Saí do quarto batendo a porta. Ela precisava ficar sozinha e eu estava com raiva.
O que havia me feito pensar que uma garota como ela iria me dar moral? Will ama Samira. Samira ama Samira. Simples assim.
Desci as escadas, saí no Hall de entrada. Abri a porta para a fora. Fui para o deck. Me sentei ali, no assoalho de madeira, aos pouquinhos fui deslizando até estar completamente deitado. A chuva já tinha passado. O chão ainda estava molhado, e, por sinal, me molhava também, mas eu pouco me importei. Ainda estava claro, porém era como se o sol tivesse atenuado, não estava quente, a claridade não estava forte… estava tudo suave e calmo.
Talvez estivesse na hora de acabar logo com isso. A merda de sentimento.
Voltei a me sentar e não consegui esconder a cara de surpresa. Mattias estava ali do meu lado, fumando um cigarro de maconha.
Ele me olhou com uma careta.
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— Eu não ia… mas se você faz tanta questão. Idiota.Mattias deu uma gargalhada.— Eu tô melhorando, sabia?Sorri.— Acredito em você. — falei crispando os lábios. — Não estou sendo irônica, o.k?— Jura? Porque você costuma ser totalmente irônica.— Cala a boca. Eu sou só 98% irônica. A ironia é a minha forma elegante de ser má.Ele arqueou a sobrancelha.— E qual é a minha forma?Ser lindo e me olhar dessa forma que me desestabiliza completamente. Isto que é maldade de verdade.— Você não é mau. Você é o maior mané — menti.
– Ei, aquela nuvem se parece com você.– Se parece, é? Ela tem um formato estranho... parece alguém mostrando o dedo do meio.– Exatamente.Mattias e eu demos risadas.–– Aquela ali parece com você – falei apontando para o céu.– Por quê? – indagou Mattias.– Ela tem um bundão.– E desde quando nuvem tem bunda, Sam?Ri:– E desde quando nuvem tem dedo?– E desde quando você repara na minha bunda?Revirei os olhos.– Posso parecer idiota, mas não sou cega.Ainda estávamos na área particular da praia, deitados na areia e eu apoiava minha cab
Pov's MattiasTudo estava tão... confuso.Tá, talvez nem tudo.Eu sabia o que sentia pela loira. Eu gostava dela. Isso eu posso afirmar. Eu gostava dela, tipo, de verdade.O.k, vamos ver: um mês atrás eu só queria comê-la e mais nada. Afinal, o quanto se podia mudar em quatro semanas? Tudo.Em outras palavras, quatro semanas atrás eu só queria que ela fosse minha. Agora eu era completamente dela.Quatro semanas antes eu nem sonhava que o que eu virá na despensa podia sequer haver uma remota possibilidade de existir. Aquilo acabava comigo. As pessoas mereciam saber. Todo mundo deveria saber... só que se aquilo me matava aos poucos, imagine o estrago que faria se eu contasse para todo mundo. Seria definitivamente um choque. Porém aquilo não podia continuar. Não podia. Simples.Não. Tudo, menos simples.Eu não havia
Sociopata.Era essa a palavra que haviam usado para descrever Nicholas Hunter Steiner. Preferi não perguntar seu significado, porque, não posso negar, eu tinha medo de saber.Só que eu era o tipo de pessoa que não se aguentava por muito tempo. É, pois é, eu era o pior tipo de curiosa.Quando cheguei do tribunal, entrei no meu quarto e abri meu notebook. Joguei no Google “Sociopata”"As características dos sociopatas englobam, principalmente, o desprezo pelas obrigações sociais e a falta de consideração com os sentimentos dos outros. Eles possuem um egocentrismo exageradamente patológico, emoções superficiais, teatrais e falsas (…) mentem exageradamente sem constrangimento ou vergonha, subestimam a insensatez das mentiras, roubam, abusam, trapaceiam, manipulam (&helli
Cinzas.Por que porra de coisa havia cinzas no ventilador, produção?!Certo, eu acho que já falei que eu era uma curiosa da pior espécie.Desliguei o ventilador e me levantei na cama, tentando alcançar o ventilador, mas muito provavelmente eu era baixa demais. E isso era uma bosta, ser baixinha demais, porque em algumas ocasiões, você vira um inútil.Pulei da cama e peguei um banquinho no chão e o coloquei na cama. Subi na cama e no banquinho. Para eu cair, era questão da minha falta de jeito, o que, por sinal, era total.Alcancei o ventilador, minhas mãos exploraram hélice por hélice, na parte de cima dela, e eu quase caí de susto quando minhas mãos se fecharam em alguma coisa. Agarrei aquilo. Pulei do banquinho, caindo na cama.Bem, a
Pov’s WillMe senti pelado. Sério.Entrei no quarto para buscar pastilhas para o hálito (e preservativos, se querem mesmo saber). Estava decidido a tirar o atraso. Não me entenda mal, eu só precisava acabar com aquele vazio, destruir aquele buraco onde a Samira amiga costumava ficar, e onde eu gostaria mais que ela tivesse ficado como namorada, e agora eu não tinha uma coisa e nem outra. Eu precisava de sexo. Não que aquilo fosse a solução. Aquilo só funcionaria como aspirinas.Como eu ia dizendo, me senti pelado. Sério. Eu entrei no quarto e ela ficou me encarando, sem nem ao menos piscar os olhos. Ela, você sabe quem.Tentei não fazer contato visual, porque, como eu disse, eu estava me sentindo completamente nu. Eu sentia que Samira me olhava até a alma, profundamente, sentia como se ela conhecesse todos os meus segredos, tudo, tudo, absolutamen
Aquilo era ridículo. Eu não podia simplesmente ficar chorando igual uma vaca inútil. Eu tinha que parar de chorar.Ah, qual é, eu era uma tapada.T-A-P-A-D-ATA-PA-DAComo eu nunca tinha percebido? Como? Todos os sinais estavam lá, estampados, escritos, desenhados, materializados. Só eu não via.Durante muito tempo Will fora a única pessoa que havia conseguido me fazer bem, a me fazer feliz de verdade, diferente de todas as outras pessoas, e nunca exigia nada por isso. E o que eu havia feito? Pisado, chutado e arrebentado ele.Ai, minha nossa. Eu podia morrer e viver outras milhares de vidas, mas eu nunca iria merecer aquele cara.Eu era uma pessoa horrível. Como eu podia ser tão mesquinha com ele? E agora, o que eu estava fazendo? Me lamentando igual uma tapada que eu era.Eu tinha perdido ele. Will tinha desistido de mim. Ele ia sair com outra garota, ia co
– Mãe, vou sair – avisei.Minha mãe me observou durante alguns segundos.– E desde quando você me avisa que vai sair? – ela arqueou a sobrancelha.Desde que Mattias e estamos de rolo, e não queremos que ninguém desconfie de nós, portanto saímos separados para depois nos encontrarmos lá fora – pensei.– Vá logo – falou minha mãe, dando de ombros.O quê? Por que você não é uma mãe super protetora e preocupada que me proíbe de ir até ali na esquina? Por quê?! Por quê, hein? Hein?! Eu te amaria mais, mulher.Saí pra fora.Fazia só uma hora desde que Mattias havíamos estado mais... próximos.Quero dizer, pra mim aquilo ainda era estranho. Eu sempre encarei sexo com naturalidade, já que nunca tinha sido tabu na minha família,