Fernanda

A noite está fria, contudo isso não me impede de ficar aqui sentada em frente a janela sentindo o vento gelado bater no meu rosto, as nuvens tão carregadas, mas nada impede as estrelas de brilharem.

Olho as estrelas e um pensamento me vem a mente, lembro do dia em que completamos 4 meses juntos, e ele segurava os meus olhos, disse que me faria uma surpresa, já era tarde e sol estava prestando a se pôr no e eu amava o pôr do sol, meu pai disse que quando era pequena levava Frederick e eu para vermos o pôr do sol juntos.

Era uma rotina nossa, mudou um pouco quando ele entrou em um colégio e eu também comecei a ter afazeres na minha vida pessoal e na igreja que a minha mãe congregava, eles acreditavam na minhas orações, pois desde criança fui agraciada pelo dom da cura, eu colocava as mãos e imediatamente a enfermidade deixava as pessoas, e daí veio o apelido.

Santinha...

Eu não gostava muito, pois sempre estive ciente que Santo é apenas o Senhor e a glória é Dele e tudo é para Ele e por meio Dele, e o dom não é meu e sim Dele, e Ele cura quem quer e faz como quer, sempre estive comete disso.

eu fecho os olhos e mordo os lábios, por mais que fui ensinada a evitar pensamentos pecaminosos, impossível não pensar nos momentos que vivi ao lado dele.

Frederick...

O homem o qual foi o meu amor e hoje é o meu desgosto, a minha dor.

Por mais que seja contra tudo que aprendi e segundo os mandamentos do Senhor, não posso odiar ninguém, contudo, preciso ao máximo odiá-lo.

Para que talvez assim eu possa esquecer tudo que a gente viveu, e o que ele me fez sentir...

Sou tirada dos meus devaneios com o toque do meu telefone, me levanto da cadeira e fecho as janelas e depois as cortinas e murmuro para mim mesma um tanto aborrecida.

— A quem eu quero enganar? Sabe muito bem que mentir é pecado, Fernanda. — Me corrijo e abro um sorriso forçado, pensando no quanto eu fui boba. — Eu amo aquele safado, não adianta mentir para mim mesma...

O telefone vibra novamente na mesinha, ando bastante avoada ultimamente, é porque sei das minhas obrigações, olho para trás e caminho em direção ao aparelho, o pego em minhas mãos, e olho a tela do telefone e franzi a testa ao ver que é a minha mãe, ela já havia me ligado, por isso a minha surpresa, então, mesmo sendo tarde, resolvo atender.

Sei que ela é um tanto protetora, às vezes acho que ela não percebeu que o tempo passou e eu cresci, desde que descobri a verdade sobre o meu destino, ela tem se preocupado bastante comigo mais do que o comum e tem insistido para que eu dê chances para o Frederick e que aceite o nosso destino.

Mas como?

Um cristal quebrado não se cola, não se conserta...

O que havia entre nós, foi quebrado, não há mais volta.

Eu o amo, mas não vejo futuro para nós, ele me machucou demais, me usou e me descartou como algo inútil.

Seria tudo tão simples se não houvesse sentimentos de nenhuma das partes.

Depois desse pensamento, nego com a cabeça e logo me puxou para a realidade, sinceramente duvido muito que no coração dele haja sentimentos, o homem é ruim, até nas revistas falam.

Passo a mão em uma que está na mesinha ao lado do celular e nela está escrito.

FREDERICK FEFFER, o lindo pianista que tem o coração pedra.

Estava bem abaixo de uma foto dele, e já dentro revista vai contando tudo que o Frederick faz, o cara é o composto de homem gostoso, tem tudo que uma mulher quer, olhos verdes, corpo forte e altamente musculoso, sorriso perfeito, capaz de deixar qualquer um de pernas bambas, mesmo que nas revistas falam que ele é raro, o que é estranho, pois ele sempre foi sorridente, digo, nunca vi tão bobo, com rosto quadrado, voz perfeita que até parece uma melodia, apesar de preferir o piano, toca instrumentos com perfeição e como se não bastasse prática muitos esportes radicais, a colunista ousa falar que a pegada dele é de deixar qualquer uma pedindo bis.

"É, isso não posso negar..."

Pensamentos puros, mulher! Me alerto.

Me pego confessando e já pedindo perdão a Deus, porque quando o desejo ainda arde em mim, mesmo que tenha que matá-lo diariamente.

Por quê? Porque tenho o meu orgulho e no que depender de mim, Frederick Feffer vai receber desprezo.

Se vou estar feliz com isso?

Não!

Aprendi a minha vida toda que isso não é certo, mas quero fazer ele se colocar no meu lugar e deixá-lo ver o quanto dói ser traído.

Ele me usou e me jogou fora.

E mesmo assim, como uma idiota que sou, continuo o admirando de longe.

Peguei o celular para responder à mensagem da minha mãe quando outra brilha na tela e franzi o cenho ao ler, era algo que nunca passou pela minha cabeça e tive que ler de novo para me certificar se estava correto.

"E se Frederick não soubesse da promessa? E se ele também se sentiu abandonado?"

Suspirei e respondi.

Nunca pensei por esse lado, mas...

" Tarde demais, mãe, não há mais chance para nós dois, estou aqui há 5 anos, e nem ao menos uma ligação recebi dele... Por favor, não defenda ele, logo a senhora que sempre o apedrejou… Afinal, Frederick é um devasso e eu não sei nada da vida... Somos incompatíveis. "

" E o casamento? Sabe que já está tudo certo! Sei que sou fala e nem sempre acerto filha, talvez eu esteja errada, durante todos esses anos nunca o vi com ninguém..."

Engoli a seco, pois todas às vezes que perguntei a ela pelo Frederick, sempre o nome de Nola estava junto, e recentemente falei sobre o que tivemos, a minha mãe disse que ela e o meu pai desconfiavam, mas estava esperando o afilhado pedir, contudo, o pedido nunca veio.

" Não é recíproco! Sabe que amo a Nola, mas o Fred é seu, não dou apoio a isso. E segundo a Cynthia a pessoa que ele ama é você! "

Pisquei algumas vezes, era a primeira vez que minha mãe dizia isso diretamente, pois sempre evitei o assunto, apertei o botão para deligar a tela do telefone e o meu coração batia em disparado, apertei o aparelho entre os dedos e o coloquei sobre meu peito.

Esperanças brotavam no meu peito...

— Para de ser boba, Fernanda...— Eu dizia negando com a cabeça.

Mordi os lábios tentando controlar a respiração e trazendo de volta a memória os momentos dolorosos que senti, eles precisavam vir a tona, não posso me dar ao luxo de cair novamente nessa ilusão.

— Me ajude Jesus... — Deslizei para o chão e deixei as lágrimas virem com força.

Por isso sempre desviei do assunto, quando a minha mãe falava dele, mas agora deixei fluir por curiosidade confesso, pois após quase um ano que as suas apresentações foram suspensas por conta de um vírus que assolou o mundo inteiro, agora ele volta aos palcos e já garanti o meu ingresso e minha mãe sabia disso, na minha boca eu dizia que o esqueci, mas com as minhas atitudes, mostrava o contrário.

E do nada a pergunta paira sobre a minha mente, como um pisca alerta, e imediatamente enxugo as lágrimas com as costas da mão e me perguntei.

Como assim não é recíproco?

Como ele me ama?

Será que ele não sabia que vim cumprir a minha promessa?

E a carta?

Ele recebeu?

Nesse momento o que acreditei ser verdade desmoronou.

Não pode ser...

Neguei e fechei os olhos e suspirei, o homem que sempre acreditei por anos ser um traidor egoísta, não era assim?

O homem que foi meu, que me fez promessas, sempre foi verdadeiro?

Puxei o ar pelo nariz e soltei pela boca e peguei novamente o celular e olhei a foto dele com ela, que ela postou no status, poderia uma das pessoas que mais amo e confio me trair assim?

Ela mentiu?

Um turbilhão de sentimentos me invade...

Mas ela não sabia... Ninguém sabia!

Ou sim!

— AHHHH! — Fecho as mãos em punho e ponho para fora. — Meu Pai me ajude! Revele o que está em oculto... — Me pus de joelhos para começar a orar.

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Recadinho da autora: E agora meninas? Quem está errado, pois cada um com as suas mágoas e a sua verdade, já roendo as unhas.

Vamos orar para descobrir também. Meninas não esqueçam de me seguir no I*******m: Tyna.ravanne.aut

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