Não era de se admirar que Mariana não acreditasse nele.Lucas permaneceu em silêncio por alguns segundos e então falou:— Entendi.Ele, que antes ainda pensava em usar o envolvimento deles para a amarrar a si, agora percebia o quão ridículo isso era.Mariana, o vendo dar dois passos para trás, suspirou aliviada:— Vou continuar aqui, e espero que você não interfira mais.Se Lucas estava disposto a aceitar a realidade, tanto melhor.— Mas e a sua segurança? — Perguntou ele.— Você não estava aqui nos últimos três meses, e não sofri nenhum perigo nesse tempo.— Certo.— Então vá embora. — Disse Mariana. — E quanto ao caso de Felipe, espero que você saiba lidar com isso adequadamente.— Vou descer para verificar.Quando Lucas desceu, Felipe ainda discutia com Gustavo.Mas, no fundo, o verdadeiro culpado de tudo era Afonso.No telefone, Gustavo tinha amaldiçoado seu filho ingrato, referindo-se a Afonso.Afonso havia traído a esposa, Gustavo havia mandado a mãe de Felipe para fora do país,
Felipe, desde pequeno, estava acostumado a observar as nuances do comportamento humano e sabia ler as intenções dos outros como ninguém.Para ele, o fato de Lucas estar vivo significava apenas uma coisa: haveria outra oportunidade no futuro.Mas, mesmo que ele não tivesse morrido, era necessário o fazer pagar caro.Queria remarcar o casamento?Ridículo!Como esperado, ao ouvir as palavras “traição durante o casamento”, Mariana não podia evitar que memórias inundassem sua mente.Casada com Lucas por três anos, ela sabia que, uma vez livre daquela vida, nem mesmo em pensamento desejava o revisitar.— Mariana! — Lucas a viu e não conseguiu evitar o chamar.Lembrando-se do que Felipe havia dito momentos antes, Lucas tentou explicar:— Eu não traí durante o casamento, você acredita em mim!Felipe, ao lado, retrucou:— Quem acreditaria?Lucas respondeu, furioso:— Quem você pensa que é? Quer causar intriga? Primeiro veja se você tem capacidade para isso!Felipe olhou diretamente para Mariana
Era um pequeno esforço, e Mariana não pensou muito a respeito. No entanto, assim que saiu do instituto de pesquisa, a porta de um carro estacionado à beira da estrada se abriu de repente, e ela foi puxada para dentro.Seu coração quase parou naquele instante. Depois do susto inicial, Mariana rapidamente recuperou a calma:— Quem são vocês? Para onde querem me levar?O carro arrancou em alta velocidade, mas ninguém respondeu.O interior do veículo estava escuro, e Mariana conseguiu perceber que havia três homens. Um deles dirigia, enquanto os outros dois a seguravam, um de cada lado.— Quem mandou vocês? — Perguntou Mariana. — Se alguém contratou vocês, posso pagar o dobro…— Fique quieta! — Ordenou um deles. — Cala a boca.Outro respondeu:— Todos temos nossas famílias nas mãos de quem nos contratou. Não adianta oferecer dinheiro. E não precisa ter medo. Alguém não gosta de você e pediu para nos divertirmos um pouco.— Por que está explicando tanto para ela? — Repreendeu o primeiro.—
Quando viu claramente quem era, Mariana percebeu que havia se enganado. Aquela mulher tinha alguns traços parecidos com Joana. Não, na verdade, ela era mais parecida com Gisela.— Quem é você? — Perguntou Mariana, intrigada.Lúcia se aproximou, lançando um olhar carregado de inveja e rancor. Seus olhos analisaram cada detalhe do rosto de Mariana antes de soltar, com um tom de desdém:— Não é grande coisa!Mariana percebeu a maldade oculta naquele olhar. A hostilidade era evidente, mas o mais estranho era que ela sequer conhecia aquela mulher.— Foi você que mandou me trazer até aqui? Qual é a sua intenção? Não temos nenhum problema uma com a outra. Você tem ideia de que isso é crime? — Disse Mariana.Lúcia riu baixinho. Havia algo na sua postura que, à primeira vista, parecia inofensivo. Ela era ainda mais convincente que Joana em fingir gentileza. No entanto, aos olhos de Mariana, Lúcia não passava de uma planta carnívora disfarçada de flor delicada.Mesmo com um sorriso no rosto, a m
Mariana já tinha ouvido falar de muitas pessoas que a odiavam, e a maioria delas era até conhecida. Mas essa mulher à sua frente? Nunca tinha ouvido nem sequer o nome.— Paulo? Quem é esse? Não conheço! — Respondeu Lúcia, com desdém.O tom de negação da Lúcia só deixou Mariana ainda mais intrigada:— Então por que você me trouxe aqui? Deve ter me confundido com outra pessoa, não acha?— Além de uma cara bonita, você não passa de uma idiota! — Rosnou Lúcia, os olhos brilhando de raiva. — Casada com o Lucas por três anos, não conseguiu fazer ele se apaixonar por você. Só causou confusão e, no final, saiu humilhada com o divórcio. Que talento é esse que você acha que tem?Mariana deu de ombros, sem se abalar:— Confusão? Eu admito, engoli muito sapo. Mas, quando me divorciei, foi com estilo.Ela se lembrava muito bem do dia em que, diante de todos os acionistas, deu um golpe certeiro no ego de Lucas. Isso estava longe de ser uma saída humilhante. A impressão que tinha era que Lúcia estava
Lúcia acabara de descrever um homem de beleza incomparável, corajoso, alto, incrivelmente habilidoso... e ainda disse que ele era atencioso, carinhoso, que cuidava dela com dedicação, como se o tempo não tivesse passado.— Pedro? — Mariana pensou consigo mesma, sem acreditar. — É o Pedro que eu conheço? Esse mundo só pode estar louco!Assim como Lucas e Paulo, Mariana conhecia Pedro desde pequena. Durante toda a infância e adolescência, Pedro não perdia uma oportunidade de atormentá-la. Ele fazia questão de humilhá-la e zombar dela sempre que podia, encontrando formas de rebaixá-la a qualquer custo.Às vezes, Mariana se perguntava o que tinha feito de tão grave em outra vida para merecer ser alvo de tanto desprezo por parte de Pedro nesta.E agora, alguém ousava dizer que tudo isso era porque Pedro, na verdade, a amava e que o ódio dele era apenas um reflexo desse amor?Mariana não sabia se ria ou se ficava ainda mais irritada.— É isso mesmo! — Lúcia continuou, enfática. — O Pedro que
No pronto-socorro do Hospital São João.Após várias cirurgias, Mariana estava exausta e preparava-se para sair do trabalho. Enquanto trocava de roupa para ir embora, a porta se abriu repentinamente. Lucas apareceu na frente dela, vestido com um terno caro feito sob medida.O homem exibia uma postura nobre, seu rosto era austero e imponente, com sobrancelhas e olhos sérios. Seu nariz alto e lábios finos, com um queixo firme e bem delineado. Sem dúvida, ele tinha uma boa aparência.Porém, naquele momento, ele carregava nos braços uma garota pequena e delicada. Por trás de sua expressão fria, era impossível esconder o nervosismo. — Ela está ferida, dê uma olhada nela. — Lucas pediu.O olhar de Mariana pousou sobre o rosto da garota. Ela tinha uma aparência doce, com um olhar inocente. Mariana sabia que esse era exatamente o tipo de mulher que Lucas gostava. Mesmo depois de tantos anos, o gosto dele não mudou nem um pouco.— Onde você está machucada? — Mariana perguntou.— Torci o tornoz
O homem tinha uma aura fria e nobre, típica de alguém acostumado a altas posições, mas carregava uma simples sacola plástica preta. Sem dúvida, dentro dela estavam os produtos de higiene íntima que Joana precisava no momento.Mariana desviou o olhar e perguntou a ele: — O avô quer que jantemos na mansão esta noite. Você pode ir?Mas Lucas não olhou para ela. Seus olhos se fixaram em Joana: — Ainda sente dor na barriga? Você já tomou os medicamentos?Após dizer isso, ele estendeu a mão e passou a sacola. Joana sorriu timidamente ao o receber e lançou um olhar rápido para Mariana antes de responder: — Estou bem melhor agora, obrigada.— Pode ir, vou esperar você aqui. — Disse Lucas, olhando para ela com ternura nos olhos, e acrescentou: — Depois eu a levo para casa.Joana lançou mais um olhar cauteloso para Mariana e depois se virou e foi embora.— Então você me seguiu até aqui? — Lucas finalmente olhou para Mariana: — Valeu a pena?Mariana não se defendeu, apenas perguntou: — Senhor