-Ah não, você de novo. O que quer agora, Zack? -Perguntei.
-Por que ainda está aqui fora? A aula já começou.
-O que que é, hein? -O encarei. -Depois de todo esse tempo enfim decidiu ser legal comigo?
-Eu só estava tentando ser seu amigo.
Sorri de um jeito irônico.
-Acha mesmo que depois de tudo que você me fez passar, eu vou ser sua amiga? Não é porque eu te protegi do que aconteceu, que eu passei a gostar de você. Eu cansei disso tudo. E não venha falar comigo como se eu tivesse te perdoado, eu continuo te odiando e nada vai mudar isso.
Ele negou com um sorriso nos lábios.
-Tenho que dizer que estou realmente impressionado com essa mudança de personalidade sua. -Se aproximou mais da mesa em que estou. -E me vejo obrigado a dizer que eu compartilho do mesmo sentimento que você. E já que ambos estamos conscientes de que nos odiamos em consenso, o que acha de me contar mais alguma confissão que eu não saiba?
-Muito bem. -Me apoiei na mesa. -Eu te acho um completo babaca, idiota e o principal, um corno assumido. -Sorri.
Essa última palavra o fez sorrir levemente.
-E o que te leva a pensar que sou eu corno?
-Vamos ver, -Fingi estar pensando. -talvez seja pelo simples fato de eu ver quase que diariamente a Clair com outros caras mesmo quando vocês dois estão supostamente juntos.
-Bom, isso não é um problema, na verdade. Até porque nós não estamos juntos oficialmente. Nós apenas... -Pareceu estar tentando encontrar as palavras certas. -aproveitamos a maravilhosa presença corporal um do outro.
Eca.
-Então nós dois podemos ficar com quem quiser. -Ele se aproximou mais um pouco e se sentou de frente para mim. -Só que como eu sou completamente irresistível, ela sempre acaba voltando pra mim.
Arqueei uma sobrancelha e me recusei a dizer alguma coisa.
-E você? Já ficou com alguém?
Permaneci em silêncio. Ele não tem que saber de nada que tenha a ver comigo.
-Ou ainda é virgem?
Ao perceber que eu não ia o responder, ele sorriu e deitou a cabeça na mesa por um segundo.
-Eu não sei por que é que eu ainda pergunto. Mas olha, não precisa se preocupar, eu posso te ajudar quanto a isso. Se quiser, é claro. Garanto que sou um bom professor. -Piscou um olho pra mim.
-Prefiro beijar o pé grande à beijar você. -Respondi.
-Vai me dizer então que você resiste a mim? -Se inclinou sobre a mesa e se aproximou o suficiente para ficar bem próximo de meu ouvido. -Então se eu simplesmente decidisse te beijar aqui e agora, você não retribuiria? -Sorriu e quase tive vontade de bater em mim mesma por ter me arrepiado. Corpo idiota. -Acho que não preciso fazer mais nada para provar que você também é caidinha por mim.
Ele voltou para o seu lugar e deu seu típico sorriso de convencimento.
-Está ficando vermelha, quatro olhos. -Riu. -Juro que quando eu via nos livros a autora descrevendo o quanto a personagem ficava vermelha, achava que era exagero. Mas olha só você agora.
Ao perceber o que ele acabou de dizer, não consegui esconder o sorriso de vitória em meu rosto. Essa informação vai me ser útil futuramente, tenho quase certeza disso.
-Eu não quis dizer que eu leio. -Tentou consertar. -Eu quis dizer que já vi isso em algum vídeo do I*******m.
-Nem tente consertar. -Sorri mais. -Poupe a mim e a si mesmo de desculpas.
Ele ficou em silêncio e pude notar seu maxilar sendo travado.
-Ninguém vai acreditar em você. -Falou um tempo depois. -Vai em frente, pode espalhar.
Neguei e dessa vez foi eu quem me inclinei um pouco sobre a mesa.
-Não, ainda não. Mas eu posso pensar em fazer isso quando você me perturbar mais uma vez.
Ele negou com um sorriso no canto dos lábios.
-Você não...
Sua fala foi cortada quando a voz de Clair ecoou aqui dentro do refeitório.
-O que pensa que está fazendo sentado com essa daí?
Zack se levantou e se virou na direção dela.
-Eu só... eu... -Pigarreou. -eu estava passando por aqui e vi que ela estava sozinha, então vim pedir para ela fazer alguns deveres meus que estão atrasados.
Eu sei que isso é apenas uma desculpa para ela não ficar estressada, mas escutar ele falando assim de mim... como se eu servisse apenas para fazer trabalhos alheios... me machucou um pouco.
Mas o que eu estava esperando vindo dele?
-Entendi. -Ela se aproximou dele. -Agora venha, vamos voltar para a sala. Essa daí não merece a sua presença.
Desviei meu olhar deles e respirei fundo. Patético.
-Sim, é claro.
Levantei um pouco o olhar e pude ver Zack olhando para mim antes de sair andando ao lado de Clair. Ele sorriu levemente e saiu.
No que é que eu estou me metendo?
(...)
Após passarem algumas horas de aula, o sinal finalmente tocou e todos saíram da sala. Parei na porta assim que me lembrei de que estou de detenção.
-Você não vem? -Perguntou Jake.
-Bem que eu queria, mas...
-Ah, é mesmo. Tinha me esquecido que você vai ter que ficar aqui por causa de uma mentira sua.
-Tá, eu sei que mereço isso. Só que agora não tem mais como eu voltar atrás. -Dei de ombros.
-Já contou pro seu pai que vai demorar pra chegar em casa? -Neguei. -Eu passo lá. Mas por favor, não faça nenhuma bobagem. Ele não merece a sua bondade.
Sorri para ele e em seguida ele saiu da sala.
-Olha, vou te falar uma coisa. -Zack entrou e foi em direção à mesa da professora. Em seguida se sentou e colocou seus pés em cima da mesa. -Aquele seu amigo é realmente insuportável. Como você aguenta tanta melação?
-Talvez você não goste dele por não saber a sensação de como é ter alguém ao seu lado de verdade.
Vi um sorriso se formando em seus lábios.
-Pegou pesado, quatro olhos. -Disse enquanto se levantava da mesa da professora.
-Já que você já ficou várias vezes de detenção e eu não faço ideia de como funciona, -Ignorei sua última frase. -o que temos que ficar fazendo?
-No geral fica eu e meus amigos, então ficamos aqui até algum professor resolver aparecer. Se isso não acontecer, nós simplesmente... bagunçamos. -Sorriu e se sentou em uma das cadeiras da frente.
Fui até ele.
-E esses seus "amigos" -Fiz aspas com o dedo. -onde estão?
-Acredite se quiser mas eles não fizeram nada digno de detenção, ainda.
Respirei fundo e me sentei em uma cadeira à sua frente.
-Então temos que esperar? -Perguntei e abri minha mochila.
-A ideia é essa.
Senti seu olhar sobre mim enquanto pegava meu caderno e um lápis.
-O que está fazendo?
Olhei em sua direção e fiz um gesto de tipo "é sério que está me perguntando isso?"
-Você vai estudar, quatro olhos? -Riu. -Em que mundo você vive?
-No mundo onde eu vivo, para conseguir conquistar o que quero, depende de mim. -Abri o caderno e em seguida peguei o livro na mochila.
-E o que exatamente você quer conseguir?
-Acho que ainda é cedo demais para conversarmos sobre isso. -Sorri sem mostrar os dentes e coloquei na matéria de matemática. -O que acha de aprender um pouco sobre álgebra?
-Argh, não mesmo. -Se encostou. -Vou ficar aqui até dar o horário e depois vou me m****r.
-Ok. -Falei simplesmente.
(...)
-Então se passarmos o expoente para cá, obteremos o resultado 195. -Anotei no caderno e ele continuava prestando atenção.
Após aquele fala sua, comecei a fazer alguns exercícios e de pouco em pouco percebi que Zack estava observando o que eu estava fazendo. Assim que não entendeu o que eu havia feito, ele simplesmente me perguntou o por que daquela resposta.
Fiquei bem surpresa diante de sua pergunta, mas me senti feliz também por ver que ele quer pelo menos tentar aprender.
-Espera aí, então é tão fácil assim? Como nunca aprendi isso antes?
-Quer mesmo que eu te fale o motivo?
-Não, tudo bem. -Sorriu. -Mas e se aqui no lugar do 17 fosse 45?
-Aí daria um resultado maior. Você faria do mesmo jeito, só substituiria o valor.
Zack coçou a cabeça e ficou um tempo olhando para o caderno.
-O resultado seria 2025?
-Sim, isso mesmo.
-Por que é que o professor nunca explicou dessa forma? Ficaria bem mais fácil de entender.
Dei de ombros e me senti vitoriosa por conseguir faze-lo entender pelo menos um pouco da matéria.
-Alguém já te falou o quanto seus olhos são lindos? -Perguntou do nada. -Porque eles são. Eu nunca havia percebido. Talvez seja por conta dos óculos, sei lá.
-Ahn... -Desviei meu olhar do seu.
O rumo da conversa mudou tão rápido. E o que é que deu nele!?
-Acho que já podemos ir embora. -Falei assim que olhei para o relógio na parede.
Peguei meus materiais e comecei a guarda-los novamente.
-Não sabe receber elogios, não é? -Escutei sua risada e o ignorei. -Seus olhos são lindos.
-Cala a boca. -Me levantei e coloquei a mochila nas costas. -Não tem que me tratar igual você trata as suas admiradoras.
-Ai. -Falou. -Eu só estava tentando ser gentil.
-Não, você estava tentando ver como eu reagiria diante de seu "elogio".
-Um pouquinho disso também. E você não se saiu como eu esperava.
-Eu não estou e nem vou estar afim de você, Zack. Entenda isso. -Caminhei até a porta.
-É o que veremos.
Saí e não olhei para trás. Não quero mais ter que ver o rosto desse garoto tão cedo.
Assim que cheguei em casa, encontrei Alysson sentada no sofá. Quando notou minha presença, se levantou e veio até mim.
-O que é que você estava fazendo com o Zack?
Zack narrando:Acredito que essa seja a primeira que conversei com uma garota que não ficou o tempo todo dando em cima de mim. Na verdade, ela sequer deu em cima de mim. O que é bem estranho.Não querendo me gabar, mas eu sempre tive todas as meninas que eu já quis nesses 17 anos. Por que é que com ela vai ser diferente?É claro que a Alexia sempre teve a personalidade forte. Mas diferente de agora, antes ela não batia de frente comigo. Ela não respondia. Apenas abaixava a cabeça e aceitava que aqui na escola eu sou maior do que ela.Só que agora está tudo bem diferente. Agora ela fala olhando diretamente para mim. Parece que ela perdeu aquele medo que ela tinha em relação às pessoas mais "populares" da escola.Ela simplesmente decidiu ignorar tudo isso e eu tenho que confessar que estou bem surpreso com essa mudança em tã
-Não aguenta ficar longe de mim um minuto sequer, né? -Sorriu se encostando na porta.-Acha mesmo que viria até aqui apenas pra te ver? Meu tempo vale mais do que isso. -O provoquei. -Fui contratada por seu pai. Sou a nova babá temporária da Alicia.-Não está falando sério. -Respirou fundo. -Tanta gente nessa cidade e ele tinha que chamar justo você?-Se eu soubesse que você era o irmão irresponsável, eu com certeza não teria aceitado.-Irmão irresponsável? -Me olhou tentando entender.-Deixa pra lá. -Sorri, sabendo que o deixaria curioso durante a tarde toda. -Mas e então... vai me deixar entrar ou...Ele deu espaço na porta e eu adentrei sua casa.Aqui dentro é ainda mais bonito do que do lado de fora. Os móveis são completamente modernos e a casa é quase inteiramente branca.
-Estou trabalhando, Charlotte. Vou pra casa daqui algumas horas. -Arrumei meu cabelo para trás.-E quem é que te deu permissão para fazer isso? Seu pai sabe disso?-Não exatamente... mas eu vou contar assim que chegar em casa.-Não. Eu quero você aqui agora. Se ele ficar sabendo que eu estava consciente dessa idiotice sua, com certeza vai ficar bravo comigo. Você tem 5 minutos pra chegar aqui.Ela desligou e eu respirei fundo. Guardei o celular mais uma vez e voltei para perto de onde Zack e Alicia estão. Quando me sentei mais uma vez, senti o olhar de Zack sobre mim.-O que? -Perguntei já ficando incomodada.-Nada. -Voltou sua atenção para a comida.Comecei a retirar o macarrão e quando estava colocando em meu prato, senti novamente seu olhar.-Fala de uma vez, Zack.-É só que a sua m
Ao escutar o despertador tocar, me inclinei um pouco e o desliguei. Mesmo sem vontade alguma, me sentei na cama e pude notar o sol tentando entrar por detrás das cortinas.Eu estou tão cansada.Me levantei e fui caminhando lentamente em direção ao banheiro. Tenho que pelo menos fingir que estou bem.(...)Após tomar um bom banho, fui em direção ao primeiro andar. Por que é que a casa está tão silenciosa assim?Fui até a cozinha e peguei o galão de leite na geladeira.-Bom dia, Alexia. Deixa que eu preparo o seu café. -Disse Donna, nossa governanta.Ela foi contratada por Charlotte há alguns meses. Não gostei muito da ideia no começo, mas assim que a conheci, já me simpatizei logo de cara. Donna é uma senhora de 50 e poucos anos. Ela é bem mais baixa do que eu e seus cabelos são t&at
-Presta atenção por onde anda. -Disse Stefan, amigo de Zack.-Desculpa. -Falei e ele saiu andando.-Tem qual aula agora? -Jake perguntou.-Matemática. Vi algumas pessoas comentando que é um professor novo. -Abri meu armário e peguei o livro de matemática.-Espero que saiba ensinar. -Sorri ao escutar ele dizer isso. -O que?Fechei o armário.-É engraçado escutar você falando isso. Acha você mesmo que a escola iria contratar alguém que não sabe ensinar? -Arrumei o caderno em meus braços.-Bom, teve aquele professor de educação física no ano passado. Você lembra que ele só ficava sentado mexendo no celular enquanto mandava a gente ficar correndo em volta do campo?Sorri mais uma vez.-Relaxa, acho que ele deve ser bom. Vou indo, não quero me atrasar na primeira aula. -Mandei um beijo para
Assim que as alas acabaram, fiquei na dúvida se obedecia o que Charlotte mandou ou se ia trabalhar logo de uma vez. Apesar de ser completamente desnecessário essa revolta dela em relação a eu trabalhar, não posso contraria-la. Ela é namorada do meu pai, e não quero causar briga entre os dois. Meu pai precisava disso, precisava de uma mulher que o fizesse feliz.Mas por outro lado, eu também preciso disso para o meu currículo, também tenho a minha vidam, não posso deixar ela tirar tudo de mim.Então sim, eu vou ir.Enquanto caminhava em direção a casa de Zack, observei um casal do outro lado da rua. Os dois estão de mãos dadas e ele está provocando ela.Parei de prestar atenção neles e voltei a focar em meu caminho. Pouco tempo depois enfim cheguei na casa. Bati à porta e fique no aguardo de algué
Alexia narrando:Eu não queria ter que aceitar ir a seja lá onde for que Zack quer nos levar, mas que outra escolha eu tinha? Era isso ou ter que aguentar sermão todos os dias.Assim que ele saiu do quarto, acordei Alicia e a arrumei.-Titia, não vai se arrumar também? -Alicia perguntou enquanto eu amarrava o último elástico em seu cabelo.-Não se preocupe comigo. -Sorri pra ela. -Só vamos dar uma volta.Me levantei e fui até o seu guarda roupa, onde peguei uma casaco levinho. Hoje não está tão frio mas não posso facilitar para ela ficar resfriada.-Mas e se o irmão quiser ir num restaulante?-Dessa vez não, Lice. -Me virei assustada na direção da porta e encontrei Zack parado. Ele está com um short preto e uma camiseta azul. -Isso vai ser para a próxima proposta.
Zack narrando:O que é que deu em minha cabeça de contar tudo aquilo pra ela? Quer dizer, é a Alexia... a menina que eu perturbava todo santo dia por ela ser quietinha. Por sempre abaixar a cabeça. E agora eu simplesmente saio contando coisas da minha vida pra ela?Eu não estava muito bem, deve ter sido mais uma das crises. E isso fez com que eu lhe contasse sobre minha mãe. E eu jamais contei isso pra alguém. Sei que ela mesma me disse que não vai espalhar, mas e se ela resolver fazer isso? Minha reputação com certeza iria por água abaixo.-Irmão, sai daí, vem binca comigo. -Disse Alicia que ainda estava de frente para sua casa dos sonhos da Barbie.Desde que Alexia foi embora, permaneci na sacada, observando o céu. Nunca tinha parado pra prestar atenção, e somente agora me dei conta do quão lindo é