Zaia colocou duas canecas sobre a mesa e acabei pulando e franzindo a testa, tentando afastar os pensamentos, recusando-me a seguir naquela linha de ideia. "Desculpe". Ela falou, sentando-se à minha frente graciosamente. Eu balancei minha cabeça. “Você não fez nada. Então, quanto tempo ficará aqui?”. Eu perguntei, tentando puxar conversa.Ela inclinou a cabeça, seus lindos cabelos caindo sobre o ombro enquanto pegava sua caneca de café. "Eu não tenho certeza. Não quero que minha presença aqui piore as coisas”, ela respondeu suavemente. Meu estômago afundou e eu balancei a cabeça. "Nunca. Estou feliz que esteja aqui e estou pedindo para que possamos planejar algumas saídas a noite”. “Você tem trabalho, lembra? Já não temos mais vinte anos e não podemos festejar a noite toda e cuidar do nosso trabalho de ressaca”, ela riu. “Especialmente como médica”.Eu ri. “Você está certa, honestamente, estou velha demais para tantas festas, mas quem disse algo sobre baladas? Podemos jantar
Virei-me para encará-la, olhando em seus lindos olhos roxos. “É quase como se soubesse de quem estou falando, mas não sabe”, disse baixinho, sem me sentir pronta para contar isso a ela. Ela se aproximou, tirando meu cabelo do rosto. “Somos gêmeos… mesmo separados desde o nascimento… posso sentir a presença da família ao meu redor”. Meus olhos se arregalaram, o nervosismo me inundou, mas ela balançou a cabeça, sorrindo confortavelmente.“Minha opinião pode não ser apreciada, mas a verdade é que ele foi criado para ser o que se tornou. Ambos os lados perderam vidas naquela época. Cada pessoa que morreu estava ligada a alguém, fosse ele um companheiro, um pai, um irmão, um filho ou até mesmo um amigo. Eles eram pessoas... seres com emoções e vidas, não apenas do nosso lado, mas do Sable também”. Seus olhos ficaram turvos com lágrimas e embora ela tentasse afastá-las, estava falhando.“Mas ele matou Jai”, sussurrei, com o coração doendo. Ela segurou meu rosto, seus olhos cheios de
VALERIE. Desde aquela noite ele não tinha voltado. Nem na noite seguinte. E na outra noite seguinte.Era quase como se Zade Toussaint tivesse simplesmente desaparecido, sem um bilhete, sem uma mensagem. E isso me assustou porque ele já tinha desaparecido uma vez. O apartamento ao lado permanecia vazio.Ninguém veio limpá-lo, o que me deu um pouco de esperança, mas que tipo de esperança? Quando todos sabíamos que ele não se importava, certo? Ele iria embora quando quisesse.Talvez fosse melhor assim. A culpa e o arrependimento se transformaram em preocupação e em ansiedade, que logo se transformou em raiva e em decepção. Já tinha se passado uma semana desde aquela noite, mas não havia sinal de seu retorno e...Parei de esperar. Por que esperar por alguém que vai e vem como bem entende? Nas duas primeiras noites depois da partida de Zaia, bati na janela dele, mas ele não estava lá.Essa era a diferença entre Zade e o resto do mundo. Ele simplesmente não se im
Olhei para o carro em que ele estava encostado antes de concordar: "Certo, pensarei sobre isso". Eu respondi, apenas queria chegar em casa. “Ótimo, aguardarei sua resposta. Não demore muito”. Ele piscou para mim abrindo a porta do carro para que eu entrasse, a porta que ele havia bloqueado habilmente. "Claro, até mais".Ele a fechou, despedindo-se de mim e saí do estacionamento do hospital. Estacionei fora do meu prédio. Olhei em volta e não havia nenhuma motocicleta estacionada. Eu também não a tinha visto de manhã... a menos que ele tenha estacionado em outro lugar. Trancando o carro, entrei, corri para minha casa e depois de entrar, tranquei a porta atrás de mim antes de colocar meu casaco e bolsa no sofá.Sem perder tempo, destranquei a porta da varanda, fui andando até o lado dele e bati na sua porta. “Zade?”. Eu chamei baixinho, sem resposta. Eu não tinha imaginado isso. No meio da noite, tenho certeza de que ouvi algo, mas fiquei tão emocionada que não vim verificar.
Zade! Tentei me afastar, mas ele pressionou a lâmina com mais força contra meu pescoço. Senti a picada quando a camada superior da pele foi rompida. “Zade… eu estava ligando para você. Se estava aqui, deveria ter me respondido”. Disse baixinho, meu coração batendo forte, já que ele não aliviava a pressão em meu pescoço. “Entenda a dica”.Ele tirou a lâmina e eu pulei, virando-me para encará-lo, meu coração disparando com o fato dele ainda estar aqui. Ele não tinha ido embora. Dei a volta no sofá, mas ele deu um passo para trás, erguendo a faca, me forçando a parar de avançar. "Fique onde está".Suas palavras e expressão eram desprovidas de qualquer emoção, mas percebi um aviso mortal nesse comportamento e parei no meio do caminho, examinando-o calmamente. Sua calça estilo cargo e camiseta justa estavam rasgadas em vários lugares. Ele estava coberto de sujeira, óleo, cinzas e o que parecia ser sangue e por um momento me vejo olhando para o homem que conheci naquele campo de
ZADE. Os Arkan. Eram os caçadores que nos queriam mortos.Eles usavam um dispositivo especial que os levava até aqueles que receberam implantes com chip. Uma rápida varredura de uma área nos mostrava em suas telas como pontos vermelhos e os chips eram avançados o suficiente para serem precisos em suas localizações. Os tolos que se permitiram confiar nos humanos. Nenhum humano concordaria em receber esse chip, então por que a nossa espécie o aceitou?Naquela noite, após a rejeição que recebi, fui em busca dos caminhos que conheci durante toda minha vida como algo terapêutico para minha dor. Acabei encontrando alguns Arkan, o que já vinha tentando fazer, então acabei matando todos eles sem piedade. Liberando a raiva que estava queimando dentro de mim. Me vingando daqueles que ousaram machucar nossa espécie.Mas precisei voltar, pois não levei nada comigo, além disso, fui atingido por uma bala venenosa, daquelas que não conseguiria curar apenas com minha mudança. Vê-la aparec
“Obrigada”, eu sussurrei, sorrindo antes de sair rapidamente da cama e calçar meus chinelos. Estava com uma camisola grande demais, mas não tinha tempo de me trocar. Peguei minhas chaves e telefone e cruzei o corredor vazio de azulejos até a porta de Zade. Era estranho usar esse lado da entrada, mas realmente não tinha opção. A questão era, ele me atenderia?Hum, o que deveria fazer? Talvez eu devesse tentar fazer as pazes de outra forma... Mas eu nem sabia do que ele gostava...Franzi a testa, fiquei ali parada olhando para meus chinelos e então meu telefone apitou, vi que era Cassian... me arrependi de ter dado meu número a ele, esperava que ele não fosse agressivo, talvez da próxima vez eu deixasse claro que não estava solteira… Mesmo estando, mas não tinha nenhum interesse nele.Exalando, levantei a mão para bater na porta, então parei, já com os nós dos dedos a milímetros da porta. E se eu simplesmente deixá-lo com raiva de novo? “Zade?”. Eu chamei baixinho, sem respo
VALERIE. Eu suspirei, minha cabeça levantou e percebi que estava em completa escuridão. Demorei alguns segundos para perceber onde estava e a distensão muscular em meu pescoço era prova suficiente de que estava dormindo assim há algum tempo. Meu olhar se voltou para a sacola ao meu lado, ela ainda estava ali, com dois potes de ramen frios dentro dela.Este homem! Estava prestes a me levantar quando percebi por que estava tão escuro. As luzes estavam apagadas novamente. Seria um novo apagão? Mas não, isso não poderia ser possível. Eu teria ouvido o alarme disparar... Seria apenas a luz do corredor? Estava me levantando quando ouvi uma voz muito baixa vindo de algum lugar lá embaixo.“Estamos perto… fique alerta”. A voz era profunda e fria e meu estômago afundou, mas foi o som que a acompanhou que fez meu estômago revirar. Eles estavam com máscaras e ouvia o som da respiração pesada através das aberturas de ventilação deles… Por favor, não invadam novamente... o pensamento