Capítulo 3 Acordando
O motorista rapidamente saiu do carro e ajudou a mulher que desmaiara na frente do veículo. Foi só então que ele percebeu que ela estava segurando uma urna funerária.

Que azar...

O motorista tentou tirar a urna de suas mãos, sem sucesso. Seu olhar hesitante e trêmulo se voltou para o homem sentado ao lado:

- Presidente Souza, isso...

O homem olhou friamente para a urna que a mulher segurava no peito e disse com calma:

- Vá dirigir.

O motorista voltou ao volante apressadamente e deu partida no carro novamente.

A chuva intensificava-se do lado de fora da janela. O céu estava cada vez mais escuro.

O feixe de luz dentro do carro era fraco. Lucas Souza baixou os olhos para a mulher ao seu lado. Seus cabelos longos e pretos estavam molhados, grudados em seu rosto pálido. Havia uma longa cicatriz em seu braço alvo, sangue escorria lentamente. Era uma figura desolada e cativante.

Parecia que ela não tinha feito isso de propósito.

O asfalto estava escorregadio na noite chuvosa, e a névoa estava pesada. Após uma curva brusca, o corpo da mulher delicada foi jogado sobre a perna do homem.

Lucas franziu a testa e abaixou a cabeça...

Sua face ficou subitamente mais fria.

- Eu deveria mandar você para a autoescola de novo?

O motorista olhou para o espelho retrovisor assustado, se sentindo extremamente embaraçado, depois riu nervosamente:

- Presidente Souza, me desculpe, desculpe mesmo! A chuva está muito forte hoje.

Indiferente, a mão forte e definida de Lucas moveu o corpo da mulher para o lado.

Ela continuava com os olhos fechados, sem sinais de que iria acordar.

Lucas olhou para os lábios pálidos e macios da mulher, e seus olhos escuros se estreitaram.

...

No hospital, quando Rita acordou, viu uma figura feminina oscilante em sua visão turva.

- Rita! Você acordou! Me assustou!

Essa... Era a sua colega de universidade e melhor amiga, Diana Barbosa?

Rita murmurou fracamente com lábios ressecados:

- Dianinha? O que... O que você está fazendo aqui?

Nesse momento, Rita tocou no peito e percebeu que a urna de seu pai havia desaparecido. Ela lutou para se levantar, perguntando exausperada:

- Dianinha, você viu a urna do meu pai?

Diana rapidamente a ajudou a se levantar e disse:

- Está aqui, não se perdeu, relaxa. Não se levante, o médico disse que você está muito fraca agora.

Diana entregou a urna a ela, e Rita a agarrou como se fosse um tesouro enorme, usando toda a sua força para abraçá-la.

Depois que Diana soube o que havia acontecido com a família de Rita, ela repreendeu aquela dupla desprezível de madrasta e sua filha por um bom tempo. Depois, abraçou-a com força, demonstrando simpatia:

- Se eu não tivesse vindo ao hospital hoje para ver minha prima recém-nascida da família do meu tio, provavelmente não teria te encontrado. A família do meu tio está no quarto VIP ao lado, lembre-se de me chamar se precisar de alguma coisa. Se eu não puder ajudar, tenho certeza que meu tio pode. Você deve descansar agora, voltarei para te visitar depois de ver minha prima.

Diana deu uns tapinhas nas costas de Rita, deixando-a segurar a urna. Depois, ajudou-a a se aconchegar nas cobertas, sorriu para ela e disse:

- Rita, descanse bem, me chame se precisar de algo!

A mente de Rita estava confusa. Ela fechou os olhos e tudo o que viu foi a imagem de seu pai pulando de um prédio alto.

Lágrimas silenciosas escorriam pelo canto dos seus olhos.

...

No quarto de bebês ao lado.

Assim que Diana entrou silenciosamente, sentiu uma pressão muito baixa.

Velho Souza, apoiando-se em sua bengala, olhava para a pequena criatura recém-nascida na incubadora com uma expressão complexa:

- Que absurdo, Lucas! Eu não acredito que você faria algo tão ridículo! - velho Souza levantou sua bengala e tentou acertar Lucas na perna, perguntando com raiva contida. - Onde está a mãe biológica dessa criança?

Com os lábios finos, o rosto claro e calmo, Lucas disse sem nenhuma ondulação:

- Ela morreu no parto.

Velho Souza ficou furioso:

- Você quer me matar de raiva?!

Diana estava ao lado da incubadora. Segurando o braço de Velho Souza, ela falou baixinho:

- Vovô, olha só, a minha pequena prima é tão fofa! Não fique bravo. Você não estava sempre pressionando o tio a se casar e ter filhos? Agora que o tio tem uma filha, você está bravo?

- Eu disse para ele se casar primeiro e depois ter filhos, não para trazer uma criança de repente! Ele nem mesmo me avisou antes que a filha nascesse! Ele ainda tem algum respeito por mim, seu pai?

Nesse momento, uma enfermeira entrou no quarto, lembrando educadamente:

- Por favor, falem mais baixo, pode perturbar o sono do bebê.

Velho Souza abriu a boca, mas ao olhar para a adorável pequena bebê na incubadora, apenas soltou um suspiro de resignação, segurou sua bengala e saiu do quarto de bebês.

Diana sorriu maliciosamente para Lucas, dizendo:

- Tio, você foi rápido, hein? Já tem uma filha sem nem mesmo ter uma namorada. Parabéns, parabéns.

- Assuntos de adultos não são para crianças se meterem. - Lucas instruiu, olhando profundamente para o bebê adormecido. - Cuide da sua prima, vou sair por um momento.

Com uma ordem incontestável, Lucas deu passos largos e saiu do quarto do bebê.

O motorista acabara de voltar de pagar as contas médicas:

- Presidente Souza, todas as despesas médicas da moça foram pagas.

- Onde ela está?

- No quarto ao lado. - o motorista apontou para o quarto de hospital ao lado, apenas para ver que a cama estava vazia. Ele coçou a parte de trás da cabeça, confuso. - Onde ela está?

Nessa hora, uma enfermeira entrou para limpar o quarto. Lucas franziu a testa e perguntou:

- Onde está a garota que estava neste quarto?

- Você a conhece? Ela acabou de sair.
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