Espero que Isa não me invente nada. Isabelle Tunner, ou simplesmente, Isa é uma das minhas melhores amigas, nos conhecemos no trabalho, ela veio transferida de uma de nossas filiais. Ela é como eu em muitos aspectos; tem um metro e setenta e cinco de altura, corpo bem cuidado, cabelos negros abaixo do ombro, rosto redondo e nariz arrebitado, olhos negros e claro uma pele de dar inveja, ela teve uma breve carreira de modelo mas decidiu por outra coisa, pois queria muito terminar os estudos e com a vida de modelo, se tornava difícil. Buscou concluir a faculdade de comércio exterior, se formando com louvor. Logo que chegou a nossa empresa, nos encontramos um dia no bistrô que fica do outro lado da rua, onde eu e Sheila, minha amiga de anos, estávamos esperando para comprar nossos lanches.
Acabamos conversando e ela comentou sua recém-chegada à cidade e a dificuldade que estava tendo em encontrar um lugar para morar.Foi incrível, pois há um tempo, eu estava querendo alguém para dividir meu apartamento, mas tinha medo do que poderia ser, um estranho morando em casa.Tanto Sheila como eu, ouvimos sua história, vimos ali, o que poderia ser uma companhia ideal. E assim estamos morando juntas, há três anos. E digo, foi a melhor coisa que me aconteceu.O elevador abre a porta, porém logo fica cheio e fico sozinha esperando o próximo. Lembro de ter deixado meu celular no modo silencioso e começo a mexer na bolsa para encontrá-lo. Enquanto vasculho em busca do meu aparelho, percebo alguém se aproximar, sinto meu corpo paralisar ao perceber que a pessoa não tira seus olhos de mim; no entanto continuo a busca por meu celular, começo a achar que não ando muito normal, agora ninguém pode me olhar que sinto essa coisa estranha, ignoro a sensação e continuo procurando.O encontro no fundo da bolsa e sinto um alívio por achá-lo, vejo que recebi algumas mensagens, mas decido ver depois.A pessoa atrás de mim, continua me observando e quando resolvo olhar para trás o elevador chega e retorno minha atenção as portas que se abrem diante de mim, mal dando tempo de ver quem é a pessoa.Entro no elevador e quando me viro dou de cara com aqueles olhos esmeraldas que tanto me fizeram falta, por um instante sinto vontade de sair, mas, mal decido o que fazer, quando ele entra e atrás dele as portas se fecham, e o elevador começa a se movimentar.Os andares vão passando, e continuamos, ali, no elevador, sozinhos.Sinto-me estranha, como se o ar escapasse de mim, não consigo encará-lo, é esquisito, minhas mãos começam a suar, a inquietação é visível, por mais que eu tente, está difícil me conter desse desconforto todo, a luta é vã.Crio coragem, afinal, já temos ganho tempo suficiente e decido não lhe mostrar o quanto estou desconfortável ali, ergo meus olhos e o encaro, sem saber ao certo como isso irá acabar.Mesmo não me sentindo nada à vontade, mesmo percebendo o quanto aqueles olhos são capazes de me desequilibrar, decido resistir o quanto puder, não sei se terei forças o suficiente, mas me arrisco assim mesmo.Os andares vão passando e continuamos ali, o nosso velho duelo, sem mudar um centímetro sequer nossas expressões.Não consigo ver nada em seus olhos e acredito que ele também tenha a mesma dificuldade, pois estou decidida a não ceder.Quando estamos passando pelo oitavo andar ele rompe o contato visual, aperta o botão de emergência que faz o elevador na hora parar.O solavanco da geringonça me assusta, sou surpreendida pelo balançar da joça e sua parada brusca.E quando menos espero, sou jogada contra a parede, sua boca se apodera da minha, ele vem sobre mim com toda determinação possível, tentando romper meus lábios e como se tivessem vida própria, sedem aquela invasão não planejada.Mesmo sem me dar conta, já estou me abrindo para receber aquele contato, sua língua começa a explorar minha boca, numa busca desgovernada, ele suga minha língua como se a muito desejasse aquela troca.Nossas línguas seguem numa dança frenética, me perco completamente em seus lábios, seu beijo é poderoso, firme e decidido.Ele me empurra contra a parede do elevador, suspende minhas mãos sobre minha cabeça e segura ambas com uma de suas mãos, sem desgrudar seus lábios dos meus, me aperta contra seu corpo, se empurrando contra cada pedacinho meu, o desejo se apodera de nossos corpos; o beijo começa a delinear o quanto estamos sedentos por mais. Ele segue deixando sua marca em mim, deslizando seus lábios por meu pescoço, lançando sobre ele pequenas mordidas, como se quisesse marcar o território, segue por meu ombro e volta fazendo o mesmo caminho.Gemo, me desfazendo todinha, por sua audácia e precisão.Sinto meus sentidos escorrerem pelo chão; seu toque é firme, determinado e dominador.O que provoca em mim, não há palavras para descrever. Seu cheiro é maravilhoso, uma mistura de banho fresco amadeirado, não me lembro de sentir cheiro igual, estou incendiada e não sei como parar.O som de uma campainha nos assusta, e nos faz romper com aquele desejo, nos libertando ao menos para recordarmos onde nos encontramos.Ele dá um passo para trás, passa uma das mãos por seus cabelos, respirando fundo ao que posso perceber, buscando retomar a consciência de que estamos na empresa.Ele aperta um botão no painel, fazendo o elevador voltar a se mover.Tento me recompor, superando aquele momento surpreendente. Não consigo mais encará-lo, o contato visual passa a ser definitivamente difícil.Não sinto minhas pernas, continuo encostada na parede, tentando ao máximo me restabelecer. Depois de muito custo, consigo, no exato momento em que o elevador para.Chegamos ao térreo; inclino-me pronta para descer.Me reorganizo e caminho sem olhar para trás, buscando ao menos manter um pouco de lucidez, ao que acaba de acontecer ali no elevador. Não tenho noção do que foi aquilo, vou até as catracas, ele segue na mesma direção que eu e ao passar por mim sussurra em meu ouvido:"A propósito, também senti sua falta!"O que foi tudo isso?!? Por todos os meus neurônios saudáveis!!! Como racionalizar o que vivi ali, naquele elevador, nunca em minha vida imaginei estar me espremendo com um cara em um elevador e pior, na empresa que trabalho, correndo todos os riscos possíveis e imagináveis. Mal percebi o trajeto para casa, abri a porta no automático. Preciso me desconectar, preciso do meu cérebro funcionando, preciso beber algo forte, uma garrafa de vinho vai ajudar. Lanço longe minhas sandálias, pego uma taça no armário e abro a garrafa, bebo um generoso gole. Era disso que eu precisava, sem dúvida!”Stela, é você?" - ouço a voz da Isa vindo ao meu encontro.”Menina o que foi... parece que viu fantasma?!?, ela me pergunta“”Acho que vi… (e que fantasma!!! - penso eu )... mas deixa para lá"Saio sem me explicar, afinal o que vou dizer se ainda não processei o que aconteceu comigo.”Vai sair?!?“Emendo a pergunta para não lhe dar tempo de me questionar. Bebendo o vinho que acabo de colocar na taça
O relógio me acorda para mais um dia de trabalho; seja muito bem vinda manhã maravilhosa! Vou até meu closet, hoje o dia merece ser almejado com um lindo visual. Essa camisa cinza de mangas , uma saia lápis preta, um Scarpin preto, aquele colar que vovô me deu, vou levar um casaquinho preto, perfeito! Um rabo de cavalo frouxo, uma maquiagem leve e pronto, tomar uma xícara de latte, acompanhada das minhas bolachinhas de aveia.Hum, isso é bom demais! Ao sair me deparo com Isa ainda de pijamas."Bom dia flor do dia!!!", falo e percebo que o dia ainda não chegou aos olhos de Isa."Bom dia flor!!!" - ela me diz com toda preguiça do mundo."Acho que tem alguém aqui atrasada" "Ai… caramba… que horas são? Me perdi, achei que fosse sábado… afinal, que dia é hoje""Sexta-feira e ainda temos mais algumas horas de trabalho" respondo."Droga, você vai de carro hoje?!?""Vou e sim... te espero ( já emendo um sorriso, demonstrando compreensão) E como foi ontem?", acabo perguntando."Foi o máxim
Encontramos Sheila e Eduard nos esperando na porta da danceteria e logo Dougue nos leva para dentro. Como hostess, ele consegue entrar em qualquer lugar com entrada VIP, devido aos seus contatos e amigos."Pessoal, temos uma mesa reservada para nós, sigam-me", nos fala Dougue alegremente.A casa está lotada, sem previsão para esvaziar. Dougue vai na frente cumprimentando a todos, logo estamos na nossa mesa; pedimos algumas cervejas, afinal não iremos misturar, pois queremos dançar muito como combinamos em nosso almoço. Uma de minhas músicas favoritas começa a tocar na pista , claro corro para aproveitar, arrasto Isa e Sheila comigo. Começamos a nos mexer e a música invade minha mente por completo, dançamos e dançamos muito, não sei quanto tempo depois voltamos a nossa mesa , claro Eduard e Dougue não demoraram para se unir a nós. Estávamos todos muito suados e precisando nos refrescar. A noite estava perfeita! Boa música, boa bebida e o melhor, maravilhosos amigos!"Vou ao toalete
Ele começa a repetir a mesma dança, só que com mais intensidade e propriedade, como se dissesse a todos, que eu era sua. Cada movimento seu é milimetricamente pensado e calculado, ele me pressiona nos lugares certos, acumulando ali o desejo por mais do seu toque. Sou completamente levada, a não sentir que estamos em um lugar público e nesse momento, sou apenas eu e ele, ali, numa dança altamente sensual e cheia de desejo. Somos envolvidos pela luxúria e nos entregamos a ela de braços dados, fecho meus olhos no intuito de absorver cada detalhe, cada sentimento, cada sensação, cada movimento, permanecemos assim até que os últimos acordes da música são tocados e quando me dou conta, estou sozinha… sem ele… ele… se foiii!!!Meu Deus!!! O que foi isso?!? Olho ao redor e não o encontro, tento sem êxito e não o vejo. Será que sonhei com isso?!? Mas não, não pode ser!!!Busco freneticamente ao redor e nada, sem pista de onde ele possa ter ido, que direção tomou. As pessoas ao meu redo
Por todos os neurônios que ainda possuo... É o que estou pensando, não pode ser!?!Pego o telefone preciso falar com a Sheila: "Sheila sou eu, o baile da diretoria será sábado?""Sim, Stela, será no próximo sábado, lembra, chegamos até a comentar semanas atrás, será um baile chiquérrimo, super mega ultra badalado. Só os chefões… e a classe à qual pertencemos, deve apenas sonhar em ser convidada. Por quê?" Pego o envelope em minhas mãos e observo, não entendo, se ele é para pessoas distintas, porque tenho um em minhas mãos?!?Tento ao máximo segurar minha língua, mas não suporto, ela é minha melhor amiga desde sempre e seria desleal da minha parte não compartilhar."Voltei do almoço e estou com um convite endereçado a mim para o baile… não sei como e nem porquê!""Puxa Stela, como foi isso??? Esses convites são distribuídos a um grupo seleto de pessoas""Também não sei… o que sei é que estou com um em minhas mãos""O que irá fazer?!?""Não sei… não tenho roupa para esse tipo de eve
Reúno as coisas e logo estou no estacionamento, vou colocar as caixas no carro, desligo o alarme e abro o porta malas, ajeito as caixas e quando levanto as mão para fechar a porta, sou surpreendida por um par de mãos por cima das minhas. Meu corpo congela, ao sentir aquele toque inesperado, reconheço aquela pele, mesmo sem querer, o calor me invade, aquela corrente elétrica percorre toda minha musculatura. Por mais que eu não queira, seu perfume me encontra e meus sentidos já ganham uma nova dimensão. Fecho meus olhos, seduzida por seu cheiro, não acreditando no que está me acontecendo.Perco a noção do espaço que me cerca e busco em vão, forças para me virar.Ali… atrás de mim… Ele, meu Loe!!! Enquanto sua mão segura a minha entre o porta malas, seu corpo se ajusta perfeitamente contra o meu , me pressionando contra a lataria do carro, minhas pernas tendem a querer ir ao chão e faço uma tremenda força para me segurar, me manter firme e em pé. Ele me aperta, sustentando minhas mão
Cheguei em casa atordoada, tentando processar o que me ocorreu no estacionamento, por meus neurônios, o que aquele homem quer?!?! Ele chega sem pedir licença, estremece meu alicerçares e sai sem ao menos dizer "Tchau". Estou até agora tentando processar, quando escuto as meninas subindo as escadas, preciso disfarçar, não quero ainda falar sobre este homem que me encanta e atormenta ao mesmo tempo."Stela já chegamos", grita Isa ao entrar."Oi, estou aqui!"Elas se viram e me vêem largada no sofá, e sobre o balcão que interliga a sala com a cozinha, encontram as caixas."Foi às compras enquanto voltava para casa? Achou algo adequado para usar amanhã no baile, porque você irá... né Stelinha!", me pergunta Sheila."Bem... ainda não decidi, mas não fui a lugar algum (respiro fundo e concluo) - quando voltei do meu almoço estavam sobre minha mesa (aponto para as caixas sobre o balcão) - não sei quem as deixou, mas dêem uma olhada"Elas correm até as caixas e quando vêem o que há dentro os
"Stela espera para que eu possa te ver!" - grita Isa do seu quartoEla vem até a sala e quando me olha, sua boca despenca."Stela… meninaaaa… você está... MARAVILHOSAAAAAA!!! Não sei o que as outras estarão usando, mas você está demais, vira um pouquinho para eu te ver melhor"Eu me viro e meio que brincando sigo desfilando para que ela possa ver."Linda, linda, linda, hoje você provavelmente sairá acompanhada desse evento""Para Isa, deixa de exagero, sei que estou bem, mas não é para tanto!""Tudo bem, tudo bem... não fique brava, corre vai, seu táxi te espera Cinderela, mas cuidado, vê se não esquece de deixar seu sapatinho para que seu príncipe a encontre""Sem graça!!!", pego minha bolsa e saio rindo da lembrança do conto de fadas.Vejo que realmente estou agradando, quando o motorista do táxi me vê descer as escadas, corre para abrir a porta para que eu entre. Agradeço e adentro informando o endereço, ele parece encantado em poder me levar a festa desta noite, acho que estou cau