Consegui convencer o restante dos fiéis sobre ser uma Deusa, com mais alguns truques, que pareciam saídos de um circo de mágicos e deixei-os. Trouxe Pimbet, o menino que cortei o braço, comigo para um dos bunkers que consegui ver de cima, após a saída de uma equipe de soldados.
- Nossa que lugar incrível! Olha só toda essa comida! - Ele ficou alucinado. Não sabia o que comer primeiro.- Estou curiosa para saber se você conseguirá recuperar seu braço - falei pra ele.- Fique tranquila! - tentava falar com a boca cheia. - Sempre que morremos, voltamos a nossa melhor forma, o que de melhor nossa consciência lembra que estivemos. Bom plano esse seu de se passar por uma Deusa, hein! - Falava enquanto já tinha comido umas misturas em enlatados e agora estava comendo uns doces. - Caramba, que sensação maravilhosa!Eu só conseguia pensar que gostaria de se- Não falei pra vocês que ia ser igual um filme e que íamos assistir na primeira fila. Tá certo que foi mais pra uma série. Mas como lá embaixo o tempo passa muito mais rápido, eu pude ir selecionando os melhores momentos aqui no telão para vocês. Olha, modéstia a parte, eu podia ser uma cineasta, que coisa maravilhosa que é o cinema, não é mesmo? Aliás, vocês conheciam isso? - Elaryan conversava com Leiva e Natane. Enquanto levantava de uma das poltronas que criou. - Por todas as minhas vidas passadas, estou quebrada! - disse após movimentar o corpo e estalar a coluna e o pescoço. - Não faço ideia de como você conseguiu transmitir tudo que acontecia lá embaixo. Nem quanto tempo passou, com a gente aqui. - Leiva também levantava, confusa. - Isso tudo foi verdade? - A mais pura verdade e deu tudo certo, Emma foi perfeita. Ag
Vivi uma vida inteira incrível com meu marido e meus filhos. Foi como uma incrível aventura e não morremos no final. Parecia que estávamos dentro de um jogo feito para as crianças. A rotina, o dia a dia, as histórias, os seres mágicos. Eu tinha poderes, mas não como antes. Quando passamos pelo portal, como se fosse o final de uma história, eu senti que aquilo havia mesmo sido construído para nós termos aquela experiência juntos. E agora, de novo ali, frente a Elaryan e reencontrando Leiva e Natane, como se o tempo não tivesse passado, parecia um choque de realidade, como se estivesse acordando de um sonho. E, independente do que Elaryan contou, para mim foi tudo muito real e poder permanecer com eles junto de mim ainda, seria algo para se agradecer, não fosse eu saber que deveria haver alguma segunda intenção dela. De qualquer forma eu permaneci em guarda, preparada.
Elaryan nos levou para um planeta que, segundo ela, seria um treinamento. Caímos em uma espécie de pântano, dentro de uma área de areia movediça. Começamos a ser puxados de forma muito forte e rápida, mas, quando percebi que tinha meus poderes de volta, eu simplesmente transformei aquele monte de lama em um lago límpido. Não parece que aquilo tenha sido uma boa ideia, pois, dentro daquele lugar, haviam sido presos dezenas, talvez centenas de animais que vieram nos atacar. Nós conseguimos ir nos livrando deles, não sem acabarmos com mordidas e com alguns pequeninos e chatos carrapatinhos ficando grudados e queimando a pele. Eu cansei, sai da água e flutuei no ar e invoquei as algas mágicas que começaram a destruir todos os animais que me atacaram. Olhei para Raquel e ela parecia surpresa por eu estar com elas, como simbiose, e acabei ficando envaidecida, até um po
Voltar diante de Athos e dos outros, depois de tudo aquilo, tanto tempo que se passou para mim e aparentemente quase nenhum para eles, era estranho, no mínimo. Athos explicava que queria voltar para Atlas rapidamente pois algo dizia a ele que Elaryan poderia a qualquer momento descobrir a respeito da parada do tempo com o teletransporte. - Sinto te dizer que Elaryan já conseguiu isso, Athos - Foi o que respondi, surgindo para a surpresa de todos. Eu tinha recebido uma missão e ela era simples. Eu deveria apenas dizer que precisava levar Adwig. Eu não faria mais nada, apenas teria que esperar o portal se abrir de novo para eu voltar. Imóvel. Todos, obviamente, repararam que eu não tinha mais a aparência de antes, de uma Rainha de contos de fada. Essa constatação deixou claro que o tempo tinha passado em Vésper. - Preciso levar Adwig! - Falei logo a frase que eu fui instruída a dizer. Aparentemente, não era a primeira vez que Adwig estava na mira de Elaryan e, ingê
- Elaryan, não quero parecer tão exigente ou ingrata, mas não conseguiria tirar "férias" sem ter meu filho comigo. - Raquel disse, tentando descobrir se depois de todo aquele sofrimento ainda conseguiria cobrar aquela promessa dela.- Filhos, filhos, por que se importam tanto com isso? Uma desgraça de repasse genético que é praticamente uma maldição. Não entendo como o universo preserva esses laços, já que após as mortes tanta sobreposição de genes ocorre, tanto mutação, tanta transformação. Meu amor, sei filho passou anos recuperando laços com o pai no planeta da felicidade. Claro que aconteceu só na cabeça deles, mas para eles foi real o suficiente. E agora, está maior, praticamente um adulto, como os filhos da Emma, nem vai querer saber mais de você e está vivendo a própria vida, tendo finalmente
Gente, muita gente, muita gente mesmo! Por todos os lados. Não era possível aquilo. Aquele lugar era gigantesco, eu nem conseguia ver os seus limites. Excesso a parede da entrada, eu não podia ver paredes nem nas laterais, muito menos do outro lado, na outra ponta. Enxergava o teto por pouco, dava pra saber que tinha, mas era muito alto e tinha fumaça espalhada por todo ele que causava um efeito bastante interessante na iluminação que mudava constantemente de cor.Mas mal se podia andar. Ainda assim, Elaryan me puxava por uma mão e Raquel pela outra. As pessoas tocavam na gente. Apertavam, passavam a mão, de forma incisiva e com a clara intenção de sentirem uns aos outros. Todos faziam isso em todos.- O que significa isso? - Eu gritei para perguntar para Elaryan.- Contato, estamos num lugar de contato! - Foi apenas o que Elaryan respondeu.A única coisa que eu conseguia pensar era que
Acordei e sequer me lembrava como tinha ido dormir. Raquel estava comendo algo e me ofereceu. Disse que Elaryan tinha ido me chamar na piscina e que eu tinha deitado na beirada dela e adormecido. Me pegou no colo e me deixou numa das camas daquele lugar que era imenso, mas sem repartições. Era um enorme salão com acomodações sem paredes entre elas, apenas elevações e escadas que praticamente era o que definia cada cômodo. Bastante moderno, na verdade. Eu comi uma espécie de pão torrado com uma pasta verde. Estava bem gostoso e eu estava com fome.- E para onde ela foi? - perguntei.- Bom, digamos que eu acabei recusando ficar com ela. Ela foi te buscar e você estava dormindo. Resolveu partir e disse que viria nos buscar mais tarde - Raquel explicou.- Eu sinceramente não entendo o que ela pretende fazer. - Eu tinha essa dúvida, mas não pretendia perguntar, afinal, entre ter
Creteas e Darca haviam assumido a ausência de Emma. No começo não foi algo tão difícil. A maior parte dos problemas estavam ligados a um novo surto de crises de ansiedade por conta do sumiço da Rainha. Depois, o fato de terem percebido que haviam sido levadas para um outro planeta. A estrutura inteira da cidade que foi construída para elas foi teletransportada. Era como se ainda estivessem no mesmo local, mas sabiam que não estavam. Era um outro planeta. O comportamento do céu, apesar de ter sido simulado para parecer mais com algo próximo algo que tínhamos em Néon do que em Vésper, deixava claro que não havia sido um surto coletivo. Mesmo assim, ainda existiam dúvidas se não poderia ter sido algum evento criado por Athos. Creteas tinha certeza que era um outro planeta. Não era Vésper. Em um determinado momento, depois de um tempo, as Mileniuns mais antigas decidiram que iriam desbravar o planeta. Não fazia sentido continuar apenas esperando. Por mais que a vida fosse tranquila agor