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Essencial, quando o Amor surge
Essencial, quando o Amor surge
Por: Bhia Pear
Quero ver até onde ele irá

Quero ver até onde ele irá, nessa nossa disputa. Acho divertido, ele é bem bonitinho e deve ocupar um cargo de confiança aqui na empresa. Há mais de um mês que seguimos a mesma rotina, depois daquele primeiro dia. Estava no meu momento de descanso depois de uma negociação dificílima; fiquei muito tempo com o cliente, mas depois desse período, a negociação acabou transcorrendo sem maiores problemas.

Passei pela máquina de café e peguei um chá de canela que sempre tomo depois de situações como esta, aproveitei e belisquei alguns biscoitinhos, me dando o direito dessa extravagância.

Estava um dia quente, mas sou adepta a beber chá em qualquer época do ano.

Naquele momento, enquanto meus olhos buscavam as pessoas no ambiente, acabei por descansá-los em um par de olhos verdes de tirar o fôlego.

Você não está entendendo, não estou falando de qualquer olhos verdes, não mesmo, mas um par de olhos verdes de deixar qualquer mulher extremamente bamba só de contemplá-los à distância e comigo não foi diferente.

Estava sentada numa das cadeiras que há para descanso, quando me dei conta daquele pedaço de mal caminho, como diria minha avó.

Que homem é esse?!? Pele bronzeada, mas não me parece um trabalho feito artificialmente, olhos de um verde jamais visto ou imaginado por mim.

E não era apenas a minha atenção que chamava, pois os suspiros das outras garotas na sala, não parecia incomodá-lo, nem um pouco! Pois era evidente que não dava a mínima para esse frenesi em sua volta.

Uma coisa é certa, ele é de tirar o fôlego!

Que olhos eram aqueles?!? Pareciam duas esmeraldas, de tão intensos que eram.

Observo toda obra detalhadamente e o que vejo, me deixa extasiada!

Ele deve ter aproximadamente um metro e oitenta ou um e noventa de pura gostosura!

Nossa, na medida certinha para mim!

Braços e peito de puro músculos, sem exagero, cada pedacinho milimetricamente trabalhado, cabelo estiloso, sem corte definido, um bagunçado que dá vontade de se enroscar.

”Stela, o que é isso!!!", digo a mim mesma, percebendo a loucura que começa a se desenhar em minha mente.

Mas não consigo parar, seu rosto, linhas fortes e firmes, formam cada pedacinho, desenhando quase que sutilmente um quadrado. Nariz pontiagudo na medida certa, dentes branquíssimos que me fazem querer perguntar: "Ei, gatinho, quem é o seu dentista?"

"Ahhh, para Stela… você já está indo longe!", me corrijo quase que automaticamente.

No entanto, quem disse que consigo parar, sua boca, por meus neurônios, o que dizer daquela boca, perfeita, seria a melhor palavra, carnuda mas na proporção certa; ele passa sua língua sobre seus lábios, me levando inconscientemente a me perder naquele movimento imperceptível aos demais. Me dou conta que mal estou respirando.

"Ah, não!!!", sou pega em flagrante por seu olhar na minha direção.

Com tantas garotas ali, aí, tinha que ser eu o seu alvo!

Sinto-me paralisada por ser descoberta, mas resisto em desviar o olhar, mantenho meu rosto glacial, como se nada estivesse acontecendo.

Sigo me deliciando com meu chá e aproveitando aqueles olhos ao máximo.

Não faço ideia, onde estou encontrando coragem, pois não me lembro de fazer nada parecido com isso, no entanto, sigo em frente, o que tenho a perder, se me lembro, nada e essa paisagem vale muito a pena.

E como vale!!!

Depois daquele dia, os demais que seguiram foram na mesma intensidade. A cada dia o encontro não marcado, éramos surpreendidos por ganharmos aquele momento desfrutando um do outro, a distância, sem nenhuma palavra entre nós, apenas a fixação de nos perdermos em nossa intensa troca. Mesmo quando estávamos acompanhados, nossos olhares seguiam fixos um no outro.

Essa recém distração me fazia um bem tão grande, eu não conseguia entender, afinal sou uma mulher resolvida e em perfeita consciência de que já passei da adolescência faz tempo.

No entanto, aquele momento com aquele desconhecido, começou a despertar sensações que há muito não sentia e que até certo ponto me fazia bem.

Mal sabia eu o que estava por vir.

Depois de um pouco mais de um mês, aqui estou novamente esperando a máquina liberar meu chá, a ansiedade do encontro é grande.

Quem será ele? Já tentei buscar em minha memória, mas não lembro de tê-lo visto antes, será que é um funcionário novo, ou até mesmo veio de uma das nossas outras filiais.

Me vejo indagando até sobre o que ele estará vestindo, tentando adivinhar cor, corte, enfim... Ah, tantas perguntas e nenhuma resposta.

O tempo começa a passar e nada dele aparecer, será que está em alguma reunião, bem, pode ser que sim, prefiro ignorar sua ausência, poderia ter ido atrás de saber quem era ele, saber ao menos seu nome, no entanto achei melhor curtir o duelo de olhares, que com o passar do tempo se tornou bem interessante.

Termino meu chá, ainda sentindo sua ausência, mas até então nada do bonitão. É estranho desde aquele primeiro dia nunca deixamos de nos encontrar.

Retorno para minha mesa frustrada com sua ausência, pior, passei os dois dias seguintes sem encontrá-lo. Nossa, o que será que aconteceu?!? Será que não o verei mais, sinto um frio na barriga com essa possibilidade e tento me corrigir, afinal, estamos na empresa que possivelmente ele também trabalha e até onde podemos analisar, era apenas um flerte, sem compromissos ou prazos a serem compridos.

Passo o restante do dia pensando o que possa ter acontecido, entre um trabalho e outro, tento ao máximo não me deixar levar, mas a luta é vã.

Ao final do expediente arrumo minhas coisas, sentindo-me vazia, como se algo tivesse sido tirado de mim.

Não tenho como conter os suspiros que acabam escapando dos meus lábios, termino com minhas coisas, olho para minha mesa como se ela pudesse me reestruturar novamente, respiro fundo na busca do ânimo que me escapa, me viro e caminho na direção do elevador, hoje não vou para a academia, vou fazer meu macarrão com queijo preferido, colocar meu pijama de flanela de ursinho e me jogar no sofá.

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