Eu não estava completamente satisfeito com aquilo.
Handora havia aceitado a ajuda dos anjos, mas eu não aceitava assim. Eu havia aprendido que confiança demora muito mais que alguns minutos para ser conquistada, e as traições que eu tive vivido, eram suficientes para eu aprender isso. Mas, ainda assim, relevei. Não estávamos em condições de recusar a ajudar quem quer que fosse. Mesmo que tivesse sido um antigo inimigo. Como Andrômeda. Eu não me arrependi do murro e bom chute que havia dado nela. Só que agora eu precisava me controlar. Se os anjos estavam mesmo dispostos a lutar conosco, como Handora havia dito, a paz tinha que ser mantida. Acelerei o carro e olhei para o bancoHandora- Posso falar com Rimmon? - pedi para a voz feminina do outro lado.Eu estava de um lado para o outro em minha nova biblioteca. Outro presente de Melahel, que havia se mostrado tão gentil com tudo. Até mesmo na hora que eu tive vontade de incendiar os anjos lá fora. Mas, graças a meu auto controle e à ele, tudo deu certo.Eu tinha adorado a casa e simplesmente tudo. Amado. Era aqui um lugar que eu queria chamar de lar, que eu queria ver Halldren correndo por esses jardins livre e alegre, que eu queria amar Melahel todas as noites e que eu pudesse ter paz durante um bom tempo.Depois de ter amado intensamente Melahel, tomado um banho e colocado calças jeans escuras, uma blusa solta larga e toda vez que eu andava minhas botas de salto ressoavam no chão de madeira.Olhei pela janela grand
MelahelOlhei para Handora brincando com a chama do fogo em suas mãos enquanto brincava com Halldren. Sua tristeza retumbava em meu peito. Ela estava sentada perto da lareira e eu sentado num dos grandes sofás da sala praticamente de frente para ela. Eu estava esperando os outros anjos se juntarem a nós para falar sobre o que havia acontecido ontem. Já havia se passado um dia e Heron, não tinha ligado.Ela não olhava para mim e eu sabia que ela se culpava por ter deixado a família sozinha. Até mesmo eu me culpava.- Ok, Melahel, estamos aqui. Qual é a bomba dessa vez? - Alba perguntou sorrindo.Nem havia percebido que os anjos tinham vindo. Estavam sentados me encarando e esperando minha resposta. Além de meus amigos, Aladiah também estava e Angélica. Deixei Marcos livre dessa vez.- Ontem Heron ligou para Handora e ele está com a família dela. Não me
HandoraOs olhos de Melahel me olharam de uma forma inexplicável.Me olhava de um jeito cheio de amor, mas com uma beleza surreal quando pairavam sobre minhas asas e depois voltavam para meus olhos.Eu queria dizer alguma coisa, porém algo não deixava.Queria poder olhar para Melahel e dizer que não sabia como aquelas asas haviam aparecido, mas simplesmente estavam ali. Queria poder pedir desculpa por ter gritado com os anjos, ter me enfurecido daquele forma e o deixado sozinho com os anjos e demônios. Queria falar que o amava, e que agora eu estava mais calma. Só que nada disso saiu de meus lábios.Ele se levantou do carpete e apenas continuou me olhando.Sorri e abri minhas graciosas asas negras como de um corvo.Eu não sabia como e nem quando eu havia ganhado-as. Só me lembrava de que quando
Sobrevoamos perto do local que era para mim se encontrar com Heron. Estranhamente era em um parque. Estava vazio por causa do intenso frio e pousamos alguns quarteirões antes em um beco. Olhei para Melahel e ele me olhou impassível.- Vou sozinha. Tenho que lidar com ele sozinha. - falei e recolhi minhas asas. Coloquei minha blusa de flanela.Melahel pegou minha mão.- Você não vai sozinha.Coloquei minha mão sobre seu rosto.- Vou. Temos uma ligação e você sabe se eu estiver em perigo. Por favor. Não vou me transformar num lugar público. Nem colocar ninguém em perigo. - beijei seus lábios. - Preciso lidar com isso sozinha.Ele assentiu e os outros me olharam. Resoluta, caminhei para me encontrar com Heron. Não olhei para trás, nem olhei para os lados. Só para frente.Atravessei a rua e o vento balançou meu cabelo. Pela primeira vez eu não conseguia sentir raiva. Não sei o que estava acontecendo, mas algo dentro de mim e
Os dedos de Melahel deslizaram calmamente pelas minhas costas. Eu ainda estava nervosa pelo que tinha visto e com raiva da pessoa que tinha feito isso.Com mais dois a menos nosso grupo ficava gradativamente menor e mais fraco. O que só piorava a situação.Como derrotaríamos Lucian daquele jeito? Como conseguiríamos conter a fúria de Deus?Está tudo cada vez pior.- Nunca pense desse jeito. – Melahel me repreendeu.Ele tinha uma linha direta com meus pensamentos.Assenti e mantive-me quieta e sem pensar em nada. Todos nós estávamos reunidos na sala da casa mais uma vez. Anjos e Demônios estavam nos cantos tentando entender que rumo tomaríamos. Alba estava ao meu lado e com a mão sobre meu ombro.Alguns minutos depois, Olavo entrou junto com um demônio, que lembrei imediatamente o nome. Zahir.- Eles foram enterrados. O que não entendo é como eles foram mortos decapitados. Anjos e Demônios não morrem desse jeito. Precisa mais do que uma faca comum
MelahelSenti que algo estava errado, assim que ouvi um baque sutil de algo. Halldren estava no meu colo e Claude fazendo palhaçadas para ver se ela sorria. Estávamos no quarto de Halldren, mas eu poderia ter a distância de quilômetros, e mesmo assim sentiria e escutaria Handora.Senti sua preocupação.Olhei para Claude e sorri, tentando dar uma aparência calma.- Você acha que pode ficar um instante aqui? Enquanto eu resolvo algo lá embaixo? – falei suave e Claude assentiu.- Claro, tio. – ele sorriu.- Já volto. Vou pedir para uma pessoa ficar com você. Pode brincar com os brinquedos de Halldren. Estão num outro quarto aqui do lado. Fique à vontade. – falei.Claude saiu correndo e rapidamente chamei Alba em pensamento enqu
HandoraOs dedos de Melahel passavam calmamente pelo meu cabelo, eu ainda estava chateada por minha mãe. Por ela ter que se afastar agora que finalmente havíamos nos entendido. Que ela me aceitava do jeito que sou. Mas, nem tudo é como queremos.Por isso, já estava mais calma e tentava pensar em algo para derrotar Lucian, quando de repente ele mesmo apareceu diante de minha visão.Enrolei o lençol sobre meu corpo nu e me sentei. Os primeiros raios do Sol surgiam no horizonte e iluminavam o quarto. Tremi. Era uma visão.Lucian tomava a frente de um exército consideravelmente grande. Eu sabia que era muito maior, porque já havia visto.Ao seu lado, Rimmon e de outro Ruanda.Eles andavam no mesmo passo rápido e apressado. Tentei captar mais alguma visão e apenas percebi que ainda era começo de noite, pois o crepúsculo anunciava no horizonte, e por algum motivo reconheci a floresta por onde eles marchavam.E não demorou muito para eu en
Por um segundo. Apenas um segundo, parei. Olhei para Lucian e ele pareceu aliviado. Ele parecia mais verdadeiro do que qualquer momento em que eu havia o visto. Como se realmente precisasse que eu o ouvisse. Mas, eu não ia parar. Eu não queria parar.Inflamei mais as chamas de meu corpo e grunhi. Mais animal do que humana. Lucian gemeu e se afastou para trás, quando mandei mais quatro bolas de fogo. Em nenhum momento ele me atacou. Estendi as asas e cuspi fogo sobre ele. Ele se protegeu com uma barreira invisível de poder. O fogo bateu voltou e sumiu aos meus pés.- Eu não quero brigar. Quando é que vai entender isso, filha? – Ele disse ainda atrás da barreira.- Não me chame de filha. Você não pode ter algo que nunca mereceu. Eu não sou sua filha. Posso ter o seu sangue. A sua maldição. E até seu poder. Mas, nunca serei sua filha. Minha mãe me criou praticamente sozinha. Meus avós morreram e não tenho tios. Minha família é ela e meu irmão. Agora minha fil