❀ Capítulo 04 ❀
— Senti um doce aroma e acabei atraído para perto da bela senhorita! — Kiadorov Ras mostrou um sorriso galante e deu um passo para frente. — Acabei vendo que estava encantando uma Flor de Dama do Despenhadeiro e concluí que você era a jovem princesa filha de Benent Haude-Are. Posso me atrever a perguntar o seu nome?
A bela figura de nariz arrebitado na sua frente demorou-se um pouco pensando em naquelas palavras estranhas, mas acabou por fim falando:
— Benent Nah.
— Nah... — Repetiu Kiadorov Ras com um suspiro preso em seu peito. Certamente era descendente dos reis, sua educação e postura indicava nobreza. — É um excelente nome, suave como sua face e marcante como a brisa do vento congelado.
— "..." — A figura não respondeu.
— Então, bela senhorita, é verdade que está doente? Será que fiz mal em me aproximar? Mas a senhorita é tão bela que seria impossível eu não me sentir atraído, me contentando com apenas espiar.
Benent Nah, que não sentia nada "bela senhorita", estava ardendo em raiva com o teor obsceno daquelas palavras. Seu mau-humor era algo que tentava há anos, controlar. Diziam que envenenavam seu coração e por isso estava tão doente! Dentro de seu corpo ardia a vontade de gritar dando escândalo e expulsar o visitante indesejado batendo a sombrinha branca sobre sua cabeça sem cérebro. E ainda mais um homem tão rude e de vestes tão bárbaras... Era a primeira vez que via alguém de fora.
Mas se fizesse escândalo, os guardas viriam e Benent Nah não queria alarmar os olheiros de seu pai. Manteve, portanto, o controle. Não sorriu e nem convidou o homem estranho para debaixo de seu guarda-chuva que usava para bloquear o vento. Limitou-se a dizer:
— Estava espiando?
— Eu estava de passagem. Peço mil desculpas à minha linda Ey-Nah, por invadir seu recanto. — Curvou-se em respeito, fazendo mais uma vez o Ato de Boa Fé.
Ey-Nah.
O prefixo de tratamento e o seu nome. Será que a figura de branco havia entendido o peso daquelas palavras? Certamente!
Era rude para um homem chamar uma mulher com aquele prefixo se não se conheciam, se não eram amantes! O que dirá naquela situação? Chegava a ser muito constrangedor um homem insinuar tais coisas! Certamente o homem mais obsceno que já encontrou na vida.
Mas Benent Nah tinha boa educação, até demais, e não queria tirar o jovem iludido de seus delírios. O pobrezinho era tão estúpido! Apertou os dedos longos e finos na sombrinha que segurava no alto de sua cabeça.
— "... " — Mais uma vez, apenas ficou olhando de forma enigmática para Kiadorov Ras.
— Minha bela princesa, sei que não devia me intrometer, mas não devia ficar sozinha, é perigoso e está muito frio.
Benent Nah já tinha o costume de ouvir que tinha saúde frágil, isso ou aquilo, qualquer desculpa que impedisse seus pés de caminharem pela rua escolhida. Também já sabia contornar a situação:
— O senhor Kiadorov Ras se importa então de me acompanhar até que o sol se ponha? — Pediu astutamente.
— Claro, bela senhorita. — Kiadorov Ras apenas sorriu e esticou o braço, dando para a figura que encantava o coração como um apoio de cavalheirismo. — Ouvi que tem a saúde debilitada e não deveria estar aqui a essa hora, bem quando os ventos trocam de direção e são ainda mais gelados com o pôr do sol.
— Hm. — A figura de branco respondeu e pensou que não faria mal representar uma beleza indefesa naqueles segundos, se isso fosse livrar sua face mais para a frente. Segurou no braço oferecido e deu um passo à frente. — Até a beira do desfiladeiro, por favor, jovem cavalheiro.
— Posso perguntar o que a traz até aqui? A ala norte está distante...
— Não sou diferente de um prisioneiro nas masmorras.
— Certamente o ilustre líder do clã, Benent Haude-Are, visa apenas o seu bem quando cerca seus caminhos, não se aborreça com seu pai. — Kiadorov Ras caminhou até a beirada de uma grande sacada de pedras com uma das vistas mais lindas para toda a extensão natural que cerceava o Refúgio das Neves. Diante do caminhar silencioso e vagaroso da bela princesa, se viu no desejo de preencher os segundos com palavras e portanto, continuou: — Aliás, pais fazem coisas estranhas! Tome como exemplo o meu pai, que me exilou cinco anos nas Colinas da Chuva com os monges e o Mestre das Águas apenas para me disciplinar. Não que eu seja desobediente ou rebelde, longe disso! Mas porque respondi a ele uma vez, uma única vez, por não concordar com um julgamento a respeito das navegações e pronto, foi o suficiente para ser exilado. — Olhou então para os lados. — Está sozinha? Imagine se não fosse eu a te encontrar, os perigos que minha Ey-Nah não sofreria? Há homens maus que cercam a cidade.
Pfff! Benent Nah pensou. Queria rir, mas conteve-se:
— E por acaso o jovem cavalheiro Kiadorov Ras não é um desses homens maus?
— Claro que não, minha doce Ey-Nah. Sou honrado e protetor, fique tranquila, não haverá nenhum mal de minha parte. Você é doce e pura, uma beleza imaculada, eu não ousaria!
— Hm. — Segurou de novo o riso. Quem era aquele navegante? Tão perdido! — Bem, jovem cavalheiro... Eu vim até aqui porque o Pico da Fortaleza é o lugar mais alto da cidade.
— E posso perguntar por que sua mão estava sangrando? — E aproveitou o momento para tocar na mão da graciosa ao seu lado.
— Sem querer me encostei nas pedras. — Benent Nah, que economizava palavras, não se importou em explicar com detalhes.
— Nossa! Quer dizer... Estou impressionado, bela senhorita. Sua pele deve ser tão fina e suave! — Acabou deslizando o dedo pela mão de Benent Nah, que estremeceu e arregalou os olhos em espanto. — Desculpe, eu não estou me aproveitando do momento, apenas... Impressionado com sua delicadeza.
— Sofro de uma condição rara, Kiadorov Ras certamente ouviu falar.
— Não ouvi, não realmente. — Vasculhou a mão branca e delicada, deslizando a ponta do dedo, fez uma massagem. — Elucide este jovem rapaz que não sabe nada da sua vida, por gentileza.
— Uma doença rara.
— E a doença não tem nome?
— É o motivo pelo qual eu não saio muito e nem convivo com outras pessoas.
— Ouvi que a senhorita tem muitos criados, convive com eles. Por que não os chamou para o seu passeio?
— Eles nem poderiam... Mas hoje... — Os olhos claros e quase sem cor de Benent Nah ficaram ainda mais avermelhados no canto, segurando lágrimas que não ousaria derramar. — Minha mãe faria aniversário se estivesse viva.
— Oh. — Kiadorov Ras parou de deslizar os dedos e massagear a mão de Benent Nah. As palavras engasgaram. — Eu... Sinto muito.
— Ela gostava de subir nesse inalcançável pico, observando o pôr do sol. — Não sabia porque estava contando tudo aquilo, talvez fosse porque na verdade Benent Nah era uma alma solitária, trancada, isolada e sem contato social.
Ninguém ousava chegar perto, porque apenas um toque quebraria sua pele em rachaduras doloridas que arderiam com uma vermelhidão de sangue no dia seguinte.
— Sinto muito pela sua dor, bela senhorita. — Kiadarov Ras segurou ainda mais firme aquela mão, sentindo uma impulsiva necessidade de proteger e adular. Depositou ali um beijo, roçando os fios que teimavam a crescer de sua barba áspera. — Devemos então observar o pôr do sol e honrar seus ancestrais.
— Agradeço sua companhia, jovem cavalheiro. — Teve que puxar a mão naquela hora e se virou para a sacada. Tudo o que era mundano feria a delicada pele de Benent Nah. Era como se o planeta repelisse sua existência.
Eles ficaram em silêncio, observando as cores mistas do por do sol no ponto mais alto do Refúgio da Neve, a adorável e intrigante cidade montanhosa de Noord'Laren.
— Ei, eu tenho frutinhas secas, podemos dividir. — Kiadorov Ras anunciou sorridente e correu as mãos por suas roupas, apalpando-se.
— Partilharia suas frutas comigo?
— É claro! Que bobagem. — Kiadorov Ras pegou de suas roupas o sacolete de papel e abriu, estendendo para a beleza de branco na sua frente. — São muito saborosas!
— Nesse caso, vou te dar isso. — Benent Nah tirou das vestes uma latinha decorada, pintada a mão, de pasta de Dama do Despenhadeiro. A pintura era amarela e preta, como penas de pássaro. — O jovem cavalheiro usa uma espada e deve se ferir em batalhas.
— Uau, obrigado. Uma dessas é coisa rara. A propósito, vi que encantou a flor de Dama do Despenhadeiro. Essa não é uma técnica exclusiva dos Sacerdotes da Tempestade?
— O jovem cavalheiro é muito observador.
— Treinou no Templo da Tempestade?
— Assim que os médicos informaram minha família sobre minha condição particular, um sacerdote veio para o castelo. Esse sacerdote me ensinou algumas técnicas, como a pasta cicatrizante.
— E também sabe pisar leve, por isso não marca o caminho com suas pegadas.
— "..."
— Contenta-me saber que sua Flor Mística é desenvolvida. Acho que somos muito parecidos, Beleza das Neves. Devemos ser bons amigos, quem sabe, podemos até namorar!
— "..."
— Pode sorrir se concordar, minha bela Ey-Nah. Está permitido! — Kiadorov Ras alargou o sorriso galante em seu rosto másculo.
A figura de branco não disse nada, apenas suspirou, puxou o saquinho das mãos do navegante e comeu uma frutinha. Era melhor que ficasse de boca fechada diante de tanta obscenidade!
Por um momento, ficar em silêncio funcionou bem para os dois. Benent Nah se deliciou com as frutinhas vermelhas e Kiadorov Ras apenas ficou olhando para ele, achando graciosa a forma de mastigar.
— Ah, que fofa! Sua boca ficou mais vermelhinha por causa da fruta... — Kiadorov Ras se virou para a figura de branco, esticou o braço e tocou os lábios delicados, limpando uma gotinha de sumo. Lambeu o dedo. — É deliciosa.
— Pare com isso. — Tomou um empurrão. — Obsceno!
— Ora, que nervosinha! — Deu um passo para frente novamente, rindo e segurou nas faces delicadas de bochechas rosadas de Benent Nah. — Vou te mostrar o que é realmente obsceno!
E roubou um beijo. As bocas se tocaram de leve, com gosto doce de frutinhas secas e vermelhas. Kiadorov Ras provou aqueles lábios macios com a mesma volúpia que tinha ao comer uma manga. Benent Nah deu um grito, empurrou o navegante bárbaro e girou para o lado.
— Você, se afaste! — Uma das mãos amassava o saco de frutinhas e a outra limpava a boca, marcando a manga da túnica de vermelho. — Que nojo!
Mas Kiadorov Ras apenas se recostou na sacada e ficou dando risada, com a mão na barriga de tanto se divertir.
— Por que está rindo?! É maluco?!
— Não, não! É que você realmente falou algumas muitas palavras, eu já estava cansado do seu silêncio!
— "..."
— O que foi? — Questionou, ainda com seu sorriso cafageste. — Está brava por que motivos? Ah, já sei! Esse foi seu primeiro beijo?
— Eu vou matar você. — Rosnou, entre dentes, um misto de raiva e surpresa.
— Ora, jovem donzela, não fique chateada!
— Pare de me chamar de "donzela"!
— Ey-Nah! — Chamou, brincando, a figura de branco estava com o rosto todo vermelho, tomado pelo mau temperamento. Abanou as mãos, acalmando. — Terá muita oportunidade de beijar na boca no futuro, mas te garanto que nenhum será tão magnífico e especial como esse.
— "..." — Que desagradável era Kiadorov Ras, mas ao mesmo tempo, Benent Nah não ficou com raiva para sempre. Suspirou, voltou para perto da sacada e continuou comendo frutas olhando o por do sol.
— Nossa, seu coração é frio como a neve. Achei que tinha se abalado, mas me enganei.
— Você não passa de um ser sem classe que só fala obscenidades e age sem educação.
— Obrigado pelos elogios, minha beleza das neves! — Esticou a mão, enfiando dentro do saquinho, seus dedos tocando o da figura de branco, que soltou mais um suspiro irritadiço. — Algumas pessoas são ainda mais fofas quando irritadas! Já sei, vou sempre irritar você, daqui para a frente...
— "..."
— A menos que você sorria para mim.
Um revirar de olhos arrogante, as frutinhas voaram para cima de Kiadorov Ras, algumas rolaram pelo chão.
— Opa! Ei! — Jogou peteca com o saco até equilibrar na mão de novo. — Não desperdice as frutinhas! — Ofereceu de novo para a figura de branco. — Quer mais?
— "..."
— Estão doces...
— Quero ver o por do sol. Se possível, em silêncio.
— Bem, eu fico quieto, prometo.
— "..."
— Juro, jurandinho! — Kiadorov Ras deu mais um de seus sorrisos encantadores e fez o Ato de Boa Fé.
— Hm. — Benent Nah concordou.
O silêncio chegou e a beleza das neves pôde finalmente apreciar aquela vista, tão azul e dourada, tão linda.
Os pés de Kiadorov Ras estavam batendo no chão de pedra da sacada, enquanto tentava inutilmente ficar quieto e até o barulho das frutinhas em seus dentes incomodava Benent Nah. Um suspiro atravessou o corpo da figura de branco.
— É, a vista é mesmo linda. — Kiadorov Ras incomodou mais uma vez.
— Deuses! — Segurou a boca do navegante. — Não é capaz de fazer silêncio e nem de ficar quieto! Qual o seu problema?
Kiadorov Ras cambaleou para trás até se encostar na parede.
— Desculpe, desculpe... — Falou por entre os dedos brancos e delicados. — Eu vou me calar, eu juro que vou.
— Acho bom. — Benent Nah o soltou.
Kiadorov Ras pareceu que ia ficar em silêncio dessa vez e voltaram os dois a se apoiar na sacada.
— Eu só vou ficar comendo frutinhas. — Anunciou, puxando uma do saco e mastigando ruidosamente.
Benent Nah torceu a boca com desgosto, mas tentou se concentrar: juntou as mãos e fechou os olhos.
— Enquanto você reza de olhos fechados para sua mãe... — O outro comentou.
Benent Nah abriu os olhos e suspirou. Quando virou-se para Kiadorov Ras, o navegante loiro deu um sorriso feliz, ofereceu as frutinhas:
— Quer? Estão docinhas!
Desistiu. Ensaiou um sorriso, no meio de toda a incredulidade diante da incapacidade de Kiadorov Ras em ficar em silêncio. Pegou uma frutinha e levou à boca.
— Isso, isso, coma, está boa, viu?
Ele não conseguia, nem por um minuto, ficar quieto.
(continua)
==============
Notas da autora
De repente Kiadorov Ras ficou tão falante, não é mesmo?
Eu achei fofinho como eles se conheceram e sim, minha gente, esse é O CASAL do livro, claro que em seus tenros 20-25 aninhos, ainda mal saídos da fralda e das muralhas de seus castelos.
O que acontece quando água e gelo se combinam?
Pegam fogo, é claro!(HAHAHAHA)Observações:
Kiadorov Ras: Obrigado pela leitura! Espero que estejam gostando!
Benent Nah: "..."
Kiadorov Ras: Ey-Nah fala tão pouco, deve ser porque adora minha maravilhosa voz!
Benent Nah (pensando): Melhor nem gastar saliva pra explicar...
-=================-
❀Capítulo 05❀Os grilos cantavam pela noite que já se estendia pela grandiosa cidade de Noord'Laren, as lâmpadas do atalho estavam apagadas.— Aqui, eu te ajudo.Kiadorov Ras teve medo que sua preciosa Beleza das Neves, Benent Nah, caísse. Por isso, segurou suas mãos em cada descida de pedra, trazendo o guarda-chuva branco de papel engomado e penas coladas preso em suas costas junto à sua espada.— Os pés de minha Ey-Nah são cautelosos com as pedras em que pisa e por isso andamos de
❀Capítulo 06❀Os chifres corneteiros da Criatura das Neves foram tocados anunciando a chegada de um importante Clã da Aliança:— Anuncio a chegada do Clã Cnoll de Navaria! — Um mestre de cerimônias berrou para a multidão que se aglomerava na entrada principal do salão de entrada do Palácio de Noord'Laren.Kiadorov Ras se moveu na cadeira esticando as costas. No balcão adiante, com panos brancos e azuis drapeados descendo pelas colunas de pedra branca polida, percebeu o Rei, suas três esposas e os quatro filhos. De longe,
❀Capítulo 07❀Tempo livre para fazer o que quiser com ele era algo capaz de fazer Benent Nah sorrir, mas estava com tantas dores pelo corpo que não conseguiu. Ainda assim, sentiu animação: era senão a primeira vez, desde que podia se lembrar, de que tinha autorização oficial para sair da Ala Norte e perambular livremente pela cidade.Era de seu maior interesse ser capaz de conhecer tudo o que apenas leu em livros. Imaginando ser esse o caso, conhecedor de sua história, Kiadorov Ras logo se propôs:— Querido cunhado, Benent
❀Capítulo 08❀— Vamos logo, Su-Nah, ou nos atrasaremos para o primeiro dia no Pontífice! — Benent Ji estava com os cabelos volumosos presos em um rabo de cavalo ornamentado por uma presilha de ouro.O uniforme cinzento era obrigatório para a semana de doutrinação. Cobria as vestes internas azuis bordadas com fios de prata. Segurava as escrituras em dobro pelos braços, pois queria ajudar o irmão, porém, se irritava fácil quando as coisas saiam de seu controle e Benent Nah estava mais lento que o normal.Benent Nah par
❀Capítulo 09❀Era realmente muito difícil para uma pessoa aprender a ler e escrever a complexa caligrafia dos símbolos da Flor Mística. Ainda assim, todos os alunos entregaram as escrituras antes do almoço e puderam se dirigir para o refeitório.Benent Nah sentia os dedos doerem e pegou de suas vestes a latinha pintada à mão azul e com flores vermelhas, em que havia mais um pouco de pasta de Dama do Despenhadeiro. O cheiro suave chamou a atenção de Cnoll Brum:
❀Capítulo 10❀O pátio a céu aberto abrigou todos os discípulos do Pontífice para treinar os movimentos de artes marciais. Eram técnicas mistas, braços que moldavam o vento, pernas que acionavam o chão e até giros para o fogo e para a água. O professor não pegou leve, ensinando a coreografia e exigindo agilidade.Mãos para cima erguiam a neve do chão, mãos para baixo faziam o vento ondular o vestido cinzento dos discípulos. Um pulo ou dois fazia o chão vibrar e até as árvores ficarem mais floridas, enquanto o giro esqu
❀Capítulo 11❀O belo ruivo de olhos ardentes, Jesade Vor, tinha se agrupado com um de seus irmãos: Jesade Jal, e um dos herdeiros do clã das areias, Cnoll Lux. Essas três pessoas eram como fogo na palha, que se espalha rapidamente e queimam os campos de flores em segundos.Separados, talvez fossem pessoas neutras, nem boas nem más, apenas reagindo conforme as dores e alegrias em seus corações, mas unidos, eram uma bomba prestes a explodir.Apesar de terem quase a mesma idade, Jesade Jal não ousava competir com o primeiro filho e tamb&ea
❀Capítulo 12❀Xelmor Zuni-Puna avaliava orgulhoso uma das esculturas de madeira, pedra e vidro, quando discípulos do Pontífice vieram correndo:— Mestre! Mestre! Estão brigando do outro lado do morro! — Os alunos de vestes cinzentas vinham esbaforidos.O idoso franziu o cenho, mas apressou os passos. Conforme passava pelas áreas, os discípulos se uniram. Chegaram aos pés do morro, na última área de estudo, onde a cena que se desenrolava era de doer os olhos.Xelmor