Capítulo 130 – A verdade que ninguém contouA noite tinha sido longa. Silenciosa. Tensa. Andrews pediu para que eu dormisse com ele. A voz calma, o olhar preocupado. Mas eu não consegui. Não depois da ligação. Não depois de ouvir aquela ameaça envenenada escorregando dos lábios de Janete como mel azedo.— Eu só quero te proteger — ele disse, encostando o queixo na minha testa.Mas proteção nem sempre significa liberdade. Fingi estar cansada. Fingi que dormiria melhor sozinha.E antes do amanhecer, enquanto a casa ainda repousava sob a penumbra azulada da madrugada, eu escapei.Peguei um carro por aplicativo. Coloquei o capuz sobre a cabeça, com óculos escuros. Fones no ouvido. Ninguém me veria. Ninguém me reconheceria. Principalmente, ele.A cafeteria era longe. Pequena, escondida entre ruas que eu costumava evitar. Mas era o lugar que Janete escolheu. A mesma Janete que agora tentava reaparecer, como se nossas vidas não tivessem sido destruídas há muito tempo.Ela já estava lá quando
Capítulo 131 – Mentiras com preço altoEu não sabia dizer o que doía mais — a traição ou a confirmação dela.Andrews sempre soube.E nunca me disse. Nunca sequer hesitou ao me deixar acreditar que tudo tinha sido um acidente... um plano cruel de Janete. E, naquele momento, ela havia confessado que eu não passava de um jogo entre eles.De repente, enquanto caminhava sozinha pela estrada, o celular tocou.Era Janete me ligando novamente.— O que quer? — perguntei ao atender.— Você não pode contar isso a ele — a voz de Janete soava dura agora, fria. — Se ele souber que eu revelei o segredo... você também vai cair comigo. Essa foi minha ajuda pra te tirar do escuro. Por isso, deve me retribuir. Quem sabe assim você descobre o resto.Meus olhos estavam marejados, mas agora as lágrimas caíam.— Que resto?Ela sorriu de leve, e eu escutei aquela risada pela linha telefônica. Um som que me fazia sentir como uma criança de novo, prestes a apanhar por algo que nem entendi que fiz.— Você sabe
Capítulo 132 – O quarto que guarda verdadesA estrada até o quarto foi feita em silêncio.Mariana caminhava à frente com passos lentos, firmes, quase solenes. Aurora vinha atrás, ainda com a bolsa pesada nas mãos — e o coração mais pesado ainda. A cabeça era um caos: Janete, Andrews e essas pilhas de segredos... e agora Mariana, que parecia estar prestes a abrir a caixa de Pandora para ela.Quando a porta do quarto se abriu, Aurora sentiu um arrepio na nuca.O cheiro era doce, suave, de talco infantil misturado com o tempo. As paredes, de um tom suave de rosa, estavam repletas de prateleiras com ursos, brinquedos, livros ilustrados. Um berço no canto. Uma cadeira de balanço ao lado da janela. Luzes delicadas penduradas no teto como pequenas estrelas. Ela já tinha entrado ali, mas havia ignorado totalmente esse lugar em suas memórias.— Você conhece esse quarto? — Mariana perguntou em voz baixa.Aurora olhou ao redor, tentando recordar.— No meu primeiro dia aqui... eu me escondi nesse
Cap. 133 abandonado no pior momento.Aurora entrou no escritório em silêncio, os passos leves ecoando sobre o chão de mármore. Andrews estava ali, de pé atrás da mesa, os braços cruzados e o olhar distante. Ele parecia tudo menos um homem poderoso e mais uma sombra do que costumava ser, olhos cansados, mandíbula tensa, um vazio que não se escondia mais.— Entra… — disse, a voz baixa e firme. — e Senta. Por favor.Ela obedeceu, sentando-se diante dele com o coração apertado, Puxou o envelope e o entregou, sem dizer nada. Andrews pegou o ultrassom devagar, como se o simples toque pudesse queimar sua pele.Quando viu a imagem, sua expressão mudou. As pupilas dilataram, os lábios entreabriram, e por um momento ele apenas encarou o pequeno ser sombreado no papel. Então sorriu. Um sorriso desconcertado, torto, desesperado.— Acho que você já sabe parte da história, não é? — a voz dele saiu embargada.Aurora assentiu, tentando manter a calma.— Só não sabia que vocês tinham… tido um bebê, es
Cap. 134: Janete e sua ação sombria.Ele encarou Aurora como se aquilo o partisse mais uma vez enquanto era forçado a falar sobre aqui enquanto ela ouvia atentamente.— Mas naquele mesmo dia… Janete me disse que ia embora, por mensagem.Fez-se um silêncio profundo. Aurora não sabia o que dizer. A dor que viu no rosto dele era crua, real, uma ferida aberta que ele nunca deixara cicatrizar.Andrews passou a mão no rosto, tentando controlar a fúria e o luto que transbordavam. Quando voltou a falar, havia em sua voz uma frieza amarga:— Fiquei desesperado, porque ela estava levando tudo com ela, nem todo o dinheiro que eu tinha poderia compensar isso naquele momento.A respiração de Andrews ficava cada vez mais pesada. Ele parecia lutar com o próprio corpo, com a lembrança sufocante que voltava como um pesadelo eterno. As mãos tremiam quando ele voltou a falar, a voz um fio rouco e quebrado.— A mensagem… — ele murmurou, os olhos fixos em algo que só ele podia ver. — “Estou indo embora. E
Cap. 135 Nada é o que parece?Assim que aurora saiu o celular de Andrews tocou, ao olhar a ligação ele sorriu de forma sóbria e entediada atendendo a ligação./Você não vai desistir mesmo? Deveria ter vergonha de ficar me pedindo dinheiro por algo que já está encerrado./Ah... Andrews como assim encerrado? Você já está certo disso? Como pensa que ela vai reagir se souber que você comprou ela?/, Na verdade... a pergunta é, como ela vai reagir ao saber o que você realmente planejava fazer com ela?/Você não foi diferente, maltratou ela o tanto que deu certo? Não é um destino tão pior que o outro. — ela disse com voz sínica de manhã./O que ela recebeu foi resultado do que as palavras dela me causou, me fez pensar que eu estava errado sobre ela, e não porque tem algo a ver com você, por isso se você continuar com isso eu vou contar com detalhes o que a irmãzinha falsa dela estava planejando fazer. — ele avisou, em seguida encerrando a ligação mais uma vez deixando Janete louca do outro
Capítulo 1: Um casamento tramado.Implacável, Difícil de lidar, Impossível de agradar. E... cadeirante.— Essa era a descrição completa de seu noivo, Andrews Westwood. O homem que dominava a cidade com um poder absoluto e inquestionável. Aurora passou a mão pelo rosto, enxugando os vestígios das lágrimas que ainda não haviam secado. Não podia parecer fraca. Não agora. Ela era resiliente, moldada pelas adversidades que a vida lhe impôs—e, mais ainda, pelos dias de humilhação na mansão que agora ficava para trás. Mas as humilhações nunca a abalaram de verdade. Seu foco sempre foi sobreviver, encontrar um caminho para a estabilidade que tanto precisava, especialmente com as responsabilidades que carregava nos ombros. Mesmo quando tudo ao seu redor parecia desmoronar, ela se forçava a ser forte. E, por trás da fachada inabalável, suas escolhas pesavam como correntes invisíveis que não podia quebrar. Agora, estava a caminho de um casamento que nunca escolheu. E, mesmo que o medo
Cap:2: Casamento com uma estranha.A noiva que se aproximava tinha traços semelhantes, mas era visivelmente mais jovem. O vestido caía perfeitamente em seu corpo esguio, e mesmo com o véu cobrindo parte de seu rosto, Andrews conseguia notar sua expressão hesitante, como se ela estivesse pisando em um território perigoso.O coração de Andrews não acelerou, ele não se perturbou tão facilmente. Mas o que sentiu naquele momento não foi surpresa… foi ódio, cerrou os punhos mantendo a expressão calma, mas ele estava sob a pior hipótese.Ele havia sido enganado.Sua verdadeira, a mulher que deveria estar ali, desapareceu e o entregou a uma substituta. E ele? Ele estava prestes a assinar um casamento com uma completa estranha, diante de toda a sociedade.Mas Andrews Westwood jamais seria visto como um homem humilhado e enganado.Seu rosto permaneceu impassível. Nenhuma emoção transpareceu enquanto a noiva parava ao seu lado. O véu foi retirado, revelando um rosto que ele nunca tinha visto de