também acho que sim - Ele concordou e cruzou os dedos - Como quer que eu comece?- O que sãoArcanjos?- Bom, existe um ditado entre nós... - Ele começou a rir sozinho - "Arcanjos no céu, anjos na terra". O mesmo ditado dos humanos só que modificado.- Não entendi...Ele tirou os óculos e pude mais uma vez encarar seus olhos azuis marinhos.- Os arcanjos