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Capítulo 4 - Caminhos entrelaçados

Mason

Segui a trilha conforme Hélio havia indicado, mas algo me incomodava profundamente. A forma abrupta como ele partiu me deixou inquieto. Carregava Isabella nos braços e, para maior segurança, decidi esconder o medalhão. Era um artefato antigo, valioso demais para ser exibido; poderia atrair olhos indesejados.

Logo avistei a pousada. A luz suave da manhã revelava um cenário frio e úmido; o inverno estava em pleno vigor. As ruas estavam praticamente desertas, com apenas algumas pessoas apressadas envoltas em casacos pesados. O silêncio era quase reconfortante, mas também parecia carregar uma ameaça latente. Ajeitei Isabella em meu colo e entrei rapidamente.

“Bom dia, poderia me arrumar um quarto, por gentileza?” perguntei à recepcionista, uma mulher de idade avançada, com cabelos grisalhos presos em um coque desajeitado.

Ela olhou para nós, avaliando minha aparência e a criança em meus braços. “Claro, senhor. Preciso de um documento.” Depois de verificar minha identidade, ela pegou uma chave de um armário de madeira escura. “Quarto 22, subindo as escadas à direita. Precisa de mais alguma coisa? Talvez leite para a pequena?”

Dei um sorriso cansado e assenti. “Sim, seria ótimo. Obrigado. Mas como sabia que era menina?”

“Fêmeas tem um cheiro diferente, e a sua exala ele. Minha filha vai levar suas coisas em poucos minutos.”

“Perfeito. Estarei aguardando.”

Subi as escadas rangentes até o quarto indicado. Ao entrar, acomodei Isabella cuidadosamente na cama e fui até o banheiro. O reflexo no espelho me encarava como um estranho; havia

olheiras profundas, uma sombra de barba por fazer, e um olhar vazio que não reconhecia. Tentando afastar a melancolia, concentrei-me em nossa prioridade: segurança.

Tentei estabelecer um vínculo mental com Ravena, mas foi inútil. Max, meu lobo interior, permaneceu em silêncio. Apertei a borda da pia, deixando a frustração transbordar. “Esquece ela, Mason. Isabella é sua prioridade agora.”

Batidas suaves na porta interromperam meus pensamentos.

"Senhor, sou Angel. Trouxe o leite da criança e algo para o senhor também.”

Abri a porta para encontrar uma jovem alta, de olhos vivos e cabelos dourados presos em uma trança. Fiz sinal para que entrasse. “Pode deixar aí em cima. Obrigado.”

Angel, ignorando minha instrução, aproximou-se de Isabella e acariciou seu rostinho com um sorriso genuíno. “Que lobinha mais linda!”

“Obrigado,” respondi, em um tom deliberadamente seco, deixando claro que não estava disposto a prolongar a conversa.

Angel pareceu captar o recado e se afastou. “Se precisar de algo mais, ou se quiser que eu cuide da bebê enquanto descansa, é só chamar.”

“Agradeço, mas estamos bem.” Fiz uma pausa antes de continuar. “Pode me ajudar com uma informação? Sabe o quão longe estamos de Midnight?”

“Algumas horas de viagem, dependendo do meio de locomoção.”

“Entendido. Outra coisa: estou esperando um amigo. Se alguém chamado Apolo me procurar, por favor, direcione-o ao meu quarto.”

“Claro, senhor Mason. Qualquer coisa, estou à disposição.”

Depois que ela saiu, alimentei Isabella, que logo voltou a dormir profundamente. Sentei-me na cadeira perto da janela, contemplando a carta que Ravena havia deixado. Havia evitado lê-la, temendo o que poderia conter, mas a curiosidade e o ressentimento finalmente venceram.

Abri o envelope, sentindo o perfume dela. Max reagiu imediatamente, ronronando em minha mente.

“Controle-se, Max,” murmurei para mim mesmo, com a voz carregada de tensão. Comecei a ler:

“Meu querido, meu companheiro e eterno amor, Mason. Sei que agora você deve sentir apenas raiva de mim. Tanto você quanto Max devem estar pensando que os abandonei.”

Max rosnou novamente, e precisei de toda minha força para mantê-lo sob controle.

“Se eu tivesse te contado meus planos, você nunca teria aceitado. Lutaria por mim, e isso acabaria destruindo a nós três. Fiz um acordo com meu pai: ele permitiu que eu tivesse Bella, mas com a condição de que, assim que ela nascesse, eu a entregasse a você e vocês partissem das terras do Reino para sempre. Ele prometeu nunca os perseguir. Vocês poderão ter uma vida normal, longe de mim.”

Senti minhas mãos apertarem a carta com força. Aquele velho desgraçado... Minha mente fervilhava com lembranças do rei, suas manipulações, e sua crueldade.

"Mas meus planos não terminam aqui. Assim que eu ascender como Rainha, mandarei buscá-los. Peço apenas que cuide de nossa filha, a mantenha segura e não permita que ela esqueça de mim. Voltarei para vocês, meu amor. Com todo o meu coração, sua eterna Rav.”

Bufei, incrédulo. “É isso? Simples assim? Depois de tudo, ela deixa uma carta como se fosse suficiente!”

Novas batidas à porta interromperam minha explosão de frustração. Quando abri, Angel estava acompanhada de um jovem alto e robusto. Sua presença emanava uma aura de poder que não deixava dúvidas: era o Alfa Apolo.

“Apolo?” perguntei.

Ele acenou em confirmação. Angel recuou, deixando-nos sozinhos.

“Tem algo para mim?” Apolo perguntou, sua voz grave e imponente. Apesar de sua juventude aparente, ele demonstrava uma autoridade inquestionável. Peguei o medalhão da bolsa e o entreguei a ele. Seus olhos brilharam com um misto de saudade e reverência ao tocá-lo.

“O que posso fazer por você, Mason?”

“Hélio disse que você poderia abrigar a mim e Isabella em sua Alcateia.”

“Posso, mas preciso saber exatamente o que está acontecendo. Não gosto de surpresas. Quero estar sempre um passo à frente.”

“Entendo. Estou disposto a compartilhar o que puder, mas há coisas que preciso manter em segredo, tanto pela sua segurança quanto pela nossa.”

Apolo ponderou por um momento antes de assentir. “Justo. Comece.”

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