ZADE. Conter-me foi uma tarefa na qual tenho falhado desde a primeira vez que a vi naquele campo de batalha. No momento em que olhei para aqueles olhos em formato de corça, até meu coração de pedra se intrigou com a companheira que a Deusa me deu.Despertado pela esperança de que a Deusa, cuja confiança em mim estava diminuindo, não tivesse me esquecido, mas antes que eu pudesse me deleitar com a alegria de tê-la encontrado, ela gritou comigo... me odiando por ter matado seu amor... e esse desprezo nunca mudaria. Mas esta noite, ao vê-la se aproximar de mim, percebi uma mudança. Algo em nossa dinâmica não era a mesma.Até eu pude ler o clima. Se ela queria apenas uma distração ou estava excitada, eu realmente não me importava. Se ela quisesse jogar, eu aceitaria. Se ela me queria, estaria disposto a isso. Eu também a queria. Um suspiro sem fôlego me escapou quando relutantemente me afastei para permitir que ela respirasse. O cheiro dela era inebriante e irresistível e nublava m
Fui até a porta do banheiro, observando enquanto ela lavava o rosto freneticamente com água e sabão, chegando até a gargarejar. Eu me afastei, sentindo-me pior do que nunca.O que eu estava esperando? Não tinha muito a oferecer. Sou um homem sem educação, um fugitivo… um homem que trabalhava numa oficina e numa construtora. Ela era médica, vinha de uma Matilha poderosa, com amigos e familiares poderosos... Sempre fomos duas faces distintas da mesma moeda...De alguma forma, aquilo tudo foi muito pior do que quando me disseram que meus pais não me queriam... Ela passou correndo por mim e parou na porta do pátio. Ela me olhou e o que consegui ver em seu rosto foi culpa. “Isso nunca deveria ter acontecido”. Sua voz estava trêmula enquanto passava os dedos pelos cabelos meio molhados.“Não, não deveria. Você não gostaria que ninguém soubesse que enfiou a língua na boca de um assassino, não é?”. Falei, sem emoção, apesar da tempestade dentro de mim. “A Princesa Toussaint a está e
VALERIE. Meu coração afundou quando ouvi sua porta bater. O que eu tinha feito? O que eu estava fazendo?Deusa! Eu fiz uma bagunça nas coisas. “Val...”. Zaia não estava mais sorrindo enquanto me observava. "Você está bem? Eu cheguei em uma hora ruim? Eu vou embora, não queria te ofender. Eu não deveria ter invadido assim”. Seu sorriso caloroso retornou quando olhou para mim se desculpando e eu balancei minha cabeça. Caminhando até ela e a abraçando com força.“Não Zaia, preciso de você aqui. Eu jamais pedirei que vá embora. Você é minha garota, minha irmã de alma, caramba, estivemos juntas nos bons e nos maus momentos”. Não disse tudo isso em voz alta porque era muito piegas, mas ela era o meu tudo. Meus olhos ardiam pelas lágrimas e eu a abracei com mais força e ela me abraçou de volta. Ela não me questionou novamente, simplesmente me abraçou e passou os dedos pelo meu cabelo confortavelmente.Desde que a vovó e o papai faleceram, ela e Atticus eram tudo que tinha.
Zaia colocou duas canecas sobre a mesa e acabei pulando e franzindo a testa, tentando afastar os pensamentos, recusando-me a seguir naquela linha de ideia. "Desculpe". Ela falou, sentando-se à minha frente graciosamente. Eu balancei minha cabeça. “Você não fez nada. Então, quanto tempo ficará aqui?”. Eu perguntei, tentando puxar conversa.Ela inclinou a cabeça, seus lindos cabelos caindo sobre o ombro enquanto pegava sua caneca de café. "Eu não tenho certeza. Não quero que minha presença aqui piore as coisas”, ela respondeu suavemente. Meu estômago afundou e eu balancei a cabeça. "Nunca. Estou feliz que esteja aqui e estou pedindo para que possamos planejar algumas saídas a noite”. “Você tem trabalho, lembra? Já não temos mais vinte anos e não podemos festejar a noite toda e cuidar do nosso trabalho de ressaca”, ela riu. “Especialmente como médica”.Eu ri. “Você está certa, honestamente, estou velha demais para tantas festas, mas quem disse algo sobre baladas? Podemos jantar
Virei-me para encará-la, olhando em seus lindos olhos roxos. “É quase como se soubesse de quem estou falando, mas não sabe”, disse baixinho, sem me sentir pronta para contar isso a ela. Ela se aproximou, tirando meu cabelo do rosto. “Somos gêmeos… mesmo separados desde o nascimento… posso sentir a presença da família ao meu redor”. Meus olhos se arregalaram, o nervosismo me inundou, mas ela balançou a cabeça, sorrindo confortavelmente.“Minha opinião pode não ser apreciada, mas a verdade é que ele foi criado para ser o que se tornou. Ambos os lados perderam vidas naquela época. Cada pessoa que morreu estava ligada a alguém, fosse ele um companheiro, um pai, um irmão, um filho ou até mesmo um amigo. Eles eram pessoas... seres com emoções e vidas, não apenas do nosso lado, mas do Sable também”. Seus olhos ficaram turvos com lágrimas e embora ela tentasse afastá-las, estava falhando.“Mas ele matou Jai”, sussurrei, com o coração doendo. Ela segurou meu rosto, seus olhos cheios de
VALERIE. Desde aquela noite ele não tinha voltado. Nem na noite seguinte. E na outra noite seguinte.Era quase como se Zade Toussaint tivesse simplesmente desaparecido, sem um bilhete, sem uma mensagem. E isso me assustou porque ele já tinha desaparecido uma vez. O apartamento ao lado permanecia vazio.Ninguém veio limpá-lo, o que me deu um pouco de esperança, mas que tipo de esperança? Quando todos sabíamos que ele não se importava, certo? Ele iria embora quando quisesse.Talvez fosse melhor assim. A culpa e o arrependimento se transformaram em preocupação e em ansiedade, que logo se transformou em raiva e em decepção. Já tinha se passado uma semana desde aquela noite, mas não havia sinal de seu retorno e...Parei de esperar. Por que esperar por alguém que vai e vem como bem entende? Nas duas primeiras noites depois da partida de Zaia, bati na janela dele, mas ele não estava lá.Essa era a diferença entre Zade e o resto do mundo. Ele simplesmente não se im
Olhei para o carro em que ele estava encostado antes de concordar: "Certo, pensarei sobre isso". Eu respondi, apenas queria chegar em casa. “Ótimo, aguardarei sua resposta. Não demore muito”. Ele piscou para mim abrindo a porta do carro para que eu entrasse, a porta que ele havia bloqueado habilmente. "Claro, até mais".Ele a fechou, despedindo-se de mim e saí do estacionamento do hospital. Estacionei fora do meu prédio. Olhei em volta e não havia nenhuma motocicleta estacionada. Eu também não a tinha visto de manhã... a menos que ele tenha estacionado em outro lugar. Trancando o carro, entrei, corri para minha casa e depois de entrar, tranquei a porta atrás de mim antes de colocar meu casaco e bolsa no sofá.Sem perder tempo, destranquei a porta da varanda, fui andando até o lado dele e bati na sua porta. “Zade?”. Eu chamei baixinho, sem resposta. Eu não tinha imaginado isso. No meio da noite, tenho certeza de que ouvi algo, mas fiquei tão emocionada que não vim verificar.
Zade! Tentei me afastar, mas ele pressionou a lâmina com mais força contra meu pescoço. Senti a picada quando a camada superior da pele foi rompida. “Zade… eu estava ligando para você. Se estava aqui, deveria ter me respondido”. Disse baixinho, meu coração batendo forte, já que ele não aliviava a pressão em meu pescoço. “Entenda a dica”.Ele tirou a lâmina e eu pulei, virando-me para encará-lo, meu coração disparando com o fato dele ainda estar aqui. Ele não tinha ido embora. Dei a volta no sofá, mas ele deu um passo para trás, erguendo a faca, me forçando a parar de avançar. "Fique onde está".Suas palavras e expressão eram desprovidas de qualquer emoção, mas percebi um aviso mortal nesse comportamento e parei no meio do caminho, examinando-o calmamente. Sua calça estilo cargo e camiseta justa estavam rasgadas em vários lugares. Ele estava coberto de sujeira, óleo, cinzas e o que parecia ser sangue e por um momento me vejo olhando para o homem que conheci naquele campo de