POV AMÉLIA.Esses três, às vezes, parecem crianças. Eulália se sentou ao meu lado, segurou minha mão e começou a acariciá-la com delicadeza. Eu sabia exatamente o que ela queria. Era sempre assim. Eulália se aproximava, me mimava com carinho até criar coragem para pedir que a deixasse tocar na minha barriga e sentir os bebês.Todos tinham medo de Magnos, que não permitia que ninguém tocasse em meu ventre. Então, quando ele não estava por perto, eles me pediam para sentir meus filhos. Peguei a mão de Eulália e a coloquei sobre meu ventre. Ela não esperava por isso e ficou visivelmente surpresa, mas logo se recompôs e sorriu, acariciando minha barriga com ternura. Meus filhos responderam ao toque da avó, se mexendo suavemente, como se reconhecessem aquele amor.Eu e meu irmão estávamos tomados pela expectativa. Eulália ainda acariciava minha barriga, o toque dela era reconfortante, mas meus pensamentos estavam focados no que seguiria. Eu mal podia esperar para ouvir as histórias que cad
POV AMÉLIA.A sala estava envolta em uma atmosfera de calma, mas, por dentro, eu sentia um turbilhão de emoções. As palavras de Eulália, Cecília e Cassius sobre suas transformações ainda ressoavam em minha mente. Eu estava ansiosa, cheia de expectativas e, ao mesmo tempo, um pouco assustada com o desconhecido. O silêncio que se seguiu às histórias foi quebrado por Eulália, que me olhou com uma expressão séria após o meu comentário sobre me transformar.— Amélia, preciso que você entenda uma coisa muito importante — começou Eulália, sua voz suave, mas carregada de uma gravidade que fez meu coração acelerar. — Você nunca pode se transformar enquanto estiver grávida. A transformação… mataria os filhotes — alertou Eulália.As palavras dela fizeram a minha empolgação perecer. A expectativa que eu sentia deu lugar a uma onda de medo que percorreu meu corpo. Olhei para Eulália, buscando confirmação de que talvez eu tivesse entendido errado, mas a seriedade em seu olhar não deixava espaço par
POV MAGNOS.A cela da prisão subterrânea era fria e escura; as paredes de pedra absorviam a pouca luz que conseguia penetrar pelas pequenas fendas no teto. O cheiro de umidade e o som das correntes ecoavam pelo espaço, criando um ambiente opressor. Não estou aqui para dar hospedagem de luxo para meus queridos hóspedes; aqui, eles recebem o pior tratamento possível.Aquela bruxa nojenta estava sentada no chão, mas mantinha a cabeça erguida, os olhos fixos nos meus. Contudo, eu podia sentir o fedor do seu medo e ver o pavor crescente em seu olhar. Não importava o quanto ela tentasse disfarçar, eu podia ver e sentir o que ela escondia.Eu me aproximei lentamente; o peso da minha presença parecia aumentar a cada passo, e, quando finalmente parei diante dela, pude ver uma gota de suor escorrer por sua testa. Ela sabia que não teria uma saída fácil dessa situação. Héctor deve ter mencionado como eu podia ser cruel com meus prisioneiros.— Você deve estar ciente de que não estou aqui para br
POV MAGNOS.Entrei na cela novamente e me aproximei da bruxa jogada no chão. Eu sabia que ela talvez ainda não tivesse revelado nada a Héctor, o que significava que os segredos de Amélia estariam seguros por enquanto. Mas, se ela estiver trabalhando com o espião, essa maldita pode ter passado informações para ele. Ela me olhou com olhos cheios de medo e submissão, claramente ciente de que seu tempo estava se esgotando. Eu precisava arrancar cada pedaço de informação antes de decidir o que fazer com ela.— Quer dizer, a maneira de matá-la. — Corrigiu-me Cosmo, rindo.— Exatamente. Ainda não resolvi como matarei essa maldita. — Comentei e comecei meu interrogatório.— Héctor não recebeu suas informações, não é? — Perguntei, minha voz baixa e ameaçadora. Ela balançou a cabeça rapidamente, sua respiração acelerada. Eu a observei por um momento, permitindo que o silêncio se tornasse insuportável antes de continuar.— Então me diga, o que ele queria que você descobrisse? Por que ele arrisca
POV MAGNOS.Enquanto saía da prisão subterrânea, recebi um chamado mental de Hélio. Ele deve querer falar sobre Aurora.— Alfa Magnos. — Chamou.— Sim, doutor Hélio. — Respondi mentalmente.— Examinei Aurora e ela está bem. Só teve algumas escoriações que logo vão se curar. O ataque que ela sofreu não afetou nenhum órgão. Lhe dei apenas um medicamento para dor. Ela foi drogada também; coletei o sangue dela para descobrirmos o que foi dado à Aurora. — Comentou Hélio.— Mais alguma observação a ser feita? — Perguntei.— Não, alfa, isso é tudo. — Respondeu.— Ótimo, agora quero falar sobre Amélia. — Comentei, entrando no meu SUV preto.— Aconteceu alguma coisa com Amélia? — Perguntou Hélio, preocupado.— Não, ela está bem. Ela amanhã tem consulta contigo. E está ansiosa para saber se os filhotes estão bem. Ela também está preocupada, pois agora sabe que é metade loba. Amélia quer ter certeza se a gestação dela é lupina ou humana. — Falei, enquanto dirigia para a casa de Aurora.— Entendo
POV MAGNOS.— Impossível, ninguém pode entrar onde ela está sendo mantida — comentei.— Mas o espião não precisaria chegar tão perto, basta estar próximo e lançar um feitiço de esquecimento específico — explicou.— O que está pensando? — perguntei, querendo ouvir sua teoria. Eu estava preocupado, se isso for verdade. Se for, quer dizer que esse espião é muito poderoso.— Acredito que o espião tenha te seguido até minha casa e apagou a memória do coração de Lys da mente da bruxa, quando os guardas levaram-na. Estou pensando que ele esteja usando um feitiço de ocultação e algum feitiço poderoso que o deixa invisível. Dessa maneira, ele está andando livremente pela alcateia — mencionou Aurora. Eu senti um frio na espinha. Se for verdade, significa que meus filhotes e Amélia não estão seguros.— Se você estiver certa, precisamos de uma maneira de descobrir quem é esse indivíduo e de algo para nos proteger dele — falei apreensivo.— Posso fazer um feitiço individual para ser usado na sua c
POV MAGNOS.Subi as escadas, sentindo uma mistura de ansiedade e alívio ao me aproximar do quarto. Amélia estava lá dentro, e só de pensar em vê-la, meu coração se acalmava. Ao abrir a porta, encontrei-a sentada na cama, concentrada nos relatórios sobre o experimento que faria no laboratório. Ela estava tão envolvida na leitura que não percebeu minha chegada.Sorri ao vê-la assim, tão dedicada. Amélia sempre foi uma mulher forte e determinada, descobri isso com as investigações que mandei fazer sobre ela. Mas, com os nossos filhotes crescendo em seu ventre, havia uma nova luz nela, algo que me fazia querer protegê-la ainda mais. Fechei a porta atrás de mim, tentando não fazer barulho, mas Amélia notou a minha presença. Acho que ela já tem algum sentido de loba ativo, pois seus olhos se levantaram da folha.— Magnos! — Ela exclamou, surpresa, mas com um sorriso suave nos lábios.Caminhei até ela, meu olhar fixo em seu rosto. Ao me aproximar, inclinei-me e a beijei com suavidade, minhas
POV AMÉLIA.Magnos ainda estava ao meu lado, seu toque firme e, ao mesmo tempo, delicado. Eu sentia o calor de sua mão sobre a minha, e aquilo me dava uma sensação de segurança em meio a tantas incertezas. Seus olhos, sempre intensos, revelavam mais do que suas palavras. Sabia que algo mais estava em sua mente, algo que ele ainda não tinha mencionado.— Amélia, preciso te contar algo mais. — Ele começou, quebrando o silêncio que havia se instalado entre nós. — Cosmo… ele está muito empolgado com uma ideia. Ele quer poder conversar com Ravina, ouvir sua voz. Ele me falou sobre isso com tanto entusiasmo que fiquei surpreso. — Disse, sua voz baixa, quase como se estivesse confidenciando um segredo.Meus olhos se arregalaram levemente. Não esperava por isso. Cosmo sempre me pareceu um lobo poderoso e sério, mas ouvir que ele estava animado com a ideia de conversar com Ravina me fez sorrir.— Cosmo quer conversar com Ravina? — Perguntei, tentando imaginar como seria essa conversa entre ele