POV AMÉLIA.Eu e Ravina estávamos pensando em uma maneira de escapar daquele lugar. Olhei pela janela, mas era alto demais para pular, ainda mais estando grávida. Havia lobos patrulhando em volta da casa. Teria que tentar sair do quarto e procurar uma rota de fuga.— Acho melhor comermos e descansarmos. Amanhã, com a mente e o corpo descansados, nós podemos pensar em como sair daqui — disse Ravina na minha mente. A porta se abriu e Héctor entrou trazendo uma bandeja, acompanhado do médico e de Walter.— Dê a ela a medicação logo e saia — ordenou Héctor. O médico se aproximou de mim com uma caixa de remédio na mão.— A senhora precisa tomar um comprimido por dia para que sua pressão arterial abaixe — disse o médico, tremendo de medo.— Esse remédio não vai fazer mal aos meus filhos, vai? — perguntei preocupada.— Não, esse remédio é próprio para mulheres grávidas. Pode tomar sem medo — garantiu o médico. Peguei a caixa e li o nome, eu sabia que ele estava falando a verdade. Então, abr
POV MAGNOS.Eu corria pela floresta com agilidade, seguindo o cheiro de sangue. Meu coração acelerado no peito e o medo consumindo meu ser. Corria como se o próprio diabo estivesse me perseguindo. Eu precisava chegar logo. Finalmente, cheguei à origem do cheiro e encontrei a maldita Verônica caída, inconsciente, com um grande ferimento na cabeça. Alguém a acertou com brutalidade. Sentia-me desesperado. Onde estava Amélia?— Onde está nossa Amélia? — perguntei, nervoso.— Acalme-se e fareje, não está sentindo esse cheiro? — disse Cosmo em minha mente. Abaixei-me perto de Verônica e farejei. Era o cheiro dos meus filhotes. Meu coração se apertou quando constatei. Olhei para o local molhado.— É o cheiro dos nossos filhotes, Magnos. Isso não é bom. Siga o cheiro, rápido! — falou Cosmo, aflito.Eu não consegui responder a ele. Minha mente estava apenas naquele cheiro e no que ele significava. A bolsa amniótica de Amélia havia se rompido, e meus filhotes estavam a caminho. Comecei a fareja
POV AMÉLIA.A dor me rasgava por dentro, tão intensa que parecia que o mundo ao meu redor se desintegrava em ondas de calor e contração. Cada respiração era um esforço, e as lágrimas escorriam pelo meu rosto. Eu nunca tinha sentido nada parecido. Era como se meu corpo estivesse sendo partido ao meio, mas, ao mesmo tempo, uma força interior me mantinha firme. Mesmo no caos do parto, algo em mim se recusava a ceder.— Ravina… — pensei, ofegante, tentando encontrar algum alívio em meio ao turbilhão. — Eu não sei se consigo… — Falei com dor.— Você consegue sim! — Ravina respondeu com firmeza, sua voz clara e confiante em minha mente. — Lembre-se de quem somos. Somos fortes. Estamos trazendo nossos filhotes ao mundo, Amélia. Você não está sozinha. — Disse Ravina.Ela estava comigo, como sempre esteve, mas, desta vez, havia uma urgência nova em sua presença. Era como se não estivéssemos apenas lidando com a dor. Havia algo mais. Algo que pulsava sob a superfície, quase como se o próprio un
POV MAGNOS.Eu mal podia acreditar. Amélia era minha companheira, destinada a mim pela Deusa Lua? Esse tempo todo ela estava diante de mim, e eu não percebi. A revelação me atingiu como um raio. Assim que senti o seu aroma inconfundível, tudo fez sentido. Amélia era minha, sempre foi. Cosmo, em minha mente, pulava de felicidade, celebrando.— Eu sabia que era ela. Disse que nossa Amélia era especial, e era nossa! — exclamou Cosmo, radiante. Ele sempre teve essa certeza, e agora eu entendia o que ele vinha tentando me mostrar. Cosmo sabia o tempo todo. Estava claro que esse lobo encrenqueiro havia guardado o segredo. Ah, ainda terei uma conversa séria com ele.Eu envolvia Amélia em meus braços, tentando aquecê-la da melhor forma possível, já que tivemos que tirar sua camisola para que ela pudesse manter os filhotes seguros junto ao corpo. Ela segurava nossos quatro filhotes com tanto cuidado, como se os envolvesse num casulo de proteção. O amor que emanava dela era palpável. Os pequeno
POV AMÉLIA.Após tomar um banho relaxante e quente, sentindo o peso da exaustão se dissipar um pouco, me sentia um pouco mais leve, apesar da avalanche de emoções. Morgana havia me auxiliado a me vestir, me alimentou e, enquanto eu comia, ela limpou e vestiu os nossos quadrigêmeos com uma destreza que só uma avó ou mãe poderia ter. Era estranho pensar nisso. A palavra avó agora parecia ter um novo significado. Eu observava meus filhos dormindo tranquilamente na cama e Magnos ao lado vigiando, seus pequenos corpos encolhidos sob as mantas. Eles estavam seguros, protegidos. Era tudo o que importava no momento.Morgana se sentou à minha frente, seus olhos, antes sempre misteriosos e calculistas, agora mostravam uma vulnerabilidade que eu nunca havia visto. Ela respirou fundo, como se estivesse se preparando para reviver seu passado.— Amélia, querida… está na hora de você saber a verdade. — Ela começou, sua voz suave, mas um pouco tensa. Me ajeitei na cadeira, meu coração acelerando com
POV MAGNOS.Eu estava atordoado, uma avalanche de emoções me dominava com cada palavra que Morgana proferia. A revelação de que meu pai a havia abandonado grávida e que eu tinha um irmão mais velho era um choque que eu jamais poderia ter imaginado. O peso da descoberta me sufocava, mas, ao mesmo tempo, uma curiosidade insaciável crescia dentro de mim. Quem era Adam?Eu queria conhecê-lo, entender quem ele era. Morgana disse que ele poderia ajudar com os quadrigêmeos com seus poderes elementais, e também ajudar Amélia. Fico me perguntando como tudo isso está afetando a mente da minha companheira, o turbilhão de pensamentos que deve estar assolando-a agora.Após desenterrar todas essas verdades e ajudar Amélia com os nossos pequenos, Morgana se despediu. Mas, antes de sair, ela abraçou Amélia com tanta intensidade que até senti a força daquele gesto. Morgana pode ser perigosa, maligna e imprevisível, mas o amor que ela tem por Amélia é indiscutível e genuíno.Quando ela saiu, peguei Amé
POV MAGNOS.Acordei de sobressalto com o som agudo e insistente de choro. Meu coração disparou, e por um momento o pânico me dominou. Abri os olhos rapidamente, buscando a origem daquele alvoroço. À minha frente, Amélia estava sentada na cama, com dois dos nossos filhotes em seus braços, um em cada seio, amamentando-os com uma expressão desesperada de cansaço e impotência. Os outros dois choravam sem parar, mexendo-se inquietos sobre a cama.— Amélia, o que está acontecendo? — perguntei, tentando manter a calma, mas sentindo a urgência subir como uma maré em mim. Ela me olhou com alívio evidente, o rosto marcado pelo cansaço. Seus olhos estavam vermelhos de exaustão, e a tensão em seus ombros era visível.— Magnos, graças a Deus, você acordou! Eu… eu não consigo fazê-los parar de chorar! — sua voz estava embargada, e por um instante meu coração se apertou. — Estou tentando amamentar esses dois, mas os outros estão desesperados, e eu não sei o que fazer… não sei o que eles têm! — falou
POV AMÉLIA.Nunca pensei que fosse tão exaustivo cuidar de quatro bebês. Meus quadrigêmeos me deixaram desesperada quando acordaram e começaram a chorar. Olhei para Magnos e aquele lobo estava dormindo e demorou para acordar. Já vi que estarei perdida se ele não me ajudar. Eu estava com Íris e Maia nos braços, amamentando, quando meu companheiro resolveu acordar; acho que ele estava muito cansado.Apolo e Gaia choravam sem parar, e fiquei aliviada quando Magnos acordou, mas ele não conseguiu fazer os dois pararem de chorar. Graças aos céus, minha bisavó Morgana apareceu, e agora os quatro estavam dormindo tranquilos. Eu estava acabada e adormeci rapidamente assim que Magnos me colocou na cama.Quando acordei de novo, já era entardecer. O sol estava se pondo. Olhei para o lado e encontrei Magnos dormindo com os quadrigêmeos em seus braços; os quatro estavam deitados em cima do peito de Magnos. Ele os cobriu, mantendo-os quentinhos, e os abraçou protetoramente. Era uma imagem linda e en