Capítulo 132 – O quarto que guarda verdadesA estrada até o quarto foi feita em silêncio.Mariana caminhava à frente com passos lentos, firmes, quase solenes. Aurora vinha atrás, ainda com a bolsa pesada nas mãos — e o coração mais pesado ainda. A cabeça era um caos: Janete, Andrews e essas pilhas de segredos... e agora Mariana, que parecia estar prestes a abrir a caixa de Pandora para ela.Quando a porta do quarto se abriu, Aurora sentiu um arrepio na nuca.O cheiro era doce, suave, de talco infantil misturado com o tempo. As paredes, de um tom suave de rosa, estavam repletas de prateleiras com ursos, brinquedos, livros ilustrados. Um berço no canto. Uma cadeira de balanço ao lado da janela. Luzes delicadas penduradas no teto como pequenas estrelas. Ela já tinha entrado ali, mas havia ignorado totalmente esse lugar em suas memórias.— Você conhece esse quarto? — Mariana perguntou em voz baixa.Aurora olhou ao redor, tentando recordar.— No meu primeiro dia aqui... eu me escondi nesse
Cap. 133 abandonado no pior momento.Aurora entrou no escritório em silêncio, os passos leves ecoando sobre o chão de mármore. Andrews estava ali, de pé atrás da mesa, os braços cruzados e o olhar distante. Ele parecia tudo menos um homem poderoso e mais uma sombra do que costumava ser, olhos cansados, mandíbula tensa, um vazio que não se escondia mais.— Entra… — disse, a voz baixa e firme. — e Senta. Por favor.Ela obedeceu, sentando-se diante dele com o coração apertado, Puxou o envelope e o entregou, sem dizer nada. Andrews pegou o ultrassom devagar, como se o simples toque pudesse queimar sua pele.Quando viu a imagem, sua expressão mudou. As pupilas dilataram, os lábios entreabriram, e por um momento ele apenas encarou o pequeno ser sombreado no papel. Então sorriu. Um sorriso desconcertado, torto, desesperado.— Acho que você já sabe parte da história, não é? — a voz dele saiu embargada.Aurora assentiu, tentando manter a calma.— Só não sabia que vocês tinham… tido um bebê, es
Cap. 134: Janete e sua ação sombria.Ele encarou Aurora como se aquilo o partisse mais uma vez enquanto era forçado a falar sobre aqui enquanto ela ouvia atentamente.— Mas naquele mesmo dia… Janete me disse que ia embora, por mensagem.Fez-se um silêncio profundo. Aurora não sabia o que dizer. A dor que viu no rosto dele era crua, real, uma ferida aberta que ele nunca deixara cicatrizar.Andrews passou a mão no rosto, tentando controlar a fúria e o luto que transbordavam. Quando voltou a falar, havia em sua voz uma frieza amarga:— Fiquei desesperado, porque ela estava levando tudo com ela, nem todo o dinheiro que eu tinha poderia compensar isso naquele momento.A respiração de Andrews ficava cada vez mais pesada. Ele parecia lutar com o próprio corpo, com a lembrança sufocante que voltava como um pesadelo eterno. As mãos tremiam quando ele voltou a falar, a voz um fio rouco e quebrado.— A mensagem… — ele murmurou, os olhos fixos em algo que só ele podia ver. — “Estou indo embora. E
Cap. 135 Nada é o que parece?Assim que aurora saiu o celular de Andrews tocou, ao olhar a ligação ele sorriu de forma sóbria e entediada atendendo a ligação./Você não vai desistir mesmo? Deveria ter vergonha de ficar me pedindo dinheiro por algo que já está encerrado./Ah... Andrews como assim encerrado? Você já está certo disso? Como pensa que ela vai reagir se souber que você comprou ela?/, Na verdade... a pergunta é, como ela vai reagir ao saber o que você realmente planejava fazer com ela?/Você não foi diferente, maltratou ela o tanto que deu certo? Não é um destino tão pior que o outro. — ela disse com voz sínica de manhã./O que ela recebeu foi resultado do que as palavras dela me causou, me fez pensar que eu estava errado sobre ela, e não porque tem algo a ver com você, por isso se você continuar com isso eu vou contar com detalhes o que a irmãzinha falsa dela estava planejando fazer. — ele avisou, em seguida encerrando a ligação mais uma vez deixando Janete louca do outro
Cap. 136 Encontro planejado.Ele sorriu. Um sorriso preguiçoso, com uma arrogância disfarçada de simpatia.— Relaxa, Aurora. Não vou fazer nada com você. Só vim fazer um favor para minha irmã.Ela hesitou, olhando ao redor. Não havia mais ninguém por perto.— Você sabe que se tentar algo vai se arrepender, não sabe?— Eu sei, mas não vou tentar nada, eu só vim fazer o que sua irmã me pediu.— Por que vocês estão próximos assim?— Ah... bom... — ele hesitou coçando a cabeça. — é que ela já foi casada com meu irmão, é uma longa história, mas não vamos falar disso, eu tenho só que fazer isso para ela.— Aqui está o que ela pediu. — disse sem delongas, entregando o pacote com firmeza, sem se aproximar mais do que o necessário.Ronald pegou o envelope e o sacudiu levemente como se conferisse o peso. Satisfeito, guardou-o sob a jaqueta.— Não quer uma carona? — perguntou com um tom casual demais. — Sei que você não gosta de andar por essas bandas sozinha.— Não. Estou bem. — respondeu com f
Cap. 137 Agindo com calma.Aurora sentada no asfalto, na frente da pensão, com os braços apoiados nos joelhos e a cabeça levemente baixa. O rosto dela, mesmo parcialmente escondido, carregava uma tristeza tão crua que parecia atravessar a imagem.Andrews franziu o cenho, girando o telefone entre os dedos enquanto Donovan se aproximava, parando ao lado dele.— Ainda prefere guardar segredo... mesmo sofrendo, afinal... o que há de tão importante naquela casa velha para ela ir la? — Andrews comentou, a voz grave e fria. — Não consigo imaginar o que ainda a incomoda tanto. A situação da mãe dela já foi resolvida.Donovan cruzou os braços, olhando de relance para a tela do celular.— Ela tem uma vida bem complicada, Andrews. — falou em tom neutro. — E pelo que vi até agora… parece que isso vai além da mãe, Tem coisa que ela ainda não quer contar, já descobrimos sobre o padrasto, coisa que ela nunca comenta.Andrews ficou em silêncio por um momento, encarando a foto de Aurora como se pudess
Cap. 138 Ronald brinca com Aurora.— Aurora, o dinheiro que você mandou... não é suficiente. — a voz de Janete soou ríspida, quase impaciente. — Vamos precisar de mais.— Mas aquela quantia toda e você simplesmente esta dizendo que é pouco?— Você não trouxe nem um por cento do que estou precisando, você quer mesmo que isso chegue até Andrews? Mas ainda pior. Quer mesmo que eu entregue suas coisinhas preciosas para aquele homem? Você tem medo, não é? Que ele faça o mesmo com aquela menina? Olha... eu acho bem provável que ele faça isso, sabia que ele está foragido de novo? Que ele fez mais uma vítima? Homens como ele nem deveria estar vivo, não é?— Ele... — aurora piscou nervosamente sentindo as mãos tremer.— Claro! E ele esta atrás de você.... apenas faça o que estou te mandando, ok?— Certo... — ela concordou sem forças para debater.Aurora apertou o telefone contra o ouvido, seu coração afundando.Instintivamente, olhou para o cartão black que Andrews havia deixado. Ele tinha dit
Capítulo 1: Um casamento tramado.Implacável, Difícil de lidar, Impossível de agradar. E... cadeirante.— Essa era a descrição completa de seu noivo, Andrews Westwood. O homem que dominava a cidade com um poder absoluto e inquestionável. Aurora passou a mão pelo rosto, enxugando os vestígios das lágrimas que ainda não haviam secado. Não podia parecer fraca. Não agora. Ela era resiliente, moldada pelas adversidades que a vida lhe impôs—e, mais ainda, pelos dias de humilhação na mansão que agora ficava para trás. Mas as humilhações nunca a abalaram de verdade. Seu foco sempre foi sobreviver, encontrar um caminho para a estabilidade que tanto precisava, especialmente com as responsabilidades que carregava nos ombros. Mesmo quando tudo ao seu redor parecia desmoronar, ela se forçava a ser forte. E, por trás da fachada inabalável, suas escolhas pesavam como correntes invisíveis que não podia quebrar. Agora, estava a caminho de um casamento que nunca escolheu. E, mesmo que o medo