Rita atendeu o telefone.Do outro lado da linha, uma voz masculina fria e grave falou apenas uma frase com simplicidade:- Cheguei em casa.Rita respondeu:- Olá, sou mãe da Amanda. Com quem estou falando?A pessoa do outro lado não se mostrou perturbada, ao contrário, estava bastante calma.- Sou um colega da escola dela.Ele não se estendeu na explicação, parecendo indiferente e sem preocupações de que ela, como mãe, pudesse entender mal.Logo depois, ele desligou o telefone educadamente.Rita segurava o celular de Amanda e, quanto mais pensava, mais sentia que algo estava errado. Colocou o celular de volta na mesa e saiu do quarto.Chegando ao escritório, Lucas estava trabalhando no computador, respondendo e-mails.Ao ver Rita entrar, ele parou o que estava fazendo e se virou para olhá-la.- Amanda está acomodada?Ela se aproximou e Lucas a puxou para sentar em seu colo.- Amanda está tomando banho. Lucas, o que você acha que significa dar a alguém o apelido de 'marido'?Lucas abraç
Amanda subiu em um ônibus de viagem pela primeira vez.Depois de perguntar a Tristão o endereço exato da casa de Amadeu, ela decidiu ir até lá, mesmo sem ter certeza se ele ficaria irritado ou não.Amadeu era alguém cujas emoções eram ainda mais difíceis de discernir do que as de seu pai.Mesmo assim, ela queria encontrá-lo, explicar pessoalmente a relação dela com Igor.Era a saudade que a impelia, a fazendo esconder dos familiares e viajar para o campo para encontrá-lo.Pensando que em pouco mais de uma hora ela veria Amadeu, seu humor melhorava cada vez mais.Pela janela do ônibus, o crepúsculo caía sobre o céu, enquanto o veículo acelerava na estrada. A viagem solitária, embora monótona, era animada por uma inquietação que impedia qualquer sono....Depois de uma hora e meia de viagem, o ônibus chegou à cidade, onde as pessoas começaram a descer. O destino de Amanda era Aldeia do Chow.Não demorou muito para que o cobrador do ônibus anunciasse:- Aldeia do Chow está chegando, quem
Seus olhos grandes e nebulosos olhavam para Amadeu, piscando levemente. Com lágrimas escorrendo do canto dos olhos, ela perguntou com voz embargada:- Então por que você não atendeu minha ligação agora há pouco? Eu pensei que você não queria falar comigo.- Eu estava tomando banho, quando fui te ligar de volta, seu celular já estava desligado.- Meu celular ficou sem bateria e eu não trouxe o carregador.Amadeu ergueu os dedos longos e enxugou as lágrimas quentes do canto dos olhos dela.- Se você queria me ver, por que não me avisou com antecedência?Se ele soubesse que ela estava com tanta saudade dele, poderia ter ido a Cidade S, tola.As duas mãos pequenas da garota agarraram o tecido da roupa na cintura dele e ela enterrou o rosto no pescoço dele, murmurando abafadamente:- Eu queria te fazer uma surpresa, mas acabei sendo repreendida por você.O coração de Amadeu parecia afundar na lama, amolecendo completamente. Qualquer traço de raiva e preocupação que ele tinha se transformou
Amanda não conseguia dormir, deitada na cama apertando o cobertor, ocasionalmente olhando ao redor, por ora observando Amadeu ao seu lado com os olhos fechados, sem saber se ele estava dormindo e às vezes olhando para a escuridão da noite lá fora.Ela se mexia muito.Amadeu franziu levemente a testa, abriu os olhos e olhou para ela, a puxando para seus braços com uma mão, pressionando a nuca dela contra seu peito.O queixo do homem pressionado no topo da cabeça dela, ele falou com voz grave:- Se você não dormir, nenhum de nós vai dormir.A pequena mulher, sem se preocupar, levantou o rosto sorrindo e disse:- Então vamos conversar.- Conversar sobre o quê?Ela girou seus olhos escuros, fixando o olhar nele e disse:- Quando eu estava comendo um sanduíche, vi que a sala da sua casa estava cheia dos seus diplomas e no seu quarto há tantos troféus de competições. Amadeu, você sempre foi tão bom nos estudos desde criança? - Amadeu assentiu levemente. Amanda continuou sorrindo e disse. - E
Na manhã seguinte, Amanda, meio sonolenta, ouviu Amadeu perguntar o que ela gostaria de comer no café da manhã. Depois, ouviu Amadeu se levantar suavemente. Quando Amanda acordou, já eram dez horas da manhã e o sol do início do outono estava alto lá fora.Após se arrumar, Amanda foi para a cozinha, onde Amadeu estava esquentando leite para ela. A caixa de leite era nova, provavelmente comprada por Amadeu naquela manhã na mercearia da cidade. Ela se perguntou se ele tinha ido à cidade só para comprar leite para ela.- Eu causei algum incômodo para você? - Perguntou ela.Amadeu, entregando a ela um copo de leite quente, respondeu:- Há sanduíches frescos na mesa, vá comer.- Tudo bem.Depois do café da manhã, Amanda percebeu que Iara não estava em casa e perguntou:- Onde está Iara?- Ela foi para a horta.Olhando para o sol brilhante e o céu azul lá fora, Amanda teve uma ideia:- Amadeu, vamos ajudar Iara e aproveitar para passear um pouco pelos campos.Amadeu riu suavemente.- Acho que
Amadeu já tinha dado a volta e entrado no quarto diretamente.Amanda o seguiu e viu que ele estava sentado à mesa, com o computador aberto, observando o mercado de ações.Ela se aproximou, apoiando o queixo com as duas mãos, debruçada sobre a mesa, olhando fixamente para ele, sem piscar, e perguntou:- Como você sabia que eu não gosto daqueles pratos?Amadeu virou a cabeça para olhar ela, erguendo uma sobrancelha:- Porque eu observo as pessoas.- Se você é tão bom observador, como não sabe os gostos da Iara?- Minha mãe não é tão exigente com comida como você.Disse Amadeu, com a voz firme.Amanda olhou para ele, com um semblante teimoso, e sorriu de canto:- Amadeu, admita, você gosta muito de mim, tanto que até o que eu como se tornou um ponto importante para você observar.Ela esperava que Amadeu negasse por orgulho, mas, para sua surpresa, ele a encarou profundamente e disse, de maneira generosa e autoritária:- Não devo conhecer os gostos e preferências da minha namorada? Eu gost
Na manhã seguinte, Amanda foi acordada implacavelmente por Amadeu em seu sono.- Me deixa dormir mais um pouco.Uma certa jovem, com o cabelo em desalinho, caiu de volta na cama.Amadeu, olhando para a pessoa que caíra desajeitadamente na cama e dormia profundamente, falou calmamente:- Se você perder o ônibus das oito, sua família vai descobrir que você mentiu. Se não teme as consequências, continue dormindo.A criança na cama se levantou rapidamente, se sentou desanimada, com o cabelo tão bagunçado quanto o de um pequeno louco.Amadeu sorriu com os lábios finos, se aproximou e bagunçou ainda mais o cabelo dela.- Se levante logo, eu já preparei o café da manhã.Depois de se arrumar e tomar café, Amanda se despediu de Iara.Iara, de pé na porta, acenou para eles:- Amanda, você deve vir visitar mais vezes!- Tia, eu definitivamente virei mais vezes.Depois de Amadeu deixar Amanda na estação, ele foi comprar a passagem de volta e entregou o bilhete a ela.Fora da praça da estação, havi
Amanda mal chegou em casa e Plínio, curioso, correu para perguntar sobre a situação.- Mana, como foi o encontro com Igor?Amanda mordeu o lábio, dizendo:- O Igor se declarou para mim.- E você aceitou a declaração dele?- Não. Sempre fomos apenas bons amigos, eu nunca pensei que ele gostasse de mim.Plínio se aproximou, cético.- Eu sempre achei que o Igor gostava de você. Se não gostasse, por que ele estaria sempre ao seu redor? Você está fingindo não perceber, não é?Amanda estava irritada. Primeiro, seu amigo de infância de repente se declarou e ela não sabia como enfrentá-lo daqui para frente. Segundo, ela teve uma briga com o Igor naquela noite, o que a deixou ainda mais agitada.- Mas ele sempre me atormentou desde criança, não parece que ele gosta de mim.- Ele te atormenta de propósito para chamar tua atenção. Você não entende isso?Amanda engoliu em seco, falou:- De qualquer forma, eu já o rejeitei. Já disse tudo o que tinha para dizer, agora seremos apenas amigos.- Mana,