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- CAPÍTULO 4 -

_Isso não é problema, já que ela já desafiou meu irmão.- Luara interferiu, tentando nos separar.

_O quê?! Uma vadia como a Aly desafiou o Nicolas, mas ainda está impune?- o Ruan indagou, indignado, voltando a falar com sua própria voz.

_VADIA?! ESSE VERME NÃO TEM SENSO DE PERIGO!- Aurora exclamou, furiosa, em minha mente.

_Vadia?!- perguntei com a voz demoníaca de Aury e comecei a apertar sua garganta com uma força maior, exalando dominância.- Não me confunda com suas putas... Também não sou mais fraca como antes, seu verme desagradável!

   Luan segurou meu braço e me fez soltar a garganta de Ruan, nos afastando, para me impedir de fazer um estrago.

_O que pensa que poderia fazer contra mim?!- perguntou com seus olhos ainda na cor lupina, mas sua voz tornando a ser a de seu lobo.

_Muitas coisas. Te matar é uma delas.- respondi firme.

   Ele rosnou em desagrado, deu as costas, se despediu de Nicolas e começou a ir para o andar de cima para se acomodar.

_Você não disse que estava mais forte?- provoquei, agora com minha própria voz, erguendo uma sobrancelha e sorrindo.

_CALA A PORRA DA SUA BOCA!- gritou e foi pra seu quarto, batendo a porta com força.

_O que pensa que está fazendo?- Nicolas me perguntou, sério e com os braços cruzados, assim que Ruan sumiu do nosso campo de visão.

_Ponha-se no meu lugar! Se alguém tivesse insinuado que você dorme com qualquer uma a cada noite, o que faria?- perguntei, também séria.

_Adoraria.- falou sorrindo.

_NICK!- protestou sua Luna, que estava ao seu lado.

   Rosnei, enojada com o que ouvi saindo da boca de Nicolas. Esse desgraçado tem sua Luna, por quê ainda diz algo assim? Então perguntei para Luara:

_Se fosse com você, Luara? Deixaria impune? Aceitaria tudo calada?

_De jeito nenhum! Teria matado o desgraçado.- falou entre rosnados.

_VIU!- falei para o Supremo.

_Não envolva a Luara nisso!- ordenou.

_Não envolvo, mas entenda a droga da situação de uma vez!- rebati.

_Talvez eu entenda!

_Talvez?! Sério isso?! O que te faz ainda pôr um TALVEZ?!!!! VOCÊ FALA TALVEZ PORQUE, PARA VOCÊ, É UM TRUNFO DORMIR COM UMA A CADA NOITE!!! NÃO BASTA TER SUA LUNA?!!- falei brava.

_VOCÊ NÃO PENSA NAS CONSEQUÊNCIAS DE SEUS ATOS?! ISSO QUE VOCÊ FEZ COM O RUAN PODERIA RESULTAR EM CONFRONTO DE ALCATEIAS! E QUAL O PROBLEMA SE ISSO FOR UM TRUNFO PARA MIM?!!!- gritou.

_QUEM NÃO PENSA É VOCÊ!!! NUNCA PENSOU QUE ESSA SUA ATITUDE FRIA E CALCULISTA PODE AFASTAR O POVO DA SUA ALCATEIA DE VOCÊ?!! OU QUE ISSO PODE ESTAR GRADATIVAMENTE TE ISOLANDO?!! JÁ TENTOU MUDAR ESSA ATITUDE?!! GARANTO QUE MUITA COISA IRIA MELHORAR!- rebati, o desafiando propositalmente.

   Ele não respondeu nada, apenas arregalou os olhos.

_DE JEITO NENHUM!- o Supremo gritou- Meu povo não irá me abandonar.

   Luan, David e Luara não ameaçavam fazer nem um som sequer, e logo e ambiente tornou-se tenso.

_Sinto muito decepcionar, mas isso é impossível. Meu Nick não tem o trunfo de dormir com uma a cada noite.- falou entre rosnados a Luna.

_Brianna...- Nicolas falou, aparentando impaciência.

   Luara fez uma cara de nojo para mim, evidenciando que ela não gosta dessa Brianna. Olhei para ela e perguntei, sem emitir som, apenas mexendo os lábios:

_Quenga?

_Pode ter certeza.- respondeu do mesmo modo, sem som.

_Sou a única para ele. Tanto na vida, quanto na cama. A única que o satisfaz.- Brianna continuou.

_Tudo bem, Suprema Luna. Porém, se eu fosse você não estaria brava comigo, mas sim com seu Alfa, que fez as afirmações que te irritam.- falei com uma sobrancelha arqueada.

_Brianna!- Nicolas falou, irritado, e os dois começaram a discutir.

   Alguns minutos depois Brianna foi embora furiosa... comigo. Só não sei porque, mas enfim...

_Vamos, vou te mostrar seu quarto.- Luara falou empolgada, pegando minha mala e indo em direção à escada.

_Obrigada, Luara.- falei meiga.

_Pode me chamar de Lua.

_Então obrigada, Lua.- corrigi e ela riu.

   Estava indo atrás dela quando meu celular tocou e vi no visor que é minha mãe.

_Oi, mãe!- atendi animada.

_Alexa...- falou triste, demonstrando receio para contar algo.

   Parei de andar.

_Lua, pode ir que eu já chego.- falei e desci a escada, atravessei a sala, passando por Nicolas, David e Luan, e saí da casa, parando na entrada da mesma.

_O que aconteceu?- perguntei séria.

_Alexa, minha filha, bem...

_Mãe, fala!- falei, já preocupada.

_Sinto muito filha, mas... a Rebeca foi assassinada.

   Perdi as forças e caí ajoelhada no chão, uma lágrima escorreu, meus olhos ficaram no tom lupino vermelho, e meus caninos surgiram involuntariamente. Rebeca era, assim como Mariana, uma amiga-irmã. Éramos um trio inseparável, e agora esse trio foi desfeito.

   Ouvi passos rápidos em minha direção.

_ALEXA!!- Lua gritou preocupada, surgindo na varanda acompanhada por Luan, David e o Supremo.

_Alexa, o que aconteceu? ALEXA!- Luan gritou, preocupado quando viu minha expressão, ao mesmo tempo que sacudia meus ombros na tentativa de me fazer ter alguma reação.

   Rios de lágrimas escapam de meus olhos. Abaixei a cabeça, tentei secar uma parte das lágrimas, e logo a ergui novamente. Apesar de tudo, eu não respondi ninguém.

_Quem?- perguntei à minha mãe.

_Minha querida, escute...

_QUEM?- gritei demoníaca, com a voz de Aury.

_Não sabemos.- respondeu triste.

_Eu vou achar o miserável... E ele vai se arrepender de ter nascido.- falei entre dentes.

   Não restam dúvidas para mim: a garota da 'visão' que eu tive, enquanto combatia o lobo, era a Rebeca. Os olhos lupinos dela eram dourados, assim como os da garota.

   Minha fúria, mesmo em meio ao choro, é extrema. Amassei meu celular com minha força sobrenatural, o joguei contra o chão e me levantei, começando a andar.

_Alexa, o que houve?- Luara perguntou, preocupada comigo.

   Apesar da situação e da raiva, fiquei feliz ao ver tanta preocupação. Sinal de que ela se importa comigo, apesar de nos conhecermos a tão pouco tempo.

_Uma coisa, a qual o culpado vai se arrepender amargamente por ter feito.- falei rosnando e comecei a ir em direção à saída da alcateia.

_Alexa, espera.- Luan falou, segurando-me delicadamente pelo pulso.

_Luan...- chorei- Por favor, me deixe ir.

   Ele me soltou aos poucos.

_Obrigada.- falei e tornei a caminhar.

_Espere, Alexa. Aonde você va- Nicolas falou, mas o interrompi.

_AMANHÃ LOGO CEDO ESTAREI NA DROGA DA SUA REUNIÃO! AGORA ME ESQUECE!!- gritei furiosa e comecei a correr, deixando-os para trás.

   Sequer esperei para ver a reação dele.

   Com a velocidade que corri, 15 minutos depois eu já estava de volta na Black Moon. Vi Mariana ajoelhada no chão, chorando enquanto Adrien a consolava, de costas para mim. Aproximei-me dela e vi o cadáver de Rebeca.

   Ela foi brutalmente assassinada, praticamente desfigurada, e isso apenas me deixou com mais fúria ainda. Caí ajoelhada no chão e chorei. Chorei como nunca antes havia chorado. Não acredito no que está acontecendo... Nos falamos hoje cedo e estava tudo bem, mas agora ela está morta.

_AHHHHH!!!- gritei em meio ao choro, liberando toda a frustração, tristeza, angústia....

   Adrien me abraçou, tentando me consolar, e Mariana fez o mesmo, apesar de ela estar no mesmo estado que eu. Mas, sinceramente, meu estado está deplorável. Percebe-se que estou mais abatida do que Mari.

_Sinto muito, Alexa.....- Adrien lamentou.

   Ele também era amigo de Rebeca. Mas foram poucas as lágrimas que ele derramou, e sei que está se controlando para não chorar mais, na tentativa de conseguir consolar a Mari e eu.

_Rebeca....- sussurrei inconformada, trinquei os dentes e tornei a olhar para o chão, não suportando mais ver seu estado.

   No período da tarde, nós a enterramos e, assim que a cerimônia acabou, eu fui embora sem falar com ninguém.

   São aproximadamente sete horas da noite e, apesar de ter saído da Black Moon, ainda não retornei para a Blood Moon. Enquanto choro, estou destruindo tudo o que vejo pela frente: árvores, pedras, caçando animais... tudo isso comigo ainda estando na minha forma humana. Consequentemente, estou ganhando alguns arranhões e cortes pelo corpo.

   Percebi que estou com os olhos inchados de tanto chorar. Pela posição da lua, já são 02:00 horas da madrugada, então resolvi voltar para a Blood. Infelizmente ainda existe a maldita reunião.

   Cheguei na casa do Supremo às 02:33. A casa está escura, todos já estão dormindo. Subi a escada e segui o cheiro da minha mala, descobrindo que meu quarto é, infelizmente, ao lado do quarto do Supremo. Quando estava abrindo a porta do "meu" quarto, ouvi gemidos vindos do quarto de Nicolas.

_Realmente faz juz ao adjetivo mulherengo, e isso mostra que fez as pazes com sua Luna. Pena que enquanto uns riem outros choram.- falei e Aurora ficou mais furiosa do que estava, enquanto eu derramei mais algumas lágrimas.

   Estou tomando um banho frio para baixar a adrenalina, sentindo a ardência e queimação dos cortes, já que quando estou triste a regeneração dura cerca de dois dias.

   Não foi o lobo que a matou, não era ele naquela visão. Era um vulto preto e não posso dizer com certeza, mas minha intuição diz que não foi ele. O que eu sinto é que quem a assassinou está ligado, de alguma forma, aos assassinatos dos humanos. Todos esses assassinatos agora são pessoais para mim, vou investigar a fundo, achar o culpado e fazê-lo pagar por ter envolvido a Rebeca!

   Encarei a parede do chuveiro, apoiei minhas duas mãos nela e gritei.

_AAAHHHH!!! DROGA!!!- não me importei se alguém irá ouvir ou acordar, mas preciso e quero liberar toda a dor que estou sentindo- Por quê? Por quê?! POR QUÊ?!!!!- rosnei bastante alto- POR QUÊ ELA?! POR QUÊ EU NÃO ESTAVA LÁ?! POR QUÊ EU NÃO A PROTEGI?!- tornei a chorar- Quando eu achá-lo... vou fazer dez mil vezes pior do que ele fez com você, Rebeca.- sussurrei brava.

   Terminei o banho, me vesti e fui para sala. Enquanto andava pelo corredor, me dirigindo à escada, percebi que a maioria das pessoas da casa acordaram, mas ninguém ousava ver o que estava acontecendo. Desci a escada e me sentei no sofá em seguida. Sei que não vou conseguir dormir: tanto por causa do ocorrido, como também por causa dos gemidos, que apesar de tudo não pararam.

   Às 6 da manhã, eu fui para a cozinha e fiquei tomando um pouco de água, relembrando o que aconteceu e, consequentemente, lágrimas ainda ousavam escorrer de meus olhos. Com a raiva voltando, involuntariamente apertei forte o copo de vidro em minha mão, o que o fez quebrar e alguns de seus cacos me cortarem.

   Pouco tempo depois, ouvi a voz de todos vindo em direção à cozinha enquanto conversavam, exceto Brianna. Logo eles apareceram na entrada do cômodo, pararam de falar e me encararam de olhos arregalados, provavelmente por causa dos cortes visíveis que tenho no rosto e braços, além da aparência de choro, os olhos no tom lupino vermelho e olheiras, por não ter dormido esta noite.

   Além de Ruan, há mais quatro Alfas: Afonso, Elric, Damien e Pietro. O único que conheço, além de Ruan, é o Pietro. Não me intimidei. Enchuguei as lágrimas, levantei-me da cadeira e coloquei os cacos do copo no lixo.

_Aly...- Luan me chamou pelo meu apelido, de uma forma meiga.

_Não se preocupem. Já estou de saída.- falei e saí, sentindo o sangue pingar de minha mão enquanto ando.

   Segui para a parte de trás da casa, que é um amplo jardim, e sentei-me para esperar a reunião que começará em uma hora.

_O que houve? Você está cheia de cortes e estava chorando.- Lua perguntou preocupada, aparecendo ao meu lado.

   Não aguentei e recomecei a chorar. Expliquei tudo à ela, inclusive que demoro para me regenerar quando estou triste. Apenas não falei da minha suspeita com relação a esse e os outros assassinatos. Enquanto eu desabafava ela tratou o corte da minha mão, enfaixando-a por fim.

_Sinto muito, Alexa.- falou gentil e me abraçou mais forte do que já estava, tentando me consolar e dar apoio- Conte comigo para o que precisar.

_Obrigada.- sorri fraco, enxugando as lágrimas- E pode me chamar de Aly.

_Não há de quê, Aly.- sorriu gentil.

_Vamos para a reunião.- falei.

_Vamos. Todos ficaram preocupados ao te verem desse jeito. E também, todos nós ouvimos seus gritos de madrugada, então já estávamos preocupados antes mesmo de te ver.- falou.

_Não era a intenção. Agora vamos.- falei e levantamos- Mas, quando chegar lá, acho melhor você proteger seu irmão.- falei.

_Por quê?- perguntou com uma sobrancelha arqueada.

_Porque ele e a quenga Luna foram uma das coisas que não me deixaram dormir.- falei entre dentes.

   Lua fez uma expressão de desagrado.

_Odeio aquela mulher.- falou.

_Então somos duas.- concordei- Mas ela não é sua cunhada?- indaguei.

_Cunhada? Aquele lixo?! De jeito nenhum! Ela é só a diversão do Nick, não é Luna e nem mesmo a companheira dele.- falou.

_Como é a história?!- expressei surpresa.

_Isso mesmo que você ouviu. Era o que eu ia te falar quando aquele lobo nos atacou ontem. Eu ia dizer que a esperança que eu ainda tenho para que meu irmão mude esse jeito frio e bruto dele, é ele encontrar sua companheira.- falou.

_Nossa... põe esperança. Tem que ressaltar ainda o fato de ela querer ter um companheiro tão frio.- falei, com uma sobrancelha arqueada.

_É, também tem esse detalhe.- falou, ameaçando rir, e nós fomos para o local da reunião.

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