Debaixo do Lençol
Evelyn e Tiago tinham dezoito anos quando uma catástrofe os tirou o alicerce. Gêmeos, a transição da adolescência não foi nada tranquila devido o acidente de carro de seus pais.
Evelyn chorava toda sexta-feira quando se recordava dos pais. A sexta-feira, porque foi nesse dia da semana, quando Tiago e ela estavam na faculdade, que seus pais faleceram tão tragicamente. Além dos diversos pesadelos que a consumiam todas as noites, havia uma dor oculta que tinha a aniquilado durante quatro anos da sua vida. Contudo, aos poucos ela vinha superando, com ajudas de psicólogos e principalmente de Ana e Paulo, melhores amigos dos seus pais, que foi quem lhes deram suporte para quando não sab
E a dor em Evelyn não deixou de existir, mas não mais como antes, que a fazia chorar tanto, e tão bem ela e Tiago conseguiam agora encarar a pintura de família na sala, sem que seus corações sangrassem pelas lembranças. James a fitava, com o olhar vago, e Estrela pensou naquele momento se ele havia prestado atenção ao final da história. Talvez para James, ela não fosse exatamente uma boa contadora de história.− Você gostou da história? Perguntou Estrela meio encolhida.James alteou as sobrancelhas. − Se eu gostei?! Já são quase meia-noite. É claro que eu gostei.&
Ametista e Orquídea foram passar um final de semana com Estrela em Corumbá. Ametista foi dirigindo na estrada, morrendo de medo. E quando faziam isso, aproveitavam para rever os amigos. Geralmente, então, Estrela dormia num colchão inflável no chão, a sua mãe em outro colchão inflável e Orquídea que já era idosa na cama de Estrela. A sua mãe já chegou reclamando que Estrela precisava limpar a casa. − Mãe, eu limpo. Só não limpo todo dia como a senhora. − Meu Deus, você gosta de viver na sujeira. Dizia Ametista. − Nem parece que morou com freiras. Dizia a avó.
O cansaço nos olhos de James era evidente. − Você é um cara disciplinado realmente. − Por que? James perguntou como se estivesse se esforçando para estar inteiro na conversa com Estrela. − Ainda arruma tempo para malhar, mesmo trabalhando muito. − Sim, mas amo esportes... me exercitar. Isso ajuda eu manter uma disciplina. − É mesmo. James estava tão sério, cada sorriso parecia ser forçado. − Estou te atrapalhando. − Oh, não diga, você sabe como eu me sinto quando converso com você. − É que você está mais sério do que de costu
O Mistério do Tempo Há algcos aventureiros. Rudolf costumava dizer que queria estar entre os primeiros navegadores durante o povoamento das Américas pelos europeus. Já Alan dizia querer ter sido um cavaleiro medieval. uns anos atrás, por volta de 1980, dois amigos aventureiros, Rudolf e Alan, vieram para o Pantanal para explorá-lo. Rudolf era holandês e Alan era brasileiro. Ambos haviam se conhecido em um curso de intercâmbio na Inglaterra. E ambos também estavam acostumados a fazer trilhas, saltar de asa delta e paraquedas, escalar e descer morros e montanhas. Eram realmente os clássicos aventureiros. Rudolf costumava dizer que queria estar entre os primeiros navegadores durante o povoamento das Américas pelos europeus. Já Alan dizia querer ter sido um
Estrela gritou de alegria quando soube que finalmente iria fazer intercâmbio na Inglaterra. Iria ficar hospedada na casa dos seus tios Alberto e Mariana. Segundo Ametista, sua tia estava feliz em ter uma parente próxima deles e, mais feliz estava Estrela porque iria ficar próximo de James. Na verdade, eles haviam conseguido o curso de graça para Estrela com alguns amigos brasileiros proprietários da escola de idiomas, deram a Estrela o curso mais uma bolsa para transporte público, que fazia parte de um programa estudantil governamental, onde o estudadente só deveriam arcar com os custos da viagem e de situações extras no país. Depois de tantas reclamações de Estrela, para Ametista essa era uma oportunidade de Estrela possuir uma boa formação que com certeza lhe seria útil no futuro, além de ser o tempo para pensar o que realmente iria fazer da vida. E Estrela mais do que nunca gostava daquele rapaz, não podia ser ironia do acaso, justamente ter surgido es
Estrela ligou a TV, colocou no telejornal, há tanto tempo ela não assistia as notícias! Pois na sua mente só tinha espaço para as coisas da faculdade. Muitas vezes chegava a dormir em frente à TV, e acabava por perder quase todo o noticiário. Como sempre, as notícias se resumiam sobre coisas ruins, como assassinato, crise econômica, desvio de verba pública, doenças, a cotação do dólar… Humm… Ou algumas poucas vezes, coisas boas, como programas sociais etc. Não que saber sobre coisas ruins não era importante, ela não queria ser uma alienada. Mas... Não havia nenhuma novidade, pois o mundo sempre respirava o caos. De repente, quase adormecendo, ainda vestida com a roupa que usara na faculdade, calça jeans, uma camiseta com uma frase bonita; os cabelos soltos, espalhados agora no sofá, seu celular toco
Estrela havia pegado emprestado vários livros da biblioteca. Todos romances, que tão pouco ela vinha lendo, por causa das aulas. − Não sei, acho que vou deixar alguns… Disse Estrela para o rapaz, um dos funcionários da biblioteca acadêmica. − Se eu fosse você, eu levaria todos. − O que? São apenas quinze dias de isolamento. − Você pode ficar durante um mês com os livros. Insistiu o funcionário. − Um mês? − Fomos dispensados durante um mês para trabalhar em casa. &n
Por causa do curso de Psicologia há um bom tempo Estrela não lia um romance e, naquele momento de trégua sobre a vida, ela resolveu se aventurar em algum clássico que se tornara musical. O Fantasma da Ópera narra a história da jovem atriz Christine em torno do Ópera de Paris, na qual é disputada pelo amor entre um misterioso fantasma que assombra o teatro e, Raoul, amigo de infância da jovem. O livro não lhe pareceu muito interessante no início, até pegar um teor romântico e surpreendentemente policial.Contudo, era difícil não se preocupar, entre a leitura do Fantasma da Ópera vinha-lhe à mente as imagens horrendas da Peste Negra que assolou a Europa durante boa parte da Idade Média, sendo o pilar para o fim desse per&iacut