—Te garanto, isso é só mais uma cena dramática da Elena —disse Ryan com um tom de exasperação, enquanto via Cristhian se afastar.—Você acha mesmo que ela faria algo assim só pra chamar atenção? —perguntei, e Ryan se recostou na cadeira.—Com certeza. Você não faz ideia de quantas vezes ela já fez isso. A Elena é instável, sabe? —as palavras dele eram duras, mas tinham um tom de resignação—. Mas sei lá, não acho que ela seja uma pessoa ruim. Vamos pedir uma garrafa de vinho? —sugeriu, e eu concordei.Ryan pegou a garrafa e serviu duas taças. O líquido vermelho escorria devagar, enquanto eu tentava afastar da mente a expressão de Cristhian ao receber a notícia sobre Elena. Aquela cena tinha sido perfeita para desviar o foco da conversa, mas sabia que não ia durar muito. Ryan não era fácil de distrair.Assenti, olhando para o vinho na minha taça, sem coragem de encará-lo. Instável. Aquela palavra ecoava na minha cabeça. Apesar de tudo, eu não conseguia odiar Elena. Não ela. Ela não era
Ao sair da trattoria, fiquei surpresa ao ver o sol se pondo. Tinha perdido totalmente a noção do tempo enquanto bebia vinho e ria das histórias engraçadas do Ryan. Olhei o horário, assustada. Eram só cinco da tarde, que alívio! Ainda dava tempo de buscar a Addy. Liguei para a babá e pedi que fosse buscá-la. Eu devia um monte de favores para aquela pobre garota, embora ela provavelmente estivesse bem satisfeita com os cheques gordos que recebia pelas horas e favores extras.Fiquei esperando o Ryan dentro de uma padaria com janelas enormes, que me davam uma visão estratégica da rua. Quando o vi saindo, senti uma pontada de pena. O Xavier tinha colocado os olhos nele, e Ryan tinha conseguido se defender. Isso não era algo que Xavier deixava passar. Quem cruzava o caminho dele acabava pagando caro.Segui Ryan a uma distância segura, o suficiente para não perdê-lo de vista. Não consegui evitar um sorriso ao vê-lo cambalear enquanto andava. Seus passos desajeitados pareciam os de uma crianç
*Elena*Eu nunca fui boa em pedir desculpas, mas ali estava eu, presa nesse quarto de hospital frio e estéril, onde o cheiro de desinfetante me dava vontade de vomitar. A luz branca iluminava cada canto, destacando as imperfeições da minha pele, e o barulho monótono das máquinas me lembrava que ainda estava viva. Mas a verdade era que eu me sentia mais morta do que nunca. Olhei para Cristhian, parado ao lado da janela, com o olhar perdido no horizonte. Ele era como um desastre lindo, e eu estava ali, pronta para estragar tudo ainda mais.— Cris, preciso que você me escute — eu disse, com a voz saindo mais firme do que eu realmente me sentia. Apesar de tudo que tinha acontecido, estava pronta para que ele me mandasse para o inferno. Ele virou a cabeça, os olhos duros, mas havia algo em sua expressão que me dizia que ele estava disposto a ouvir, mesmo que não quisesse admitir. Respirei fundo e decidi que não dava mais para esconder nada. — O que aconteceu entre o Richard e eu... tud
CristhianDesde niño, había tratado de estar a la altura de la responsabilidad que implicaba ser el heredero del grupo Vandervert. Dejé de divertirme y me concentré en estudiar; tenía que ser el mejor. Mi padre se encargaba de recordármelo constantemente: no podía distraerme con cosas triviales. Los deportes que practicaba eran elegidos por él y nunca los jugaba por diversión, sino por mera competencia. Las películas que veía, la música, la ropa... todo lo elegía Richard por mí. Podría decirse que vivía una vida miserable hasta que Elena apareció en mi vida. O mejor dicho, reapareció. Ella siempre había sido la hija de los mejores amigos y socios de mis padres: Billy y Amanda Blake. Ya nos habíamos visto antes, en reuniones en mi casa o en la de ellos, en fiestas de la empresa, en salidas familiares, pero eso había sido cuando éramos muy pequeños, tanto que apenas lo recordaba. Aquellos momentos con los Blake se esfumaron de la noche a la mañana.Un día, mi madre nos dijo que la hija
**Sarah**Eu estava prestes a correr até Ryan. Não conseguia acreditar que tivesse passado pela minha cabeça deixá-lo sozinho; eu era a responsável por ele estar ali, caído no chão, inconsciente e machucado. O mínimo que podia fazer era não abandoná-lo. Dei um passo inseguro, depois outro e mais outro. Quando finalmente decidi correr, alguém agarrou meu braço com força. Ao me virar, a visão de dentes podres me causou náuseas.—Me dá a bolsa! —gritou a boca cheia de dentes pretos, que pareciam estar prestes a cair. Um bafo insuportável atingiu meu rosto. A mulher na minha frente era só pele e osso. Segurei firme a pequena bolsa branca de grife que estava pendurada no meu ombro. Valia mais do que aquela mulher poderia imaginar, mas, para mim, não significava nada. No fim das contas, eu tinha a fortuna do Xavier à minha disposição, e ele adorava que eu não economizasse. Eu tinha tudo o que precisava para estar impecável. Mas eu não ia deixar aquela mulher me roubar. Ela parecia mais um
**Xavier** —Rainha em G5 —disse Kiara, com aquele tom suave, mas implacável. Olhei para o tabuleiro. Meu rei estava encurralado. O telefone encostado na minha orelha parecia pesar cada vez mais à medida que a partida avançava. Eu não tinha Kiara na minha frente, mas quase podia imaginar a expressão dela: aquele sorriso calculado no rosto enquanto me encurralava no jogo. Era paciente, mas insistente, sempre sabendo exatamente quando atacar e como. —E aí? Já conseguiu o que pedi? —A pergunta que eu sabia que viria. As peças de ébano e marfim que estavam organizadas cuidadosamente sobre a mesa do meu escritório pareciam agora mais sufocantes. —Você precisa ter paciência, Kiara. Você sabe que não é fácil. Torre em C6. —Anunciei o movimento, tentando ganhar algum espaço no tabuleiro. Era um movimento desesperado, e eu sabia disso, mas Kiara tinha o poder sobrenatural de me desestabilizar, até em um jogo de xadrez à distância. Ouvi uma risada suave do outro lado da linha que mexeu com
O apartamento de Devon no "Elysium Golden" estava exatamente como eu lembrava. Nunca consegui entender como uma pessoa pode viver tanto tempo no mesmo lugar sem mudar nada. Se eu fosse obrigado a passar tanto tempo assim num só lugar, pelo menos faria uma reforma completa de vez em quando. —Você é Devon Kresler? —perguntou Rubi, pegando um livro de uma das prateleiras. Eu quase tinha esquecido que ela também estava ali. Precisava dar um jeito de fazê-la ir embora. —Você leu meus livros? —respondeu Devon com outra pergunta. Tinha aquela expressão no rosto, aquele sorriso que ele sempre fazia quando recebia atenção ou elogios pelo trabalho. Ainda era um maldito narcisista, e continuava usando o charme em cada palavra ou gesto como uma arma. —Todos, sem exceção! —respondeu Rubi, com entusiasmo. —Mas *A Teoria dos Pontos de Poder* foi o melhor de todos. —Ah, são só besteiras que ele escreve quando tá bêbado —comentei, sentindo um pouco de ciúmes da admiração dela por Devon. Eles n
—Foi culpa minha —Ryan me interrompeu, dizendo as palavras que eu deveria dizer. Ele não precisava me poupar, mas, ainda assim, o fez. —Eu não devia estar lá —continuou, enquanto mexia no bolso da calça. Seus dedos encontraram algo pequeno. Uma bolsinha de pó branco. Ele apertou o pacotinho com força, encarando a mão fechada como se estivesse travando uma batalha interna. Seus lábios ficaram tensos, e as bochechas coraram. Com um movimento firme, ele abriu a janela e jogou o pacote para fora.—Então... fico feliz que você tenha levado aquela surra —respondi, talvez de forma cruel, mas era melhor assim. Eu tinha cometido um deslize e quase me expus. Como pude sequer cogitar confessar que Xavier tinha mandado assaltar Ryan? Um peso saiu dos meus ombros ao perceber que não falei nada. Respirei fundo, como se estivesse segurando o ar há horas, e soltei um suspiro alto. —Você tem preferência por algum hospital? —perguntei, tentando mudar de assunto. Só então me dei conta de que nem tinha a