O dia foi tranquilo na biblioteca, no fim da tarde quase não tínhamos clientes, e eu disse para Emilly ir descansar um pouco. Voltei para casa e coloquei uma roupa confortável para a festa de hoje à noite, uma jaqueta de couro preta e uma camiseta branca caíram bem, um jeans escuro e meu querido Vans.Antes de sair, tentei entrar no quarto da minha mãe para ver se ela estava bem, mas a porta estava trancada, então decidi deixá-la em paz e saí de casa. Maree não apareceu durante o dia, e eu estava torcendo para vê-la hoje na festa ou em casa quando eu chegasse.O táxi estacionou na frente do galpão onde Tyler estava dando a festa e de longe podia-se ouvir a música, as pessoas estavam em todo lugar. Tanto dentro do galpão quanto do lado de fora, a maioria com copos de bebidas dançando no ritmo da música.Assim que entrei, fui recebido pelas luzes coloridas que iluminavam o ambiente e o cheiro forte de erva misturado com bebida, era bem diferente do que os filmes mostravam, mas sabia que
Algumas horas depois, naquele mesmo dia, eu acordei com uma baita dor de cabeça. O ambiente onde eu estava era frio e escuro, eu não conseguia enxergar nem mesmo minha mão em meio ao breu, um cheiro de mofo e coisa velha era a única coisa que eu conseguia identificar.Onde eu estava? Talvez muito longe de casa. Gritar por socorro seria inútil, não? Então eu decidi ficar ali, esperando meu sequestrador aparecer, mesmo já sabendo quem ele era.Minutos, talvez horas depois, a porta foi aberta, e a luz recém acesa me cegou por alguns segundos, porém a curiosidade em mim falou mais alto, e eu os abri outra vez. Eram três homens ao todo, bem-vestidos e engravatados, sérios e de óculos escuros, altos e intimidadores. E, parado no meio deles, Ryan, me encarando com óculos escuros na cabeça e os braços cruzados sobre o peito. Um sorriso zombeteiro em seus lábios me deixou furiosa, porém permaneci tranquila e tentando não entrar em pânico.— Deplorável. — Foi a primeira palavra que ele falou de
Ergui o lençol de seda e tirei minhas dúvidas, eu não estava com a camisa do Andrew, e sim com um pijama novo, muito caro por sinal. Onde diabos eu estava? Será que estava no céu? Eu morri?Reunindo um pouco de forças, me levantei da cama e, descalça mesmo, saí para explorar o ambiente. Abri uma das portas de frente para a pequena sala. Saí em um corredor e, depois de passar por algumas portas, cheguei a uma espécie de sala de jantar com lareira.No sofá, um homem descabelado estava sentado segurando um copo com alguma bebida alcoólica, não precisei perguntar quem era, seu perfume estava em todo o cômodo e, por mais que eu tentasse, eu jamais iria esquecer seu perfume favorito.— Daqui a algumas horas, alguém virá te buscar. — Ele virou o líquido no copo de uma vez e deixou o objeto em cima da mesinha de centro. — Você vai trabalhar na boate junto com as outras meninas, só irá sair de lá quando me pagar tudo que me deve. — Ele não se virou para falar comigo em momento algum, ele não
Seria egoísta da minha parte dizer que ver minha mãe na cama de hospital não estava me torturando a cada segundo. O tique-taque do relógio ecoava na minha cabeça, e o cheiro de hospital estava me causando náuseas, preso em um quarto branco outra vez.Não sabia onde estava com a cabeça quando imaginei que estar sentado na poltrona seria mais confortável do que estar deitado na cama, essa poltrona era dura e desconfortável. Como aguentaram ficar meses sentado nisso?A porta foi aberta e o médico entrou junto com a enfermeira.— Não é um prazer revê-la, sra. Cooper. — Ele se aproximou e olhou o prontuário no pé da cama. Negou com a cabeça e torceu os lábios. — Coma alcoólico outra vez? Vamos fazer alguns exames e ver como está esse fígado. — Deu algumas instruções à enfermeira e se aproximou de mim na poltrona. — Há quantos dias ela começou a beber descontroladamente?— Tem quase uma semana. — Ajeitei minha postura. — Ela vai acordar, não vai? — Mesmo estando distante, ela ainda era minh
Fiquei encarando o closet e resolvi ir até lá, mexi em algumas gavetas, embaixo de toda a papelada encontrei o carregador do notebook, coloquei o cabo na tomada e conectei no aparelho, me sentei na cama e esperei até ele dar algum sinal de que ainda estava funcionando.— Você tem certeza de que vai querer saber a verdade? — Maree apareceu na porta e se aproximou de mim. — É informação demais em poucos dias. — Ela se sentou no meu colo com uma perna de cada lado do corpo. — Veja, seu nariz está sangrando. — Limpei o nariz com o dorso da mão, estava sangrando e muito, como não percebi?— Eu preciso, minha vida inteira parece uma mentira, e eu me sinto perdido desde a hora em que acordo até a hora em que vou dormir. — Minha voz estava embargada pelo choro preso na garganta, mas ainda sim, algumas lágrimas teimosas escorriam por meu rosto. — Eu não sei se a minha mãe é minha mãe, não sei se posso confiar na minha família. Onde está o meu irmão? Ele é mesmo meu irmão? Um milhão de pergunta
Me joguei para trás na cama, as memórias estavam voltando aos poucos e eu precisava de um tempo para absorvê-las, o quarto inteiro parecia rodar e eu não sentia o chão abaixo dos meus pés. Era muita informação de uma vez só…Em que ano estou? O que aconteceu? Quem eu sou?Caí no chão ao tentar levantar e meu corpo inteiro começou a formigar, o que aconteceu comigo? O que estava acontecendo comigo?Que dia era hoje? Com essa confusão me perdi até no tempo. Qual era a minha idade? — Se lembre de alguma coisa, seu estupido de merda. — Eu me debati no chão, esbravejando comigo mesmo.Tentei me levantar outra vez, esse corpo precisava funcionar, se eu desmaiasse outra vez, sabe se lá Deus o que ia acontecer comigo. Precisava ser forte. Consegui chegar até uma poltrona e me relaxei no acolchoado, o silêncio no quarto e a escuridão pareciam acolhedores naquele momento, eu precisava de respostas.Não lembro quando, mas em algum momento eu adormeci e, ao despertar, estava vivendo um lapso, nã
Uma mulher mascarada surgiu no palco, a máscara preta combinava com a jaqueta de couro que ela vestia, a lingerie vermelha parecia um cropped, com detalhes que, de longe, não enxerguei direito, mas deduzi serem correntes. Sua calcinha era no mesmo estilo, porém ela usava uma discreta cinta liga que juntava a peça à longa bota que usava. Ela caminhou a passos calmos ao mastro da barra e ficou de costas para ela. Ao ritmo da música, ela desceu e subiu, dando reboladas insinuativas para o público. Ela abriu as pernas e jogou o cabelo para o lado, balançou o quadril de um lado para o outro e jogou sua jaqueta para o público, que quase se matou para pegá-la. Mexeu a cintura em movimento de ondas e sorriu ao ficar de frente para o público outra vez. Voltou ao mastro e deu um rodopio antes de colar seu corpo de frente para o mastro, esfregou os seios medianos no mastro assim como sua intimidade. Seu gemido alto fez com que os homens presentes gritassem. Ao ver que eu estava indiferente ao
— Eu prefiro quando você sorri pra mim. — Ergui o queixo dela quando ela abaixou o olhar ao ficar envergonhada. — Não precisa responder agora. — Coloquei uma mecha de seu cabelo atrás da orelha. — Meu coração é todo seu. — Segurei sua mão e a beijei no dorso.— Eu nunca namorei antes. — Suas bochechas estavam bem vermelhas, igual a um tomate ficando maduro. — Posso acabar estragando tudo, e eu gosto da sua amizade, e se eu perdê-la vou ficar maluca, e você vai me odiar, e vamos ficar sem se… — Eu lhe calei juntando meus lábios aos seus em um selinho demorado.— Você fala demais — sussurrei rente aos seus lábios. Ela sorriu de olhos fechados. Tive que esperar até o dia do jogo para fazer o pedido e, quando consegui levar meu time à vitória, tive certeza de que aquele era o momento certo, dessa vez não teria “amigos” para opinar se ela era a garota certa para mim, ela era. — Eu aceito ser sua namorada — falou ela, tão baixinho que, se eu não estivesse perto dela, não teria ouvido. —