Cap. 127. Não fuja de mim.— Você não ouviu que ela é casada? — A voz de Andrews cortou o ar como um trovão calmo, firme e afiado. Em um segundo, senti seu braço me puxar pela cintura, me envolvendo com um gesto claro: proteção… posse.Meu corpo respondeu antes da minha mente entender. Me encaixei no toque como se fosse natural. Como se fosse dele.— Andrews...? — murmurei, desnorteada. — O que você tá fazendo aqui?— Ainda pergunta? Quem foi que sumiu depois da nossa primeira noite juntos? — ele rebateu, com um sorriso torto e um brilho perigoso nos olhos.Ronald riu, sem graça, como se quisesse fingir que ainda tinha algum controle da situação, que não tinha acabado de ouvir aquilo, e eu só queria enfiar a cara no chão como ele pode falar isso em público.— Fala sério... você e esse tiozinho? — zombou, tentando disfarçar a própria insegurança com veneno.— Mas que idiota... — Andrews resmungou, com o olhar distante e perigoso, como se estivesse decidindo se valia a pena acabar com el
Capítulo 128 – Ele está de volta?Aurora acordou com o corpo inteiro dolorido, como se tivesse sido atropelada por um furacão de carne, suor e tensão. Sentou-se na cama com esforço, as pernas pareciam não obedecer aos seus comandos.Andrews havia ido embora há poucas horas, depois de fazê-la esquecer até o próprio nome. Não houve declarações, nem promessas. Apenas aquele olhar dele no final… como se segurasse algo dentro do peito prestes a explodir.Alice estava sentada na própria cama, braços cruzados, encarando o vazio com a testa levemente franzida. Um silêncio desconfortável preenchia o quarto.— Eu não sabia que ele era... assim — disse, sem tirar os olhos do nada. — Tão descuidado. Na verdade, vocês dois são. Já pensou se a diretora aparece? Eu tive que ficar de vigia, de vela...— Ele... mudou — respondeu Aurora, massageando os ombros doloridos. — De um gole d’água para uma garrafa inteira de vinho tinto. É bom, mas impossível de lidar. Ele precisa entender o que são limites.A
Título 129 – O que ele ainda não sabeMeus pés batiam contra o chão como se voassem. Mas não era o suficiente,Os passos atrás de mim eram reais. Claros. Rápidos. E a risada… aquela risada ecoava como um fantasma dentro do estacionamento vazio. Um som grave, provocador e cruel, que cortava minha mente me privando de qualquer raciocínio.As lágrimas turvavam minha visão. Eu não sabia mais onde estava. Corria sem direção, com o peito arfando, a garganta queimando. Meu corpo queria cair. Mas o pavor me empurrava para frente, mesmo sem saber para onde.Até que uma voz me chamou. Forte. Familiar.— Aurora!E então, colidi contra algo quente e sólido. Braços me envolveram num segundo, Mas meu corpo não respondeu. Eu estava rígida. Congelada.— Sou eu. Calma. Está tudo bem. Eu tô aqui — Andrews murmurou, segurando meu rosto com as mãos quentes. Limpando as lágrimas com os polegares.Ele me encarou com os olhos arregalados. Como se não me reconhecesse. Como se eu fosse um vulto na neblina. Mi
Capítulo 130 – A verdade que ninguém contouA noite tinha sido longa. Silenciosa. Tensa. Andrews pediu para que eu dormisse com ele. A voz calma, o olhar preocupado. Mas eu não consegui. Não depois da ligação. Não depois de ouvir aquela ameaça envenenada escorregando dos lábios de Janete como mel azedo.— Eu só quero te proteger — ele disse, encostando o queixo na minha testa.Mas proteção nem sempre significa liberdade. Fingi estar cansada. Fingi que dormiria melhor sozinha.E antes do amanhecer, enquanto a casa ainda repousava sob a penumbra azulada da madrugada, eu escapei.Peguei um carro por aplicativo. Coloquei o capuz sobre a cabeça, com óculos escuros. Fones no ouvido. Ninguém me veria. Ninguém me reconheceria. Principalmente, ele.A cafeteria era longe. Pequena, escondida entre ruas que eu costumava evitar. Mas era o lugar que Janete escolheu. A mesma Janete que agora tentava reaparecer, como se nossas vidas não tivessem sido destruídas há muito tempo.Ela já estava lá quando
Capítulo 131 – Mentiras com preço altoEu não sabia dizer o que doía mais — a traição ou a confirmação dela.Andrews sempre soube.E nunca me disse. Nunca sequer hesitou ao me deixar acreditar que tudo tinha sido um acidente... um plano cruel de Janete. E, naquele momento, ela havia confessado que eu não passava de um jogo entre eles.De repente, enquanto caminhava sozinha pela estrada, o celular tocou.Era Janete me ligando novamente.— O que quer? — perguntei ao atender.— Você não pode contar isso a ele — a voz de Janete soava dura agora, fria. — Se ele souber que eu revelei o segredo... você também vai cair comigo. Essa foi minha ajuda pra te tirar do escuro. Por isso, deve me retribuir. Quem sabe assim você descobre o resto.Meus olhos estavam marejados, mas agora as lágrimas caíam.— Que resto?Ela sorriu de leve, e eu escutei aquela risada pela linha telefônica. Um som que me fazia sentir como uma criança de novo, prestes a apanhar por algo que nem entendi que fiz.— Você sabe
Capítulo 132 – O quarto que guarda verdadesA estrada até o quarto foi feita em silêncio.Mariana caminhava à frente com passos lentos, firmes, quase solenes. Aurora vinha atrás, ainda com a bolsa pesada nas mãos — e o coração mais pesado ainda. A cabeça era um caos: Janete, Andrews e essas pilhas de segredos... e agora Mariana, que parecia estar prestes a abrir a caixa de Pandora para ela.Quando a porta do quarto se abriu, Aurora sentiu um arrepio na nuca.O cheiro era doce, suave, de talco infantil misturado com o tempo. As paredes, de um tom suave de rosa, estavam repletas de prateleiras com ursos, brinquedos, livros ilustrados. Um berço no canto. Uma cadeira de balanço ao lado da janela. Luzes delicadas penduradas no teto como pequenas estrelas. Ela já tinha entrado ali, mas havia ignorado totalmente esse lugar em suas memórias.— Você conhece esse quarto? — Mariana perguntou em voz baixa.Aurora olhou ao redor, tentando recordar.— No meu primeiro dia aqui... eu me escondi nesse
Cap. 133 abandonado no pior momento.Aurora entrou no escritório em silêncio, os passos leves ecoando sobre o chão de mármore. Andrews estava ali, de pé atrás da mesa, os braços cruzados e o olhar distante. Ele parecia tudo menos um homem poderoso e mais uma sombra do que costumava ser, olhos cansados, mandíbula tensa, um vazio que não se escondia mais.— Entra… — disse, a voz baixa e firme. — e Senta. Por favor.Ela obedeceu, sentando-se diante dele com o coração apertado, Puxou o envelope e o entregou, sem dizer nada. Andrews pegou o ultrassom devagar, como se o simples toque pudesse queimar sua pele.Quando viu a imagem, sua expressão mudou. As pupilas dilataram, os lábios entreabriram, e por um momento ele apenas encarou o pequeno ser sombreado no papel. Então sorriu. Um sorriso desconcertado, torto, desesperado.— Acho que você já sabe parte da história, não é? — a voz dele saiu embargada.Aurora assentiu, tentando manter a calma.— Só não sabia que vocês tinham… tido um bebê, es
Cap. 134: Janete e sua ação sombria.Ele encarou Aurora como se aquilo o partisse mais uma vez enquanto era forçado a falar sobre aqui enquanto ela ouvia atentamente.— Mas naquele mesmo dia… Janete me disse que ia embora, por mensagem.Fez-se um silêncio profundo. Aurora não sabia o que dizer. A dor que viu no rosto dele era crua, real, uma ferida aberta que ele nunca deixara cicatrizar.Andrews passou a mão no rosto, tentando controlar a fúria e o luto que transbordavam. Quando voltou a falar, havia em sua voz uma frieza amarga:— Fiquei desesperado, porque ela estava levando tudo com ela, nem todo o dinheiro que eu tinha poderia compensar isso naquele momento.A respiração de Andrews ficava cada vez mais pesada. Ele parecia lutar com o próprio corpo, com a lembrança sufocante que voltava como um pesadelo eterno. As mãos tremiam quando ele voltou a falar, a voz um fio rouco e quebrado.— A mensagem… — ele murmurou, os olhos fixos em algo que só ele podia ver. — “Estou indo embora. E