Amélia correu de volta para seu apartamento, segurando o peso do corpo enquanto ficava parada atrás da janela, seus olhos cheios de lágrimas fixos no homem ainda parado lá embaixo. Ela cobriu a boca com a mão, segurando os soluços que surgiam. "Por que ele, já casado, ainda vem me procurar?" Agora ela percebia que realmente não conhecia Tiago; ela não sabia nada sobre sua família. "Ele é repugnante, como eu pude ser tão tola?"Enxugando as lágrimas, ela puxou a cortina fechando-a com vigor. Ela não queria mais deixar seus olhos no homem lá embaixo. "O que acontece com ele daqui para frente não tem mais nada a ver comigo." Ela não se rebaixaria ao ponto de interferir no casamento de outra pessoa. Sua educação e caráter não permitiriam isso.Lá embaixo, Tiago encostou-se ao carro e acendeu outro cigarro. O chão ao redor dele estava repleto de bitucas. Embora sempre tivesse sido uma pessoa consciente de sua saúde, sem qualquer vício em tabaco, agora ele precisava dos cigarros para p
Em uma das gavetas de Tiago, uma pequena regata de algodão branco estava dobrada impecavelmente. Era a peça que Amélia havia tirado para curar suas feridas. Ele a guardou, imaculada, por uma década inteira.Ele jamais esqueceria aquela noite fria, o aconchego suave e caloroso daquela jovem em seus braços.Na manhã seguinte, Amélia foi para o hospital com os olhos inchados. Ela tinha, na verdade, pensado em tirar o dia de folga para evitar Tiago. "Mas se eu não for hoje, o que faço nos outros dias? Não posso simplesmente parar de fazer o estágio no hospital", pensou ela.Depois de ponderar, ela finalmente decidiu ir para o hospital, mesmo relutante.Ao chegar, logo após trocar de roupa, um colega de trabalho veio provocá-la:- Amélia, o que você andou fazendo de errado ontem à noite? Por que seus olhos estão tão inchados?- Não é da sua conta. - Amélia respondeu, ríspida.Seu colega riu e disse:- Talvez você devesse pegar uma compressa de gelo na sala médica. Você está um pouco assusta
Mansão dos Souza.Rita recebeu uma ligação do seu irmão Jerônimo.- Irmão?Do outro lado da linha, Jerônimo falou com uma voz baixa e calorosa:- Faz muito tempo que não nos falamos, como você está?Desde a morte do seu pai, Jorge, Rita raramente sentira tal afeto familiar. Com um sorriso afetuoso, ela respondeu:- Estou bem, na verdade. E a cirurgia da mãe? Como foi?- Tudo correu bem. O médico disse que ela vai ficar boa logo. Ela tem sentido bastante a sua falta, mas também tem medo de que a viagem faça mal para o bebê.Rita sorriu:- Vou falar com o Lucas para visitarmos vocês em Curitiba. - Tudo bem. Quando você decidir, me avise. Posso mandar alguém te buscar.- Não precisa. A propósito, como estão as coisas entre você e Fernanda?Ao ouvir o nome de Fernanda, Jerônimo hesitou por um momento. Depois de uma breve hesitação, disse calmamente:- Nada de novo, não espero muito dela.Rita, claro, entendeu o que Jerônimo quis dizer com "nada de novo". Era evidente que o relacionamento d
Na manhã seguinte, Lucas finalmente cedeu e permitiu que Rita fosse a Curitiba visitar a Sra. Eugênia. Contudo, ele insistiu em ser seu acompanhante durante a viagem. Ele levou Rita para Curitiba pessoalmente, com planos de passar a noite e voar de volta para o trabalho no dia seguinte. Eles chegaram à Mansão dos Bastos pouco depois das seis da tarde.Jerônimo e a Sra. Eugênia os receberam. Ao ver os dois entrando, a Sra. Eugênia abraçou Rita emocionada.- Rita, por que você não me avisou que estava vindo? Eu poderia ter mandado seu irmão te buscar no aeroporto.Rita lançou um olhar para Lucas e respondeu com um sorriso suave:- Queria te fazer uma surpresa. Lucas tem trabalho para fazer, então ele só me trouxe aqui hoje e voltará para casa amanhã de manhã.A Sra. Eugênia pareceu um pouco surpresa e gentilmente bateu no braço de Lucas.- Você trabalhou duro, Lucas. Deixe suas malas, lave as mãos e venha jantar.Ao se sentarem para comer, Rita notou a ausência de Fernanda e perguntou ca
Depois de chegar à Escola de Comunicação de Curitiba, o motorista estacionou na garagem do dormitório onde Fernanda vivia. Rita já tinha avisado Fernanda que estava chegando e disse ao motorista:- Você pode ir agora. Vou passar algum tempo com Fernanda e voltar para a família Bastos mais tarde.- Certo, após terminar com a Srta. Fernanda, só me avisar.- Está bem.Assim que Rita saiu do carro, Fernanda já estava vindo para fora do prédio do dormitório. Fernanda era deslumbrantemente bela, com uma pele tão branca e luminosa que a destacava na multidão.- Rita!Fernanda estava vestida casualmente. Usava um par de sapatos de couro de salto grosso e cor nude, que acentuavam sua elegância discreta. Seus cabelos estavam soltos sobre os ombros, mas isso de forma alguma diminuía sua beleza.Caminhando em direção a Rita, Fernanda estendeu o braço em sua direção e perguntou com um sorriso:- O que te traz a Curitiba? O Sr. Lucas permitiu que você viesse sozinha?Rita respondeu com um sorriso ma
Fernanda saiu do refeitório segurando o braço de Rita, enquanto Jerônimo seguia em silêncio atrás delas. Rita sentiu um ar gelado vindo de suas costas. Caminhando, Fernanda estava focada em seu celular. Rita notou que ela realmente aceitou os contatos dos rapazes que a abordaram no refeitório. Rita se sentiu perplexa com a audácia de Fernanda. Ela mesma jamais teria coragem de fazer algo assim na frente de Lucas.Esse devia ser o abismo entre as pessoas: tão grande e aparentemente intransponível. Rita começou a invejar a liberdade com que Fernanda agia diante de Jerônimo.Quase chegando ao dormitório, Fernanda subitamente disse a Rita:- Ah, vocês já estão voltando? Vou voltar para o meu quarto. Se você tiver tempo nos próximos dias, venha me visitar.Rita ficou surpresa:- Você não vai com a gente? Minha mãe vai sentir sua falta.Jerônimo franziu a testa, a voz um tanto fria e cortante.- É sexta-feira. O que você vai fazer na escola se não voltar para casa? Sair com esses caras que
Quando a zeladora chegou, Fernanda estava brigando com sua colega de quarto. Ela estava em um estado muito mais lamentável que sua oponente. Dos pés à cabeça, seu corpo estava coberto de espuma. A toalha que a envolvia não estava bem presa, correndo o risco de expor demais. Ambas as jovens tinham arranhões vermelhos em seus rostos, mas o pescoço de Fernanda exibia ferimentos mais evidentes.Com grande esforço, a zeladora e outra garota finalmente conseguiram separá-las. No entanto, Fernanda e sua colega de quarto continuavam se encarando, nenhuma disposta a ceder.A zeladora franziu a testa e repreendeu:- O que vocês estão fazendo? A escola não é lugar de brigas. Vocês podem ser punidas por isso, e em casos graves, podem até ser expulsas!A colega de quarto tentou se fazer de vítima:- Tia, eu fui injustiçada! Fernanda está abusando de mim! Ela começou! Olha para o tapa que ela me deu!A zeladora se virou para a outra garota e perguntou:- Você viu quem começou? Foi Fernanda?A garota
Dentro da limusine estendida da Lincoln, Jerônimo sentava-se ao lado dela no banco de trás. Ele estava tão perto que o aroma forte de sua masculinidade a envolvia completamente. Nesse momento, Fernanda se sentia segura. Jerônimo ergueu a mão, gentilmente examinando as marcas de arranhões em seu rosto e pescoço. Fernanda franziu a testa de dor e recuou, mas ele a puxou para seus braços. Jerônimo a abraçava firmemente e ordenou a Cerqueira: - Vá para o hospital. Fernanda, como um pequeno animal ferido, se encolhia nos braços dele, enterrando o rosto em seu peito, suas costas tremiam levemente e suas mãos seguravam firmemente o colarinho de sua camisa. "Ela está assustada? Será por causa do incidente na delegacia?"Mas a Fernanda, que Jerônimo conhecia, sempre foi audaciosa e impulsiva, e não se amedrontava tão facilmente. Os braços fortes e esguios de Jerônimo a envolviam, ele inclinou a cabeça e deu um beijo reconfortante na testa dela, chamando-a suavemente com a voz rouca: - F