Soquei a árvore mais uma vez indignado.
Isso não poderia estar acontecendo! Não podia!E, no entanto, estava.Eu seria preso dali a três dias e não poderia crer que com tantas coisas que estavam acontecendo eu teria que deixar minha protegida. Eu sabia por que estava sendo preso e enfrentaria um julgamento. Eu havia possuído um corpo de uma humana, o que era terminantemente proibido no Céu. Na verdade, era para eu ter sido morto, porém como era chefe dos anjos e levava créditos, e agora apenas seria enclausurado, como dissera Samandriel. E tudo isso eu não tinha coragem para dizer a Olívia. Ela se sentiria mal, eu não teria onde encontrar explicações e ela se decepcionaria. Eu apenas havia falado que iria partir e voltaria em breve, por que não queria assustá-la, mas a verdade é que eu irOlíviaO dia seguinte chegou e abri meus olhos e Melahel estava com os olhos grudados nos meus, olhando-me de forma tão intensa que me fez corar. Por que ele estava me olhando assim?Sorrindo dei um beijo em seu rosto e em seguida na boca. Seus lábios macios acompanharam os meus em uma sincronia perfeita e maravilhosa, deixando meu coração disparado e ainda mais alegre apenas por ele estar ali.- Tenho algo especial para hoje. – ele me disse.Isso me fez ficar curiosa, e me lembrei de que ontem ele havia me deixado ficar sozinha durante algumas horas na madrugada, embora ele não soubesse que eu sabia. E imaginei se algo tinha haver com o que ele estava falando agora.- Sério? – me sentei na cama e me espreguicei.- Uhum. – ele disse. – Mas, isso é só de noite. Tenho outra boa notícia.Meu coração disp
MelahelEla dormia tranquilamente em meus braços e durante a noite toda eu havia olhado-a dormir falando várias vezes que me amava e que não queria que eu fosse embora.Me entregar a ela como tinha feito, havia me marcado para sempre. Tinha aberto um rompante ainda maior de sentimentos, me sobrepujando, me domando, me controlando de um jeito, que ficar dela me agoniava demais. E eu só conseguia ir, sabendo que fugir seria ainda pior, que aqui ela estaria sob a proteção de meus irmãos.Ela ainda não parava de falar a mesma coisa havia uma hora.E aquelas palavras cada vez mais me machucavam. Eu tinha que fazer algo para voltar depressa para ela. Não a poderia deixar desprotegida, eu sei que ela teri
OlíviaMeus olhos se abriram para o dia ensolarado. A luz do Sol entrava pelas janelas grandes da cabana e me espreguicei notando que se quer não havia um peça de roupa em mim.A noite passada me veio como uma avalanche e lembrei no compromisso que eu havia aceitado. Sorrindo, apesar de tudo feliz, olhei para minha aliança de ouro branco e ela brilhou com a luz do Sol que me banhava. E foi então que notei o papel em cima do travesseiro de Melahel. Que estranhamente não estava no nosso quarto e nem no banheiro, por que estava tudo silencioso.Com o lençol ao meu redor, peguei a carta e me sentei na cama para ler. Era a primeira vez que eu via uma letra tão perfeita e bonita que só poderia ser de Melahel. Respirei fundo e l
Olívia- O que vamos fazer, Doutor? – Angélica murmurou para Doutor Rodriguez, que me olhava terrivelmente preocupado, embora eu ficasse muda parecendo um estátua deitada nesta cama branca.Eles se afastaram como se com medo de que eu escutasse, porém, eu consegui ouvir claramente o que eles diziam.Doutor Rodriguez olhou para mim e depois para ela.- Olívia está em uma terrível depressão. Parece estar definhando a cada dia. Mais magra e mais pálida. Eu já não sei mais o que receitar para ela. Remédios e tratamentos não foram suficientes para fazê-la sair dessa doença. Foi como eu disse para você. Os tratamentos só surgem efeito se ela quiser realmente se curar. Depressão é algo psicológico que só é tratado com a vontade do paciente de melhorar. – ele olhou mais uma vez para
MelahelMeus olhos se abriram mais uma vez para minha cela.As pedras escuras e nojentas escorrendo limo e água. Sim, é realmente difícil acreditar que algo assim exista no Céu. Mas, após dez meses trancafiado aqui, eu tinha noção do quanto era ruim.Todas as minhas tentativas de fugir haviam dado errado e toda vez que eu tentava eu era castigado. Já haviam arrancado minhas asas, por diversas vezes minha mão e meus pés. Mas, é claro que crescia de novo. Menos minhas asas.No dia em que vim parar aqui eu já tinha sido castigado. Arrancaram uma por uma pena. Me deixaram sangrando, em dor e totalmente debilitado. E ai eu penso. Onde está o grande Pai que se dizia misericordioso?Ele apen
Com o ar pulsando por mim, concentrei com todo meu coração no coração de minha protegida. No suave e cantante coração que eu tanto amava.Não só em seu coração, mas ela em si. Sua pele pálida... Seus lábios cheios tentadores... Seu cabelo castanho dourado que eu amava... E em seus olhos, que eram o que eu mais gostava nela. Seus olhos dourados que refletiam o mundo inteiro de emoções de sua alma.Toquei o anel e dessa vez algo mais forte estava acontecendo. Uma luz perolada começou a sair do anel. Me concentrei ainda mais ao ver que estava dando certo, e dali a poucos segundos eu estava novamente no quarto dela.Só que não era apenas ela que eu via. Como uma imagem projetada. Tudo parecia mais real. Mais palpável. Era como antes, quando eu era alma e me tornava sólido como agora. Pude sentir meus braços e pernas claramente no quarto da cabana.O quarto estava vazio, e fiquei confuso. Eu achei que eu ia diretamente onde ela estava. Mas, pelo visto
Olívia- Dá para me explicar mais uma vez? – perguntei olhando fixamente para Castiel sentado do outro lado da sala.Acho que era a décima vez que eu pedia isso. É que era muito difícil de acreditar. Não por que o fato de Melahel estar no Purgatório fosse aterrorizante o suficiente. Mas, o motivo era totalmente descabido.Ele estava preso apenas por que havia feito amor comigo.Sim. Era inacreditável.Eu ainda estava completamente chocada. Magoada. Não com ele. Mas, com o Deus que eu achei um dia que existia e que era misericordioso com seus filhos. Afinal anjos também poderiam ser considerados filhos dele. Claro, eles eram criação sua.Meu pobre anjo estava trancafiado, machucado e distante de qualquer um de seus amigos para pedir ajuda. Era por is
MelahelOs grilhões apertavam cada vez mais meus pulsos e meus tornozelos. Eu tentava aguentar a dor, mas apesar de eu ser um anjo, eu não consegui suportar. Estava completamente impossível aguentar aquilo.O anjo carrasco com cara desfigurada olhou para mim mais uma vez. Eu sabia que apesar de não haver janelas no quarto tinha se passado três dias desde que eu estava preso e sendo torturado.- Vamos, Melahel. – ele disse. – Pela centésima vez. Por que você estava desacordado em sua cela? O que você estava tentando fazer e como?Olhei para seu semblante horrível e sorri. Eu não iria dizer nada, apesar da dor ser insuportável. Mesmo com dor durante vários dias, eu não iria falar. Eles queriam que eu admitisse que estivesse me comunicando com alguém fora do Céu e queriam que eu fal