Naquele dia, Amadeu acabara de sair do escritório de advocacia Deutriavo quando Helena o abordou na porta.- Amadeu! – Ela cumprimentou. Amadeu franziu ligeiramente a testa, se virando para encontrar Helena, que corria em sua direção com uma mochila nas costas. - Quem é você? - Amadeu perguntou, sentindo uma vaga familiaridade, mas incapaz de identificar a moça. - Amadeu, sou Helena, a colega de quarto da Amanda. Já nos encontramos várias vezes antes, você não se lembra de mim? – Helena se apresentou- Desculpe, não me recordo. – Ele disse. - Não importa, agora estamos apresentados. – Helena estendeu a mão, mas foi recebida pela frieza de Amadeu. - Se não tem mais nada, eu preciso ir. – Empurrando sua bicicleta, Amadeu disse. - Amadeu, também estou voltando para a universidade. Daqui até lá é tão longe, você poderia, por favor, me dar uma carona? – Helena segurou a frente da bicicleta instintivamente, olhando para ele de forma suplicante. - Desculpe, minha bicicleta não tem ass
No fim de semana, Gustavo organizou um passeio de outono.Era um grupo de quatro pessoas indo para uma caminhada nas montanhas.Eles queriam levar Tristão junto, mas ele sentiu que seria como uma lâmpada brilhante demais, então decidiu não se juntar aos dois casais.Durante a subida da montanha, eles optaram por não usar o teleférico. Amadeu e Gustavo, que se exercitavam regularmente, estavam com a energia lá em cima, mas Amanda e Lívia estavam ofegantes logo atrás.- Ei, vocês dois podem subir mais devagar e esperar por nós? - Lívia, se apoiando na cintura, gritou de trás.- Lá embaixo, na base da montanha, eu sugeri pegar o teleférico porque estava preocupado que vocês duas não aguentassem. Quem foi que recusou tão prontamente? - Gustavo, parado nos degraus da trilha da montanha, se virou e sorriu para elas, zombando.- Como eu ia saber que escalar essa montanha insignificante seria tão cansativo? Essa montanha nem parece tão alta! - Lívia fez um bico com os lábios.- Vem, este nobre
Quando decidiram ir embora da montanha, escolheram pegar o teleférico na descida. Dentro do teleférico, Gustavo e Lívia brincavam e discutiam animadamente, mas Amadeu e Amanda estavam visivelmente abatidos, permanecendo em silêncio durante toda a viagem.Depois de um dia inteiro de diversão, ao retornarem ao Distrito de Green City, Amanda, que seguia Amadeu de perto, abraçou sua cintura por trás.Amadeu ficou ligeiramente surpreso, olhando para baixo para as pequenas mãos delicadas que se enlaçavam em sua cintura. - O que foi? - Ele pegou as mãos dela e perguntou.- Você ainda está chateado com o que aquele monge varrendo o chão disse? - A garota atrás dele inclinou a cabeça para olhar o rosto sombrio dele.- Não. – Ele respondeu. - Ele não é nenhum mestre, só estava falando sem pensar. Não acredite no que ele disse. Que época é essa para alguém dizer algo sobre amaldiçoar a esposa? - Amanda resmungou irritada.- É, eu não acredito. - Amadeu se virou, envolvendo a cabeça dela em seus
Poucos dias após o Natal, Amanda adoeceu. Ela estava com febre e delirava. Quando Amadeu chegou em casa, vindo do escritório de advocacia, levou um susto ao ver a pequena deitada na beira da cama, com a cabeça baixa e os longos cabelos derramados. Ela vestia um pijama de algodão e parecia abatida. Amadeu chegou a pensar que ela tinha sufocado.Rapidamente, ele se aproximou e verificou sua respiração. Ela ainda respirava. Aliviado, Amadeu a pegou nos braços e tocou sua testa levemente quente. Não estava tão quente quanto ele temia. - Amadeu, eu estou morrendo? - Amanda, fraca, piscou e perguntou com os lábios trêmulos.- Que bobagem. É só uma febre baixa, vou pegar o termômetro. - Respondeu Amadeu, colocando o termômetro embaixo do braço dela e instruindo. - Deixe aí por cinco minutos, segure bem para não cair. Vou fazer canja.- Eu não quero canja. - Amanda, encostada na cama, mordeu levemente o canto da boca e segurou a manga da camisa dele. Devido à febre, ela não sentia gosto de na
O final do semestre acabou, e Rita recebeu um convite de Ursula para visitar a Cidade A, aproveitando para ver Amanda na escola e planejando voltar com ela para a Cidade S.Assim que Rita chegou ao dormitório feminino, ela ligou várias vezes para Amanda, mas ninguém atendeu. Sem alternativa, Rita entrou no dormitório e perguntou à encarregada:- Olá, eu sou a mãe da Amanda, estudante do primeiro ano do curso de Inglês. Posso ir ao quarto dela?- Claro, só precisa se registrar aqui. - A encarregada, vendo que Rita tinha uma aparência amigável e estava bem vestida, respondeu.Depois de se registrar, Rita foi ao quarto de Amanda. A porta estava aberta e havia gente lá dentro, mas Rita ainda bateu na porta educadamente. Helena, que estava arrumando as malas para voltar para casa, olhou para a bela mulher na porta. Ela parecia familiar, mas Helena não se lembrava de onde a conhecia.- Quem é você? – Helena perguntou. - Eu sou a mãe da Amanda. Tentei ligar para ela, mas não consegui, então
De volta ao hotel, no quarto presidencial, mãe e filha dormiram de costas uma para a outra. - Amadeu, eu não posso voltar para casa esta noite. Minha mãe veio para a Cidade A e descobriu sobre nós. Ela até disse que quer te encontrar amanhã. - Amanda, escondida sob os cobertores, enviou uma mensagem para Amadeu pelo celular:- Eu posso encontrar sua mãe. - Rapidamente, Amadeu respondeu.- Melhor não. E se minha mãe te tratar mal? Eu vou dizer a ela que você já foi para a casa de seus pais nas férias de inverno. Assim ela não poderá te encontrar. - Amanda recuou um pouco.- Se vamos nos encontrar eventualmente, melhor que seja logo. Não tenho medo de sua mãe me tratar mal. Além disso, você é jovem e está namorando comigo. Naturalmente, deveríamos explicar isso para sua família. Não brigue com eles por minha causa, está bem? - Amadeu não era do tipo que se escondia dos problemas.Amanda, mimada pela família Souza desde pequena e tendo acabado de completar dezoito anos, era naturalmente
Na manhã seguinte, quando Rita acordou, Amanda ainda dormia profundamente, com as perninhas cruzadas sobre as dela e um braço descansando em seu abdômen. Rita sorriu ao ver a posição enroscada em que Amanda dormia. Apesar de Amanda insistir que já era crescida e não era mais uma criança, sua maneira de dormir dizia o contrário.Com cuidado, Rita se desvencilhou da cama e se dirigiu ao banheiro para se arrumar. Ela pensou em ir encontrar Amadeu, mas a ideia pareceu estranha, Afinal, Amanda e ele estavam apenas namorando, não noivos ou algo assim. Se Rita fosse encontrar ele, seria como dar um aval ao relacionamento deles, algo que ela não tinha intenção de fazer. Então, decidiu que não iria se encontrar com Amadeu. Contudo, ela sabia que precisava contar a Lucas sobre Amanda e Amadeu. Não era uma urgência, podia esperar até elas voltarem para a casa. Se ela revelasse agora, Lucas, com seu temperamento impulso, poderia decidir voar para a Cidade A, o que só complicaria as coisas. Sua pr
Assim que Amadeu visualizou a mensagem que Amanda havia enviado, ele agarrou o celular prestes a responder, quando foi interrompido por uma ligação de sua mãe. Era do telefone fixo da casa de seus pais. - Alô, mãe? - Amadeu atendeu.- Alô, Amadeu, este ano não volte para casa no feriado. - Do outro lado da linha, a voz de Iara soava um tanto agitada.- O que aconteceu, mãe? Eu já comprei a passagem para voltar depois de amanhã. - Amadeu franziu a testa.- A polícia me ligou, disse que seu pai foi libertado há dois dias, depois de cumprir a pena. Já fazem oito anos, Amadeu, desta vez, não vou permitir que ele nos machuque novamente. Então, não volte, por favor, não deixe que ele te encontre. – Iara respondeu. - Certo. Mas ele está em Cidade S, mãe, que tal você vir para Cidade A? - O coração de Amadeu afundou, mas ele manteve a calma.- Nós mudamos de casa há oito anos. Aldeia do Chow é um lugar tão remoto que ele não nos encontrará. Mas estou preocupada com você, ele pode ir até sua