**Elena** "NOJENTO!" era uma palavra perfeita pra descrever o clube onde o Cris tinha marcado de me encontrar. Não é que eu não gostasse de festas, muito pelo contrário, eu amava estar em lugares cheios de gente, música alta, cheiro de cigarro e maconha, me encharcar com o suor de algum desconhecido. Tudo isso, junto com umas pílulas e alguns drinks, era a minha definição de diversão. Mas aquele buraco onde o Cris me levou... definitivamente não estava à minha altura. Dava pra ver de longe que deixavam entrar qualquer tipo de gente. E me misturar com pessoas inferiores? Isso sempre me deu nojo. — Cadê o senhor Vandervert? — perguntei pra garçonete que tinha servido o vinho. — Desculpa, senhorita, não sei... — *Idiota!* Claro que você não sabe, perguntei pra você ir lá descobrir! Não falei isso, porque não tava com paciência pra lidar com a falta de inteligência dos outros. — Sai daqui logo! — falei depois de ela continuar me encarando como se eu fosse um dragão soltando fogo.
Sarah*"Essa é Elena, minha namorada." Não demoraram muito para tornar pública a relação. Minha morte foi exatamente o que Cristhian precisava: ele conseguiu suas amadas ações e, finalmente, pôde ficar livre para estar com seu verdadeiro amor. Aquilo me afetou mais do que eu gostaria.— Você está bem, querida? — perguntou a senhora Vandervert. Todos me olhavam preocupados, até mesmo Xavier fingia não saber o que estava acontecendo comigo. Mas Elena... Ela me olhava como se quisesse me matar. Senti medo. Será que minha irmã me reconheceria? Ou, se não, por que aquele olhar de desprezo?— Estou bem, desculpem. Só fiquei um pouco tonta.— Nena! Será que... — Xavier me olhou com olhos brilhantes de emoção. Sempre disse a ele que sua vocação não era ser empresário, e sim ator.— Não, bebê — interrompi. — Lembra que estou naqueles dias... — A decepção tomou conta do rosto dele.— Ah! — fez um biquinho. — Rubí e eu queremos ter filhos, mas... — Ele franziu os lábios.— Vamos, querido. Não qu
Cristhian —Então, vocês se conheceram na faculdade... —eu ainda não conseguia acreditar. O Grupo X e o Grupo VanderBlake tinham começado juntos, na garagem de uma casa simples do senhor X. —Sim —confirmaram em uníssono o senhor X e minha mãe. —E se as coisas tivessem sido diferentes, Melissa e eu... —Xavier... —o sorriso da minha mãe desapareceu, seu rosto ficou sério. Depois do almoço, finalizei o acordo com Xanders. Nossas empresas finalmente se tornariam parceiras. Estávamos discutindo os últimos detalhes quando o mordomo nos interrompeu. —Com licença, senhor Vandervert. Lamento a interrupção, mas... —ele se inclinou ao meu lado e sussurrou no meu ouvido—. A senhorita Elena não se sentiu bem e foi embora. Não me preocupei muito; isso era típico da Elena. Ela não suportava esses tipos de eventos: reuniões de negócios, jantares corporativos. Achava tudo entediante e fugia na primeira oportunidade. —María foi embora. Disse que deixou o jovem Zackary com uma senhorita.
RichardQue se danem! Que se danem todos! Me tranquei no meu escritório, peguei uma garrafa de uísque que estava quase vazia e minha cabeça cheia de pensamentos sombrios. Aquele desgraçado do Xanders achava que podia aparecer na minha casa e falar sobre o passado. Dei um gole direto da garrafa. E a Elena, aquela vadia, pensa que é mais importante do que realmente é.Bebi mais um gole, sentindo a queimação na garganta. O escritório estava quase às escuras, iluminado apenas pela luz fraca da luminária sobre a mesa. Os documentos das ações contra a empresa estavam espalhados por todos os lados. Percy tinha me dado uma palestra sobre como precisávamos manter um perfil baixo, mas eu só conseguia pensar na traição de Elena e nas jogadas do Xanders. Dois sanguessugas que tinham grudado na pele do meu filho. Me irritava a ingenuidade de Cristhian. Eu deveria ter sido mais duro com ele. Se eu tivesse sido, não seria tão idiota.Depois de alguns goles, os fantasmas começaram a rondar. Como era
*Richard** Melissa me olhava assustada, mas ao mesmo tempo indignada. Eu tinha perdido a compostura, e toda vez que isso acontecia, ela ficava devastada. Fiz terapia para controlar minha raiva só para agradá-la. Eu fazia qualquer coisa por Melissa. – Me desculpe – saiu do fundo do meu coração. Me aproximei, mas ela deu dois passos para trás, e isso doeu. – O que há de errado com você? – perguntou com raiva na voz. – A vida te dá a chance de se redimir com alguém que você machucou, e você reage assim! Pobre Melissa. Ela era tão inocente, confiava demais nas pessoas, e isso era perigoso. Por sorte, ela me tinha para protegê-la. – Xanders me pegou de surpresa – isso era verdade. – Eu sabia que ele queria fazer negócios com Cristhian, mas... tocar no passado na frente do nosso filho? Não, isso eu não vou permitir. – Ele não tocou no passado, Richard. Só quis quebrar o gelo dizendo ao Cris que vocês já se conheciam. Talvez tenha sido uma forma de ganhar a confiança dele. Solt
*Cristhian**-¡Mãe! ¡Mãe! –o grito de Zackary fez com que Rubí se afastasse de mim num segundo – não vá, mamãe.Ambos olhávamos para a cama. Zackary estava deitado, com os olhos fechados, esticando os braços como se tentasse alcançar algo.–Está tudo bem – sussurrou Rubí enquanto pegava Zackary no colo, algo que eu deveria estar fazendo, mas ela reagiu muito mais rápido – estou aqui, não vou embora. Zackary se agarrou ao pescoço de Rubí, enterrando seu rostinho pequeno no peito dela, e ela o embalou. Eu senti algo familiar em Rubí, algo que eu não tinha notado antes, era como se já tivéssemos vivido aquele momento em outro tempo. Fiquei em silêncio, observando aquela cena. Rubí colocou Zackary na cama com muito cuidado e ficou parada em frente à cama, de braços cruzados, olhando para ele. Percebi a expressão no rosto dela; era óbvio que ela estava fazendo um esforço enorme para não chorar, mas não conseguiu evitar, tapou a boca e soluçou. Eu fiquei paralisado, sentindo o impulso de me
***Sarah***No carro, a caminho de casa, Xavier me pediu um relatório sobre o que tinha acontecido com Cristhian.— Não foi minha intenção, já te falei — eu estava no banco do passageiro; ele dirigia sem tirar os olhos da estrada. Eu tinha as mãos juntas sobre as pernas, raspando o esmalte de uma unha com a outra.— Você está querendo fazer as coisas por conta própria, Sarah? — ele me chamou pelo meu nome verdadeiro, e eu senti que todo o ar sumia dos meus pulmões de uma vez. Quando Xavier me chamava de Sarah, ele também me tratava como as pessoas costumavam me tratar antes.— Não. Claro que não, eu nunca faria isso — fiz um esforço enorme para falar com a voz firme. Ser Sarah tinha um efeito horrível em mim. Quando eu lembrava que era Sarah, a filha da empregada, a esposa submissa, e não Rubí, a mulher sensual, segura de si e poderosa, eu me desvanecia. Os medos me aprisionavam, me subjugavam. Respirei fundo. — Ele me viu chorando. Estava na sala do Zacky com meu filho nos braços e n
Sarah—Sim, sou eu —Xavier atendeu o telefone ainda deitado, com a cabeça apoiada no travesseiro—. Sim, ela é minha irmã —ficou alguns segundos em silêncio—. O quê!? —sentou-se de repente; o telefone quase caiu da mão, mas ele colocou de volta no ouvido—. Vou agora mesmo —se levantou sem me dar explicações; eu também me levantei.—O que aconteceu? —me aproximei dele, que já estava no closet.—Nada. Volta pra cama —a voz dele estava tremendo. Estava nu, revirando suas roupas como se não soubesse o que estava fazendo. Se virou e me abraçou—. Maddy teve um acidente —disse entre soluços—. Preciso ir pro hospital.—Eu te levo —falei, quebrando o abraço. Peguei uma calça jeans e uma camiseta e coloquei nas mãos dele. Ele me olhou, resignado, como se soubesse que eu não iria obedecer. Começou a se vestir. Dei um casaco preto pra ele—. Vai lavar o rosto, eu vou me trocar.Quando chegamos ao hospital, tudo estava um caos. Havia muitas pessoas perguntando por seus parentes, parecia que havia ac